Balança comercial de lácteos encerra 2009 com déficit de quase US$ 100 milhões

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo da balança comercial de lácteos, de janeiro a dezembro de 2009 foi negativo em US$ 98 milhões. No período, as exportações totalizaram 69 mil toneladas e US$ 166,8 milhões, o que significou uma queda de 53,3% em volume e 69,2% em valor frente ao total exportado em 2008.

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De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo da balança comercial de lácteos, de janeiro a dezembro de 2009 foi negativo em US$ 98 milhões, considerando os produtos do capítulo 04 da Nomenclatura Comum do Mercosul (leite UHT, leite em pó, leite condensado, creme de leite, leite evaporado, iogurte, manteiga, soro de leite e queijos) e as exportações de leite modificado e doce de leite (do capítulo 19 da NCM).

De janeiro a dezembro, as exportações totalizaram 69 mil toneladas e US$ 166,8 milhões, o que significou uma queda de 53,3% em volume e 69,2% em valor frente ao total exportado em 2008.

O principal produto exportado, em volume, foi o leite condensado, com 30,6 mil toneladas (44,2% do total), o que representa uma queda de 19% em relação ao volume exportado em 2008. Em valor, esse produto representou 29,4% do total exportado, com US$ 49,1 milhões (28,9% a menos em relação a 2008). Em seguida vêm as exportações de leite em pó, no total de 13,8 mil toneladas (20%), mostrando uma queda expressiva de 83,3% em relação a 2008. Em valor, as exportações de leite em pó totalizaram US$ 52,1 milhões, valor 86,2% inferior em relação ao ano anterior. Com esses números, evidencia-se o retrocesso das exportações brasileiras de lácteos em 2009, principalmente em relação ao leite em pó.

No acumulado do ano, as importações totalizaram 133,1 mil toneladas a US$ 264,8 milhões, o que representou aumento de 70% em volume e 24,6% em valor, em relação às compras externas feitas em 2008. O grande aumento das importações no primeiro semestre do ano foi a causa de muita discussão e alarde no setor, o que fez com que o governo aplicasse medidas de controle sobre as compras externas, principalmente de países do Mercosul (Argentina e Uruguai).

Ao contrário de 2008 - ano em que liderou entre os produtos exportados - o leite em pó integral foi o principal produto importado em 2009, com 56,2 mil toneladas (42,3% do volume total), a US$ 120,9 milhões (45,7% do valor total). Comparado às importações de leite em pó integral em 2008, houve um aumento de 155,4% no volume e 38,8% no valor. No total, o Brasil importou 67,7 mil toneladas de leite em pó, tendo como principal fornecedor, a Argentina (45,1 mil toneladas ou 66,5% do volume total importado). O restante foi proveniente do Uruguai (22,6 mil toneladas)

O soro de leite foi o segundo principal produto importado, em volume. As compras externas de soro de leite totalizaram 28,6 mil toneladas em 2009, somando US$ 31,3 milhões - o que representa uma queda de 25,4% no volume das compras realizadas em 2008, e 44,4% no valor. A Argentina também é a maior fornecedora de soro de leite ao Brasil. Foram compradas, em 2009, 17,2 mil toneladas do produto - 60,1% do total.

Tabela 1. Exportações e importações de lácteos em 2009.

Figura 1
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O Gráfico 1 mostra o crescimento do valor das exportações nos últimos oito anos e os recordes obtidos em 2008. O superávit de US$ 327,7 milhões obtidos no ano passado foi recorde.

Gráfico 1. Evolução do valor (mil US$) das exportações e importações de lácteos, considerando os produtos do capítulo 04 da NCM, e o saldo da balança comercial do setor.

Figura 2
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Marlizi Moruzzi, Equipe MilkPoint.
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OTAVIO A C FARIAS
OTAVIO A C FARIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 21/01/2010

O Brasil manteve, durante a crise econômica internacional, poder de compra e mercados lácteos menos voláteis do que o mercado mundial. Com diferença de preços de até 100% entre o mercado interno e mercado internacional, era inevitável que a balança comercial de leite e derivados fosse negativa em 2009, com forte entrada de leite em pó dos vizinhos Argentina e Uruguai, o que imaginávamos ser coisa do passado.

As barreiras às importações de leite em pó, em realidade, têm efeito contrário ao esperado na balança comercial. Com o mercado brasileiro protegido, os preços domésticos tendem a ficar artificialmente mais altos do que os praticados no mercado externo, inviabilizando as exportações. Se as exportações ficam deprimidas, e as importações executadas dentro dos acordos firmados com vizinhos no Mercosul, o Brasil tende a performar uma balança comercial frustrante, a não ser que haja forte inflação dos preços no mercado externo, só então viabilizando a atuação do Brasil no mercado internacional. Neste caso, vemos a confirmação do ditado "veneno com veneno se cura", ou seja, para curar importações, melhor deixar elas ocorrerem, e o mercado tenderá a ajustar-se naturalmente.
Qual a sua dúvida hoje?