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10 Perguntas para Nina Von Keyserlingk - Conforto e bem-estar de vacas no período de transição

NOTÍCIAS MILKPOINT VENTURES

EM 16/03/2015

5 MIN DE LEITURA

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O período de transição é a fase mais estressante da vida produtiva de uma vaca leiteira. Erros de manejo, nessa fase, além de comprometerem a produção de leite, contribuem para piorar os índices reprodutivos e aumentar a taxa e descarte no início da lactação.

A professora Marina Von Keyserlingk, da University of Bristish Columbia (UBC), no Canadá, é uma das maiores autoridades mundiais em comportamento e bem-estar de vacas em período de transição. Ela é a líder do Animal Welfare Program, que tem como objetivo principal o desenvolvimento e a validação de estratégias de manejo que proporcionem aumento do bem-estar animal e, consequentemente, dos índices produtivos. Confira abaixo 10 perguntas feitas a ela sobre o tema.


1) Qual é a principal mudança observada no comportamento alimentar das vacas no período de transição?

Observamos que o tempo gasto com a alimentação varia no pré-parto, mas a média é de 86,8±2,95 min/dia. Após o parto, esse tempo cai para 61,7±2,95 min/dia, o que pode ser explicado pelo aumento da densidade energética das dietas no pós-parto. Esse tempo gasto com a alimentação aumenta gradativamente após o parto, a uma taxa de 3,3 minutos por dia, provavelmente, refletindo o rápido aumento no consumo de matéria seca que ocorre durante esse período para dar suporte à maior produção de leite.

2) Existe uma relação entre o comportamento alimentar e a saúde das vacas leiteiras no período de transição?

Um estudo mostra evidências claras de que o menor tempo de alimentação e consumo de matéria seca no pré-parto aumenta o risco de ocorrência de metrite no pós-parto. Também é provável que o comportamento social seja influenciado pelos alterações que ocorrem no período de transição. Vacas que desenvolveram metrite no pós-parto também se envolveram em menos interações agressivas no cocho de alimentação durante a semana anterior ao parto e evitaram competir por alimento.

3) O comportamento das vacas em transição pode ajudar a diagnosticar doenças metabólicas?

Há evidências de que um conhecimento detalhado do comportamento dos animais no período de transição pode ajudar a identificar o risco de metrite e cetose subclínica. Essas informações podem também orientar as práticas de manejo para ajudar a detectar doenças precocemente e auxiliar a prevenção. Os comportamentos que devemos ficar atentos são a redução no consumo de alimentos e o aumento no tempo que a vaca fica em pé.

4) Mudanças fisiológicas e comportamentais durante o período de transição podem aumentar o risco de manqueira?

Sim. O risco de claudicação existe e ocorre mais tarde na lactação. Muitos casos severos de manqueira são causados por lesões no casco (isto é, úlceras na sola e lesões na linha branca), que levam de 8 a 12 semanas para se desenvolver. Assim, a úlcera de sola, que é diagnosticada 12 semanas após o parto, provavelmente, começa a se desenvolver ou é desencadeada durante o período de transição.

5) Quais mudanças ocorrem no comportamento social das vacas no período de transição?

Várias mudanças ocorrem. Vacas socialmente subordinadas podem ser incapazes de se adaptar a reestruturações sociais e, consequentemente, reduzir o tempo de alimentação e consumo de matéria seca, evitando confrontos sociais. Esse comportamento pode causar deficiências nutricionais, afetando o sistema imunológico e aumentando a susceptibilidade a doenças.

6) Por que as vacas em pré-parto ficam mais tempo em pé?

Vacas saudáveis ficam em pé, em média, de 12,3 a 13,4 h/dia durante o período de pré e pós-parto, o que não é muito diferente em outros estágios da lactação. Observa-se um grande aumento no tempo que os animais ficam em pé dois dias antes do parto. Provavelmente, isto ocorre devido ao desconforto associado com o parto, e sugere que deve-se dar uma atenção especial ao conforto das vacas na baia maternidade.

7) E como deve ser a baia maternidade?

