A América Latina consome grandes quantidades de produtos lácteos artesanais não embalados, mas as marcas podem inovar e sofisticar o consumo para captar novos negócios e o sucesso do queijo, que é um bom ponto de inspiração, segundo a Euromonitor International.
Em 2017, o mercado de lácteos da América Latina gerou US$ 63,6 bilhões em receitas - pouco menos de 15% de todo o mercado mundial de lácteos de US$ 430 bilhões, segundo dados da Euromonitor International. E, embora o desempenho do Brasil tenha sido baixo, com a queda do consumo de leite e iogurte, Argentina, México, Chile e Peru registraram crescimento positivo nas vendas.
Escrevendo no recente relatório da Euromonitor International chamado Dairy in Latin America, Leonardo Freitas, analista de pesquisa sênior, disse que embora produtos lácteos como leite, iogurte, queijo e pastas tenham sido amplamente consumidos na América Latina, o consumo per capita em termos de valor permaneceu mais baixo do que em mercados desenvolvidos e os formatos de consumo eram muito diferentes. “Enquanto os consumidores locais gastam menos da metade do que os consumidores norte-americanos e europeus na categoria gastam, grande parte do consumo ainda vem de produtos artesanais não embalados”, escreveu Freitas.
Isso, disse ele, deixou muitas oportunidades para os fabricantes de lácteos "sofisticarem o consumo de lácteos da América Latina", e o queijo era uma categoria com a qual os fabricantes poderiam aprender, dado seu contínuo sucesso. Em 2017, o queijo foi o produto lácteo que mais cresceu em toda a América Latina, apresentando crescimento em todos os mercados, de acordo com dados da Euromonitor International.
“Com forte produção local e anos de experiência, os fabricantes de queijo conseguiram alavancar suas vendas para consumidores com maior poder de compra, além de diversificar categorias e produzir tipos de queijos internacionalmente conhecidos, como brie e parmesão, à medida que seus certificados de origem estão protegidos”, escreveu Freitas.
Valor em dinheiro versus dietas balanceadas
No entanto, ele disse que para garantir o crescimento do mercado de lácteos diversificado e altamente fragmentado da América Latina, é vital entender os fatores que impulsionam as compras e as tendências em evolução. O valor dos produtos em dinheiro, por exemplo, foi um fator-chave na maior parte da região, devido à alta disparidade de renda e a uma grande lacuna social, além de movimentos inflacionários, disse ele.
Nos próximos anos, porém, à medida que os estilos de vida se tornaram mais agitados nas grandes cidades e os consumidores seguiram dietas mais equilibradas, Freitas disse que poderia haver espaço para desenvolver categorias como alternativas ao leite, bebidas à base de soja, leite desnatado e queijo sem lactose.
Onde a situação econômica de médio prazo deveria ser mais estável, ele disse que uma "maior sofisticação" no consumo é esperada. Isso, segundo ele, proporcionou uma premissa ainda maior para os fabricantes investirem em novas linhas de produtos, como novos sabores de iogurte, embalagens elaboradas e novos tipos de queijos.
O Brasil, por exemplo, viu uma mudança na demanda de lácteos com os consumidores cada vez mais interessados na funcionalidade dos produtos graças a mais informações sobre produtos alternativos.
Como resultado, ele afirmou que os produtos livres de lactose devem se tornar “mais relevantes” no mercado e que continuará a haver uma mudança do leite em pó para o leite fresco/UHT, impulsionando o desenvolvimento de valor na categoria. Freitas disse que o Brasil é o mercado de lácteos ao qual deve-se ficar de olho na América Latina porque é o maior - gerando 37% das receitas totais de produtos lácteos na região.
"O Brasil é sempre um membro fundamental e seu desempenho continuará a influenciar o mercado global de lácteos na América Latina", escreveu ele. E embora o mercado de lácteos tenha sofrido nos últimos anos como resultado de questões cambiais e uma queda no poder de compra entre os estratos socioeconômicos mais baixos, o mercado ainda tinha “potencial de crescimento”.
Mais importante ainda, ele disse que o Brasil tinha um dos maiores rebanhos do mundo, o que daria ao país uma "base positiva" para o mercado de lácteos a ser desenvolvido. As previsões da Euromonitor International sugerem que o Brasil deve ter um forte crescimento anual até 2022, ao lado da Argentina e do Equador.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint.