3D da pecuária leiteira em 2010: qualidade do leite

Referente à qualidade do leite, <b>2010 foi um de estruturação</b>. "Entre as melhorias que foram feitas, pode ser citada a implantação de boa estrutura laboratorial para análise de leite, em função de investimentos que foram feitos pelo governo federal e estaduais em todos os laboratórios". É essa a opinião de Marcos Veiga dos Santos, presidente do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL). Veja também qual, na opinião de Veiga, é o principal desafio para 2011.

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Em 11 de janeiro de 2010, o MilkPoint perguntou para seus leitores quais seriam os 3 desafios (3D) mais importantes para a pecuária leiteira em 2010, com o intuito de promover um debate entre os diversos elos da cadeia participantes do site e propor melhorias para o setor.

Quarenta e seis opiniões foram expressas na época por donos de laticínios, empresários do ramo, médicos veterinários, técnicos agrícolas, presidentes de associações, e, principalmente, produtores de leite das mais diversas regiões.

E os principais desafios apontados foram:

- Qualidade do leite
- Elevação do consumo e marketing
- Estabilidade de preços e preço ao produtor mais justo
- Redução dos custos de produção
- Maior organização e união da cadeia
- Controle da produção
- Cuidado com o meio ambiente

Passado aproximadamente 1 ano do questionamento inicial, é possível observar em quais pontos a cadeia evoluiu e quais pontos permanecerão como desafios em 2011.

Qualidade do leite

A melhoria da qualidade do leite foi o principal desafio apontado para 2010. Mais da metade de nossos leitores opinaram que deveria haver uma política mais agressiva nesse sentido. A adequação à IN-51 foi lembrada por boa parte deles, mas o assunto que prevaleceu foi, como exposto pelo gaúcho Alencar Julio Feldens, da BRF, "produção de leite com qualidade, para assim tornar nosso país um exportador de leite e entrar no novo mercado atraente".

A ideia de qualidade esteve atrelada a possibilidade de colocar nosso leite no mercado externo. O cenário de 2010, entretanto, para as exportações foi pior que 2009. Contudo, a qualidade do nosso produto teve pouca responsabilidade nisso, já que o recuo dos envios ao exterior se deu pela valorização do real frente ao dólar, desvalorização do dólar e crise em países desenvolvidos. Em decorrência desses fatores desfavoráveis, os níveis de preços ao produtor no mercado interno inviabilizaram as exportações.

Referente exclusivamente à qualidade do leite, 2010 foi um de estruturação. "Entre as melhorias que foram feitas, pode ser citada a implantação de boa estrutura laboratorial para análise de leite, em função de investimentos que foram feitos pelo governo federal e estaduais em todos os laboratórios". É essa a opinião de Marcos Veiga dos Santos, presidente do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL).

"Para 2011, acredito que o grande desafio para a melhoria da qualidade é a capacitação do produtor e funcionários e paralelamente implantar programas de pagamento por qualidade de forma ampla e disseminada (não adianta somente algumas empresas pagarem por qualidade). O grande desafio é ter organização suficiente entre produtores e as empresas compradoras para implantar programas de pagamento por qualidade e programas de capacitação", concluiu Veiga.

E pra você, quais os 3D (3 desafios) da pecuária leiteira em 2011? Clique aqui e responda.

Rodolfo Castro, Equipe MilkPoint
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Paulo Moreira - Núcleo Regional Norte da Embrapa Gado e Leite
PAULO MOREIRA - NÚCLEO REGIONAL NORTE DA EMBRAPA GADO E LEITE

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PESQUISA/ENSINO

EM 27/01/2011

Depois de tantas manifestações corretas, inteligentes e profundas fica difícil expressar mas, vou me arriscar numa análise genérica: i) penso que é necessário dizer "com todas as letras" para as donas de casa, nas escolas e para o consumidor urbano em geral que leite de caixinha não é sinônimo de leite de qualidade. ii) é imperioso despolitizar as vigilâncias sanitárias dos estados e iii) o MAPA precisa sair da toca e colocar mais a sua cara a tapa. Sem fiscalização rígida, já foi dito, não há regulamentação de qualidade de leite que dê conta.
Clemente da Silva
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 20/01/2011

