Além de proteger os ossos, o cálcio também é importante para a saúde cardiovascular. Novos estudos indicam a relação entre o déficit desse mineral e a presença de sobrepeso ou obesidade, por exemplo. Dados epidemiológicos ainda sugerem que pessoas com alta ingestão de cálcio têm menor prevalência de sobrepeso, obesidade e síndrome de resistência à insulina.
A pesquisa da IOF, chamada de Mapa do Cálcio, compilou dados já conhecidos de 74 países para fazer uma análise mundial. No ranking, o Brasil aparece na 28ª posição de consumo inadequado, com uma média de 505 miligramas de cálcio por dia quando o ideal são mil.
Os motivos para o baixo consumo não foram abordados pela pesquisa nesse primeiro momento, mas algumas hipóteses podem ser levantadas. "Tem a ver com o hábito de consumo de leites e derivados ou pode não ter acesso ao leite. Mesmo pessoas com níveis socioeconômicos elevados têm baixo consumo", diz Talita Biason, gerente médica de Consumer Healthcare da Sanofi. A farmacêutica possui uma parceria com a IOF para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de cuidar da saúde dos ossos.
Além de melhorar o hábito, Talita diz que educar e informar a população sobre a importância desse mineral para a saúde é o principal ponto. Esse trabalho deve ser feito tanto com a comunidade médica quanto com a sociedade.
Reserva de cálcio
O reumatologista Charlles Heldan de Moura Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) de São Paulo, explica que, até os 30 anos de idade, o organismo constrói uma reserva de massa óssea. O osteoblasto é a célula responsável por essa formação.
Após os 50 anos, ocorre uma perda natural dessa reserva, promovida pelo osteoclasto. "Durante a vida, se a gente conseguir fazer uma 'poupança óssea' boa, a perda será melhor tolerada, vai se dar diante de um pico de massa maior", diz o especialista.
A taxa de cálcio no sangue também precisa ser mantida em um bom nível. Quando a ingestão é baixa, se o mineral não vier da dieta, o organismo retira do osso, o que o deixa fraco. Para minimizar os efeitos do déficit de cálcio a longo prazo, o médico orienta a ter uma boa ingestão dele e de proteínas. É preciso também fazer atividade física regularmente e evitar hábitos prejudiciais como bebida alcoólica, tabagismo e sedentarismo.
Vitamina D
Não basta apenas consumir cálcio para estar protegido da osteoporose. A vitamina D é essencial, pois age no intestino para a absorção do nutriente, levando-o para a circulação. Porém, ela é pouco adquirida pela alimentação: o principal meio de obtê-la é pela exposição ao sol, por cerca de 20 minutos, três vezes por semana.
Pesquisas também apontam uma baixa presença dessa vitamina nas pessoas ao redor do mundo. O caso é preocupante porque, sem ela, o organismo absorve apenas de 10% a 15% do cálcio ingerido. Assim, se o consumo do mineral já for baixo, a chance de ele fazer efeito no organismo é ainda menor na ausência de vitamina D.
Cálcio de onde?
O melhor jeito de consumir cálcio é por meio da alimentação, e a principal fonte são leite e derivados. Para quem opta por não consumir produtos de origem animal, o cálcio pode ser encontrado em algumas bebidas vegetais e vegetais verde-escuros (brócolis, agrião, couve-manteiga, espinafre), castanhas e sementes (gergelim, amêndoas, nozes) e leguminosas (soja, feijão, grão-de-bico).
Porém, a quantidade de cálcio encontrada nos vegetais é pequena. Em uma dieta ocidental, é possível absorver de 150 a 200 miligramas por dia desse mineral nesses alimentos, diz o presidente da ABRASSO. Segundo ele, seriam necessários 16 porções de espinafre para ter o conteúdo de um copo de leite em termos de cálcio, por exemplo.
Um problema que ele aponta, e que pode explicar o baixo consumo em outros países, é a condição econômico-financeira das pessoas. O Nepal tem o menor consumo de cálcio do mundo (175 miligramas por dia). "Pessoas com dificuldade de obter [cálcio] pela alimentação, por opção ou outros, mesmo que aumente o que está ingerindo, não vão conseguir alcançar [o necessário]", alerta Talita Biason. "Essas pessoas são provavelmente candidatas para uso de suplementação", recomenda.
Os suplementos valem, segundo ela, quando uma avaliação da ingestão mostra que a quantidade de cálcio na dieta é baixa e a alimentação não vai prover o suficiente. "Normalmente, precisa de ajuda de um médico ou nutricionista para fazer isso", diz.
As informações são da Gazeta Online, resumidas pela Equipe MilkPoint.