Brasil pode deixar de exportar mais de US$ 1 bilhão para Argentina

Mais do que a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a crise na Argentina é, hoje, o grande fator de preocupação na balança comercial brasileira, na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 2 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Mais do que a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a crise na Argentina é, hoje, o grande fator de preocupação na balança comercial brasileira, na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Continua depois da publicidade

Segundo ele, enquanto a imposição mútua de sobretaxas no intercâmbio entre americanos e chineses só vai se refletir nas exportações brasileiras de commodities a partir de 2019, os problemas econômicos enfrentados pelos vizinhos, como recessão, desemprego, desvalorização cambial e uma dura cartilha macroeconômica a ser seguida em troca de dinheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), farão com que os argentinos reduzam, no mínimo, em 10% suas importações de manufaturados do Brasil já neste semestre, especialmente automóveis. Isso significa alto em torno de US$ 1 bilhão. "A Argentina é um problema real e concreto, enquanto a guerra comercial ainda gera expectativas", disse Castro.

Segundo ele, 75% da soja colhida no Brasil, praticamente toda destinada ao mercado chinês, já embarcou. Os exportadores brasileiros se beneficiaram, no início deste ano, com o aumento do preço do produto nas bolsas internacionais devido à quebra da safra de soja na Argentina, que significou uma redução de 14 milhões de toneladas. Com isso, a tonelada do produto já subiu, este ano, de US$ 380 para US$ 400. "A guerra comercial terá impacto sobre as commodities a partir do ano que vem. Já a crise Argentina afetará em cheio as nossas exportações de manufaturados ainda no segundo semestre de 2018", afirmou o presidente da AEB.

Continua depois da publicidade

Camila Sande, assessora de negociações internacionais da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse que é impossível prever, pelo menos por enquanto, o que acontecerá com o Brasil nesse cenário de guerra comercial. Em sua opinião, independentemente de quando a disputa entre os dois gigantes terá impacto no comércio exterior, os produtores e exportadores brasileiros precisam se preparar para atender a demanda. "Em 2014, quando a Rússia suspendeu as importações de inúmeros produtos da União Europeia, o Brasil se beneficiou por um tempo, mas não soube consolidar esse mercado, principalmente de lácteos".

O ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, acredita no pleno restabelecimento da Argentina, tendo em vista as medidas que estão sendo adotadas pelo governo do presidente Macri. Ele lembrou que a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na América Latina. "A Argentina é um mercado muito importante, para onde exportamos majoritariamente produtos manufaturados", contou Marcos Jorge. 

Sobre a guerra comercial EUA x China, ele enfatizou que esse tipo de disputa é algo sempre danoso para o comércio mundial. O ministro admitiu que o Brasil pode até ter algum ganho eventual para determinada empresa ou setor. "Mas o saldo nunca é positivo. Da perspectiva brasileira, ainda não há impactos estatísticos nas nossas exportações e importações. Também não há reportes de impacto sentido pelos setores. Porém seguimos monitorando nossas trações comerciais", concluiu. 

As informações são do jornal O Globo.

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?