Arnoldo de Campos fala sobre política leiteira do MDA

Ajudar os produtores de pequeno porte a abocanhar esse mercado é prioridade dentro da política de agricultura familiar do governo federal. Hoje, mais da metade do leite consumido no País é produzido em propriedades de agricultura familiar. "O desafio daqui para a frente é ampliar a produtividade nos pequenos negócios e consolidar a parceria com o Sebrae", explicou o director de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo de Campos.

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O Brasil vai fechar 2010 com um consumo de 29 bilhões de litros de leite. Cada brasileiro consome, por ano, 148 litros - 24 a mais que há dez anos. Mas há margem para aumentar essa média, como destaca o diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo de Campos. "O consumo potencial ainda é muito grande, a média per capita coloca o Brasil abaixo do nível de outros países, como os europeus", afirma.

Ajudar os produtores de pequeno porte a abocanhar esse mercado é prioridade dentro da política de agricultura familiar do governo federal. Hoje, mais da metade do leite consumido no País é produzido em propriedades de agricultura familiar. "O desafio daqui para a frente é ampliar a produtividade nos pequenos negócios e consolidar a parceria com o Sebrae", explicou o diretor, em entrevista à Revista Conhecer Sebrae - Leite e Derivados.

Quais as principais políticas públicas de incentivo à produção de leite e derivados pelos agricultores familiares implementadas no Brasil nos últimos anos?

Entre 2004 e 2005 foi implementada a Política Setorial do Leite para inserir o agricultor familiar na cadeia produtiva. Hoje, temos uma política de incentivo abrangente: linhas de custeio e investimento com taxas de juros baixas. Um dos exemplos é a criação da Política de Garantia de Preços da Agricultura Familiar, que, antes de 2008, existia somente para grãos. Ela garante ao agricultor que, toda vez que o preço do mercado cair abaixo do preço de referência, ele terá um desconto na dívida contraída com o financiamento que tomou. O governo se compromete a pagar a diferença.

Quais são as outras áreas de atuação e políticas?

Temos uma política importante na área de comercialização. Somente neste ano serão disponibilizados por meio do Programa de Aquisição de Alimentos cerca de R$ 60 milhões para a compra de leite em pó. Em 2009 foram R$ 40 milhões, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério do Desenvolvimento Social. Dentro do programa há quatro políticas voltadas para o leite. Uma que prevê a distribuição para instituições que trabalham com populações de baixo acesso à alimentação, como creches e asilos; outra que faz a regulação de preços por meio da compra de leite quando o preço cai muito. A terceira é a Política de Garantia do Preço Mínimo (PGPM), do Ministério da Agricultura. E a quarta, implementada em janeiro de 2010, obriga gestores da alimentação escolar a comprar, no mínimo, 30% do leite necessário para a merenda escolar de agricultores familiares. Em 2010 são mais de R$ 1 bilhão que têm que ter origem na agricultura familiar. Destes, pelo menos 10% são leite. Além disso, protegemos mais nosso mercado das exportações, o que beneficia os pequenos produtores.

Qual a importância da produção de leite para o agricultor familiar?

Atualmente, temos 4,3 milhões de propriedades que são de agricultores familiares. Destas, 1 milhão produzem leite, o que representa o principal produto desses agricultores. Isso se dá porque antes o leite era produzido para o consumo próprio, mas aos poucos foi gerando excedentes que passaram a ser comercializados. Temos desde produtores artesanais até outros, profissionalizados. É uma fonte de renda que permite pagar o custeio da propriedade, pois fornece renda constantemente, diferente de uma safra de grãos. A agricultura familiar responde por 56% do leite produzido no Brasil. O percentual cresceu nos últimos anos. Em 1996 era de 52%. As políticas públicas ajudaram e acredito que eles tendem a aumentar a participação relativa no mercado.

Como se pode solucionar o problema da baixa produtividade, que é um dos gargalos do setor?

A maioria dos pequenos produtores tira de três a cinco litros de leite por vaca, a cada dia. Com investimentos em manejo e produção podemos até quintuplicar essa produtividade. A primeira etapa seria profissionalizar, melhorar a pastagem e a qualidade da gestão sanitária do rebanho. Numa segunda fase, o produtor pode ainda fazer a ordenha mecanizada e resfriar o leite em tanques. A última etapa seria implementar o padrão genético, fazer inseminação artificial, o que garantiria mais de 20 litros diários de leite por vaca.

Quais os desafios para os próximos anos?

Melhorar a qualidade, reduzir os custos de produção, profissionalizar a gestão da propriedade. Para isso, apoiamos a capacitação de profissionais de assistência técnica e pesquisas. A qualidade do nosso leite pode melhorar bastante, como já acontece. Precisamos abrir mercado no exterior para evitar que um aumento da produção prejudique os produtores brasileiros. Estamos costurando um acordo com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios) para promover o leite brasileiro no exterior. O projeto terá R$ 12 milhões de investimento.

De que forma o Sebrae e o Ministério do Desenvolvimento Agrário podem aproximar as ações para atender com maior eficácia às necessidades dos pequenos produtores?

O Sebrae e o MDA trabalham em conjunto em relação a outros produtos e planejamos para que o leite conte com essa união. Estamos dialogando para firmar convênios e discutimos sobre um programa de gestão de cooperativas. Sem cooperativismo forte, a agricultura é muito enfraquecida em sua capacidade de atuação. O planejamento conjunto ajuda a aumentar a eficiência das duas instituições. O Sebrae pode, por exemplo, trabalhar no acesso às políticas públicas. Existe todo um passo a passo que a cooperativa precisa dar para acessar o mercado das merendas escolares.

