ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

ARGENTINA: Informe da conjuntura do setor de lácteos - setembro de 2002

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 09/10/2002

33 MIN DE LEITURA

0
0


Fontes: (1) Direção da Ind. Alimentícia da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGyA) da Argentina. (2) INDEC. (3) SENASA
* Comparação de médias diárias
** Média (não ponderada) = total US$ FOB/total ton.
Dados provisórios

1. Produção primária e industrial

A entrada de matéria-prima nas indústrias na Argentina registrou, em julho último, sua décima primeira queda interanual consecutiva, neste caso, de 19% (gráfico 1). Desta forma, o volume acumulado nos primeiros sete meses deste ano foi 14% menor do que no mesmo período de 2001.

Como referência da situação atual do setor primária, pode-se apontar que em julho de 2002 as indústrias "indicadoras" (15 empresas sobre cuja base se estima a tendência da produção primária argentina), receberam uma média de cerca de 12,6 milhões de litros diários, provenientes de 7.480 produtores remetentes, enquanto que em 2001, a média captada era de 15,6 milhões de litros, de aproximadamente 8.110 propriedades leiteiras.

Cabe destacar que a redução no número de propriedades leiteiras da amostra pode ter ocorrido, entre outras causas, devido ao fechamento definitivo dos estabelecimentos e ao envio do leite às indústrias pequenas, com preços e prazos de pagamento mais convenientes para o produtor, ou ainda, com menores exigências com relação à qualidade do leite. Segundo informaram as indústrias maiores, a intensidade desta migração vem aumentando notavelmente nos últimos anos.

O volume entregue por propriedade leiteira se reduziu neste período de uma média de 1.920 para 1.690 litros, o que significa uma redução de 12%.

Diferentemente do que foi observado até novembro de 2001, desde dezembro passado, a queda na <>brecepção de leite pode ser explicada tanto pela redução no número de propriedades leiteiras, como pela baixa na produção diária por propriedades. Assim, durante os primeiros meses de 2002, este parâmetro apresentou quedas mensais que oscilaram entre um mínimo de 1,5% em fevereiro para um máximo de 12% em julho, com relação ao registrado nos mesmos períodos do ano anterior (gráfico 2).

As quedas interanuais registradas em julho, tanto na recepção total como na entrega diária por propriedade leiteira, sugerem que a maioria dos produtores de leite argentinos passa por uma certa deterioração da conjuntura do setor, justamente após o trimestre de abril a maio deste ano, em que as condições pareciam ter se estabilizado.

No entanto, a recuperação estacional (julho versus junho) da produção diária total (+0,7%) e por propriedade leiteira (+2,4%) foi bem menor em 2002 do que a observada no ano anterior (+5,3% e +6,5%, respectivamente). Considerando os principais fatores que incidem sobre a produção, é provável que esta tendência se consolide e que o "pico" da primavera seja menos marcado que o registrado na temporada anterior.

Gráfico 1 - Estimativa da produção de leite na Argentina



* Provisório

Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados do Convênio SAGPyA-CIL- FIEL e pesquisas próprias

Na Província de Buenos Aires, os números denotam uma situação mais comprometida que a exposta em nível geral na Argentina, explicada, entre outras coisas, pelas piores condições agrometeorológicas durante boa parte deste ano. Segundo dados obtidos de uma amostra de 36 indústrias (aproximadamente 89% da produção da Província), a recepção acumulada entre janeiro e julho de 2002 foi 20% inferior à obtida em igual período do ano anterior. No entanto, a quantidade de estabelecimentos registrados em julho deste ano foi 8,5% (185 propriedades leiteiras) menor do que no ano passado. A bacia leiteira Oeste - a mais significativa em termos de quantidade de litros e de produtores - foi a menos afetada, com uma queda na produção de 17%.

Na Província de Santa Fé, ao contrário, os últimos dados oficiais - provenientes de uma amostra de 11 indústrias indicadoras, que representam cerca de 78% da produção provincial - indicam que a recepção dos sete primeiros meses de 2002 foi "apenas" 5,5% menor do que a acumulada entre janeiro e julho do ano anterior.

Finalmente, na Província de Córdoba, a informação oficial proveniente de um levantamento de um grupo de indústrias que concentram 70% da produção provincial indica que a recepção do primeiro semestre deste ano foi 6% menor do que no mesmo período de 2001. A quantidade de propriedades leiteiras que vendem leite a estas empresas registrou em junho de 2002 uma redução de cerca de 4% (149 unidades), comparado com o mesmo mês do ano anterior.

Gráfico 2 - Recepção total de leite, número de propriedades leiteiras e produção diária por propriedade na Argentina
Base Janeiro 2001 = 100




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados do Convênio SAGPyA-CIL- FIEL e pesquisas próprias

A desvalorização da moeda argentina iniciada em janeiro deste ano instalou novos problemas no mercado do país e piorou alguns processos que já estavam em curso. O setor primário tem suas próprias dificuldades na Argentina, ocorrendo redução no tamanho ou fechamento de propriedades leiteiras devido à competição com a agricultura, a menor oferta de forragem total, à queda da suplementação e a conseqüente deterioração da performance produtiva e reprodutiva dos rebanhos.