Posso contar mil Histórias, não estórias de leite com, e sem qualidade, independentemente de quantidade produzida, ou tamanho de rebanho. Vou contar somente duas: 1) Logo que comecei a trabalhar em Goiás, o leite in natura ainda era avaliado por redutaze, pois não havia sido desenvolvido o sistema de CBT, UFC, (unidade formadora de colônia) ou, (contagem bacteriana total). Na redutase, entende-se por melhor, um leite que resiste um maior nº de horas para começar a deteriorar e formar colônias. Acostumado com o leite do Paraná, nas Colônias holandesas, cujo tempo medio era de 7 horas, quase fui tocado da sala do técnico da Parmalat no posto de recepção de Ipameri, GO, quando ele cheio de orgulho me dizia que estava com 1.5 horas media de redutase no leite do posto, após três anos de duro trabalho. Espantado, eu perguntei: oque é que vocês fazem com um leite tão ruim assim? O cara queria subir pelas paredes, de tanta raiva... você tem ideia de qual era o índice quando eu assumi o posto? Tá bom, Tá bom, desculpe. É que estou vindo de uma região bem diferente. Ele: A é? De onde você está vindo, dos EUA? Não, do PR., mas calma, eu não estou aqui para julgar seu trabalho; apenas gostaria de ajudar. Entramos em acordo e em pouco tempo o leite daquele posto já estava com três horas de redutase. logo em seguida entrou em operação o sistema de contagem bacteriana e nas regiões da Parmalat onde o pessoal era receptivo, nós deitávamos e rolávamos para melhorar a qualidade do leite goiano, e chegamos ao ponto de conseguir um índice de UFC na plataforma de Santa Helena de Goiás, Diga-se de passagem que o veterinário da política leitera na época era o meu amigão Rogerio Torres, hoje em Itaperuna RJ.. com um entusiasmo de menino de dezoito anos, chegamos a 80.000 UFC/ml e 260.000 CCS. Foi a partir daí, que a Parmalat lançou o leite UHT Prêmium e no geral, seus produtos ganharam muito mais fama, a nível de Brasil. Mas foi de Santa Helena de Goiás que a empresa deu o salto para a qualidade. Depois... bem aí a empresa degringolou, mas, é outra história. 2) A segunda ocorre no oeste de Minas, num tanque comunitário de uma das melhores e mais bem conceituadas cooperativas mineiras. o tanque com capacidade para três mil litros, recebia leite de aprox. 70 micro produtores cuja entrega do leite se dava uma vez ao dia, na parte da tarde. o volume variava entre 15 e 50 litros de leite por produtor. Não vou me estender nos procedimentos em relação ao estado do tanque e nem no que se refere ao sistema de limpeza dos latões após a entrega do leite. A CBT naquele tanque era muito acima de 3.000.000/ml. A CCS, muito acima de 1.500.000. Marcamos uma palestra com os produtores, onde tivemos que petrocinar comes e bebes, com muita cerveja, do contrário não iria ninguem.
Compareceram mais de cento e vinte pessoas. Concluindo, a contagem caiu em uma semana após as modificações para algo em torno de 1.000.000UFC e CCS quase nada, mas houve progresso. Insisto: é fácil mudar.
Roberto Trigo Pires de Mesquita
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 19/01/2011

Prezados amigos,

Falando de leite cru acho importante considerar tres momentos com diferentes agentes envolvidos com o resfriamento e estocagem do mesmo, até que ele seja beneficiado ou industrializado, antes de responsabilizar exclusivamente os produtores pela qualidade do produto que chega à palataforma das Usinas:

1. O leite estocado nos tanques de expansão das fazendas produtoras ou comunitários das associações de pequenos produtores, muitas vezes aguardando até dois ou tres dias para que sejam retirados pelos caminhões de coleta enviados pela Usina.

