BID: veto ao desmate na Amazônia poderia trazer lucro

Um estudo que avalia os efeitos na agricultura e na segurança alimentar de eventuais limitações ao desmatamento estima que o Brasil poderia lucrar cerca de US$ 900 milhões até 2030 se fosse interrompido o desmate da Amazônia feito para abrir terras para a agricultura e o pasto. Segundo a avaliação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicada em estudo divulgado na última semana, esse ganho ocorreria se, enquanto a floresta amazônica fosse preservada, outras regiões do Brasil ainda subutilizadas - segundo a opinião do BID -, como o vale do rio São Francisco e a região Sul, aumentassem sua produtividade.

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Um estudo que avalia os efeitos na agricultura e na segurança alimentar de eventuais limitações ao desmatamento estima que o Brasil poderia lucrar cerca de US$ 900 milhões até 2030 se fosse interrompido o desmate da Amazônia feito para abrir terras para a agricultura e o pasto.

Segundo a avaliação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicada em estudo divulgado na última semana, esse ganho ocorreria se, enquanto a floresta amazônica fosse preservada, outras regiões do Brasil ainda subutilizadas - segundo a opinião do BID -, como o vale do rio São Francisco e a região Sul, aumentassem sua produtividade.
"Essas outras regiões tendem a desenvolver sua agricultura naturalmente, mas seu ganho produtivo seria maior caso fosse vetado o desmatamento amazônico", explica o BID, citando um efeito econômico conhecido como "spillover" (transbordamento).

O estudo do BID pondera os efeitos de hipotéticos vetos ao desmatamento na América Latina, num momento em que o continente tem o desafio de "aumentar a produção agrícola agregada para atender à crescente demanda por comida sem proporcionalmente aumentar a emissão de gases do efeito estufa". Um eventual veto ao desmatamento nos trópicos latino-americanos poderia "economizar", calcula o banco, cerca de 3,3 milhões de hectares de florestas (o que equivale a uma vez e meia o território de Sergipe) e evitaria que o equivalente a 2,2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono fosse emitido.

Para Eirivelthon Lima, economista de recursos naturais do banco e um dos coordenadores do estudo, o Brasil é um dos "mais preparados" da América Latina para absorver os impactos de restrições ao desmatamento, cada vez mais discutidas no continente para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Mas Lima faz ressalvas: esse veto ao desmatamento de fins agrícolas só traria lucros e benefícios se fosse acompanhado de medidas compensatórias aos produtores rurais, que seriam fortemente afetados pelas restrições, e de estudos do impacto regional que esse veto provocaria.

Por isso, o BID é cauteloso ao recomendar restrições totais à remoção de florestas. "Ainda carecemos de estudos que façam a correlação entre desmatamento e segurança alimentícia. A recomendação ao Brasil é que discuta suas decisões. Banir o desmatamento é uma ótima política, mas é preciso que haja medidas compensatórias", opina o economista.

Para Lima, existe um "dilema" em toda a América Latina de como produzir mais alimentos - num momento em que cresce a demanda global por eles - e, ainda assim, cumprir promessas de redução das emissões de gases-estufa e evitar que suas florestas sejam derrubadas para se tornar plantações ou pastos.

Apesar de mostrar o impacto positivo que um eventual veto ao desmatamento latino-americano teria sobre as emissões de gases-estufa, o BID percebeu que "os resultados (do estudo) reforçam a sabedoria convencional de que uma expansão reduziria o emprego e a renda nas comunidades rurais afetadas - e isso aumentaria a pobreza local".

"Ao mesmo tempo em que temos de ser produtivos, temos o debate climático", diz Lima. "Na minha opinião, uma das saídas é investir na produtividade e na tecnologia agrícola (para produzir mais sem sacrificar florestas). Mas isso não basta. É preciso também fortalecer as políticas de proteção ambiental."

Em contrapartida, outra conclusão do estudo é que esse veto ao desmatamento nos trópicos latinos afetaria pouco o preço mundial dos alimentos. "Nossa análise ressalta a habilidade do sistema de produção alimentícia global em se ajustar à redução de área disponível para a agricultura por meio de mudanças no mix de produtos, de aumento de produtividade e de aumento de cultivo em outras áreas do mundo", diz a pesquisa.

A reportagem é do jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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Marcelo Erthal Pires
MARCELO ERTHAL PIRES

BOM JARDIM - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/02/2011

A Europa, devastou suas florestas, agora finacam ONGs que escondem em cortinas de fumaça suas verdadeiras intenções para com a população e com o futuro do Brasil, nem com a própria conservação ambietal, mas sim com suas buscas de poder e ambições pessoais - em um futuro muito próximo a população
estará contra estes, pois precisamos ter comida e fazer divisas, manufaturar frente à China e a Índia, não tem como! Temos é que produzir comodites e matérias-primas, para vender para estes países e os outros ...

respeito aos que o merecem,
marcelo
ALCANCE PECUÁRIA
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BAURU - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/02/2011

Nem em pararelo correm, uma coisa nada tem a ver com outra. A questão é como
permanecer com a amazonia em pé, e ai sim vários sofismas estão envolvidos, efeito estufa, aquecimento global, etc., vinculados a Amazonia, com instituições, ongs, meio academico, meio cultural, aspirando uma amazonia intocada. A pressão sobre a floresta será imensa em pouco tempo, sua permanência passa por uma compensação. A amazonia segundo censo IBGE, é uma das que mais crescem e irão requisitar a exploração da região,por sinal tema quente nas assembleias regionais.
sergio roberto lima de paula
SERGIO ROBERTO LIMA DE PAULA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 03/02/2011

Isto é um sofisma. A restrição ao desmatamento e o aumento de produtividade correm em paralelo, não têm correlação.
ALCANCE PECUÁRIA
ALCANCE PECUÁRIA

BAURU - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/02/2011

A retórica é sempre a mesma!A Amazonia é muito importante para o planeta.Nos brasileiros sabemos disso.Então quanto vale a Amazonia em pé?Quanto vale não explorarmos os recursos da Amazonia para que a mesma fique em pé? Pelo discurso o usufruto será comum.Vamos propor ao BID,criar um programa de compensação aos produtores brasileiros,pois realmente temos capacidade de dobrar ou mais a nossa produção sem derrubar um pé de pau.Estes recursos seriam utilizados no fomento as areas ja desbravadas investindo em tecnologia e infraestrutura.EUA e UE,estão no limites de suas areas de produção e serios problemas sociais,e não querem mudar suas politicas,como semana na passada o Sr presidente da França propós um sistema de regulação das comodities.Nos tivemos que ralar e aprender a produzir sem subsidios e todo tipo de apoio do governo.Apredemos a viver sem escoras,chegou a nossa vez!! Vamos falar em Amazonia,não em milhões de dolares,mas em bilhões de dolares para algo tão importante.Mercado,lei da oferta e procura!sempre foi assim porque mudar agora.
Qual a sua dúvida hoje?