Com relação à competição da produção de leite com a agricultura, segundo um informativo elaborado pelo INTA Rafaela chamado "O país dos extremos", devido aos melhores preços dos cultivos agrícolas e à simplicidade operacional, nos últimos anos vêm aumentando a superfície dedicada a estes cultivos (especialmente soja) em regiões tradicionalmente pecuárias. Esta seria a causa mais importante da redução e do desaparecimento das propriedades leiteiras. Como conseqüência desta "agriculturização", o recurso terra se valorizou de uma forma importante no país, materializando-se através dos aumentos operados nos hectares. Como conseqüência disso, as propriedades leiteiras não somente devem competir com melhores margens, como também por quantidades similares de hectares. Sendo assim, como forma de comparar diferentes atividades, estabeleceu-se a hipótese de que toda a superfície do estabelecimento é arrendada para que fossem feitas comparações dos resultados econômicos.

Neste trabalho, foram estabelecidos valores de arrendamento da terra na região central de Santa Fé em cerca de seis quintais de soja/ha/ano (cerca de 360 quilos/ha/ano), a um preço de 58,6 pesos por quintal de soja (0,98 pesos por quilo de soja), o que quer dizer 351,6 pesos por ano ou 29,3 pesos por hectare por mês. Destes resultados se conclui que, apesar dos valores médios de receita líquida (pesos/ha/ano) dos cultivos agrícolas serem mais interessantes (Soja 1o = 398, Trigo/Soja 2o = 469 e Propriedade leiteira de nível médio de eficiência = 106), o grau de dispersão dos mesmos é muito importante, sendo este um fator chave na análise de risco da atividade agrícola.

Continuando com a análise comparativa, o estudo estabelece que os preços do leite que igualariam a receita líquida de uma soja de 1o são 31,6; 38 e 55,1 centavos por litro, para propriedades leiteiras de níveis de eficiência alta, média e baixa, respectivamente. Estes três valores correspondem a estabelecimentos com produtividades de 10,4 mil, 6,4 mil e 3,5 mil litros/ha/ano, respectivamente.

Apesar dos autores concluírem que o setor leiteiro atualmente não pode competir com a agricultura na Argentina, sugerem que um adequado - e alcançável - nível de eficiência nas propriedades leiteiras melhora fortemente sua competitividade, que a agricultura apresenta também seus riscos produtivos e que alguns sinais do mercado indicam uma necessária recuperação do preço do leite pago ao produtor. Finalmente, o estudo considera que, as propriedades leiteiras que pretendem continuar dentro do setor deveriam se complementar com agricultura e implementar um projeto técnico integral e operacionalmente simples onde se privilegiem as tecnologias de processos ao invés das de insumos.

Apesar da dificuldade de se estimar com precisão a intensidade que tem e terá não somente o fechamento definitivo de propriedades leiteiras, mas também, a redução no tamanho das mesmas devido à "agriculturização", pode-se assegurar que o efeito de qualquer combinação, somada a uma menor oferta forrageira, será uma importante queda da produção primária anual, que a esta altura do ano, pode ser estimada entre 15% e 20% com relação a 2001.

Em virtude do predomínio crescente dos sistemas pastoris com baixa suplementação com grãos, as condições agroclimáticas se transformarão em um fator muito importante na determinação da magnitude da redução. Se os prognósticos feitos de que o ano de 2002 será "um bom ano climático" (com pouca interferência do El Niño) forem cumpridos, é provável que a redução não seja tão abrupta.

Dados provisórios mostram que as principais indústrias de lácteos da Argentina indicavam para agosto captação diária de matéria-prima 10% superiores que as de julho, mas 15% menores do que em agosto de 2001.

No que se refere ao preço da matéria-prima, vale observar que o preço médio pago pelas indústrias líderes em julho de 2002 - expresso em valores atuais - foi apenas 1,6% maior que o registrado no mês anterior (gráfico 4). Com este aumento, o sétimo consecutivo do ano, o preço ao produtor acumulou uma recuperação de 101% com relação ao valor de dezembro de 2001 e ficou em torno de 27,8 centavos de peso por litro.

Vale destacar que, até agora, a magnitude de alta dos preços ao produtor praticamente duplicou, de forma que houve uma redução na ampla distância que havia entre os preços no varejo e no atacado. O preço do leite em julho de 2002 foi 66% superior ao preço do mesmo mês de 2001. Algumas consultas efetuadas referentes às principais indústrias de lácteos da Argentina permitem afirmar que o preço pago em agosto foi, em valores atuais, entre 1% e 2% superior ao de julho e 80% maior que o de agosto de 2001.

Com relação às perspectivas de preços ao produtor para esta primavera, a maioria das variáveis parece confluir até a estabilização dos níveis atuais. À redução da produção primária se somam os escassos estoques e o aumento da participação das exportações no destino final dos produtos lácteos.

No entanto, a demanda externa merece uma consideração à parte. Em um fato sem antecedentes, a forte retração do consumo interno e o câmbio favorável têm convertido as exportações praticamente na única saída viável para a crise da indústria e da produção. Segundo o presidente do Centro da Indústria Leiteira (CIL) da Argentina, Ricardo James, esta é a única via rápida que o setor leiteiro argentino tem para obter melhores preços.

Neste sentido, os números são bastante contundentes: apesar das dificuldades financeiras e da imposição de direitos de exportação de 5%, estima-se que nos primeiros sete meses de 2002, 19% da produção nacional foi destinada ao mercado externo, enquanto no mesmo período do ano anterior esta relação foi de apenas 11% (gráfico 4).

