A Argentina também está sofrendo com a falta de chuvas. As reservas de pastagens que tinham sido feitas para o inverno que vem estão sendo consumidas agora. Por tudo isso, o custo de produção do leite se eleva notavelmente. Espera-se que a indústria eleve os preços ao produtor, antes que esses não possam manter as produções atuais e que haja escassez de leite. Se esse aumento de preço demorar, é altamente provável que se inicie uma briga entre as fábricas pelo leite escasso.
O Brasil foi o país que apresentou um maior crescimento nos últimos dez anos (35%), seguido por Uruguai (31%) e Chile (29%). Por outro lado, na Argentina, a produção permaneceu relativamente estancada na última década, sendo o aumento muito inferior ao de seus vizinhos (5%).
O Uruguai é o maior consumidor per capita de lácteos da região, ficando em 242 litros por habitante por ano em média. A Argentina está em segundo lugar, com um consumo médio de 205 litros. No Brasil, o consumo foi de 161 litros, apresentando um aumento de 4,4% com relação a 2009. No Chile, com uma média de 132 litros, o consumo está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (150 litros por habitante por ano).
Quando se avalia a evolução da participação dos diferentes elos, produtores, varejistas e atacadistas, da cadeia no valor do produto final (litro de leite fluido ao consumidor) desde janeiro de 2006 até atualmente, observam-se três períodos. O primeiro, desde o começo de 2006 até o começo de 2007, onde a participação de cada elo da cadeia se manteve relativamente constante. O segundo, de 2007 até o final de 2008, quando se observa um aumento médio de 10 pontos percentuais na participação do produtor em detrimento da participação atacadista e varejista. Essa situação a favor do produtor ocorreu como consequência da criação do "Programa de Estabilização de Preços de Produtores do Setor de Lácteos Destinados ao Mercado Interno". Com o objetivo de garantir o abastecimento do mercado interno e de melhorar o valor de sua matéria-prima, criou-se um fundo com aportes de exportadores lácteos. Esse sistema não permitiu que a cadeia captasse os preços recordes internacionais e se estabeleceu um mecanismo de Aportes Não Reintegráveis e compensações para produtores e indústrias.
Por último, uma terceira etapa, desde o início de 2009 até meados de 2011, quando se observa uma tendência crescente da participação do produtor, uma relativa estabilidade na participação varejista e uma perda a nível atacadista, como resultado do maior aumento nos preços pagos ao produtor em comparação com os preços atacadistas.
Desde julho de 2011, a queda do preço ao produtor, junto com o estancamento dos valores atacadistas e o aumento do preço ao consumidor, tem havido uma contração na participação do elo primário, estabilidade a nível industrial e aumento da participação no setor varejista no valor do produto final. Dessa maneira, em outubro de 2011, equiparou-se a participação do setor varejista e do produtor, alcançando uma contribuição de 33% cada um. Com relação à média do período considerado, o setor atacadista perdeu participação no valor final do produto, ficando atualmente em 6% a menos. A participação do produtor também está abaixo da média, em 3,7%, enquanto aumentou notavelmente a participação do setor varejista (10%). Vale destacar que uma participação acima da média não significa maior rentabilidade, já que somente se considera a participação de cada elo da cadeia no valor do produto final, sem considerar os custos próprios de cada um. Assim, por exemplo, em 2008-2009, ano em que a participação do setor primário ficou acima da média, muitos produtores leiteiros registraram perdas e, inclusive, muitas fazendas fecharam. Agora, a expectativa é sobre como se ajustará a cadeia em um contexto de incertezas para o ano que começa por causa da crise internacional, com um nível de inflação que aumenta a um ritmo constante e com um futuro promissor em matéria de produção local.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera para 2012 um crescimento da produção dos principais exportadores de produtos lácteos. Na Nova Zelândia, o aumento será de 2,4%, o qual se soma à maior produção (8,8%) em 2011 com relação a 2010, produto fundamentalmente das boas condições climáticas. Nos Estados Unidos, projeta-se uma alta de 1,2% e na União Europeia (UE), de 0,8%. Por sua vez, o USDA reduziu as estimativas de importações chinesas de leite em pó integral em 2012, de 450 para 375 mil toneladas. Apesar disso, a China seguiria sendo o principal importador mundial de lácteos, com uma participação de 44% no mercado mundial desse produto. Argélia, segundo maior importador, aumentaria suas compras em 5% em 2012.
O USDA estimou que, em 2011, a produção de leite da Argentina fecharia em 11,99 bilhões de litros, mostrando um crescimento de 13,1% com relação ao ano anterior. Em um contexto de baixa dos preços dos grãos e de um mercado sustentado para o setor leiteiro, o USDA prevê que em 2012 a produção aumentaria para 12,45 bilhões de litros, 3,8% a mais.
Com uma estimativa de consumo doméstico elevado, de 210 litros em média por pessoa, grande parte da produção seria excedente com relação aos requerimentos da Argentina, ficando disponível para ser transformada em leite em pó integral para exportação. As exportações de produtos lácteos aumentariam de forma significativa em resposta ao aumento na produção de leite. As vendas argentinas ao exterior de leite em pó em 2012 aumentariam para 250 mil toneladas, registrando uma alta de 12,6% com relação a 2011. A análise precedente fica sujeita ao efeito da crise internacional na economia mundial no próximo ano e, particularmente, nos principais países com os quais a Argentina comercializa: Brasil (leites, queijos e outros produtos lácteos), Venezuela e Argélia (leites), Rússia e México (queijos), Chile (queijos e outros lácteos) e China (outros produtos lácteos).
A reportagem é do www.diariolaopinion.com.ar, traduzida, resumida e adaptada pela Equipe Milkpoint.
Argentina: incertezas e expectativas para 2012
O USDA estimou que, em 2011, a produção de leite da Argentina fecharia em 11,99 bilhões de litros, mostrando um crescimento de 13,1% com relação ao ano anterior. Em um contexto de baixa dos preços dos grãos e de um mercado sustentado para o setor leiteiro, o USDA prevê que em 2012 a produção aumentaria para 12,45 bilhões de litros, 3,8% a mais. Agora, a expectativa é sobre como se ajustará a cadeia em um contexto de incertezas para o ano que começa por causa da crise internacional, com um nível de inflação que aumenta a um ritmo constante e com um futuro promissor em matéria de produção local.
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 4 minutos de leitura
Publicado por:
MilkPoint
O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.