Bom Gosto rebate denúncia de "concorrência desleal"

O presidente da Laticínios Bom Gosto, Wilson Zanatta, disse que os preços que a empresa pratica para o leite longa vida no Nordeste são "competitivos (...) mas não de uma maneira predatória", como acusam seus concorrentes naquele mercado. Respondendo à denúncia de "concorrência desleal" feita por sindicatos de laticínios de Alagoas e Ceará, Zanatta afirmou que "jamais passou pela cabeça vender abaixo do preço de custo".

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O presidente da Laticínios Bom Gosto, Wilson Zanatta, disse que os preços que a empresa pratica para o leite longa vida no Nordeste são "competitivos (...) mas não de uma maneira predatória", como acusam seus concorrentes naquele mercado. Respondendo à denúncia de "concorrência desleal" feita por sindicatos de laticínios de Alagoas e Ceará, Zanatta afirmou que "jamais passou pela cabeça vender abaixo do preço de custo". Acrescentou que a acusação causou "estranheza" e que "quando [o mercado] está ruim todo mundo quer procurar um culpado".

No dia 21 de janeiro, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Alagoas (Sileal) e o Sindicato da Indústria de Laticínio de Produtos e Derivados no Estado do Ceará (Sindlaticínios), apoiados pela Associação das Indústrias de Laticínios do Norte/ Nordeste (Ailane), entraram, no Ministério Público Federal de Pernambuco com uma denúncia de "concorrência desleal por prática de preço predatório" contra a empresa. Os sindicatos acusam a gaúcha Bom Gosto de praticar "underselling": vender leite longa vida "a preços abaixo do preço de custo ou bem próximo do preço de custo" no Nordeste. (leia notícia)

Zanatta disse que, na média, os preços da Bom Gosto no Nordeste são mais baixos porque suas vendas estão concentradas em grandes redes de varejo, que compram volumes maiores e por isso negociam preços menores do que o varejo de menor porte.

Observando que os preços refletem também políticas do varejo, o empresário afirmou que há leite de outras empresas comercializado a preços baixos nos supermercados do Nordeste. Por e-mail, enviou ao Valor fotos de leite longa vida da alagoana Vale Dourado sendo vendido a R$ 1,19 o litro no Carrefour, em Fortaleza, no dia 26 de janeiro, e leite da cearense Betânia por R$ 1,09 no CBD de Salvador, em janeiro. Na ação entregue ao MPF, os sindicatos anexaram cópias de panfletos da rede Bompreço mostrando leite da Bom Gosto a R$ 1,17 por litro entre os dias 15 e 17 de janeiro.

De acordo com Zanatta, o preço de venda do leite da Bom Gosto para o varejo do Nordeste hoje está "perto de R$ 1,30". Ele não revelou os custos de produção da empresa na região, mas disse que estão "bem abaixo" dos R$ 1,42 por litro estimados pelos sindicatos na denúncia.

"Com a entrada de players grandes no Nordeste, eles terão de mudar a forma de trabalhar, terão de reduzir custos", disse, referindo-se aos laticínios concorrentes. O presidente da Bom Gosto afirmou que consegue ter custos mais baixos que dos concorrentes em decorrência de vantagens logísticas - Garanhuns está no máximo a 400 km das grandes cidades do Nordeste. Além disso, há "otimização da capacidade de fábrica", disse.

Questionado se o fato de o BNDES participar do capital da Bom Gosto torna a empresa mais competitiva, Zanatta tergiversou, mas admitiu que o apoio do banco de fomento dá à companhia capacidade de crescer. "Por que o [setor de] leite não pode ter a participação do BNDES?", indagou. A BNDESPar tem participação de 34,6% no capital da Bom Gosto e tem apoiado o crescimento da companhia.

Zanatta também atribuiu as queixas dos concorrentes às más condições do mercado, que já começa a melhorar. "A produção [de leite] no Nordeste cresceu acima da média de outros anos e ainda estamos sofrendo o efeito retardado da crise mundial", argumentou. Ele admitiu que prejuízo "em alguns meses do ano" é algo que ocorre no setor. "Também não estou satisfeito", disse. "Queremos ser líderes no Nordeste em preço também", acrescentou.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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DARLANI  PORCARO
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2010

Na cadeia leiteira prejuizo só quem toma é o produtor, que é o principal componente do setor. O laticínio se está com problema, abaixa o preço do produtor, ele nem fala quanto vai te pagar, o valor em litro , faltando poucos dias para o pagamento . O mercado , é o que reina tranquilo na cadeia, e , é o que menos precisa lucrar tanto, pois suas despezas são minimas , e alguns de maior porte cobram caro dos laticinios para colocarem suas marcas dentro de seus estabelecimentos. Como o produtor não tem força, união , a corda arrebenta do nosso lado.
Vanderlei de Oliveira
VANDERLEI DE OLIVEIRA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 07/02/2010

É lamentável tomar conhecimento de uma notícia como esta. Combater preços baixos entre as grandes empresas enquanto o infeliz, miserável, impotente chamado produtor rural, recebe, principalmente nesta época do ano, $ 0,50 por litro de leite. Ninguem move processo contra ninguem para melhorar as condições do infeliz produtor, principalmente os pequenos, que finalmente após a NB 51 não sabe oque fazer. Não vai conseguir vender nem barato os seus miseráveis 20 litros diários. Deixo a seguinte pergunta para quem queira responder:
Algum dia alguem vai fazer alguma coisa para melhorar as condições do pequeno produtor que não seja piorar mais a situação?
Qual a sua dúvida hoje?