Este maior nível de abertura do setor responde a um forte aumento, em termos absolutos, dos volumes comercializados. Na verdade, se for feita a análise comparativa no acumulado de janeiro a julho de 2002 com o mesmo período do qüinqüênio 1997 a 2001, conclui-se que os dados deste ano somente são superados pelo volume totalizado em 1999 - apesar de neste ano somente representassem 16% da produção -, quando as indústrias absorveram níveis recordes históricos de produção e colocaram os volumosos excedentes no mercado externo, ainda que a preços muito baixos.

Um estímulo adicional ao crescimento das exportações é o fato de que a maior parte das dívidas das indústrias líderes está registrada em dólar norte-americano, o que supõe que estas empresas tentarão resolver estes compromissos com as divisas geradas de suas vendas externas.

As novas condições nas quais o setor leiteiro argentino se desenvolve atualmente têm promovido algumas iniciativas inovadoras por parte da indústria. Um exemplo disso é a Milkaut, que está com contratos de recepção de matéria-prima destinada exclusivamente à exportação de leite em pó integral. Há também uma proposta similar da Cooperativa de Produtores de Leite do Paraná (CoTaPa) feita a um grupo de grandes produtores da Província de Córdoba e, mais recentemente, o lançamento de uma linha de crédito a taxa subsidiada e indexada ao valor do produto que a firma Mastellone Hnos. está lançando entre os produtores que fornecem leite à empresa.

2. Situação do mercado interno

Comparando-se o balanço entre a oferta e a demanda agregada1 (em litros equivalentes de leite) dos primeiros sete meses de 2002, com o do mesmo período do ano passado, observa-se o seguinte:

 A persistência de um excesso de oferta agregada e uma maior distância entre esta e a demanda com relação ao registrado em 2001 (gráfico 3);

 Com relação à oferta, as quedas de 14% na produção - seu principal componente - e de 93% nas importações foram parcialmente neutralizadas pela duplicação dos estoques iniciais, o que resultou em uma redução de 10% na oferta agregada;

 No entanto, a demanda também foi 10% inferior, devido à retração de 17,5% no consumo interno, que não foi compensada pela expansão de 49% nas exportações;

 Como conseqüência, os estoques finais de julho deste ano foram 9% menores que os de julho de 2001 e 53% inferiores aos níveis iniciais de janeiro de 2002. A redução interanual mencionada é a primeira após uma série de 18 meses consecutivos de variações positivas.

Gráfico 3 - Oferta e demanda agregadas de lácteos na Argentina




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados do Convênio SAGPyA-CIL-FIEL, INDEC, SENASA e indústrias.

Estima-se que as quantidades consumidas no mercado interno registraram, em julho de 2002, uma queda interanual de 27%, a máxima variação negativa da série de três meses de baixas consecutivas, que teve início em julho de 2001.

O consumo acumulado nos primeiros sete meses deste ano foi 17,5% inferior ao mesmo período de 2001.

Gráfico 4 - Índices de preços do setor leiteiro argentino
Base Janeiro 1999 = 100




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados do INDEC e das indústrias
Notas ao gráfico:
* Entre 1999 e final de 2001, as curvas de preços atacadistas e varejistas dos produtores elaborados possivelmente estão abaixo das apresentadas aqui, uma vez que o INDEC não incorpora em seus dados a 2o e a 3o marcas de preços inferiores. Estima-se que, desde janeiro deste ano, esta tendência vem se revertendo.
* A partir de janeiro de 2002, a variação dos preços de exportação corresponde a sua expressão em pesos.


Com relação a junho, o consumo total de julho de 2002 decresceu 31%, interrompendo uma série de dois meses de altas consecutivas, sempre comparando um período com o imediatamente anterior. Este fato é significativo quando se compara com as reduções da ordem de 10%, registradas entre junho e julho nos dois anos anteriores.

Preços

O novo contexto econômico pós-desvalorização desencadeou, particularmente no mercado lácteo, uma rápida escalada de preços dos principais produtos, em um primeiro momento nas gôndolas dos supermercados e, pouco depois, no atacado. A partir de janeiro de 2002, os índices de preços atacadistas e ao consumidor mostraram uma tendência de alta que se acelerou em março, abril e maio, para depois se atenuar em junho e julho, até acumular no último mês aumentos de 59% e 55%, respectivamente, sobre os níveis de dezembro do ano anterior (gráfico 4).

No gráfico 5 se observa que a inflação registrada no varejo argentino até julho nos "produtos lácteos e ovos", superou em 20 pontos percentuais à inflação de "nível geral" e em apenas um ponto à do segmento "alimentos para consumir no local". No detalhe por grupos de produtos se destacam os aumentos nos queijos macios e cremosos (+65%), leites fluidos (+62%) e leites em pó (+57%).

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas de Censos (INDEC), o fenômeno inflacionário se desacelerou ainda mais em agosto. O nível geral do Índice de Preços ao Consumidor da Grande Buenos Aires (IPC GBA) registrou neste período uma variação positiva de "apenas" 2,3% com relação a julho e acumula uma alta de 38% com relação a dezembro de 2001. No entanto, o índice dos "produtos lácteos e ovos" superou esses números, já que cresceu 2,4% em agosto contra o mês anterior e acumula 58% de aumento desde o último mês do ano passado.

