A classe C, que até pouco tempo atrás era a mais cortejada pela indústria e pelo comércio, começa a perder a atratividade para as camadas inferiores, as classes D e E, que ainda têm pouco acesso ao crediário e a renda menos comprometida com outras despesas, como internet, TV a cabo e prestações do crédito consignado.
Segundo pesquisa da LatinPanel, a classe C das regiões Norte e Nordeste, que tem renda mensal familiar entre quatro (R$ 1.860) e dez salários mínimos (R$ 4.650) gastou nos últimos 12 meses até setembro deste ano R$ 5,46 bilhões com alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. Essa cifra é 35% menor que a desembolsada com esses mesmos produtos pelas camadas A e B da população que vive na região Sudeste.
"As classes D e E passaram a ser olhadas com mais carinho pelos empresários porque estão saindo do estágio de consumo de subsistência", afirma o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
Isael Pinto, presidente da General Brands, que produz sucos em pó e pronto para beber, já detectou o potencial desse novo mercado. Faz um mês que a companhia, que é dona da marca Camp, lançou um novo suco em pó. Batizado de Fructos Plus, o suco é voltado para a baixa renda do Norte e Nordeste. O pacotinho de 20 gramas do novo suco em pó custa entre R$ 0,39 e R$ 0,45 no varejo e rende dois litros do produto já adoçado. O saquinho de 35 gramas da marca Camp, mais voltada para as classes B e C, sai por R$ 0,59 no varejo e rende um litro de suco, também adoçado.
O resultado dessa percepção do empresário já se traduz em números. No primeiro mês, já produziu e vendeu o pó para fazer o equivalente a 7,2 milhões de litros de suco. "O resultado nos surpreendeu. Já penso em montar uma fábrica no Nordeste", diz Pinto. Ele conta que o desempenho das vendas de todos os produtos da companhia para as classes De E no Nordeste é três vezes superior ao registrado nas classes A e B no Sudeste. Além dos sucos, ele fabrica chiclete e outros confeitos.
A Perfetti Van Melle, fabricante da bala Mentos, é outra indústria que acaba de colocar no mercado produtos feitos sob medida para as classes D e E do Nordeste. Tatiana Checchia Gonçalves, gerente da marca Mentos, conta que lançou quatro sabores da bala em embalagens menores: no lugar de 14 unidades são 11, o que reduz em 27% o preço do produto. No bimestre agosto-setembro, as vendas de dropes, pastilhas e caramelos da companhia no Nordeste cresceram 46% em valor na comparação com igual período do ano passado, enquanto na região Sudeste o acréscimo foi de 8%, nas mesmas bases de comparação.
Christine Pereira, diretora da LatinPanel e responsável pela pesquisa de consumo domiciliar, ressalta que há muitas oportunidades na região Norte e Nordeste para as indústrias de alimentos e produtos de higiene e limpeza. Ela cita como exemplo cinco produtos que ainda têm pouca presença na cesta de compras da população local de menor renda em relação ao restante do País. São eles: creme de leite, leite condensado, maionese, molho de tomate e amaciante de roupas.
A matéria é de Márcia de Chiara, para o jornal O Estado de S.Paulo, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
Classes D e E viram prioridade para empresas
A classe C, que até pouco tempo atrás era a mais cortejada pela indústria e pelo comércio, começa a perder a atratividade para as camadas inferiores, as classes D e E, que ainda têm pouco acesso ao crediário e a renda menos comprometida com outras despesas, como internet, TV a cabo e prestações do crédito consignado.
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 2 minutos de leitura
Publicado por:
MilkPoint
O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.