Com certeza, a qualidade do leite que saiu da ordenha é muito superior a do leite que entra no tanque de coleta, agravado no caso dos tanques comunitários que eliminam a identificação individual do produtor.

Só para ilustrar, quando produziamos derivados de leite aqui em Itupeva, a acidez do leite da ordenha da tarde mantido por 12 horas no tanque de expansão e aferida com o phmetro disponível na produtora de derivados oscilava de 6,0 a 6,5 para 4,8 a 5,2. Essa alteração de PH era suficiente para inibir a produção do queijo frescal com a mistura do leite das duas ordenhas que pela elevação da acidez ficava todo "furadinho" e, obviamente com a vida de prateleira completamente reduzida.

2. O leite cru coletado pelos caminhões transportadores, normalmente terceirizados, que jamais serão considerados responsáveis pela perda de qualidade da capacidade total do tanque de múltiplas coletas, seja por problemas da refrigeração até o destino, higienização precária do tanque e mangueiras de carga e descarga e, principalmente por falta de análises criteriosas das matérias primas coletadas.

3. O leite cru recebido nas plataformas das usinas, que muitas vezes vai ser armazenado em enormes tanques de resfriamento por muitas horas até que efetivamente sejam pasteurizados ou transformados em derivados, com os mesmos riscos de degradação da qualidade das fases anteriores, mais agora com responsabilidade de agentes diferentes, que a qualquer autuação por não atendimento das normas vigentes, simplesmente penalizam os produtores fornecedores que além da desclassificação aparecem como os vilões da má qualidade.

A prova da injusta generalização da responsabilidade dos produtores pela má qualidade do leite levado ao consumo é facilmente observada no acompanhamento das comercializações do leite A, que a mais de 50 anos no Brasil nunca foram denunciados pelo SIF ou Vigilância Sanitária por má qualidade, mau cheiro, etc.

Qual o diferencial dessas granjas leiteiras? Processamento logo após a ordenha e ausência de plataforma de recepção.

Abraços,

Roberto
Carlos Alberto T. Zamboni
CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

CAJURU - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/01/2011

Quando nos anos 90 o MAPA convidou os representantes das Empresas de Lacteos, da qual me incluou, a participarem das discussões para a efetivação no Brasil das normas que regulamentariam o aperfeiçoamento e a modernização da produção de leite e que receberam o nome e nº de IN51 e que vigorou a partir de Setembro/02, agora faço o mea-culpa pois deveriamos ter colocado em discussão e com maior enfase um artigo em que apos um determinado tempo (5anos talvez)TODAS as Empresa Lacteas seriam obrigatoriamente (assim como imposto em outros itens) introduzir a implantação de um programa de pagamento ao Produtor pela Qualidade do Leite recebido em suas plataformas. Não o fizemos.

Quem sabe se assim como a implantação do programas de BPF - PPHO - e outros, tenhamos em breve o POQLP - Pagamento Obrigatorio da Qualidade do Leite ao Produtor.

Sinceramente não garanto que seria a unica solução e que teriamos 100% de confiabilidade nos resultados, nos valores etc.,mas seria pelo menos uma maneira de se ter ao abrigo de uma Norma Federal, de um orgão Federal e de Empresas sérias (já temos algumas) de uma ferramenta para melhorarmos um pouco mais (já avançamos bem) a Qualidade do Leite no Brasil.

Tenho comigo um Ditado - É preferivel se fazer aproximadamente, o pouco, do que exatamente, nada.

Quem sabe?

Abs.

Zamboni
Ramon Benicio Lima da Silva
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 19/01/2011

Prezados amigos,

Desculpem o erro no portugues, "esclareço" é com S e não com X como foi escrito. A pressa em digitar.