Os níveis de preços dos produtos lácteos se situaram, em julho de 2002, 53% (a saída da fábrica) e 46% (na gôndola), acima dos obtidos em igual período do ano anterior.

Estima-se que somente 33 dos 53 pontos percentuais de aumento na fábrica se explicam pela alta do preço da matéria-prima leite (66% de aumento contra 50% de participação da matéria-prima nas vendas líquidas da indústria), podendo se concluir que existem fatores adicionais que justificam os 20 pontos restantes. Entre eles, menciona-se principalmente o aumento automático do custo de oportunidade de vender no mercado interno e no mercado externo; e também às altas em pesos nos itens de menor - mas crescente - incidência, como o transporte, papel e impressão de embalagens, plásticos, fermentos e outros insumos importados.

Gráfico 5 - Aumento dos preços ao consumidor

Julho de 2002 versus dezembro de 2001 (em %)




Fonte: INDEC

Vendas à indústria

Sobre a base de dados da pesquisa realizada em uma amostra representativa de indústrias de lácteos, estima-se que em julho de 2002 as vendas no mercado interno (em toneladas) foram 11,5% inferiores às de um ano atrás (gráficos 6 e 7). Enquanto as vendas de "leites fluidos" diminuíram 9,5%, as vendas na categoria produtos lácteos se retraíram 20%.

Na comparação interanual, somente duas das dez categorias analisadas conseguiram "escapar" da queda generalizada nas vendas. São elas a categoria de leite pasteurizado, cujas colocações aumentaram 1%, e de manteiga, que apresentou aumento de 10%.

A evolução mensal deste parâmetro mostra uma tendência à estabilização do processo recessivo. Efetivamente, apesar das vendas em toneladas exibirem números negativos desde novembro do ano passado, a partir de março de 2002 os declínios se estabilizaram em torno de 12%.

Gráfico 6 - Vendas da indústria de lácteos da Argentina ao mercado interno

Variação com relação ao mesmo mês do ano anterior (em %)




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados de algumas indústrias

Estima-se que o volume de vendas acumulado nos primeiros sete meses de 2002 foi 10% inferior ao volume do mesmo período do ano anterior. Verifica-se novamente aqui um melhor desempenho relativo dos leites fluidos em comparação com os produtos lácteos (-8,5% e -17%, respectivamente). Como pode ser observado no gráfico 7, somente dois itens apresentaram neste ano uma performance superior à registrada em 2001: a manteiga, com um aumento de 45% e os queijos macios, que apresentaram alta de 6%.

Se o volume dos produtos selecionados for expresso em equivalente em litros de leite ao invés de toneladas, observa-se que as vendas acumuladas sofreram uma redução global de aproximadamente 13% até julho, algo superior à indicada mais acima, em termos de toneladas, para o mesmo período de comparação2.

Com relação ao mês anterior, as vendas totais das indústrias líderes se reduziram em julho em 5,5%, em toneladas. Estes dados se decompõem em quedas de 6% nos leites fluidos e de 2% nos produtos lácteos. Trás das dez categorias estudadas melhoraram suas vendas em julho em comparação com as de junho: leite em pó desnatado (+53%), iogurte (+12%) e doce de leite (+0,5%).

Gráfico 7 - Vendas da indústria ao mercado interno

Acumuladas janeiro-julho de 2002 versus 2001, e julho de 2002 versus 2001
(Variação em %, toneladas ou litros, segundo o produto)




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia sobre a base de dados de algumas indústrias
Nota: junto a cada produto está sua participação percentual sobre as vendas acumuladas do período de janeiro a julho de 2002.

3. Setor externo

Em julho de 2002 foram exportadas 19.500 toneladas de produtos lácteos, por um valor de US$ 29,5 milhões. Estes dados representam aumentos de 4,5% em volume e de 9% em valor, com relação ao mês anterior (gráfico 8). Em termos de volume, o mais significativo foi o aumento nas vendas médias diárias de leite em pó integral (+25%), queijos semidutos (+48%) e queijos duros (+29%).

A redução de 14% no volume das vendas ao Brasil foi mais que compensada pelo crescimento de 42% registrado nas exportações aos demais destinos, sempre confrontando com as médias diárias de julho com as de junho.

Comparando-se com julho de 2001, os dados de 2002 foram 80% e 41% superiores em volume e valor, respectivamente. Percebe-se que a recuperação das vendas ao Brasil foi de maior magnitude que a global (+129% em volume e + 80% em valor). Em termos gerais, pode-se dizer que o aumento interanual dos volumes comercializados está sendo apoiado pela deterioração dos preços em dólares.

Segundo dados provisórios, as vendas externas acumuladas em 2002 alcançaram as 117 mil toneladas e os US$ 179 milhões, dados 42,5% e 13% maiores que os correspondentes a janeiro a julho de 2001.

Enquanto o volume em toneladas acumulado comercializado com o Brasil entre janeiro e julho de 2002 (aproximadamente 49% do total) superou 48% ao do ano anterior, o correspondente aos demais destinos cresceu 38%. Neste último grupo se destaca a presença da Argélia (2o destino), México (3o ), Chile (4o ), Estados Unidos (5o ) e Venezuela (6o ), seguidos por Jordânia e Paraguai.

