Alexandre M. Pedroso fala da importância da nutrição na produção de leite

Alexandre M. Pedroso é engenheiro agrônomo, formado pela ESALQ, D.Sc., consultor técnico em sistemas de produção de leite e corte. Seu foco de trabalho é a nutrição e manejo de bovinos, com ênfase no manejo alimentar de bovinos em sistemas intensivos de produção (pasto e confinamento), suplementação estratégica de bovinos mantidos em pastagens, formulações de rações para bovinos leiteiros e de corte, interação nutrição x composição do leite. Em entrevista concedida ao MilkPoint, Alexandre fala sobre os conceitos nutricionais básicos e qual sua importância na produção leiteira.

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Alexandre M. Pedroso

Alexandre M. Pedroso é engenheiro agrônomo, formado pela ESALQ, D.Sc., consultor técnico em sistemas de produção de leite e corte. Seu foco de trabalho é a nutrição e manejo de bovinos, com ênfase no manejo alimentar de bovinos em sistemas intensivos de produção (pasto e confinamento), suplementação estratégica de bovinos mantidos em pastagens, formulações de rações para bovinos leiteiros e de corte, interação nutrição x composição do leite.

Em entrevista concedida ao MilkPoint, Alexandre fala sobre os conceitos nutricionais básicos e qual sua importância na produção leiteira.


MilkPoint: Quais as principais particularidades do sistema digestivo dos ruminantes?

AMP: A principal particularidade é a presença do rúmen, um dos compartimentos do estômago dos ruminantes, onde existe uma população microbiana anaeróbia responsável pela degradação da fibra das forragens. O estabelecimento dessa relação simbiótica com microrganismos se deveu à necessidade dos animais ruminantes sobreviverem com uma dieta exclusiva de forragens. Uma vez que os animais não possuem enzimas para degradar celulose e hemicelulose, os principais carboidratos contidos nas forragens, os ruminantes precisaram estabelecer essa relação com microrganismos que pudessem promover a quebra da celulose e hemicelulose.

MilkPoint: Como o pH ruminal pode interferir na população microbiana e, consequentemente, na absorção de nutrientes?

AMP: A maioria das espécies microbianas do rúmen não tolera pH muito ácido, especialmente abaixo de 5,5. Dessa forma, sempre que o pH ruminal cai abaixo de 5,8 - 5,7, há prejuízo ao desenvolvimento das espécies que degradam fibra, podendo haver comprometimento significativo à eficiência do processo digestivo.

MilkPoint: Quais fatores nutricionais interferem no desenvolvimento dos animais leiteiros?

AMP: São inúmeros, mas sem dúvida o fator nutricional que mais limita a produção leiteira no Brasil é a disponibilidade de energia nas dietas. A água, proteínas, minerais e vitaminas também são muito importantes, mas de maneira geral a concentração energética das dietas é que determina o nível de produção das vacas leiteiras.

MilkPoint: Quais as principais diferenças entre uma alimentação rica em volumoso e outra basicamente com concentrados?

AMP: A principal diferença é a disponibilidade de carboidratos não fibrosos (CNF), que são as fontes de energia mais prontamente disponíveis. Via de regra as dietas ricas em concentrados são mais ricas em CNF, de forma que fornecem mais energia para as vacas. No entanto, sempre que há CNF em grande quantidade nas dietas das vacas, há produção de grande quantidade de ácidos no rúmen, como resultado do processo fermentativo, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento dos microrganismos que degradam fibra. Dessa forma é imprescindível equilibrar muito bem a formulação das dietas das vacas, para que não haja falta ou excesso de CNF.

MilkPoint: Em que se baseiam os programas de alimentação em fazendas leiteiras e como são avaliados?

AMP: Basicamente o objetivo é atender as exigências nutricionais das vacas leiteiras, agrupadas na maior parte das vezes em função da média de produção de leite. Para isso é preciso fornecer fibra, carboidratos não fibrosos e proteína em quantidades adequadas para que os diferentes grupos tenham suas necessidades supridas. Via de regra o programa nutricional de uma fazenda leiteira é avaliado com o uso de softwares (programas de computador) específicos, que nos informam se as dietas atendem corretamente as exigências nutricionais para um dado nível de produção de leite, e se as formulações apresentam um custo adequado.

Alexandre M. Pedroso e Marina de Arruda Camargo Danés serão os instrutores do curso online Princípios da Nutrição em Bovinos Leiteiros, que tem início no dia 12 de julho e já está com inscrições abertas.

No curso será discutida a importância das proteínas, minerais, vitaminas, água, energia e a ação das bactérias ruminais na alimentação dos bovinos. Também será apresentado o funcionamento da digestão em ruminantes, a fermentação ruminal, a síntese de proteína microbiana, a absorção dos nutrientes e como isso afeta o desempenho dos animais.

Conheça a programação completa aqui!
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Genecio Feuser
GENECIO FEUSER

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/06/2010

Professor Alexandre, na necessidade de tamponar a ração, o tamponamento com bicarbonato e ionóforo em vacas leiteiras, de uso continuo, o bicarbonato inibe a ação do ionóforo apos 100 dias de fornecimento simultâneo? As bactérias podem após esse periodo criarem resistência ao ionóforo? Que no confinamento o curto periodo proporciona ótimos resultados. Esta certo ou não?
Qual a sua dúvida hoje?