Algumas vacas buscam isolamento na hora do parto. Este hábito é muito parecido com o dos animais que são criados em ambientes mais naturais. Incorporar a oportunidade de isolamento ao projeto da baia maternidade pode, dessa forma, ser uma alternativa melhor do que instalar vacas em baias individuais, em áreas de grande tráfego ou currais coletivos, com pouca oportunidade para isolamento.

8) Em muitas fazendas leiteiras, as vacas em trabalho de parto são transferidas para uma baia maternidade individual. Mover vacas em diferentes estágios do parto afeta ou prolonga o trabalho normal de parto?

Não há diferenças entre mover as vacas antes do parto e durante o primeiro estágio do trabalho de parto. No entanto, as vacas que são movidas no estágio I do trabalho de parto podem apresentar um estágio II mais longo (90 min) e gastar menos tempo deitadas antes de o bezerro nascer (30 min). Esses resultados sugerem que mover as vacas de um grupo a uma baia individual durante a parte final do estágio I do trabalho de parto pode perturbar o comportamento normal e prolongar o parto. Dessa forma, há um risco considerável associado com a prática de esperar pelos sinais iminentes do parto antes de movê-las à baia individual.

9) Quais as principais práticas de manejo recomendadas para aumentar o bem-estar de vacas em transição?

O excesso de animais no cocho, por exemplo, aumenta o tempo que a vaca fica em pé, esperando para ter acesso ao alimento, reduz o tempo que ela gasta se alimentando e diminui o consumo. As vacas precisam ter espaços generosos de cocho para se alimentarem.

A estratégia de agrupamento também pode influenciar o comportamento alimentar. O reagrupamento ou a mistura de vacas em novos grupos sociais pode reduzir a ingestão de alimentos, bem como o número de interações. Para estimular o consumo pode-se distribuir, frequentemente, alimentos frescos. Vacas que se alimentam quatro vezes por dia gastam cerca de 30 minutos a mais comendo do que as que se alimentam uma vez por dia. Assim, fornecer a dieta mais vezes ao dia ou mesmo empurra-la para perto das vacas é uma ferramenta de manejo capaz de aumentar o consumo.

10) Deixe uma mensagem para nossos leitores sobre a importância do conforto e bem-estar no período de transição.

Vacas em transição precisam de descanso adequado, consumo apropriado de nutrientes e um ambiente social relativamente estável para se manterem saudáveis. Alguns fatores de risco para doenças infecciosas e metabólicas, bem como manqueiras, nos primeiros meses após o parto estão relacionados às instalações e ao manejo. As vacas leiteiras em período de transição precisam de um ambiente adequado que facilite o consumo de alimentos, reduza a competição pelos mesmos e que permita o reagrupamento social. Esses animais também precisam de camas limpas e secas e espaços irrestritos para ficarem em pé ou repousarem. Também é recomendado fornecer uma baia maternidade que seja seca, confortável e onde a vaca tenha a oportunidade de buscar isolamento de suas companheiras de rebanho.


Você que assistir a uma palestra de Marina Von Keyserlingk? Então, participe do V Simpósio Internacional Leite Integral, que acontecerá nos dias 8 e 9 de abril, em Curitiba/PR. Ela será uma das palestrantes do evento, abordando o tema “Como aumentar o conforto e bem-estar de vacas em período de transição”.

Para conhecer a programação e saber mais sobre o Simpósio acesse www.simposioleiteintegral.com.br.



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LEOCIR ALBAN

TUNÁPOLIS - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/03/2015

Muito boa matéria. O conforto animal deve ser cada vez mais debatido principalmente em regiões onde predomina a produção de leite a pasto com complemento no cocho, situações em que muitas vezes os animais estão expostos ao sol e com poucas áreas de sombra. Prevenir doenças e distúrbios metabólicos começa pelo conforto animal.
LUIS CARLOS BITTENCOURT

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/03/2015

Excelente materia.

Isso mostra o nivel do congresso. Pena que estarei fora e não poderei participar.Mas gostaria muito de ter acesso ao material, alguem poderia me dizer como? vai haver um material de cada palestra?

abs  
BRUNO DAYRELL

EM 16/03/2015

Boa matéria...De Fácil entendimento e esclarecedora sobre a importância do período de transição. Os desafios são grandes, porém alguns detalhes podem realmente fazer muita diferença.

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