Gráfico 8 - Exportações de lácteos 1998-2001




Fonte: Direção da Indústria Alimentícia, sobre a base de dados provisórios do INDEC e do SENASA

O impulso ocorrido nas exportações de lácteos argentinas é resultado de profundas mudanças no panorama econômico, produzidas pela desvalorização iniciada em janeiro último e que implicaram, entre outros aspectos, em:

* Sensível melhora no tipo de câmbio, que ampliou as margens de ganhos da exportação até superar as do mercado interno. Como exemplo pode-se citar o caso do leite em pó desnatado cujo preço médio atacadista em julho foi de 5,12 pesos/quilo, enquanto o valor FOB de exportação aumentou para 5,19 pesos/quilo (tomando um valor médio do dólar para julho de 3,63 pesos3 e deduzindo o direito de exportação correspondente);

* A retração do consumo interno, que ficou em torno de 17,5%;

* A necessidade das indústrias líderes de obter dólares para afrontar suas grandes dívidas nesta divisa

As perspectivas de exportação dos produtos lácteos argentinos no mercado brasileiro, pelo menos até outubro, são favoráveis.

Com efeito, durante os primeiros sete meses de 2002, as importações do principal sócio comercial da Argentina superaram 28% e 18%, em volume e valor, respectivamente, às registradas no mesmo período do ano anterior. Os dados provisórios de agosto e da primeira quinzena de dezembro, apesar de evidenciarem certa desaceleração do ritmo de compras - médias diárias 29% e 6% inferiores, respectivamente, às dos meses anteriores - mostram altas interanuais de 90% e 46%, respectivamente.

Neste contexto de expansão das importações brasileiras, a participação da Argentina como provedor de lácteos cresceu dois pontos percentuais com relação ao ano anterior (46% versus 44% para o período de janeiro a julho).

Finalmente, os dados provisórios do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (SENASA) indicam que as exportações caíram 31% em volume em agosto com relação às de julho, apesar de ter crescido 7% em volume em comparação com as exportações realizadas em agosto do ano anterior.

Preços de exportação

O preço médio4 obtido pelas exportações argentinas de julho de 2002 - cerca de US$ 1323/tonelada - foi 30% inferior ao registrado em julho de 2001 (gráfico 8).

O preço médio geral das vendas externas argentinas caiu ininterruptamente - em dólares - entre dezembro de 2001 e junho último. A causa praticamente única deste retrocesso foi o declínio dos preços unitários dos produtos de maior relevância, como conseqüência da sensível baixa dos preços internacionais. Este fator se combinou com certa "deterioração" observada nas categorias de exportação no último bimestre de 2001 e junho último, com uma perda de participação relativa dos queijos duros e semiduros, dois dos grupos de maior valor agregado.

Em nível de detalhes de produtos, as cotações de dois produtos mais significativos, o leite em pó integral e o desnatado, exibiram em julho de 2002 quedas de 31% e 34%, respectivamente, em comparação com os valores de julho do ano anterior. No mesmo período, os preços internacionais destas commodities apresentaram retrações de 38% e 42%, respectivamente.

Segundo o presidente do CIL, Ricardo James, a queda das cotações internacional se fundamenta em um "claro desequilíbrio entre a oferta e a demanda de lácteos. Os que estão criando a sobre-oferta são países tradicionalmente exportadores, como Nova Zelândia e Austrália, e outros que estão vendendo pela primeira vez, como Brasil, além da Colômbia, Estônia, Lituânia e a forte participação que a Argentina está tendo hoje".

A cotação média de julho último significou o primeiro aumento - de 2% - com relação ao mês anterior, após sete meses de evolução negativa. Esta leve recuperação se explica principalmente pelo aumento da participação dos queijos no mix de produtos vendidos (julho versus junho: 16% versus 12%), já que os preços unitários de grande parte dos produtos mostraram uma tendência de baixa.

Como exemplo pode-se citar os valores obtidos em julho pelo leite em pó integral (US$ 1412/tonelada) e do leite em pó desnatado (US$ 1504/tonelada), que significaram reduções de 3% e 6%, respectivamente, com relação às médias do mês anterior.

Novidades do mercado doméstico:

Em 28 de agosto passado foi realizada, em São Francisco (Córdoba), uma nova reunião da Mesa Interprovincial de Leiteria de Santa Fé e Córdoba, onde a problemática da cadeia leiteira continuou sendo debatida.

Na Comissão 1 seguiu o tratamento das questões vinculadas à qualidade da matéria-prima. Este grupo tinha determinado, na reunião anterior, a definição de "leite de referência", que será levada em consideração como parâmetro para a fixação do preço ao produtor. Neste ponto, a produção e a indústria ainda estão à espera de uma decisão oficial em torno da inclusão ou não da temperatura de entrega de leite entre os fatores a considerar neste padrão.

Outro tema em que as discussões do setor argentino vêm avançando é a necessidade de contar com laboratórios arbitrais ou de referência que servirão para resolver possíveis conflitos entre as partes.

Em outra ordem, os representantes dos produtores solicitaram a implementação de um sistema que permita comparar os preços que as diferentes indústrias pagam, e que venha acompanhado de um grupo de informações a serem utilizadas com fins estatísticos. Apesar do tema estar sendo estudado, sabe-se que a indústria não teria objeções a esta petição.

