Cenário atual e perspectivas para o setor lácteo na União Europeia

O relatório <i>"EU - Dairy Markets, Situation and Outlook, May-Aug 2010"</i>, produzido por Erhard Richards e publicado pela CLAL - empresa de consultoria e pesquisa de mercado na área de alimentos e lácteos -, apresenta o cenário atual e perspectivas para o setor lácteo europeu no período de maio a agosto. Como destaques, o relatório projeta para o restante do ano: redução de 500 mil toneladas na produção de leite da UE; elevação dos preços pagos ao produtor europeu e elevação da demanda mundial em 12 a 14 milhões de toneladas de equivalente em leite ao ano; além de uma análise detalhada para manteiga e leite em pó desnatado.

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O relatório "EU - Dairy Markets, Situation and Outlook, May-Aug 2010", produzido por Erhard Richards e publicado pela CLAL - empresa de consultoria e pesquisa de mercado na área de alimentos e lácteos -, apresenta o cenário atual e perspectivas para o setor lácteo europeu no período de maio a agosto. Como destaques, o relatório projeta para o restante do ano: redução de 500 mil toneladas na produção de leite da UE; elevação dos preços pagos ao produtor europeu e elevação da demanda mundial de 12 a 14 milhões de toneladas de equivalente em leite ao ano; além de uma análise detalhada para manteiga e leite em pó desnatado.

Oferta

A produção de leite na União Europeia chegou ao seu pico em meados de maio, com alguns países com o pico da safra adiantado (caso da França) e outros com o mesmo atrasado (caso da Polônia). Quando comparada ao mesmo período do ano anterior, a produção do período de Setembro de 2009 a maio de 2010 foi menor, e países que divulgaram dados de aumento de produção, caso da Holanda, agora preveem estagnação. No 1º trimestre de 2010 a captação de leite na UE, segundo estimativas, foi 1% menor em relação ao mesmo período no ano anterior, ou 400 mil toneladas a menos.

O decréscimo na produção está principalmente ligado aos baixos preços praticados aos produtores, e consequente redução na expectativa de produção por parte dos mesmos. Diferentemente dos anos anterior, em nenhum país os produtores foram obrigados a reduzir sua entrega de leite para evitar preços muito baixos; portanto, não há expectativa de elevação da oferta na safra 2009/2010, que teve fim dia 31 de Março. Nessa projeção, assume-se que a produção na UE apresentará uma redução de 500 mil toneladas de leite, e como esse reajuste já ocorreu nos primeiros quatro meses do ano, seria otimismo assumir que a oferta será igual a 2009.

A nível mundial, a previsão de crescimento para o restante do ano não é das melhores. Na Oceania a produção está em baixa, com a safra da Nova Zelândia chegando ao fim no próximo dia 31 de Maio e da Austrália no dia 30 de Junho. Na Austrália, houve redução na produção; e na Nova Zelândia, na Ilha Norte, onde se concentra grande parte da produção, houve um longo período de estiagem que levou à redução da produção do país. Na América Latina, o crescimento previsto de produção será apenas moderado, enquanto nos Estados Unidos dados atuais mostram novo aumento (no mês de abril a produção apresentou alta de 1,5% frente a 2009 e no acumulado do ano, de janeiro até abril, apresentou alta de 2,3%). Para a Rússia, a previsão é de manutenção dos níveis de produção e, em relação à Ucrânia, não há dados indicando recuperação do decréscimo do ano anterior.

Gráfico 1. Captação de leite na União Europeia (em mil toneladas).

Figura 1
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Demanda

Projeções em longo prazo estimam elevação da demanda em 12 a 14 milhões de toneladas em equivalente de leite ao ano. Tempos de crises econômicas são exceção, e o mercado tem sinalizado novamente aumento da demanda, enquanto a produção continua com previsão de queda ou manutenção.

