ARG: produtores querem maiores preços
As câmaras de produtores de leite das províncias argentinas de Córdoba, Santa Fé e La Pampa voltarão a reclamar ao Ministério da Agricultura que convoque os principais membros da cadeia a uma mesa de negociações para analisar a situação de preços pagos ao produtor, que hoje estão em média em US$ 0,33 por litro.
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"Temos a necessidade de avançar nesse tema. A indústria sabe que os valores mudaram, que têm mudado. Não somente no mercado interno, mas também e sobretudo, no mercado internacional. Já o valor que os produtores recebem pelo leite é notavelmente inferior ao período compreendido entre maio e julho", disse o presidente da Câmara de Produtores de Leite da Província de Córdoba (Caprolec), Alejandro Leveratto.
"Hoje, o pagamento que a indústria faz à produção está em 30% abaixo do que deveria estar pagando. Consideramos que os valores atuais devem ter como mínimo US$ 0,42 por litro. Dessa maneira, acreditamos que se possam seguir sustentando o processo de crescimento da atividade e diluir assim o forte aumento dos custos de produção que, em muitos casos, são em dólares", disse o vice-presidente da União Geral de Produtores de Leite (Ugt), Alfredo Elespuru.
"Não há razão para que os preços tenham baixado tanto. Nós sabemos e vemos que os preços pagos aos consumidores seguem crescendo. Os valores internacionais do leite em pó se mantém estáveis e o único que baixou é o que as indústrias pagam aos produtores", disse o diretor nacional de lácteos da Federação Agrária Argentina (Faa), Guillermo Gianassi.
Os representantes da indústria não fizeram declarações, dizendo somente que os preços pagos aos produtores não continuarão baixando e que os valores dos lácteos para o consumo interno não são sua responsabilidade, mas sim, dependem dos diferentes sistemas de comercialização.
As informações são do Infocampo, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 21/12/2010
Realmente as comparações com situações externas são complicadas não só pelo efeito das distorções cambiais e subsidiso, mas também, como você bem aponta, por diferenças específicas, que vão desde preço da terra à uso e preços dos insumos necessários à produção.
Se a indústria pressionar para produzirmos "leite a baixo custo" pagando ao produtor valores abaixo do custo real de produção, estará perdendo uma excelente oportunidade para para mudar o triste quadro de um setor lácteo que não é capaz nem de abastecer o mercado interno ( apesar do consumo estar significativamente abaixo dos 180 litros/hab./ano preconizado pela s organizações de saúde ) e criar excedentes para que possamos ser importantes exportadores para o mercado mundial. Se a indústria acha que precisamos ter um custo de produção menor, ela precisa investir no desenvolvimento de seus fornecedores no sentido que eles possam ter a assistência técnica e recursos para que isso aconteça, pois ficar apenas falando que a Nova Zelândia, Argentina e Uruguai os produtores produzem "leite a baixo custo", mesmo que fosse verdade ( e não é, tanto que os produtores desses paises também frequentemente reclamam dos preços que recebvem ) não resolve nada e não mudará o quadro da pecuária leiteira nacional.
E o Governo, se quiser que o País deixe de ser importador de leite e assegurar geração de renda e trabalho no nosso interior, deve estar atento, não só aos problemas reais da nossa pecuária de leiteira, mas também à postura da indústria para não deixar que ela use o enorme poder econômico e comercial que tem aviltando os preços aos produtores e prejudicando o País na procura de lucros facéis.
E finalizo alertando que a própria indústria nacional deve ter cuidado, pois a política de lucros fáceis e imediatos a custa de aviltar os preços ao produtor de leite nacional pode fortalecer o comércio a buscar leite e lácteos no exterior, aumentando as mportações e tirando mercado da indústria brasileira.
Abraço
Marcello de Moura Campos Filho

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 21/12/2010
Quando comparados a relação de troca entre Leite e insumos básicos de produção, tais como Milho ( Fubá ) , Farelo de Soja e Diesel os custos de produção na argentina são basicamente os mesmos do Brasil. O que complica a conta direta é o sistema de retenções pois barateia artificialmente o preço de produtos agrícolas.
Há porém dois complicadores perigosos para o atual sistema de produção de nossos vizinhos. O primeiro e mais preocupante são os câmbios climáticos, com verões extremamente quentes e períodos prolongados de seca que afetam o sistema pastoril com base na alfafa.
O segundo complicador é o preço absurdo dos arrendamentos agrícolas, que estão entre 1.200 a 1.800 Kilos de soja por hectare, que vem a ser o dobro ou o triplo dos preços vigentes no Brasil. Como o plantio é feito com pouco ou nenhum uso de adubo, já há estudos que mostram a enorme perda de fertilidade que o sistema determinará ao longo dos anos ( principalmente na baixa dos níveis de Fósforo )
Quanto a indústria, bem enquanto persistir o engodo do Leite "barato" na Nova Zelândia ( Custos reais superiores a U$ 5,50 ), Uruguai e mesmo Argentina ( Custos diretos superiores a U$ 0,33 ) seremos constantemente pressionados para produzir Leite a "baixo custo" e empobrecimento gradativo do meio rural como vemos em nossos vizinhos.
Abraços
Mário Sérgio Ferreira Zoni

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 19/12/2010
Dá para entender a insatisfação dos argentinos, pois para produtores especializados no Brasil o custo de produção hoje gira entre R$ 0,68/litro a R$ 0,72/litro.
Os argentinos dizem que o preço está 30% abaixo do que deveria estar, e que o preço justo seria de US$ 0,42/litro, que a um câmbio de R$ 1,75/US$ corresponde a R$ 0,735, que aqui no Brasil cobriria o custo de produção e sobraria uma pequena margem.
Note-se que na hipotese de um câmbio de R$ 2,30/US$ ( real sem sobrevalorização ), mesmo com o preço de US$ 0,33/litro, que corresponderia a R$ 0,759/litro no Brasil teríamos cobertos os custos de produção e uma pequena margem, e se o preço fosse de US$ 0,42/litro teríamos o equivalente a R$ 0,966/litro que representaria uma margem grande para o produtor brasileiro.
A relexão sobre essa matéria levam a duas conclusões:
1) A indústria tem pago mal o produtor, seja ele argentino ou brasileiro;
2) O real sobrevalorizado penaliza demais a pecuária leiteira brasileira.
Marcello de Moura Campos Filho