Cepea: captação tem nova queda e leite valoriza 10%

O preço médio pago pelo leite aos produtores em março (referente à produção de fevereiro) teve expressivo aumento de 10% frente ao mês anterior (de 6,1 centavos por litro), passando para R$ 0,6795/litro - média de sete estados da pesquisa do Cepea: RS, PR, SC, SP, MG, GO, BA. A alta, que já era esperada por agentes do setor, foi impulsionada pelo recuo na captação de leite em todas as regiões analisadas pelo Cepea. Além da queda na captação, o aquecimento da demanda por leite, devido à Páscoa, também impulsionou as cotações do produto em março.

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O preço médio pago pelo leite aos produtores em março (referente à produção de fevereiro) teve expressivo aumento de 10% frente ao mês anterior (de 6,1 centavos por litro), passando para R$ 0,6795/litro - média de sete estados da pesquisa do Cepea: RS, PR, SC, SP, MG, GO, BA. A alta, que já era esperada por agentes do setor, foi impulsionada pelo recuo na captação de leite em todas as regiões analisadas pelo Cepea. Além da queda na captação, o aquecimento da demanda por leite, devido à Páscoa, também impulsionou as cotações do produto em março.

De janeiro para fevereiro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) diminuiu 4,04%. O clima seco em algumas regiões mineiras e o excesso de calor no Sul do País continuou influenciando a menor produção de leite no período. Se comparado o ICAP-L de fevereiro/10 com o de fevereiro/09, a produção registra aumento de 2,9%.

No Sul do País, alguns produtores já estão iniciando o plantio de azevém (forragem) e aveia preta para a safra de inverno. Assim, para os próximos meses, a tendência é de que a produção de leite na região comece a se estabilizar, com aumento gradual, segundo agentes colaboradores do Cepea.

Para o pagamento de abril, 95,9% dos agentes consultados pelo Cepea (responsáveis pela compra de 96,8% do volume total de leite amostrado) acreditam em nova alta de preços; apenas 4,1% dos agentes (que representam 3,2% da aquisição de leite da amostra) esperam que haja estabilidade em abril. Nenhum entrevistado acredita em recuo de preços para o próximo mês.

A tendência altista também está sendo verificada no mercado spot (comercialização de leite cru entre cooperativas/laticínios). Em março, já houve um aumento de cerca de 10 centavos por litro em relação à segunda quinzena de fevereiro. Geralmente, as variações no mercado spot ocorrem antes, e em maior intensidade, que ao produtor.

A menor oferta de leite também impulsionou os preços dos derivados de janeiro para fevereiro, principalmente os do UHT. Esse produto valorizou 10,9% no atacado de São Paulo no período, com a média passando para R$ 1,49/litro. Se comparadas as médias de dezembro/09 e de fevereiro/10, a alta do UHT chega a 23% no atacado do estado de SP.

O preço do queijo mussarela, negociado no atacado paulista, acompanhou o movimento de alta do UHT e subiu 9,3% em fevereiro, indo para R$ 9,06/kg. O leite em pó integral (400 g) foi cotado em média por R$ 9,32/kg em fevereiro na mesma praça, alta de 7,9% frente a janeiro. O leite pasteurizado valorizou 5,5% no mesmo período, com média de R$ 1,21/litro no atacado de São Paulo.

Março - A maior alta no preço do leite ao produtor em março, de 15,5% (9,2 centavos por litro), foi verificada em Santa Catarina, com a média de março a R$ 0,6871/litro. No Rio Grande do Sul, houve aumento de 14,5% (8,3 centavos por litro), passando para R$ 0,6503/litro. Vale ressaltar que, de janeiro para fevereiro, os preços em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul haviam subido com menor força em relação aos demais estados da pesquisa do Cepea.

Em Goiás, o preço médio do leite pago ao produtor em março subiu 11,76% (7,2 centavos por litro), com o leite negociado a R$ 0,6832/litro. No Paraná, a média foi de R$ 0,6767/litro, alta de 9,7% (6 centavos por litro). Em Minas Gerais, houve aumento de 5,7 centavos por litro (8,9%) frente a fevereiro, com média de R$ 0,7002/l.

Em São Paulo, os preços médios subiram 6,4% (cerca de 4 centavos por litro), a R$ 0,6656/litro em março. Apesar da valorização mais tímida frente aos demais estados, algumas mesorregiões paulistas apresentaram preços elevados, como o Vale do Paraíba Paulista, que teve média de R$ 0,7694/litro em março - a maior cotação regional registrada no mês. Na Bahia, o valor médio foi de R$ 0,6105/litro, elevação de 6,5% (3 centavos por litro).

Gráfico 1. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - Fevereiro/10 (Base100=Junho/2004).

Figura 1
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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em Março/10 referentes ao leite entregue em Fevereiro/10.

Figura 2
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Tabela 2. Médias estaduais das novas regiões - RJ e MS.

Figura 3
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Gráfico 2. Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionado pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA).

Figura 4
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As informações são do Cepea - Esalq/USP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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Roberto Carlos de Castro
ROBERTO CARLOS DE CASTRO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/04/2010

A captação de leite vai diminuir mais porque os produtores de pequeno porte não conseguem mais suportar o vai e vem do preço do leite e com isso procuram outras alternativas de renda para se manterem na zona rural, na minha região já chegamos a receber no ano passado o valor de R$ ,43 centavos por litro e esta situação desanima a todos porque os remedios, a ração e a mão de obra nunca tem uma redução. Recebemos no pagamento de março referente o leite entregue em fevereiro o valor de R$ 0,63 por litro mas o valor ainda é baixo para podermos sobreviver, precisando com isso abrir espaço para o gado de corte, eucalipto e venda de bezerras que para mim é um erro porque as bezerras são o modo mais barato de se melhorar o rebanho, mas precisamos fechar as contas no fim do mês
Paulo Mauricio B. Basto da Silva
PAULO MAURICIO B. BASTO DA SILVA

JARAGUÁ DO SUL - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/04/2010

Existem algumas variáveis de mercado que acredito ter grande influência nesta escalada de preços que começou em fev (antes da hora).
Temos um grande comprador de leite sopt no Brasil que está sendo a Nestlé que paga, em muitos casos, fora o frete, em torno de R$ 0.90/litro (março 2.010). E os volumes são significativos.
A importação de queijos e leite em pó continua e se observarmos a balança de lácteos, isso representou uma entrada de 650 mil litros por dia de leite equivalente, assim como em fev/09, onde os preços (leite ao produtor) praticamente não tiveram aumento face a jan/09.
Nosso consumo interno tem pouca expressão de crescimento e este aumento alia a queda na captação interna (não muito forte, ainda) + compra de leite spot pelo grande player (Nestle´).
É bom lembrar que, em dólar, o leite pago (custo) no Brasil está mais caro que no Uruguai e Argentina e se assemelha a Europa e isso facilita as importações ainda mais (nosso dólar a R$ 1.80). Ou seja, acredito que o preço de leite e derivados, assim como ao produtor terá um "travamento", como de costume, porém, em junho ou julho (vide curvas de custo de leite CEPEA de 2.007, 2.008 e 2.009). Tb devemos aguardar que o leite, mais uma vez, será o "vilão" da inflação quando sair na mídia. Isso ajuda o consumidor a reduzii suas compras de leite seja pela substituição ou diluição do leite usado. E os supermercados aí, entram em ação, "segurando" compras durante 15 dias. Está pronto o cenário para queda de preços, de leite em toda a cadeia em torno de R$ 0.08 a R$ 0.10/litro, por mês.
Qual a sua dúvida hoje?