À Comissão 2, no entanto, corresponde o tratamento dos temas mais sensíveis para as partes envolvidas, a saber: a administração da oferta e o mecanismo de fixação dos preços ao produtor. Como é de conhecimento público, os produtores de leite vêm insistindo há tempos na necessidade de projetar, em comum acordo com as indústrias, um mecanismo de fixação permanente de preços que implique fundamentalmente em uma ativa participação do produtor e evite a determinação unilateral das cotações. A fim de avançar na discussão deste tópico, os dirigentes das entidades da produção expressaram a necessidade de dispor de mecanismos de controle da oferta que, em consenso com as fábricas, permita prever e gerenciar os picos de produção e suas perniciosas conseqüências sobre toda a cadeia.

Neste sentido, o setor industrial avaliou o tema da administração da oferta e apresentou recentemente um documento em que expressa sua posição. O documento informa entre outras coisas que:

"Nos interessa destacar que consideramos um progresso na análise da problemática do setor leiteiro. Com relação a isso, concordamos com a posição dos representantes do setor da produção primária, no sentido de que, para melhorar os preços nas diferentes etapas da cadeia leiteira, é necessária uma modificação prévia das condições de oferta e demanda que geram estes preços".

"Uma das alternativas que se apresentam para intervir no mercado é a administração da oferta de leite, seja regulando os destinos da mesma ou controlando as quantidades oferecidas. Após analisar as experiências internacionais dos países que utilizam sistemas parecidos (União Européia, Canadá), não acreditamos que sejam de aplicação para as condições em que o setor leiteiro argentino está desenvolvendo, entre as quais ressaltamos:

- Grande dispersão geográfica da oferta de leite;
- Altíssima fragmentação do setor industrial;
- Heterogeneidade dos canais comerciais; e
- Cultura de não cumprimento das regulamentações."

"Ainda deixando de lado as dificuldades práticas de implementação (são detalhados no documento os casos de leite marginal na Espanha e na Itália e suas conseqüências sobre os preços), os mecanismos de cotas têm importantes efeitos negativos sobre a eficiência e a equidade com que se destinam os recursos em uma economia, todos eles bem documentados".

"Outro mecanismo alternativo para o controle da produção é o utilizado no Canadá, baseado em um sistema bastante complexo de classificação do leite segundo sua utilização final. Com relação a este sistema, um recente processo de um painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) estabeleceu que este país deve reformar seu sistema comercial de lácteos que, em seu funcionamento atual, outorga subsídios de exportação, expressamente proibidos pela OMC. Esta decisão abre a porta para que os países que levaram o caso ante a OMC apliquem medidas compensatórias sobre o Canadá".

"A análise comparativa da experiência internacional para a administração da oferta de leite nos mostra também a existência de outras possibilidades (por exemplo, os casos do Uruguai e da Costa Rica, para citar somente países latino-americanos). No entanto entendemos que seria preferível conhecer e analisar as opiniões dos demais membros do setor com relação às possibilidades e as limitações para a implementação de um sistema desta natureza".

"A outra via para modificar os preços de forma sustentada é atuando pelo lado da demanda, mediante a intervenção do Estado. Com relação a isso, dada a situação nacional, entendemos que não é possível a fixação de preços base por parte do Estado já que, para que estes sejam efetivos e não simples expressões de desejos, são necessários mecanismos de compra com apoio orçamentário".

"Por último, cremos que o desenvolvimento leiteiro argentino deve ocorrer sobre bases e preços internacionalmente competitivos, e que neste marco, caberia explorar algumas alternativas de política leiteira compatíveis com nossa situação socioeconômica e compromissos institucionais".

Também na última reunião da Mesa Interprovincial de Leiteria, as Mesas de Produtores de Leite de Santa Fé e Córdoba apresentaram um documento que resumia as propostas e reclamações recolhidas através de uma série de assembléias de produtores realizadas em diferentes localidades destas províncias e de Entre Ríos (onde foi constituída uma nova Mesa de Produtores Leiteiros). A seguir estão os pontos mais importantes:

* "Eliminar a vigência da unilateralidade na fixação do preço do litro do leite ao produtor por parte da indústria. Mudar o atual sistema de comercialização (mercado livre) entre produção e indústria, manifestando sua unânime oposição ao mesmo";
* Elaborar mecanismos de planificação da oferta de leite para equilibrar a oferta e a demanda e, assim, obter preços sustentados para a produção primária";
* Limitar a entrada de novas propriedade leiteiras ao sistema e organizar um registro de propriedades";
* Solicitar à indústria leiteiras que defina a quantidade de leite necessária para o mercado interno e para a exportação";
* "Restringir as importações de lácteos, mediante mecanismos de aumento de tarifas das mesmas";
* "Propor a baixa das tarifas de exportação de lácteos (hoje em 5%) com a condição de que o benefício seja transpassado à produção primária, a 100% do leite entregue";
* 'Propor à indústria que, ante à sobre-oferta estacional (primavera-verão) implemente, em acordo com a produção, um mecanismo que evite a queda dos preços".

