Cepea: apesar da entressafra, cotações perdem fôlego

Após quatro meses em alta, o preço médio do leite pago aos produtores em junho voltou a recuar. De acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a "média nacional", que considera os estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA, foi de R$ 0,7718/litro (preço bruto) em junho, redução de 3,3% ou 2,7 centavos por litro frente ao mês anterior. Analisando as médias exclusivamente dos meses de junho, a atual ainda é a maior da série do Cepea (nominal) - iniciada em 1994. Em relação a junho de 2009, a alta ainda é de 8,9%.

Publicado por: MilkPoint

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Após quatro meses em alta, o preço médio do leite pago aos produtores em junho voltou a recuar. De acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a "média nacional", que considera os estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA, foi de R$ 0,7718/litro (preço bruto) em junho, redução de 3,3% ou 2,7 centavos por litro frente ao mês anterior. Analisando as médias exclusivamente dos meses de junho, a atual ainda é a maior da série do Cepea (nominal) - iniciada em 1994. Em relação a junho de 2009, a alta ainda é de 8,9%.

A queda de preços em pleno período de entressafra é atípica. Desde 1997, é a primeira vez que há redução de preços de maio para junho. De acordo com agentes do setor, entre os fundamentos para esse comportamento estão os estoques relativamente altos de leite UHT, as elevadas importações de lácteos, principalmente do Uruguai e da Argentina, e o fraco desempenho das exportações. Além disso, a captação de leite no Sul do País já mostra sinais de aumento, em função da produção de forrageiras de inverno (aveia e azevém) neste período do ano.

Nas transações externas, segundo dados da Secex, no acumulado de janeiro a maio, houve diminuição de 30% do volume embarcado comparativamente a igual período de 2009; frente à parcial de 2008, exportou-se menos da metade, com as 21,8 mil toneladas de 2010 representando apenas 44% do acumulado no início daquele ano. Quanto às importações, as 41,7 mil toneladas deste ano representam diminuição de 24% frente ao volume de 2009, mas superam em 40% o total de janeiro-maio de 2008 - foram considerados somente os produtos do Capítulo 4 da Nomenclatura Comum do Mercosul.

Neste sentido, 83% dos compradores (representantes de laticínios/cooperativas) entrevistados pelo Cepea, que respondem por 94,1% do volume de leite amostrado na pesquisa, acreditam em nova queda de preços para o pagamento de julho. Já 12,3% dos compradores (responsáveis por 3,5% do volume da amostra) acreditam em estabilidade de preços, enquanto 4,6% (que correspondem a 2,3% do volume) apontam para alta de preços em julho. No mercado spot de leite cru (comercialização entre os laticínios), houve redução de 5 a 10 centavos por litro em junho. Essa desvalorização tende também a influenciar os preços pagos aos produtores.

O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) registrou queda de 2,47% em maio em relação a abril. Mesmo assim, no acumulado do ano, a captação é 3,8% maior que a do mesmo período de 2009; já na comparação com 2008, a queda é de 3,2%. Em maio, a diminuição da oferta ocorreu principalmente em Goiás (-5,7%) e em Minas Gerais (-4,3%). Nos estados do Sul, houve leve redução de 0,9% no Paraná e ligeira alta de 0,5% no Rio Grande do Sul. A expectativa de agentes do setor é que a produção de leite na região aumente nos próximos meses.

No mercado atacadista do estado de São Paulo, o preço médio do leite UHT teve novo recuo em maio, de 6% frente ao mês anterior, ficando a R$ 1,64/litro. O queijo mussarela teve média de R$ 10,29/kg - aumento de 2,7% em relação a abril -, e o queijo prato foi cotado à média de R$ 12,05/kg, alta de 4,9% no período. O leite pasteurizado teve média de R$ 1,30/litro, recuo de 2,4% frente a abril. O leite em pó também registrou queda, de 2,5%, indo para R$ 10,41/kg.