E também não quis ofender nenhum amigo participante dos debates aqui do milkpoint. Mas como a maioria das vacas são de uma docilidade e também de uma grande passividade, traçei um paralelo entre a nossa passividade com o que tem acontecido mundo afora, em especial na China.

Se todos ficarem esperando que o nosso governo defina um projeto, assim como foi feito pelo governo chines, então melhor continuar a supervalorizar o Real e passamos a importar tudo que precisamos, vai dar muito menos trabalho.

Todos nós sabemos da afeição que existe entre a nossa direção política atual e governos, no mínimo esquisitos, com Irã, Coreia do Norte, Cuba, China, Venezuela e outros, achar que bloquearemos a entrada de produtos no nosso mercado interno é o mesmo que acreditar no Papai Noel. Vejam o que aconteceu com a indústria de tecidos, couros e brinquedos, só prá citar alguns.

Concordo plenamente com o amigo Clemente, a IN51 deveria ser muito mais exigente estabelecendo limites muito mais rigorosos. Aí sim! Teríamos leite de qualidade e não este líquido branco que chamamos de leite.

Da mesma forma não dá para continuar com esta lenga lenga do produtor familiar,
este produtor familiar está com seus dias contados, pois os grandes produtores externos em breve, se continuarmos nesta marcação de passo, engolirão a todos com uma política estratégica de preços, qualidade e quantidade. Qual o "deadline"? Entre 5 e 10 anos, não passa disso.

Um grande abraço a todos.
Ramon Benicio




Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/01/2011

Prezado Rodolfo: por certo, a culpa da baixa qualidade do leite é mais dos organismos governamentais do que do produtor. Se nos fosse destinada por eles uma política séria de apoio à produção, como a que existe de certos laticínios com relação a seus maiores fornecedores, que lhes destinam crédito para aquisição de matrizes, de maquinário, para a construção de benfeitorias, de avanço genético através de semem, tourinhos e, até mesmo, embriões, em troca de qualidade e volume, a exportação e o nível do produto nacional seria bem melhor. Portanto, não basta só o pecuarista de leite se tornar um profissional: o comparador de sua matéria prima e o Governo Federal também têm que evoluir em seu empreendimento e seu apoio, abrindo suas cabeças para novas realidades, que poderão ser o caminho para seus próprios desenvolvimentos. O primeiro passo "na estrada de mil léguas" já foi dado: resta apostar em que a trilhará até o ponto final.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro
RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

PIRACICABA - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 18/01/2011

Olá Guilherme, obrigado pelo comentário. Sua opinião complementa o posicionamento do Dr. Marcos Veiga em relação aos desafios para 2011, "capacitação do produtor e funcionários, e programas de pagamento por qualidade de forma ampla e disseminada". O produtor está disposto a melhorar a qualidade do seu leite caso receba por isso, foi o que mostrou uma pesquisa que realizamos em conjunto com a PricewaterhouseCoopers e um outro artigo que estamos produzindo (deve sair essa próxima sexta).

Caro Clemente, não há necessidade de desculpar-se, o artigo for escrito com a opinião dos leitores e do Marcos Veiga, eu só tive o trabalho de compilar os dados. Obrigado pelo seu comentário.
Marcelo Erthal Pires
MARCELO ERTHAL PIRES

