Ian Balfour-Lynn, do Royal Brompton Hospital, no Reino Unido, analisou diversos estudos feitos desde 1948 para chegar a conclusão. A análise foi publicada na revista Archives of Disease in Childhood. Ele afirmou que não há evidências ligando o leite ao muco, e ainda argumentou que evitar dar a bebida às crianças é negar uma importante fonte de nutrição.
"Embora a textura do leite possa fazer com que algumas pessoas sintam o muco e a saliva mais espessa e difícil de engolir, não há evidências que indiquem que o leite leva à secreção excessiva de muco", escreveu Balfour-Lynn. "O mito precisa ser refutado pelos profissionais de saúde".
Segundo o portal Science Alert, ideia de que o leite produz catarro parece ter sido promovida pelo líder espiritual Maimônides, que morreu em 1204. A hipótese teria sido impulsionada pelo guru Benjamin Spock, em um livro de 1946 sobre saúde de bebês e crianças. Há também uma teoria que sugere uma ligação da proteína beta-casomorfina-7 (do leite) com a produção do muco. No entanto, Balfour-Lynn aponta que tudo acontece no intestino: quem tem o órgão enfraquecido por infecções, por exemplo, pode encontrar mais muco no sistema respiratório.
Segundo o especialista, compostos pegajosos da saliva podem interagir com as propriedades emulsivas do leite para produzir mais do líquido, o que dá a impressão de excesso de muco.
"Isso pode afetar a percepção sensorial do leite misturado à saliva, tanto em termos de espessura que reveste a boca, quanto depois da sensação, quando pequenas quantidades de emulsão permanecem na boca após a ingestão", informou Balfour-Lynn. "Isso pode explicar por que tantas pessoas pensam que há mais muco produzido, quando, na verdade, são os agregados de emulsão láctea da demora na deglutição."
As informações são da revista Galileu.