Ásia: Malásia planeja desenvolver cadeia leiteira no país

Apesar de um começo humilde, um produtor de leite do Sudeste Asiático eliminou o mito de que a Malásia não pode sustentar sua própria indústria de laticínios. A cadeia está em processo de expansão após uma rodada de investimento em private equity.

Publicado por: MilkPoint

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Apesar de um começo humilde, um produtor de leite do Sudeste Asiático eliminou o mito de que a Malásia não pode sustentar sua própria indústria de laticínios. A cadeia está em processo de expansão após uma rodada de investimento em private equity.

A Holstein Milk Company (THMC), sediada no estado de Johor, foi fundada em 2007, depois que o gerente, Loi Tuan Ee, decidiu mudar da indústria de embalagens para a indústria de lácteos. Tendo notado que as marcas de lácteos da Malásia tinham até então vendido leite reconstituído e em pó em vez de leite fresco, ele decidiu lançar o novo negócio com apenas 60 vacas Holandesas importadas da Austrália que foram criadas em um pequeno terreno.

Atualmente, a empresa possui mais de 5.000 vacas na Malásia e na Austrália, onde também investiu MYR 85 milhões (US$ 20,5 milhões) para adquirir uma fazenda de gado leiteiro e uma fábrica, que também servirá como local de cria.

Investimento em Cingapura

A THMC, cuja marca da Farm Fresh atende a 40% do mercado de leite da Malásia, também foi objeto de financiamento da firma Daymon Asia Private Equity, de Cingapura, embora os detalhes da transação não tenham sido divulgados.

Figura 1

Tan Chow Yin, sócio da Daymon, disse: “a Farm Fresh é uma marca que os malaios - e cada vez mais os cingapurianos - conhecem e amam ao longo dos anos. Ela é líder de mercado em leite fresco na Malásia. Observamos a marca crescer de algumas poucas SKUs (Unidade de Controle de Estoque) para mais de 50 hoje", disse Tan, acrescentando que a Daymon também espera ajudar a THMC a crescer além da Malásia. Além de gerenciar fazendas de gado leiteiro na Austrália e na Malásia, a THMC também produz leite fresco e com sabor, iogurte e até mesmo leite de cabra.

“A Daymon tem buscado uma participação em nossa empresa desde quase dois anos. Eles queriam investir na categoria de FMCG (Fast-Moving Consumer Goods)”, disse Loi. “A marca Farm Fresh atendeu aos critérios de investimento, o que os levou a olhar para nós”.

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Ele disse que um dos pontos fortes da THMC é o fato de ser uma empresa totalmente integrada, no sentido de que não está envolvida apenas na pecuária leiteira, mas também na genética animal por meio de um negócio na Austrália. É também uma empresa de processamento e distribui seus próprios produtos.

Superando o clima

O que é interessante sobre a THMC e sua marca Farm Fresh é que a empresa conseguiu desenvolver uma indústria onde antes não havia nada. Tem sido dito frequentemente que o clima da Malásia é muito quente e úmido para que empresas de lácteos prosperem.

Desde o início dos anos 70, o governo tem feito esforços para reduzir a dependência da Malásia de produtos lácteos importados. Colônias de laticínios foram instaladas em Selangor e Negeri Sembilan, e fazendas leiteiras em larga escala foram estabelecidas em Johor, Kelantan, Terengganu, Sabah e Sarawak durante o Primeiro, Segundo e Terceiro Planos da Malásia, que estabeleceram direções estratégicas de cinco anos para a economia.

O objetivo dessas fazendas e colônias é aumentar a produção local de leite. Na época, a Malásia não possuía nenhum gado leiteiro de raça pura registrado localmente com as características desejadas, como a capacidade de produzir altos rendimentos de leite e ser adaptável às condições locais de umidade. Assim, programas de cruzamento de gado foram adotados nessas fazendas e raças de clima temperado foram introduzidas para desenvolver o setor lácteo, embora estas apresentassem baixa produção de leite.

Mesmo até 2012, apesar desse planejamento central, o nível de autossuficiência da Malásia para leite era de apenas 5%, com o rebanho produzindo menos de 80 milhões de litros por ano. Ao mesmo tempo, Loi começou a tomar medidas para mudar isso.

"Seis anos atrás, conseguimos comprar uma empresa genética na Austrália que havia sido desenvolvida pelo governo de Queensland nos anos sessenta e início dos anos setenta", disse ele.

Essa empresa de biotecnologia havia conseguido desenvolver uma raça que prosperou nos trópicos ao cruzar o Friesian com a raça Sahiwal da Índia. Através dessa compra, a THMC possui a patente genética para o cruzamento, que é muito mais adequado para as condições da Malásia do que qualquer animal totalmente de clima temperado. "Em certo sentido, somos um pouco diferentes de outras empresas de produção leiteira, já que possuímos nossa raça, que tem essa vantagem", acrescentou Loi.

Relacionamento australiano

O relacionamento contínuo com a Austrália levou a alguns compromissos, incluindo a recente compra de 607 hectares em Victoria. Também, esse faz parte dos planos o estabelecimento de um banco de espermas para a criação de gado por meio de inseminação artificial.

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"Quando as obras forem concluídas no início do próximo ano, a fábrica poderá produzir 27.000 litros de leite por dia, que serão levados para a [Malásia] a fim de serem processados novamente no Centro de Pesquisa e Inovação de Pecuária de Muadzam Shah", disse o diretor da THMC, Azmi Zainal.

Com três fábricas da Malásia agora em operação, e uma quarta em construção, a THMC está procurando crescer para acomodar o crescente número de novilhas sendo criadas na Austrália para abastecer as fazendas da Malásia. Contudo, encontrar terra no país tropical e em grande parte montanhoso, onde o óleo de palma é a commodity agrícola preferida, é um desafio.

Óleo de palma

Com os preços internacionais do óleo de palma em crise, tendo caído mais de RM500 (US$ 120) no ano passado, houve conversas entre os agricultores sobre o reaproveitamento de algumas dessas vastas plantações que cobrem grande parte da península da Malásia e dos dois estados do país em Bornéu.

Isso não beneficiaria a indústria de laticínios, disse Loi, já que os animais leiteiros são mais delicados do que os bovinos de corte (estes, que poderiam prosperar nas gramíneas de baixa qualidade das antigas terras de produção de óleo de palma, embora terras alternativas estejam disponíveis).

“A terra não é barata na Malásia por causa do óleo de palma”, acrescentou. “Dito isto, há muita terra em todo o país que não está sendo bem aproveitada. “Estamos nos esforçando para procurar terras a fim de convertê-las para a produção leiteira e estruturar a nossa quinta fazenda, que não ficará muito longe”.

Ao provar que a Malásia é capaz de produzir laticínios em um nível sustentável e operando através de um modelo totalmente integrado que inclui a criação genética, Perakian acredita que sua empresa inspirou outros a entrarem no setor de lácteos, embora avise que os investidores precisam ser pacientes antes de esperar qualquer retorno real.

“Não se trata apenas de ter o dinheiro. Há muito esforço com os animais leiteiros para garantir que eles sejam bem cuidados. Eu mesmo passo 60% do meu tempo na fazenda”, disse ele. Além disso, a importância de ter vacas que possam lidar com as condições do país, não pode ser subestimada.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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