Em intervalo de conferência da consultoria Datagro, realizada em São Paulo, o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão, afirmou a jornalistas que “ser pró-ativo na agenda bilateral é muito bom”. Em sua avaliação, “o Brasil ficou para trás nos últimos anos” sem firmar acordos bilaterais.
Uma das negociações bilaterais que o setor mais aposta é o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que não avançou nos últimos anos por dificuldade em estabelecer uma cota para exportação de açúcar e de carnes. Os sinais de aproximação que Bolsonaro já apresentou em relação aos Estados Unidos – maior competidor do Brasil no mercado internacional de etanol – não são vistos com preocupação pela associação. Os produtores americanos têm reclamado da tarifa de 20% fora da cota de 600 milhões de litros, imposta pelo Brasil às importações do biocombustível até agosto de 2019.
Recentemente, Donald Trump mencionou o Brasil como um país protecionista, mas não mencionou em quais setores. “Acho difícil que uma suspensão da tarifa aconteça. Foi uma decisão da Camex, colegiada, após meses de estudo”, avaliou o diretor da Unica. Uma eventual retirada da tarifa, afirmou, seria prejudicial ao segmento, já que representaria “uma quebra de regras”.
Leão defendeu que o Brasil deve manter sua atuação multilateral, que permitiu, por exemplo, a formulação e assinatura do Acordo de Paris, que serviu de base para a formulação de políticas de incentivos ao setor de bicombustíveis. Ele admite que o segmento “teve um pouco de preocupação” com a declaração de Bolsonaro de que poderia sair do acordo climático de 2015. “Mas, aparentemente, ele sinalizou que vai continuar [no acordo]”, afirmou.
O diretor executivo da Unica disse ainda que vê de forma positiva a defesa da equipe de Bolsonaro por uma política liberal para os preços de combustíveis, iniciada no governo de Michel Temer, e que tem favorecido o setor de etanol.
As informações são do jornal Valor Econômico.