Outro tema que vem apresentando ampla difusão nos últimos dias é o relacionado à polêmica autorização de venda de leite cru na cidade de Olavarría. O intendente municipal desta cidade permitiu, através de uma resolução publicada no final de julho, a comercialização de leite sem pasteurizar, tanto na forma domiciliar como nos estabelecimentos comerciais. A idéia original surgiu dos médicos locais, que pediram uma solução para a má nutrição de alguns setores da população da região. O intendente defendeu sua decisão argumentando que "pretendemos restabelecer a liberdade do consumidor. Esta liberdade é o centro da questão. Nossa resolução está baseada na segurança de que cada dona de casa sabe mais e melhor que ninguém que leite deve consumir. Este leite é um alimento natural e barato e seu consumo crescente é a melhor garantia de saúde para todos os seus consumidores e é um dos recursos mais 'a mão' que a sociedade argentina tem para combater a má alimentação".

As opiniões contra a medida não demoraram a surgir. As autoridades sanitárias da Província de Buenos Aires enviaram ao intendente uma nota recordando-lhe o Código Alimentar Argentino e a lei provincial 7265, que proíbem a venda de leite cru ao público. O presidente do SENASA também desaprovou a decisão e a considerou "um retrocesso que gera um altíssimo risco para a saúde".

Finalmente, o setor industrial expressou, através de um comunicado do CIL, sua preocupação pela generalização, em numerosos centros urbanos, da venda de leite cru não pasteurizado. O documento alega que "esta prática, expressamente proibida pelo artigo 556 do Código Alimentar Argentino, tem oferecido ao consumidor uma alternativa barata e, em conseqüência, atrativa para as famílias de menores rendas. No entanto, esta prática deixa de lado questões essenciais de higiene, aumentando para as famílias mais desprotegidas o risco de contrair enfermidades e possibilitando outras adulterações, como a colocação de água". Para o CIL, a venda de leite cru não oferece nenhuma garantia ao público consumidor com relação à colocação de água e contaminação bacteriológica e de antibióticos.

Deve-se recordar que o Código Alimentar Argentino, em seu artigo 556, diz que "Se proíbe em todo o país a venda ao público de leite cru. Naquelas localidades onde não se possa abastecer total ou parcialmente a população de leite pasteurizado e/ou submetido ao tratamento térmico autorizado, as autoridades locais deverão solicitar à autoridade sanitária provincial a autorização correspondente para sua venda".

Programa nacional de política leiteira

O Secretário da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentos da Argentina resolveu criar o Programa Nacional de Política Leiteira, como âmbito hierarquizado para o tratamento da problemática do setor leiteiro.

O Programa, que estará a cargo de Juan José Linari, titular de Política Leiteira no Ministério da Agricultura de Buenos Aires durante a gestão do atual secretário Haroldo Lebed, tem como objetivo levar adiante todas as ações necessárias para dar respostas à delicada situação que o setor leiteiro argentino está atravessando, atuando juntamente com as Mesas Provinciais de Política Leiteira e entidades da produção e indústria.

Entre os principais temas a serem tratados estão a questão impositiva e financeira, a assistência para a transparência dos mercados, o apoio às negociações internacionais e a definição da política leiteira argentina em médio e longo prazo.

Vale destacar que, a partir de sua designação a frente do Programa, Linari tem participado de diversos encontros de trabalho com entidades nacionais e tem estado presente em reuniões das mesas de leiteria de Santa Fé, Córdoba e Buenos Aires, onde está trabalhando ativamente em temas como padrões de leite e alternativas para novas formas de comercialização de leite cru.

Novidades do mercado internacional

Um dado interessante referente ao mercado brasileiro é que as vendas de produtos lácteos voltaram a mostrar um forte crescimento no primeiro semestre de 2002, uma tendência que não se observava desde 1998. Em contraposição ao ocorrido durante o Plano Real, desta vez a recuperação se justificou pela queda dos preços nas gôndolas, fruto da competição entre indústrias. A firma AC Nielsen registrou uma alta de mais de dois dígitos no consumo da maioria dos derivados lácteos no primeiro semestre de 2002 com relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de iogurtes cresceram 19,2%, as de leite mais de 13,7% e as de queijos, 17,5%. No entanto, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em julho de 2002, as quedas dos preços alcançaram 17% em queijos e 11% e iogurtes.

Desestimulados pelos baixos preços de 2001, os produtores de leite não investiram em seus estabelecimentos e faltou leite no mercado. Entre janeiro e julho, o preço do leite pago ao produtor subiu 23%, segundo a Scot Consultoria. Frente à desvalorização e o aumento dos custos de produção, os preços de julho aumentaram quase 4% sobre o mês anterior. Segundo os analistas, a tendência é que estes valores se mantenham pelo menos até o final de agosto, época do ano em que a oferta é mais reduzida. A partir de setembro, o cenário dependerá das chuvas e da evolução do tipo de câmbio. Se as chuvas ocorrerem em uma boa quantidade, a oferta tenderá aumentar e, se a alta do dólar permanecer, os custos aumentarão muito e os produtores são pressionar por reajustes. Segundo alguns industriais, este aumento da matéria-prima, somado ao aumento no custo de embalagem, energia elétrica e combustível, continua pressionando sobre suas margens.