BOM JARDIM - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/01/2011

Em resposta ao Ramon Benício,

a Índia tem 50.000.000 de produtores de cana, com pequenos talhões de cana-de-açúcar (de meio à um e meio hectare em média), mas avaliem a grandeza do número de produtores de cana de baixíssima tecnologia, mas já existem máquinas para o corte da cana in teira lá que nem sonhamos, e com um custo imensamente menor que as que produzem no Brasil, as máquinas chinesas são muito mais praticas que nossas imensas máquinas que só são viáveis se as linhas de cana tiverem mais de um Km....
E o Brasil perdendo tempo com votação de Código Florestal, único e exclusivo no mundo .mas na hora de ter superavit na balança comercial, para fechar as contas.......não lembram que este tem sido totalmente promovido no agronegôcio.......
Estamos formando uma ´Argentina´, muitos doutores e poucos pedreiros e lixeiros - olha a crise de mão-de-obra por que passa a Cadeia Produtiva do Leite -
sim todos tem direito a melhorar de vida e evoluir, mas se tem que criar eficiência no campo para alimentar os cidadões urbanos, que cada vez esta aumentando mais as cidades - uma verdadeira ´inchação´ das metropólis.
Não adianta fazer nada sem os números, sem escala, o pequenino produtor não tem condição de arrancar para o crescimento..... os próprios agentes financeiros não o amparam devidamente, pois o risco financeiro os deixam fora do crescimento....só nos resta o associativismo, como os americanos vem fazendo,
mas culturalmente, não somos muito de nos reunirmos para um bem comum, infelizmente, a grande maioria gosta muito de" ser estrelas", problema de nos latinos, não sei se tem cura.....mas temos que fazer um ´minha culpa´ para atingirmos um bem maior.
Reflitam, se queremos sair deste ´atoleiro´, ou se vamos continuar ´à somente para nossos nobres umbigos´ - temos que saber onde queremos chegar ?

um grande abraço
marcelo
Ramon Benicio Lima da Silva
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 18/01/2011

Prezados amigos,

Gostaria de iniciar meu comentário com a seguinte pergunta:

Será que nós é que não somos as verdadeiras vacas? Ou melhor, os verdadeiros tapados de toda esta estória da produção de leite no Brasil?

Exclareço!!!

Tenho acompanhado aqui no milkpoin dezenas de debates ao redor de raças, sistemas, IN51, MAPA e etc...etc... sem que se chegue a uma ideia (projeto) central, sei perfeitamente que não é fácil, mas é tempo precioso que temos perdido.

Alguns comentários dão conta do interesse dos chineses e Neozelandeses em terras no Brasil para rpoduzir não só leite como outros diversos produtos.

E hoje retornando do trabalho, estava ouvindo a CBN como sempre faço, e um comentário me chamou a atenção: Um especialista, não me recordo agora o nome, falava sobre a invasão dos chineses na Flórida para estudar a cultura da laranja, me chamou a atenção os números citados.

Até 2015 os chineses tem um projeto para ter 30 milhões de hectares plantados com laranja, isto é 10 vezes a área plantada na Florida com laranjas. E ainda tem mais, o projeto é para avançar de início em 50% do mercado mundial de suco de laranja. Questionado sobre a viabilidade do projeto pelo reporter, o especialista respondeu que é plenamente viável e lembrou de uma outra cultura, a de maçã que até cinco anos atrás era praticamente inexistente na China e hoje eles dominam 75% do mercado mundial do suco de maçã.

Falta-lhes capital? NÃO
Falta-lhes mão de obra? NÃO
Falta-lhes direção política? NÃO
Falta-lhes disciplina e organização? NÃO
Falta-lhes terra? Não
Falta-lhes água? Sim

Aí sentei em frente ao PC e abri a apresentação sobre a produção de leite na Arábia Saudita. E confesso fiquei impressionado com os números (quem não viu esta apresentação trate de ver). E aí a questão da água fica resolvida.

Pois se os arabes resolveram o problema de água naquele deserto, para os chineses será moleza resolver o problema de água na China.

Recordei um post do Roberto Jank sobre as mega fazendas de leite nos EUA, será que, além de resolver um problema financeiro, já não é também um preparativo para enfrentar um mercado que será sem dúvida altamente competitivo num futuro não muito distante. E amigos, não será somente no leite, será na laranja, na maçã, no limão, na uva, no abacaxi, etc... etc... E se bobear será também da jaca.

Será que os chineses já viram um carro movido a alcool? Se já viram devemos ficar com as barbas de molho, se daqui a alguns anos a China não vai se interessar pela cultura da cana. Ou será que já estão interessados?

