Balança permanece sobre os patamares de janeiro e déficit aumenta

A balança comercial de lácteos em fevereiro sofreu poucas variações se comparada com janeiro. Não que isso seja um bom sinal, pelo contrário, a manutenção dos níveis de exportação e importação fizeram aumentar os déficits em volume e valor. No acumulado do ano o déficit em volume atingiu 24,1 mil toneladas, ou 43,9% do déficit total em 2010. Em valor, essa participação sobe para 50,2%, com déficit de US$ 87,7 milhões.

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A balança comercial de lácteos em fevereiro sofreu poucas variações se comparada com janeiro. Não que isso seja um bom sinal, pelo contrário, a manutenção dos níveis de exportação e importação fizeram aumentar os déficits em volume e valor.

No acumulado do ano (soma de janeiro e fevereiro de 2011) o déficit em volume atingiu 24,1 mil toneladas, ou 43,9% do déficit total em 2010 (-54,9 mil toneladas). Em valor, essa participação sobe para 50,2%, com déficit de US$ 87,7 milhões sobre os US$ - 174,8 milhões em 2010.

Dois produtos têm sido responsáveis por boa parte desse déficit, o leite em pó e o queijo. As importações de leite em pó totalizaram 18,4 mil toneladas no período ou 35,4% do total em 2010. A quase totalidade proveniente da Argentina (59,1%) e Uruguai (38,4%).

No caso do queijo o volume acumulado no ano (5,9 mil toneladas) representa 27,1% das importações totais em 2010 (21,9 mil toneladas). A quase totalidade novamente proveniente da Argentina (76%) e Uruguai (16,9%), com os Estados Unidos fornecendo outros 3%.

Fevereiro de 2011 sobre um ano antes

A comparação da balança comercial de lácteos em fevereiro frente ao mesmo período em 2010 mostra um cenário em boa parte explicado pela desvalorização de quase 10% do dólar frente ao real, favorecendo as importações e dificultanto as exportações, e valorização de 7,3% do preço da matéria prima, considerando a média nacional do Cepea, deflacionada pelo IGP-DI.

Tais fatores contribuem para uma comparação desleal entre os períodos, como se pode observar a seguir:

Tabela 1. Volume e valor comercializado em fevereiro de 2011 e variação sobre mesmo período em 2010.

Figura 1
Fonte: MDIC
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Material escrito por:

Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro

Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"-USP, e Analista de Mercado do MilkPoint.

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Laércio Barbosa
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/03/2011

Caro Rodolfo,

É preocupante, pra não dizer alarmante, o resultado da balança comercial de lácteos nesse início de 2011. Vejamos alguns dados:

1. Em apenas 2 meses, já registramos praticamente metade do déficit de todo o ano de 2010, que já havia sido um dos piores anos da história.

2. Considerando o resultado anualizado com os 12 meses se encerrando em fev/2011, o valor do déficit é o maior em 10 anos!

3. Nos 2 primeiros meses do ano, exportamos apenas 15 ton de leite em pó (não dá pra encher nem um container!), o que é assustador para um país que há bem pouco tempo se apresentava como um novo player no mercado internacional de leite em pó.

4. As exportações totais recuaram para os níveis de 2006, praticamente anulando todo o esforço e trabalho dos últimos 5 anos.

Sem uma atuação firme e consistente no mercado internacional, e dependendo cada vez mais do mercado interno, todo o setor estará muito mais vulnerável e sujeito a grandes oscilações de preços conforme os humores do mercado. Isso não é bom pra ninguém.

Infelizmente estamos todos reféns dessa política cambial que, em minha opinião, poderá levar o setor a uma de suas mais profundas crises.

Nossa única esperança é que Deus seja realmente brasileiro e nos salve dessa.



Elvis Luís Basso
ELVIS LUÍS BASSO

PEJUÇARA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/03/2011

Infeliz o governo brasileiro continua usando a importação de leite como troca para outras exportações, e o mais interessante que este governo tem mais quatro anos pela frente, se a balança comercial está assim agora imagenem quando os preços internacionais cair.
Adilson da Matta Andrade
ADILSON DA MATTA ANDRADE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/03/2011

Interessante trabalho Rodolfo, muito bom ter resumido o resultado nas planilhas no final.

O que eu queria comentar é exatamente sobre estes números; se produzimos em 2010 algo perto de 29 bilhões de kg de leite, produzimos por volta de 2,42 bilhões de kg em média por mês, então em fevereiro 2011 exportamos 0,1% (10 milésimos) da nossa média de produção mensal e importamos 0,6% (60 milésimos) da nossa média de produção mensal, finalizando com um déficit igual a 0,5% (50 milésimos) da nossa média de produção mensal.

Isto demonstra que estes números não são substanciais para nossa balança, a não ser quando houver interesse em argumentar comercialmente contra a nossa politica interna de preço, ou seja interessa a quem tem interesse em pressionar uma baixa nos preços.

Seu trabalho é um trabalho técnico muito bom, e de grande interesse para nosso conhecimento, e acho eu esta sendo divulgado no lugar certo, o que me intriga é as vezes os nossos representantes de classe preocuparem em divulgar estes números na mídia para o grande público, estou enganado ou eles estão tentando furar gol contra?

Parabéns pelo trabalho.
Adilson da Matta Andrade
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