Os produtores de leite do Chile estão vendo com desconfiança o anúncio da fusão das multinacionais Nestlé e Soprole (subsidiária da neozelandesa Fonterra), anunciada no início do mês.
Ambas as companhias solicitaram ao Tribunal de Defesa da Livre Competição do Chile que se pronunciasse sobre uma joint venture de algumas de suas linhas de negócios, formando uma nova empresa, a Dairy Partners Americas Chile (DPA), onde serão sócios em partes iguais. O que se busca é agrupar as áreas de leite fluido, sobremesas lácteas refrigeradas, iogurte, cremes, queijos, manteigas e margarinas.
Os temores dos produtores nascem da concentração de mercado que alcançará a nova empresa. Somente em leites, sobremesas e iogurte, terão cerca de 50%, enquanto na recepção de leite na planta, ambas alcançavam 45,5% em agosto desse ano, de acordo com dados da Federação Nacional dos Produtores de Leite do Chile (Fedeleche).
"Como produtor, estou contra qualquer concentração na indústria, porque quanto maior a competição, melhores os preços", disse o produtor de Llanquihue e antigo fornecedor da Nestlé, Rodrigo Lavín. O produtor de Nueva Braunau, Pedro Felmer, que vende à Watt's, disse que "se agora o mercado é quase monopólico, com uma fusão o risco é maior. A concentração inibe a competição".
O produtor Albert Neumann, que é fornecedor da Nestlé, disse que "o poder de compra hoje já está concentrado em poucas mãos, o que é um fenômeno mundial, mas é altamente conveniente que se mantenham as empresas atuais e não se fusionem".
Ele disse que o que chama a atenção é o momento em que esse anúncio foi feito, porque, a nível mundial, há escassez relativa de leite, o que tem feito subir os preços, aliada a nova planta de secagem que a Nestlé está construindo e que começaria a operar no final de 2011, que trará consigo um processo de captação de leite a mais.
Para reduzir a inquietude dos produtores, a Nestlé fez na semana passada em Osorno uma reunião com trinta fornecedores de Los Angeles. Nessa reunião, disse Lavín, "o presidente da companhia, Fernando del Solar, disse que o poder de compra não será afetado, pediu que confiássemos neles e nos reiterou que nosso negócio não será afetado, porque eles necessitam de leite para sua nova torre de secagem e que lutarão por ele". No entanto, o produtor disse que houve na reunião sinais claros que o poder de compra não mudará.
No entanto, os produtores chilenos decidiram não esperar. A Fedeleche decidiu apresentar argumentos ao Tribunal da Livre Competição se opondo à fusão. O presidente da Fedeleche, que é produtor de leite de Osorno, Dieter Konow, tem muito clara a postura do setor. "A organização tem se manifestado em sua maioria contra essa fusão, porque tem sérias dúvidas sobre seus resultados. Vemos com temor que uma possível aliança resulte no poder de compra se concentrando, além de seu impacto no produto final, porque a empresa demandante comercializará uma enorme magnitude de produtos".
Em declaração pública, a Federação disse que "a nosso juízo, se mantêm plenamente vigentes as condições de opacidade no mercado de comercialização de leite fresco em nosso país, que já foram reconhecidas pelo próprio Tribunal de Defesa da Livre Competição em sua sentença de agosto de 2004".
Na luta para demonstrar sua postura, os produtores estão negociando com outros setores da cadeia produtiva: indústria láctea menor, trabalhadores (que já se declararam contra) e associações de consumidores. "Também temos falado com parlamentares e autoridades do Governo".
As informações são do site DF.cl, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
Chile: produtores cautelosos com fusão Nestlé-Soprole
Os produtores de leite do Chile estão vendo com desconfiança o anúncio da fusão das multinacionais Nestlé e Soprole (subsidiária da neozelandesa Fonterra), anunciada no início do mês.
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