A Fonterra, que não é tola, já procura parceiros na China para produzir leite. Melhor com eles (chineses) do que serem engolidos de uma só talagada.

E nós estamos aqui a discutir o sexo das bezerras!
Senhor tende piedade de nós! Nós não sabemos o que fazemos.

Ramon Benicio
josé osmar merlini
JOSÉ OSMAR MERLINI

LOURDES - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/01/2011

A inclusão digital deveria ser mais facilitada para o produtor rural que muitas vezes não tem acesso por caminhos via radio devido a morros, florestas etc. Gostaria que pensassem em um meio mais acessivel por sistema de satélite mas com condições ao nível do nosso bolso. Gostaria de poder obter essa confirmação através de algum orgão governamental ou não.
Fico no Aguardo.
Merlini
Darlani Porcaro
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/01/2011

O leite de qualidade requer manejo bem feito, mais maõ de obra, mais gastos no tirar o leite, e o que acontece na maioria dos laticinios , que eles só enxergam é a quantidade. Talvez seja dificil , pois no caminhão os leites se misturam juntando o leite bom e o ruim , e no final a quantidade é que impõe o melhor preço.
Clemente da Silva
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 15/01/2011

Estou devendo um duplo pedido de desculpas, pela desatenção que demonstrei ao responder ao texto principal e agora, por mencionar o nome de Dr, Marcos Veiga dos Santos, num texto que é de autoria de Rodolfo de Castro. Peço-lhes desculpas senhores, e em especial ao Rodolfo. É que quando se trata de Qualidade do Leite, eu estou tão acostumado a relacionar tudo com o Dr Marcos que não me ative ao nome do Rodolfo no rodapé dos trabalhos. Mais uma vez, me desculpem.
Todavia, isso não muda meu parecer em relação ao exposto e continuo indignado com a qualidade do leite brasileiro, a inércia do MAPA, e a conivência da industria com toda essa falta de respeito e consideração com o consumidor.
Insisto que o maior desafio é vencer a sujeira que está dentro do leite brasileiro.
Essa conversa fiada de que leite faz parte da renda familiar de pequenos produtores, não dá mais para ser engolida! Já cansei de falar que leite é o alimento mais sensível que existe e não tolera qualquer tipo de desleixo na produção. Como é então que podemos defender que leite pode ser produzido de qualquer maneira, e por pessoas que não têm qualificação nem para produzir ração para porcos? Isso, é fácil responder: No final da década de 1980, a qualidade do leite em saquinho andava tão ruim, que não aguentava chegar na casa do consumidor para que a dona de casa o fervesse, sem azedar. A incompetência do governo, como sempre, em criar normas e aparelhar o órgão responsável, na época apenas M.A. (Ministério de Agricultura), encontrou a alternativa "correta" nas caixinhas da Tetra Pack, recem chegada ao Brasil e com ela a Parmalat, que despejou milhões em companhas políticas e outras falcatruas, como compra e fechamento de grande quantidade de pequenas industrias do setor, para monopolizar a coisa e lançar no Brasil, o milagre do "leite de longa vida". Para as donas de casa, foi a criação do século, já que a novidade dispensa o armazenamento em geladeira e as frequentes idas à padaria ou a quitanda, mercadinho etc, para comprar o leite fresco de saquinho. Oque poucas donas de casa até hoje sabem, é que aquele evento foi a melhor maneira que o governo da época achou para esconder a sujeira no leite, que até hoje persiste e creio eu que em escala maior, já que com isso, toda a cadeia da podridão e da sujeira, aufere grandes ganhos. Enfatizando: Não dá mais para coviver com esse papo de renda familiar de pequeno produtor, desprezando a qualidade.
Clemente.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/01/2011

