Os preços do leite e de seus derivados estão cada vez mais longe do poder aquisitivo da maioria dos argentinos. A política de controle de preços do Governo da Argentina desanimou a produção e levou a uma enorme liquidação de rebanhos bovinos. Segundo consideram analistas consultados pelo La Política Online, isso ocorre porque o mercado de lácteo do país vem atravessando sucessivas intervenções por parte do Governo, que impediram a geração de um marco de transparência no setor.
"Há muita preocupação, porque em um contexto inflacionário, qualquer baixa ou manutenção de preços repercute sobre o futuro imediato das contas", disse o analista leiteiro e assessor das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Juan José Linari.
Para o especialista no setor de lácteos e consultor privado de empresas, Marcos Snyder, "o que faz falta na Argentina é um plano integral de longo prazo que seja respeitado pelos diferentes Governos que venham independentemente do partido político".
A produção de leite no país durante 2011 ficará na ordem de 11 bilhões de litros, contra 10,1 bilhões de litros registrados no ano anterior, segundo estimativas do setor privado. Nesse contexto, os especialistas questionam porque se registra um notável aumento na produção de leite no país e os preços ao consumidor continuam aumentando, inclusive, acima da inflação real.
Atualmente, nas principais cadeias de supermercados da cidade de Buenos Aires e nos arredores, o leite integral e desnatado em sache de primeira marca está custando no mínimo 4,10 pesos (US$ 0,96) por litro. Para se ter uma ideia do que pagam os consumidores da argentina, na Europa, por exemplo, o litro de leite custa cerca de 3,50 pesos argentinos (0,60 euros), enquanto nos Estados Unidos, o produto custa US$ 0,80.
No caso da manteiga e do leite em pó, registram-se situações de aumentos similares. O preço da manteiga está em torno de 7 pesos (US$ 1,65) a embalagem com 200 gramas, enquanto que o leite em pó está custando quase 18 pesos (US$ 4,24) por quilo.
Por outro lado, embora no mercado argentino alguns queijos de alto consumo tenham começado a registrar uma baixa importante em seus valores atacadistas por causa da sobre-oferta gerada pelos excedentes de leite, essa baixa não se traduziu aos preços varejistas.
A intervenção do mercado de lácteos começou em julho de 2005 com o então ministro da Economia, Roberto Lavagna, que elevou de 5 para 15% o imposto de exportação aplicado ao leite em pó e a 10% o imposto aos queijos. Em novembro desse ano, já com Felisa Miceli como ministra da Economia, suspenderam-se os subsídios às exportações de uma série de produtos, medida que gerou sérios transtornos na indústria leiteira.
Entre fevereiro e novembro de 2007, o Governo argentino estabeleceu um imposto (denominado "preço de corte") às exportações de leite em pó que inviabilizou a exportação do principal produto lácteo de exportação.
Depois dessas medidas que afetaram a produção, registrou-se um processo de liquidação de rebanhos leiteiros que, em alguns casos, foram absorvidos por fazendas maiores e, em outros, destinaram-se diretamente ao abate. Depois de ter chegado ao fundo em 2009, 2010 e 2011 apresentaram-se como um ano favorável quanto aos preço e à produção, ainda que a intervenção do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, siga vigente sobre as empresas.
Embora os produtores de leite tenham sido os grandes prejudicados pela política oficial durante o período de 2007/2010, nos últimos meses, tem havido uma recuperação no preço que recebem pelo leite - estão recebendo cerca de 1,50 pesos (US$ 0,35) por litro.
Agora, quem se encontra em um cenário de extrema complexidade são as pequenas e médias companhias de lácteos, que devem enfrentar um aumento de custos combinado com uma queda nos lucros a partir das baixas que vêm registrando nos valores atacadistas dos queijos. As pequenas e médias indústrias vêm advertindo que não estão em condições de pagar 1,50 pesos (US$ 0,35) por litro aos produtores, mas Moreno ordenou às cadeias de supermercados que não comprem produtos de empresas que paguem menos que esse valor.
As grandes companhias do setor, ao contrário, dispõem de outras ferramentas para se defender do atual cenário, como as exportações de leite em pó - cujo preço FOB segue firme -, ou a venda de produtos de alto valor. A reportagem é do www.lapoliticaonline.com.
Em 31/10/11 - 1 Peso Argentino = US$ 0,23575
4,23546 Peso Argentino = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
Argentina: intervenção do governo leva a aumento de preços dos lácteos
Os preços do leite e de seus derivados estão cada vez mais longe do poder aquisitivo da maioria dos argentinos. A política de controle de preços do Governo da Argentina desanimou a produção e levou a uma enorme liquidação de rebanhos bovinos. Segundo consideram analistas consultados pelo La Política Online, isso ocorre porque o mercado de lácteo do país vem atravessando sucessivas intervenções por parte do Governo, que impediram a geração de um marco de transparência no setor.
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