O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) recuou quase 2,8% entre março e abril considerando-se as médias diárias. Em São Paulo e em Minas Gerais, o índice manteve-se praticamente estável, enquanto nos demais estados desta pesquisa (RS, PR, GO e BA) houve queda. No Rio Grande do Sul, a redução do ICAP-Leite em abril chegou a 7,9%, em Santa Catarina, a 9,5% e no Paraná, foi de 3,8%. Entretanto, agentes do setor esperam aumento da captação a partir do final de maio/início de junho na região Sul, com a chegada do período de safra. As condições climáticas têm sido favoráveis à produção de forrageiras de inverno - especialmente aveia e azevém - e produtores sulistas têm a expectativa de uma boa safra neste ano, com aumento de cerca de 10% a 15% em relação à produção de 2010 (maio a setembro).
Desde dezembro/10, quando o índice de captação atingiu o maior patamar da última safra, houve recuo de 10,1% do ICAP-Leite. De janeiro a abril, ICAP-Leite/Cepea registrou leve recuo de 0,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado - o estado que mais apresentou redução do índice neste período foi Goiás, de 13%.
De acordo com a pesquisa mensal realizada pelo Cepea junto a compradores de leite, para o pagamento de junho (referente à produção entregue em maio), 49% dos agentes de mercado consultados (que representam 54% do volume de leite da amostra) acreditam em nova alta de preços. Para outros exatos 49% dos entrevistados (responsáveis por 42% do volume amostrado), deve haver estabilidade e, para 2% dos agentes (que representam 2% do volume), os preços pagos aos produtores podem recuar.
O mercado firme de derivados (especialmente de leite UHT), a tendência de oferta restrita no Sudeste e no Centro-Oeste e os custos relativamente elevados são os principais fundamentos para a expectativa de que os preços do leite, em junho, sigam nos mesmos patamares ou em alta. Por outro lado, o início da safra de inverno no Sul e a expectativa de que a oferta daquela região seja maior neste ano podem limitar aumentos de preços nos próximos meses.
Outro fator que preocupa todo o setor neste momento são as elevadas importações de derivados lácteos, especialmente leite em pó e queijos. Somente no primeiro quadrimestre deste ano, as compras externas em equivalente leite somaram 384 milhões de litros e já superaram o volume importado no ano de 2008 inteiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No comparativo com o primeiro quadrimestre de 2010, o aumento em volume é de 98%. Por sua vez, a exportação nacional de lácteos diminuiu 46% na comparação com o começo do ano passado.
Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - ABRIL/11. (Base 100=Junho/2004)

Fonte: Cepea-Esalq/USP
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em MAIO/11 referentes ao leite entregue em ABRIL/11.

Fonte: Cepea-Esalq/USP
Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na "média nacional" - RJ e MS

Fonte: Cepea-Esalq/USP
Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)

Fonte: Cepea-Esalq/USP
As informações são do Cepea-Esalq/USP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