Prezado Rodolfo: Mais uma vez a qualidade do leite! Todos nós sabíamos que a Instrução Normativa 51 somente seria eficiente se - e , somente se - a fiscalização fosse igualmente séria e generalizada. Mas, infelizmente, não o é. Anos após sua implantação, o latão de leite ainda persiste, o leite de qualidade ruim ainda vai aos tanques dos laticínios, os programas de pagamento por qualidade, restritos às poucas indústrias sérias. O que melhorou foi muito pouco e a melhoria, pasme, deve-se a uma gama ínfima de produtores que, conscientizando-se, por conta própria, da necessidade de trazer ao mercado um melhor produto, adquiriam ordenhadeiras mecâncias, passaram a fomentar técnicas de pré e pós "dip", trataram a mastite em suas formas subclínica e clínica, vacinaram seus animais contra as principais doenças, alimentaram melhor seu rebanho, passaram a cuidar, ainda que razoavelmente, de suas bezerras, enfim, avançaram. Mas, em contrapartida, "o leite fedorento", citado pelo colega Clemente da Silva, que participa deste comentário, continua a ser captado, tirado ao relento, no barro, debaixo de chuva e de vacas com tetas sujas, em baldes igualmente pouco higienizados, transportado em latões enferrujados, mal lavados e coalhados de bactérias. O que vale, ainda, é a quantidade, como eu já previa de há muito: ninguém despreza um produtor de mil litros/dia, ainda que seu produto seja sofrível. Mas, quem sabe um dia, os que privilegiam a qualidade do produto possam ser a regra e, não, como acontece hoje, a exceção. Somente após este evento é que poderemos pensar em ser "exportadores".
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Nei Antonio Kukla
NEI ANTONIO KUKLA

UNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/01/2011

Como diz o nosso colega Walter da Emater Pr, as coletas são feitas pelas empresas apenas para penalizar o produtor.
Me recordo quando ainda criança em que meu pai trabalhava na Cooperativa de Laticínios Curitiba - Ltda. aqui em União da Vitória, sul do Paraná e que os cooperados eram remunerados pela qualidade do leite. Me criei no meio das vacas e via, qdo. do recebimento do extrato de pgto. do leite, o sorriso e a motivação de minha avó, dona Verônica, que, ao ver os bons índices apresentados na propriedade, a motivação de no próximo mês melhorar mais ainda.
Hoje o país conta com a In-51, temos Câmara Setorial da Cadeia Produtiva e outros mecanismos que amparam e orientam o setor. Será que não teraia como pressionar, criar legislação (se não tem) para o pgto. por qualidade? Seríamos muito mais competitivos no mercado oferecendo um produto de qualidade.
Há quem diga que muitos produtores não teriam condições de atender os requisitos para produzir com qualidade, do qual discordo totalmente, pois não é com instalações de luxo como muitos pensam que o leite vai ter a qualidade desejada.
Questões técnicas das quais os extensionistas conhecem muito bem, quando aplicadas nas propriedades melhoram muito ou evitam a perca da qualidade do leite após ordenhada a vaca e, um bônus pelo melhor leite estimularia muito os produtores.
Clemente da Silva
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 12/01/2011

