China luta para suprir crescente demanda por lácteos

A demanda por leite na China está aumentando à medida que as pessoas melhoram suas rendas, mas os rebanhos leiteiros do país, que mal se mantêm e, muitas vezes, são subnutridos. Mais de três anos depois do escândalo de contaminação por melamina ter abalado a confiança na indústria de lácteos, o apetite do país por leite continua crescendo.

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A demanda por leite na China está aumentando à medida que as pessoas melhoram suas rendas, mas os rebanhos leiteiros do país, que mal se mantêm e, muitas vezes, são subnutridos.

O consumo massivo de leite cresceu rapidamente na China nas últimas três décadas e, atualmente, iogurtes e sobremesas lácteas são bastante populares.

Mais de três anos depois do escândalo de contaminação por melamina ter abalado a confiança na indústria de lácteos, o apetite do país por leite continua crescendo. O leite, tradicionalmente, não fazia parte da dieta da maioria dos chineses. Porém, os rápidos aumentos na renda, a maior exposição aos produtos ocidentais e as melhoras na estocagem e capacidade de distribuição direcionaram um rápido crescimento na demanda.

Um estudo mostrou que os gastos dos consumidores chineses com produtos lácteos como uma proporção de seu orçamento aumentaram 40% desde 2006.

Como resultado, a produção anual do país, de cerca de 35 milhões de toneladas de leite por ano não está suprindo a demanda.

A China importou um recorde de 406.000 toneladas de leite em pó em 2010, um dado que deverá aumentar para 550.000 toneladas quando os dados de 2011 forem compilados. Os especialistas dizem que a baixa qualidade dos rebanhos leiteiros chineses e os baixos padrões de cuidado significam que os rendimentos na produção leiteira são, frequentemente, muito menores do que no Ocidente, apesar da crescente industrialização das fazendas leiteiras.

Uma vaca de produção média na China produz apenas 4.000 a 4.600 quilos de leite por ano, um terço do rendimento padrão no Ocidente, de acordo com o especialista israelense que assiste produtores chineses, Ezra Shoshani.

A chefe de vendas e marketing da Wondermilk, uma grande fazenda leiteira pertencente a americanos próxima a Pequim, com 7.000 vacas, Karen McBride, disse que a indústria sofreu com a endogamia e o uso excessivo de antibióticos. Cerca de 30% das vacas chinesas sofrem de mastite, o que McBride disse que é tipicamente tratado com antibióticos. "Grande parte disso, provavelmente, vai para o leite", disse ela.

Houve acusações de que o Governo, interessado em garantir o suprimento da crescente demanda por leite, esteja dando cada vez mais poder às indústrias de lácteos, que é dominada pelas gigantes Mengniu e Yili.

Os críticos disseram que os padrões de higiene que as fazendas leiteiras da China precisam cumprir estão entre os mais baixos do mundo, com níveis de bactérias permissíveis no leite quatro vezes maior do que na maioria dos países ocidentais.

Em dezembro, o Ministério da Saúde foi forçado a negar que foi refém das indústrias de lácteos, à medida que uma série de escândalos surgiram, incluindo a descoberta de toxinas potencialmente causadoras de câncer em produtos lácteos da Mengniu.

Em 2004, 90% das vacas na China estavam em rebanhos com menos de 10 animais. Hoje, esse número caiu para 40%, e já são 8% das vacas em rebanhos com mais de 1.000 cabeças. "Nos últimos quatro ou cinco anos, as coisas melhoraram bastante em termos de qualidade", disse Alastair Pearson, gerente de uma grande fazenda.

Ressaltando o progresso recente, a gigante do setor de alimentos dos Estados Unidos, General Mills, em breve lançará uma versão produzida localmente de seu sorvete Häagen-Dazs, usando leite chinês. Além disso, a gigante suíça do setor de alimentos, Nestlé, anunciou na semana passada que investirá 2,5 bilhões de yuan (US$ 396.112 milhões) em um novo instituto de lácteos em Shuangcheng, nordeste da província de Heilongjiang, que oferecerá treinamento profissional aos produtores que fornecem leite à empresa (veja matéria relacionada).

A reportagem é da Agence France-Presse (AFP), traduzida e resumida pela Equipe MilkPoint.
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