Junho - Entre os estados pesquisados pelo Cepea, Goiás teve a principal queda na captação e também nos preços pagos ao produtor. De maio para junho, a redução foi de 6,8% ou 5,6 centavos por litro, com a média passando para R$ 0,7659 (valor bruto). Esse comportamento está ligado à queda mais acentuada do preço do leite cru no segmento spot no estado, que tem movimento significativo. Segundo alguns agentes, as cotações prevalecentes em junho representaram também um ajuste à média do estado, que em maio foi a maior.

No Rio Grande do Sul, o recuo foi de 6,5% ou 4,7 centavos por litro, cotado a R$ 0,6896, e no Paraná o preço médio foi de R$ 0,7731/litro, queda de 4,2% ou 3,3 centavos/litro em relação a maio. Em Santa Catarina, a queda foi de 1,7% (1,4 centavo por litro) no período, com média de R$ 0,7798/litro.

Em São Paulo, o preço médio foi de R$ 0,7899/litro, recuo de 1,5% (ou 1,2 centavo por litro) e na Bahia, houve redução de 0,5%, com média de R$ 0,6926/litro. Em Minas Gerais, os preços se mantiveram praticamente estáveis, com ligeira redução de 0,2% em relação a maio. Assim, a média de R$ 0,8122/litro voltou a ser a maior entre os estados desta pesquisa.

Gráfico 1. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - maio/10 (Base100=Junho/2004).

Figura 1
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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em Junho/10 referentes ao leite entregue em Maio/10.

Figura 2
Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 2. Médias estaduais das novas regiões - RJ e MS.

Figura 3
Clique na imagem para ampliá-la.

Gráfico 2. Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionado pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA).

Figura 4

As informações são do Cepea - Esalq/USP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.


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Marco Antonio Parreiras de Carvalho
MARCO ANTONIO PARREIRAS DE CARVALHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 06/07/2010

Uruguai,
País de cerca de 3.500.000 de habitantes, tamanho aproximado do Rio Grande do Sul, consegue fazer com que nosso leite pago ao produtor caia quase R$0,10 em julho! Então, este querido país vizinho, consegue abastacer de produtos lácteos nosso país continental! Que maravilha deve ser tirar leite no Uruguai, país de super-vacas e de tanto potencial leiteiro! São capazes de suprir nosso mercado interno, interferir diretamente no preço do produto apesar do índice de captação de leite no Brasil ter caído em maio e em junho!
Outra possibilidade é que isto não seja verdade, apesar dos laticínios apresentarem esta justificativa para a queda vertiginosa do preço do leite pago ao produtor, em pleno pico de entressafra.
Nossos colegas pregam união, mas como vamos nos unir? Pela internet???
Os sindicatos são fragmentados, cada cidade, cada estado, têm suas peculiaridades. Se abrirmos os jornais dos nossos sindicatos predomina fotografias de dirigentes e "pessoas importantes" de encontros improdutivos... Aonde a vaidade de aparecer num jornaleco passa a ser o mais importante...
Então, a união pregada, que não sabemos por onde começar e com quem unir, deverá passar por um grande veículo de comunicação (exemplo Milkpoint), por dirigentes de confederações (como a CNA), por parte de nossa pequena bancada na câmara e no congresso, pela mídia interessada neste aspecto político (EX: Canal Rural), etc. Aí, numa VOZ ÚNICA mas, muito representativa e, com o andamento do processo, até com algum poder de decisão, cresceremos... Talvez seja a única oportunidade... Isoladamente, nada conseguiremos...
Vamos pensar... E o mais importante, que nossos pensamentos sejam filtrados, resumidos, classificados. Ao final, juntam-se vários órgãos representativos que se dispuserem a trabalhar ao nosso lado e com todo o material colhido, vamos brigar junto ao nosso des-governo!
Abraços a todos que acreditam que poderemos vencer por uma causa, uma bandeira, um país mais justo.
Marco Antonio
Márcio F. Teixeira
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/07/2010

Passa ano e vem ano... é sempre assim...

Cadê as nossas entidades que nos representam??? até quando vamos continuar a deixar o próprio governo, que adora importar comida, ganhar votos com o nosso suor e com o nosso prejuízo???

Isso é o nosso Brasil da Copa !!!

Viva o Lula !!!

Márcio
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