Antes disso, em dezembro, o gabinete deu sua aprovação para um novo projeto de lei de agroexportação que não visava apenas dobrar a renda dos agricultores, mas também as exportações indianas em geral para a quantia de US$ 60 bilhões. O projeto de lei foi iniciado em 2017 por um documento político da Instituição Nacional para a Transformação da Índia (NITI Aayog), um centro de estudos governamentais, intitulado “Duplicando os Rendimentos dos Agricultores: Fundamentação, Estratégia, Perspectivas e Plano de Ação”.
Esquemas de desenvolvimento
Esta semana, o ministro Singh disse em uma reunião do comitê consultivo do ministério da agricultura que o governo estava "se esforçando para fortalecer a infraestrutura para a produção de leite de qualidade, aquisição, processamento e comercialização de leite e produtos lácteos". "Tenho feito isso por meio de uma série de esquemas de desenvolvimento de lácteos, incluindo o Programa Nacional de Desenvolvimento de Lácteos (NPDD), Plano Nacional de Fase I (NDPPI) e Programa de Desenvolvimento de Empreendimento Leiteiro (DEDS)", contou.
Além disso, um Fundo de Desenvolvimento de Processamento e Infraestrutura de Lácteos (DPIDF) foi estabelecido com investimento inicial de 80 bilhões de rúpias (US$ 1,13 bilhão) para equipar os produtores de leite com tecnologia de refrigeração e equipamentos de teste de leite, além de expandir as instalações de fabricação de produtos lácteos nas aldeias. Singh também anunciou que 22 sub-projetos leiteiros ganharam aprovação nos estados de Punjab, Haryana, Gujarat, Karnataka e Maharashtra, na faixa de 31 bilhões de rúpias (US$ 437 milhões).
Alta taxa de crescimento necessária
Com uma meta de aumentar a produção de leite para mais de 250 milhões de toneladas nos próximos três anos, exigindo uma taxa de crescimento anual de 8,56%, o Ministério tem seu trabalho voltado para isso. O segmento produz atualmente 176 milhões de toneladas de leite e registrou um crescimento de apenas 6,62% no ano passado. Se as metas forem alcançadas, a Índia verá um aumento na disponibilidade de leite para 515 gramas diárias por pessoa até 2022 - do atual nível per capita de 375 gramas por dia - em uma tentativa de atender às necessidades nutricionais de uma população em crescimento. Outras metas leiteiras para o ministério incluem um aumento no setor organizado de produção de leite dos atuais 21% para 41% até março de 2022, enquanto a participação da cooperativa dobrou para 20%.
Parece que todos que todos estão de acordo com as novas políticas de desenvolvimento agrícola da Índia. Mas qual a probabilidade de eles tornarem os agricultores 'duas vezes mais ricos' em apenas três anos?
A NITI Aayog disse em seu relatório de 2017 que para a renda dos agricultores dobrar até 2022, o setor agrícola geral precisa crescer a uma taxa anual de 10,4%. Especialistas acreditam que a agropecuária não tem tido desempenho próximo disso, no entanto, alguns sugerem que a meta deve ser de mais de 13%, devido ao cálculo oficial que se baseia em números desatualizados. Além disso, muitos dos produtores rurais da Índia, de leite ou não, trabalham em propriedades pequenas ou marginais. Isso dificulta a obtenção de eficiências por meio de economias de escala, especialmente quando eles dependem de técnicas antigas.
Novos métodos
São necessários meios alternativos para impulsionar os produtores de leite, explicou RG Chandramogan, diretor-gerente da Hatsun, a maior empresa privada de laticínios da Índia. "Para dobrar a renda dos agricultores, o que precisamos é de uma nova estrutura baseada em inteligência de mercado para lidar com excedentes, além de um foco na redução dos custos de produção", escreveu ele em um editorial de jornal nesta semana.
Chandramogan citou estratégias que a Hatsun tem empreendido para aumentar a produtividade e a eficiência em fazendas no sul da Índia. Isso inclui a produção de híbridos de capim forrageiro bajra-napier em piquetes. Ao fornecer essas gramíneas ricas em proteínas e de alto rendimento a seus animais, os produtores podem “mais do que atingir” a meta diária recomendada de 750 gramas de insumos de proteína bruta diariamente, argumentou Chandramogan. “Para um produtor que mantivesse 30 vacas e cultivasse exclusivamente forragem bajra-napier em dois hectares, a economia anual de uma venda média de 250 litros por dia chegaria a 460.000 rúpias (US$ 6.495,36). Essas economias não seriam nada além de renda adicional”, disse ele, que ainda completou:
"Fomos os primeiros a ir além da compra direta de leite para fazer pagamentos diretamente nas contas bancárias dos fazendeiros - mesmo antes de a desmonetização acontecer. Quando os produtores têm dinheiro em suas contas, os banqueiros começam a vê-los como clientes com crédito. Agora eles podem pegar emprestado de 10 a 12%, contra 48 a 72% cobrados por agiotas".
Embora dobrar a renda dos agricultores seja um objetivo que favoreça, “a realidade hoje é que os agricultores estão sofrendo estresse, se não, o encolhimento em suas rendas. A demanda por renúncias a empréstimos e pressões políticas para implementá-las é apenas um reflexo dessa realidade subjacente em relação a metas bem-intencionadas”, acrescentou Chandramogan.
Com base nessas evidências, será preciso muito mais do que um bordão e algumas reuniões frenéticas de comitês para que o governo realmente duplique a renda dos agricultores. Deve também considerar novas maneiras de promover a eficiência e elevar o padrão das práticas de produção leiteira na Índia.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.