André Pessôa: "Hoje vivemos num mercado desequilibrado devido um fator inédito, o choque da demanda"
No dia 26/05, a AgriPoint esteve presente no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, promovido pela BM&F Bovespa e pelo Ministério da Agricultura em São Paulo/SP. A palestra "O mercado mundial de commodities" foi proferida por André Souto Maior Pessôa da Agroconsult e teve como debatedor André Nassar, do Icone. Os temas mais discutidos da palestra foram oferta e demanda de alimentos, aumento do consumo de produtos de origem animal e desafios do Brasil, dos produtores e do setor. Confira o resumo da palestra!
Publicado por: MilkPoint
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Inicialmente, Pessôa comentou que este ano está ocorrendo algo incomum, pois a produtividade e a rentabilidade estão elevadas com os custos relativamente controlados. "Os próximos anos tendem a ser parecidos. Os preços agrícolas caíram nas últimas três décadas devido à Revolução Verde com consequente aumento de produção. Hoje vivemos num mercado desequilibrado devido um fator inédito, o choque da demanda". André destacou que o que é novo é a presença em conjunto dos choques de oferta e demanda. "É comum que nas produções cíclicas ocorram choques de oferta, pois elas dependem de alguns itens como os fatores climáticos por exemplo. O choque de demanda é oriundo dos baixos e em queda estoques internacionais, da urbanização, da mudança de dieta das pessoas e do aumento de renda da população. "Não podemos esquecer que o crescimento da renda é desuniforme no mundo", disse ele.
Na palestra ele ainda frisou que o consumo de produtos de origem animal estão crescendo constantemente na China, fruto do aumento de renda da população e mudança no padrão para a produção de carne. "Antes, para a produção de suínos, a China não fornecia entre os ingredientes da dieta o farelo de soja, apenas milho, mas hoje já utiliza. Alguns países como a China dependem das importações e dos estoques, e essa fato é uma oportunidade para o nosso país".
Falando sobre limitação de oferta, Pessôa destacou que o crescimento da produtividade no Brasil ainda está abaixo do necessário. "Para a soja, o principal veículo para o aumento de produção foi a área plantada e não o aumento de produtividade. Já para o milho, trigo e arroz, o aumento de produção foi fruto do aumento da produtividade. Entre todos os países, o Brasil tem o maior potencial para aumentar a produção por área. Temos uma grande oportunidade e um grande desafio. A oportunidade é que já estamos consolidados como um grande exportador de alimentos e o desafio é justamente o aumento da produção". Ele ainda citou que o nosso potencial pode ser de primeira grandeza, mas ainda não somos. "Para crescermos no ritmo que o mundo exige, o Brasil não pode prescindir da sua área de produção para atender o mercado mundial. É ingênuo achar que isso vai ocorrer sem desbravarmos novas áreas".
Para finalizar, o palestrante lembrou que a desvalorização do dólar e a presença dos fundos (preponderante na formação dos preços) não podem ser esquecidos e listou os desafios dos produtores e do setor:
Desafios dos produtores
i) profissionalizar as empresas produtoras de grãos sob a ótica das boas práticas da governança e comercialização;
ii) expandir a cultura de hedge e comercialização antecipada das safras;
iii) aumentar a armazenagem de grãos nas fazendas e investimentos em maquinários.
Desafios do setor
i) legislação ambiental (novo Código Florestal);
ii) melhorar a logística de escoamento da produção;
iii) reduzir a dependência de importação de matéria-prima para fertilizantes;
iv) reduzir o custo de capital para custeio e investimento agrícola (parecer da AGU);
v) desenvolver uma estratégia de comunicação com a sociedade (movimento AGRO).
Após a palestra de André Pessôa, André Nassar do Icone levantou a questão da abertura de mercados. "As condições institucionais estão devagar, isso não deve ameaçar o agronegócio brasileiro, mas este fator precisa ser acelerado. Não se concede a expansão do agronegócio pelo mercado interno e sim, pelos sinais externos. Precisamos incorporar novos itens no nosso discurso. É chato colocar pontos negativos, mas não podemos esquecer do futuro, certas coisas precisam ser antecipadas". Além disso, ele completou dizendo que temos que pensar em políticas de crédito para exportação e devemos discutir a questão tributária das cadeias.
Raquel Maria Cury Rodrigues, Equipe AgriPoint
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BARRA DO BUGRES - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 06/06/2011
GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 02/06/2011
i) legislação ambiental (novo Código Florestal); Pra isso conhecemos nossos políticos, a duvida e a insegurança e certa.
ii) melhorar a logística de escoamento da produção; Aqui só com ajuda da Alice(aquela mesmo amiga do chapeleiro)
iii) reduzir a dependência de importação de matéria-prima para fertilizantes(????) vai vir de onde???
iv) reduzir o custo de capital para custeio e investimento agrícola (parecer da AGU); muito importante, mas devemos pensar em um novo modelo econômico nacional primeiro.
v) desenvolver uma estratégia de comunicação com a sociedade (movimento AGRO). Aqui eu tenho é medo, pois se não for bem administrado vira essa paçoca que vemos todo dia, quem tem mais poder comunica o que quer e proibi o que achar por bem.
Assim que conseguirmos estes produtos, conforme nos desenhou o respeitadíssimo Pessoa, ai meu amigo, não será preciso mais nada para nosso bolo de casamento com a felicidade, melhoria da qualidade de vida no campo, sucesso empresarial, empreendedorismo rural e uma melhor funcionalidade da cadeia primaria em geral. Tenho medo de não viver o bastante para participar da festa!!! Abraços e FÉ
UNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 01/06/2011
Qdo. vemos um país como o México que não tem nenhuma tradição na produção de leite, mas que possui grande eficiência no que produz e, vemos no Brasil uma média de produção de leite de 1.000 litros/ha/ano (nossa referência melhor no país é de 8.000 litros/ha/ano), devemos nos questionar: ora se temos condições de clima e solo, temos excelência em pesquisa e em boa parte dos estados boa estrutura em extensão rural, então o que falta?
CRICIÚMA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE
EM 31/05/2011
E os Governos? Federal, Estadual e Municipal? Não fazem nada para mudar isso e a culpa é nossa.

LAGOA SANTA - MINAS GERAIS
EM 31/05/2011
Temos que , dentro de nossas empresas, orientar nos nossos fornecedores, OS PRODUTORES, para possam melhorar produtividade, qualidade e sustentabilidade em suas operações.
Zanone Campos

PLANALTINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE
EM 30/05/2011
BARRETOS - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 30/05/2011
Em nemhum momento se falou em agregar valor, nem na necessidade de aumentar a industrialização transformando os food commodities em alimentos; eu vejo isto com grande preocupação;será que nunca vamos mudar o disco que toca a musica do exportador mundial de materias primas?