Éh, Dr. Marcos, vi os comentários sobre os 3Ds para 2010 e me manifestei somente hoje. Apesar de que há várias opiniões bastante coerentes e interessantes, ninguém mesmo, coloca o dedo na ferida. Você vem chamando a atenção há anos, sobre a necessidade de se melhorar a qualidade do leite brasileiro, não apenas no sentido de qualidade em si, mas, num aspecto muito mais amplo, visando a lucratividade e a permanência do produtor na atividade. Já cansei de ver você e o Laranja falarem da importância de se criar bem uma bezerra e também, já vi muitos perguntarem, oquê tem a ver criar bem bezerras, com qualidade de leite? Outro dia, vi um comentário do Dr Vidal sobre porquê, o leite brasileiro tem cheiro ruím.`´E lógico que ele está coberto de razões ao dizer que é por causa do alto índice de CCS. Agora, porquê o MAPA através da IN51 não define um valor infinitamente inferior ao permitido hoje, chamando de vez, o produtor e a industria brasileiros às responsabilidades, estabelecendo padrões internacionais de uma vez por todas? Com esse negócio de regionalizar a qualidade e não obrigar as industrias a pagar um valor significativo, algo em torno de 30% pela qualidade, a coisa vai continuar sendo empurrada com a barriga, já que é de interesse da industria, do mau produtor e também, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, uma vez que como a água "potável" em todas as cidades brasileiras, tem qualidade muito duvidosa, o leite de má qualidade, passa pelo famigerado processo de esterilização total, depois de estabilizado e purificado com soda e peróxido de hidrogênio, é escondido dentro das caixinhas de longa vida, que obviamente, apenas conservam o conteúdo alí, colocado.
Vou dar um Exemplo: para mim, produto com qualidade não custa: Vale. Portanto, um leite com qualidade, vale... digamos, R$2,50 por litro, enquanto que um leite sem qualidade, fedorento e esterelizado ainda por cima, não vale a caixinha, ou seja, algo em torno de R$0,40. Por um leite com qualidade internacional, o produtor deveria estar recebendo algo como R$1,10 por litro, já que nosso dinheiro está tão valorizado, como dizem. rsrsrsrsr.
O mais engraçado disso tudo, é que ficamos querendo brincar de exportador, competindo com produtos de alta qualidade desde aqui debaixo de nossos narízes como a Argentina e Uruguay, sem falar de todos os europeus que estão jogando leite pelos ladrões de seus reservatórios, Nova Zelândia, EUA e Canadá! Dá Pra Encarar? Ainda por cima com dollar em baixa perante o nosso "glorioso R$ REAL"?
Abraços,
Clemente.
Walter Jark Flho
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/01/2011

Aqui no Paraná a APCBRH (Assoc. Paran. Criadores Bovinos Raça Hol. ) há muitos anos tem labotatório para análise de leite . O objetivo principal destas análises é permitir melhor gerenciamento porque os resultados permitem avaliar aspectos nutricionais , sanitários e produtivos do rebanho. No final do ano passado , depois de instalar sala de ordenha decente na minha propriedade , comecei a coleta de amostras dos animais em ordenha. Na primeiro contato com veterinário da Associação que orientou a metodologia da amostragem, fiquei surpreso com a seguinte informação: No Paraná ,apenas 270 (número aproximado ) produtores se utilizavam do serviço para um melhor gerenciamento do rebanho. Achei muito pouco, porque temos algumas regiões (Castro por ex. ) que são consideradas de exelência . A Confepar começou um programa de pagamento por qualidade mas já o abandonou . Hoje prevalece a quantidade. Portanto, pelo menos aqui no norte do Paraná onde estou, não é a existência (ou falta ) de laboratòrios que vai melhorar a qualidade do leite . Cabe uma observação: As grandes empresas coletam amostras de leite . Entretanto, o resultado sòmente é usado para penalisar o produtor. Alem disso, os parâmetros de qualidade são mais rigidos que dos EUA ou Europa.
Walter


<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Walter Jark Flho,

Minha opinião não é de que a existência de laboratórios de análises de leite vai melhorar ou piorar a qualidade. No entanto, trata-se de uma ferramenta indispensável a qualquer trabalho para a melhoria de qualidade, pois se não temos como avaliar a qualidade por meio de testes objetivos e com resultados que possam ser comparados, não é possível a implantação de sistemas de pagamento e monitoramento da qualidade. Sendo assim, entendo que a existência de laboratórios é uma condição prévia necessária para a melhoria da qualidade do leite.

Por outro lado, mesmo com a existência de laboratórios, sem o uso efetivo das análises para tomada de decisões por parte do produtor e da indústria, e sem a valorização da qualidade em termos de preço, a qualidade média do leite vai continuar do jeito que está.


Atenciosamente, Marcos Veiga
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