As informações são da Agência Sebrae, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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Evandro caires bressanin
EVANDRO CAIRES BRESSANIN

PONTES E LACERDA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/05/2012

na região de mato grosso o preço do leite esta muito ruim,que varia de 0.50 a 0.60,o que fazer para melhorar... em pontes e lacerda.
Evandro Bressanin

Paulo Moreira - Núcleo Regional Norte da Embrapa Gado e Leite
PAULO MOREIRA - NÚCLEO REGIONAL NORTE DA EMBRAPA GADO E LEITE

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PESQUISA/ENSINO

EM 07/01/2011

Nada contra o Sebrae. Muito pelo contrário... Tenho até um projeto de TT em execução na região norte do Estado de Rondônia, financiado pelo Sebrae. Sua execução, no entanto, só foi possível tendo a Emater como parceira. Por isso acho inconcebível um membro do alto escalão do MDA falar em aumento de produção e produtividade do leite na agricultura familiar sem enfatizar a extensão rural. Consolidar parceria com o Sebrae seria outra etapa.
Sidney Lacerda Marcelino do Carmo
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 05/01/2011

Prezados,

São importantes as políticas públicas de créditos ao produtor, entretanto a atividade leiteira apresenta custos altíssimos hoje. Pelo menos onde trabalho o concentrado está em torno de R$ 1,00/ Kg e mão de obra muito caro e o preço do leite é de R$ 0,64 ( gelado em tanque de expansão). Como nosso colega da extensão rural do paraná disse como incentivar o produtor a ficar no campo? E pior os mesmos têm família para educar. Outro detalhe que devemos ressaltar que o preço mínimo é muito abaixo do preço de produção e ainda devemos ressaltar que política de crédito é viável quando se tem rentabilidade e na prática o que estamos vendo é um endividamento do produtor mesmo a juros baixos onde o produtor o utiliza para respirar contra os preços praticados atualmente.

Atenciosamente agradeço.

Sidney
Fernando Melgaço
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 04/01/2011

Estou de pleno acordo com o Sr.Walter,coordenador regional da EMATER,SC.
Vou mais além:acho que existem órgãos demais dando palpite em assuntos da agropecuária,cada qual dizendo ajudar a aumentar a produção a produtividade e a manter o pequeno produtor no campo.
Conheço as EMATERES de há muito e sei o quanto seus técnicos são capacitados para exercer suas funções.São vocês em verdade os que devem atuar neste caso do aumento da produtividade desses "coitados" pequenos produtores com esta média tão baixa de produção.
Em primeiro lugar,esses pequenos produtores necessitam de melhores preços para seus leites.Nada melhor que preços compensadores para estimular o produtor de leite.Depois disso,vem a assistência técnica,também essencial.
Só se mantem o pequeno produtor no campo,se ele tiver uma renda suficiente para ter uma vida digna de cidadão,para ele e sua familia.Do contrário,ele vai embora para as cidades,à procura de uma vida melhor.
Atenciosamente,
Fernando Melgaço.
marcelo erthal pires
MARCELO ERTHAL PIRES

BELÉM - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/01/2011

Uma grande tirada do MDA, seria a busca e capacitação de produtores mais isolados, que colocam em dificuldade as cooperativas para buscar seu leite, por causa de acesso e pouca quantidade, orientando estes produtores na produção de Doce de Leite, queijos, iogurte e outros, para estes agregar um pouco de valor ao produto Leite.

Mas ensinar-lhes a higiene necessária para conseguir uma Licença Municipal de comercialização destes produtos, e fiscaliza-los. . .

Em muitos casos a outra alternativa de prepara-los para crescer suas produções, pessoalmente acho esta muito mais dificil e de maior custo financeiro.

Meus respeitos,
marcelo
Walter Jark Flho
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/01/2011

Os números apresentados me permitem concluir que cada agricultor familiar contribui com uma produção média de 44,8 litros leite dia. Pelo que conheço do Paraná parece-me um dado correto. A pergunta que gostaria de fazer é como o SEBRAE vai aumentar esta produtividade , já que a renda auferida com tal produção é menor que um salário mínimo, o que é insuficiente para manter este produtor no campo?
Não seria um trabalho para o sistema brasileiro de extensão rural? Posso até estar querendo puxar a brasa para minha sardinha, mas acho que é uma tarefa da extensão rural.
Walter
Vanderlei Carlos Zeni
VANDERLEI CARLOS ZENI

ÁGUAS DE CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/01/2011

Este leite em pó comprado pelo governo veio de onde?
Fernando Melgaço
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 03/01/2011

Pelas informações do Sr. Arnoldo de Campos,do MDA,pode-se perceber que o consumo de leite per capta no Brasil já é de bom nível.Ele comparou apenas com paíse europeus,onde o consumo é tradicionalmente alto.Não tenho conhecimento sobre o consumo dos países emergentes,com os quais se poderia comparar nosso consumo. Acho que 148 litros per capta,não está tão mal assim. É claro que poderia ser mais. Aqui pode-se perceber a diferença entre dados estatísticos e a realidade:é certo que várias pessoas consomem muito acima disto e outras muito abaixo. Muitas não consomem nada.Aí é que reside o maior problema. Faz-se necessário incrementar o consumo de leite,principalmente para a população de menor poder aquisitivo,onde se encontram as pessoas mais subnutridas,especialmente as crianças.
Acredito eu,que para se atingir a meta do Fome Zero do Governo-reafirmado pela presidente Dilma com ênfase-o leite seria o alimento mais improtante do Prgrama,pelo seu alto valor nutritivo. Já cheguei a afirmar algumas vezes que,se todas as crianças recebecem leite em quantidades e qualidades suficientes não hveria fome entre elas.
"Leite,o mais nobre dos alimentos"
Atenciosamente,
Fernando Melgaço.
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