Em outro dos principais compradores de lácteos da Argentina, no Chile, o presidente da Federação Nacional dos Produtores de Leite (Fedeleche), formulou um chamado às indústrias leiteiras para "exigir com força ao governo o estabelecimento urgente de políticas que resguardem o mercado leiteiro nacional dos efeitos negativos que estão sendo gerados pelas crises econômicas da Argentina e do Uruguai, principais origens das importações lácteos chilenas". Segundo o dirigente, "quando se fala em trabalhar em conjunto - produtores e indústrias - é necessário abordar previamente estes grandes temas para buscar os caminhos que dêem sustentabilidade ao setor em seu conjunto, já que grande parte das desconfianças se deve ao fato das multinacionais que operam no Chile estarem sendo permanentemente as principais importadoras de lácteos, em detrimento dos produtores nacionais e jamais em benefício dos consumidores".

Outra notícia importante para o futuro do setor foi a determinação de um protocolo sanitário que permite o início imediato das exportações de produtos lácteos argentinos à China. O documento foi escrito pelo secretário da Agricultura, Pecuária, Pesca e alimentação, Haroldo Lebed, pelo presidente do SENASA, Bernardo Cané e pelo representante do Ministério de Sanidade Animal e Vegetal chinês, Li Changjiang. Sobre o tema, Lebed esclareceu que "isto significa que nosso país poderá exportar estes produtos sem necessidade de inspeção prévia por parte do órgão sanitário chinês a partir de agora". O acordo foi alcançado após três anos de negociação entre os serviços sanitários de ambos os países. Lebed informou que "a média das importações chinesas em 1999-2000 foi de cerca de 200 mil toneladas, principalmente de soro (42%), leite em pó (40%) e leite fluido (10%). O setor privado argentino está interessado em exportar principalmente leite em pó, queijos e proteínas a este país, produtos abastecidos atualmente pelos Estados Unidos, França, Canadá, Holanda, Austrália, Finlândia, Nova Zelândia, entre outros".

Vale destacar que a China constitui um grande mercado potencial para os produtos lácteos, considerando-se a mudança nos hábitos de consumo que estão ocorrendo nos últimos anos, especialmente entre os mais jovens, que começaram a introduzir produtos lácteos em sua dieta. A demanda doméstica, todavia, é satisfeita em grande parte pelas importações, em sua maioria oriundas principalmente da Nova Zelândia. O consumo per capita de lácteos é de 7,2 quilos por ano, muito inferior à média mundial, de 100 quilos, e se concentra nos estratos mais jovens da sociedade.

Nas relações bilaterais com os Estados Unidos também se registrou um fato interessante para as exportações de lácteos da Argentina. Trata-se do recente anúncio sobre a inclusão da Argentina o Sistema Generalizado de Preferências (SGP), uma ferramenta de política comercial cujo objetivo consiste em promover o crescimento econômico de países em desenvolvimento, através da importação de produtos com tarifa zero. Esta preferência é outorgada em forma unilateral para determinados produtos e/ou países.

A promulgação da Lei de Comércio do mês de agosto põe em vigência novamente este sistema com caráter retroativo a setembro de 2001, finalizando em 2006. A Argentina não fazia parte do SGP desde 1997. Existem duas instâncias de entrada ao SGP para o país sul-americano. A primeira é a abertura, a partir de 18 de setembro, para 57 produtos dos quais seis são de origem agroalimentar, apesar de não haver nenhum produto lácteo.

A segunda instância consta de uma decisão que deverá ser esperada até fevereiro de 2003. Nos próximos meses serão realizadas audiências públicas nos Estados Unidos para definir dentro de uma lista de 12 produtos, quais ingressarão no SGP. Os produtos de origem agropecuária incluídos nesta lista são: doce de leite, queijos tipo italiano, pasta de amendoim, suco de uva, entre outros.

Fontes consultadas

º Convenio Lechería SAGPyA-CIL-FIEL.
º Dcción. de Industria Alimentaria, SAGPyA.
º Programa Provincial de Política Lechera, Buenos Aires.
º Dpto. Lechería. Dir. de Sanidad Animal - MAGIC Santa Fe.
º Dpto. Lechería. Gerencia de Alimentos - SAGyA Córdoba.
º Schneider, G. y Comeron, E. El Tambo versus la Agricultura ("El país de los extremos-2da parte") INTA Rafaela
º Comunicaciones personales con referentes de la producción y la industria.
º Fundación Potenciar.
º Min. de Desarrollo, Industria y Comercio Exterior de Brasil
º Instituto Nacional de Estadística y Censos INDEC.
º Dcción. Nac. de Fiscaliz. Agroalimentaria, SENASA
º Diarios de alcance nacional y regional.
º Revistas y portales de internet especializados.
º Instituto de Clima y Agua del INTA.
º Cancillería de la Rep. Argentina
______________________________________
1OFERTA= Estoque inicial disponível + Produção + Importações
DEMANDA= Consumo interno + Exportações
2Considera-se que para elaborar 1 quilo do que denominamos de "produtos lácteos" são necessários cerca de seis vezes mais leite que para obter 1 litro de leite fluido. Em conseqüência, a relação "produtos/fluidos", que expressada em toneladas chega a 18%/82%, quando expressada em litros equivalente chega a 55%/45%.
3Valor de referência atacadista do Banco Central da República da Argentina
4Média não ponderada: Total US$/total toneladas

Realização: Direção da Indústria Alimentícia da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação da Argentina, por engenheiro agrônomo Aníbal Schaller, com a colaboração de Lic. Eduardo Guardini.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures