3D da pecuária leiteira em 2010: consumo e marketing

Esses dois desafios apareceram lado a lado na opinião de nossos leitores, quando questionados sobre os 3 desafios (<b>3D</b>) mais importantes para a pecuária de leite em 2010. Confira em quais pontos a cadeia evoluiu em relação à "Elevação do consumo e Marketing" e quais pontos permanecerão como desafios em 2011.

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O MilkPoint está realizando uma série de artigos baseados nas respostas dos 3 desafios (3D) mais importantes para a pecuária de leite em 2010, publicada no dia 11 de janeiro do ano anterior.

Nosso intuito é promover um debate entre os diversos elos da cadeia participantes do site e propor melhorias para o setor sobre os temas mais citados nas 46 cartas que responderam o questionamento.

Os principais desafios apontados na época foram:

- Qualidade do leite
- Elevação do consumo e Marketing
- Preço ao produtor mais justo
- Redução dos custos de produção
- Maior organização e união da cadeia
- Controle da produção
- Cuidado com o meio ambiente

Passado aproximadamente 1 ano do questionamento inicial, é possível observar em quais pontos a cadeia evoluiu e quais pontos permanecerão como desafios em 2011. Nesse artigo trataremos exclusivamente do tema abaixo, mas iremos cobrir todos os 7 temas (o de qualidade do leite pode ser conferido clicando no link acima):

Elevação do consumo e Marketing

Esses dois desafios apareceram lado a lado na opinião de nossos leitores e podem ser resumidos por dois participantes. Para Maria Lucia Andrade Garcia, diretora da Cayuaba Genética e Pecuária de Minas Gerais, deveríamos "reforçar a propaganda de consumo de lácteos, já em parte patrocinada pela indústria, com a publicidade de organizações ligadas aos produtores e ao governo, visando à saúde na infância, no trabalho, no esporte e na velhice".

José Humberto Alves dos Santos, produtor de leite da fazenda Fidenza em São Paulo, coloca um outro lado da questão: "apoio do setor leiteiro a todas as atitudes governamentais que façam com que o poder de compra, das classes mais carentes, continue a ser valorizado, de maneira que o consumo interno seja o grande fator de crescimento da produção de leite no Brasil".

De fato, o consumo interno tem crescido em função do aumento da renda. Segundo estimativas do MilkPoint Market Analysis, houve um crescimento em 2010 no consumo de lácteos próximo de 4% frente 2009, passando de 154,5kg para 159,3kg por habitante/ano. Apesar dos dados de produção total em 2010 ainda não terem sido divulgados, a variação do crescimento é a mesmo estimado pela CNA e Embrapa Gado de Leite, segundo Rodrigo Sant'Anna Alvim presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA.

A demanda interna foi mesmo "o grande fator de crescimento da produção". A estimativa do Banco Central é de que o PIB em 2010 tenha crescido 7,61%, com isso houve elevação de renda da população, aumento da disponibilidade de crédito e do número de empregos. Em outras palavras, elevação do consumo.

Rodrigo Alvim complementa esses dados: "Temos informações da Nielsen que o consumo de leite longa vida de janeiro a outubro de 2010 apresentou um crescimento de 9% sobre o mesmo período em 2009. Para o queijo e outros derivados, a alta foi de 16%".

"O consumo interno amenizou a crise das importações, em razão do real valorizado, e segurou nosso aumento de produção. Para 2011, com a manutenção dos programas do governo e elevação da renda do brasileiro, a demanda deve continuar em uma crescente. Será novamente nosso motor de crescimento. Em se tratando do mercado mundial, acredito que o consumo deva retornar aos níveis pré-crise, o que deve garantir a manutenção ou até melhora dos preços internacionais", finalizou Alvim.

Em se tratando de marketing, tivemos uma boa surpresa no ano que passou: a repercussão do artigo "Mitos e Verdades sobre o Leite" da Dra. Licínia de Campos, nutricionista da Láctea Brasil.

O artigo, escrito em razão do 11º Congresso Pan-Americano do Leite (março/2010), trouxe a luz um debate sobre os benefícios e mitos quando o assunto é o consumo de leite. A repercussão foi tamanha que garantiu a nutricionista uma participação de quase 10 minutos no programa "Bom dia Brasil", jornal matinal da Rede Globo (clique aqui para ver a matéria exibida em setembro/2010).

Na opinião de Alvim, "pode parecer pouco, mas tratou-se de uma iniciativa gratuita, em uma mídia espontânea e de grande alcance". Para muitos dos leitores, e são inúmeros os comentários nesse sentido, o que falta é organização e apoio por parte do setor a entidades que tenham a possibilidade de atuar nessa frente de elevação do consumo.

Você compartilha dessa opinião? Quais as perspectivas para o consumo e marketing em 2011?
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Material escrito por:

Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro

Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"-USP, e Analista de Mercado do MilkPoint.

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Paulo Moreira - Núcleo Regional Norte da Embrapa Gado e Leite
PAULO MOREIRA - NÚCLEO REGIONAL NORTE DA EMBRAPA GADO E LEITE

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PESQUISA/ENSINO

EM 27/01/2011

Acho as opiniões da Maria Lúcia e José Humberto pertinentes. Acrescento que é necessário esclarecer a opinião pública que o leite de caixinha não é sinônimo de leite de qualidade. Isto, por pressão da demanda, certamente promoverá maior oferta do "barriga mole" que terá seu consumo aumentado tanto pelo esclarecimento para quem tem poder aquisitivo quanto pelos menos favorecidos que terão um produto mais barato. Estou falando de duas regiões brasileiras com mais de 67 milhões de consumidores (NO e NE) onde mais de 90% do leite ofertado é UHT.

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