Com a oferta mundial de leite já "negociada", a demanda global tem focado no potencial do mercado comum europeu, ajudada pelo enfraquecimento do euro devido à crise econômica que alguns países da UE estão enfrentando. A demanda no mercado interno europeu também tem se elevado, mas com valores mais modestos, particularmente no setor de queijos.

As exportações de manteiga, queijo e leite em pó desnatado foram maiores no primeiro bimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações de leite em pó desnatado quase que dobraram para o período, entretanto as exportações de leite em pó integral sofreram reajuste negativo. A produção de leite em pó integral, porém, apresentou alta na França e Holanda, resultado de aumento da demanda para exportação, que ainda não foi verificado no saldo da balança - o resultado da balança comercial de lácteos para o 2º bimestre ainda não foi publicado.

Com a oferta de leite reduzida e demanda estável para outros produtos lácteos, significativamente menos leite é alocado para a fabricação de manteiga e leite em pó desnatado, enquanto maiores volumes de ambos são demandados no mercado internacional. A manteiga, em especial, deve ser armazenada nos estoques privados para equilibrar o mercado interno europeu após o pico de produção de primavera e início do verão.

Manteiga

Com a produção de manteiga em declínio, consumo interno inalterado e aumento das exportações, os estoques de manteiga da UE serão reduzidos. Até agora, nenhuma manteiga foi vendida aos organismos de intervenção e, como os preços estão significativamente acima dos níveis de intervenção, ao que parece, isso não irá ocorrer este ano. Estoques privados, necessários para preencher lacunas de abastecimento no restante do ano, estão significativamente menores do que no mesmo período do ano anterior; portanto, parece haver necessidade de se ter mais manteiga até o final de Agosto. O mercado de manteiga, porém, está no limite, e se o cenário atual de oferta de leite e demanda por exportação se mantiver, será difícil o setor se manter através dos estoques privados.

Diferentemente do ano passado, nenhuma das restituições à exportação tem sido necessária, já que os preços na EU e no mercado mundial estão muito próximos. Após a queda da cotação do euro em maio, até os preços internos da manteiga a granel encontram-se inferiores se comparados aos preços no mercado mundial, o que significa que os valores internacionais serão reduzidos ou os preços domésticos na UE terão alta, sendo a segunda opção a mais provável. De acordo com as cotações semanais da manteiga, em Hannover, os preços da manteiga no varejo estão menores, e um reajuste positivo parece ser inevitável.

Gráfico 2. Projeções de oferta e demanda de manteiga na União Europeia para 2010 (em mil toneladas).

Figura 2

Leite em pó desnatado

Em fevereiro, a projeção de compra de leite em pó desnatado por órgãos intervencionistas não foi completamente descartada, mas posta de lado, já que não se acreditou que a compra iria alterar de forma significativa o mercado. A manobra claramente não ocorrerá mais no restante do ano, ao contrário, será mais provável a redução no estoque do produto. Com o estoque de intervenção, no fim de abril, de 192 mil toneladas de leite em pó desnatado, o mercado continuará em relativo equilíbrio caso a produção decresça como esperado e a demanda por exportação do produto continue a apresentar alta.

As exportações do produto no primeiro bimestre foram de 63 mil toneladas, e a estimativa de exportação para 2010 é de 280 mil toneladas. Caso a balança comercial para o restante do ano se comporte como o esperado, não haverá redução do estoque. Porém, caso a produção não alcance o nível previsto, uma quantidade significativa de leite em pó desnatado será necessária para equilibrar o mercado. Seguindo o mesmo cenário da manteiga, para o produto a oferta interna começará a diminuir em julho e a demanda por exportação continuará em alta.

A questão é quando a UE iniciará a comercialização de seu estoque de intervenção. A previsão é de que eles iniciem a venda quando os preços pagos aos produtores estiverem sob valores maiores do que no início de 2010. O volume de leite em pó desnatado em estoque é suficiente para estabilizar o mercado em longo prazo, cenário bem diferente do mercado de manteiga.

Gráfico 3. Projeções de oferta e demanda de leite em pó desnatado na UE em 2010 (em mil toneladas).

Figura 3

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