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Você sabia que o leite vem da vaca? A nova geração, não!

POR HAYLA FERNANDES

VACA FELIZ

EM 18/10/2022

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 14/10/2022

O consumo de lácteos abriga um grande conflito de gerações que precisamos entender.

Não foi apenas a música sertaneja que mudou! Muitas coisas mudaram e com o leite não foi diferente, e precisamos entender esse fenômeno. É curioso pensar que em 2022 o brasileiro médio sabe muito pouco sobre o leite que consome. Muitos não fazem ideia de que é produzido por um animal.

Parece estranho para quem está inserido na indústria láctea, mas essa relação entre o leite e a vaca não é tão óbvia quando olhamos para esses gráficos abaixo e pensamos em alguns pontos.

Gráfico 1- Evolução da população rural e urbana no Brasil.

Evolução da população rural e urbana no Brasil.
Fonte: Banco Mundial - elaborado pelo MilkPoint Mercado.

O primeiro é que, se você leitor, nasceu nos anos 70 suas férias muito provavelmente eram na fazenda ou você tinha alguém da família que morava em uma, já que quase 50% da população brasileira vivia no campo ainda. Ou seja, produção animal e vegetal faziam parte da rotina e influenciando a cultura daquela época e que hoje, com razão, deve ocupar um lugar de muita nostalgia na sua mente.

Ver animais nascendo, parindo, morrendo ou mesmo saber que tudo sobre a mesa veio de uma fazenda era algo completamente normal e lógico. Porém, se você nasceu nos anos 80-90 essa presença do campo na vida das famílias já era menor e a partir de 2000 essa ligação se torna cada vez mais fragilizada.

Segundo, olhe para o gráfico 2 e vamos pensar. Essa geração anos 70 está hoje com seus 50 anos e representa muito pouco do total, não chegando a 20% da população. Em contrapartida, temos quase 50% da população com menos de 30 anos que não viveu nem teve uma ligação com o campo tão profunda. O que isso nos diz? Que metade do nosso mercado está totalmente exposto ao que a mídia conta sobre o agro.

É a geração que conta com pais e avós, mas também com a opinião dos tiktokers e youtubers como influenciadores de suas opiniões.

Gráfico 2- IBGE, Pesquisa Nacional por amostra de domicílios continua (PNAD Continua) 2016.

IBGE, Pesquisa Nacional por amostra de domicílios continua (PNAD Continua) 2016.
 

Alguns dados que valeriam uma próxima publicação: O brasileiro gasta em média 4 horas por dia em redes sociais e 92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usam o celular para acessar a internet com frequência.

Visto isso, não adianta reagirmos com um saudosismo cheio de lamentos, mas cabe a nós repensarmos como estamos levando nossa história à uma geração que mal sabe que vacas existem. Que, acredite, sequer viram uma vaca ao vivo.

O mercado do leite de maneira geral (obviamente não são todos) se vê parado no tempo, mantendo o mesmo diálogo com o púbico há décadas, ignorando o abismo cultural entre gerações. Quando falamos de comportamento do consumidor precisamos assumir que a cultura e contexto socioeconômico são peças cruciais para entender as escolhas na gôndola.

Então como entramos nessas cabecinhas cheias de novas ideias? Como fazer isso na prática? Como mostramos que fazemos parte de uma indústria que preza por conforto animal? Entramos pelas portas de entrada: olhos e ouvidos!

Tudo que o consumidor vê e ouve é oportunidade para conquistarmos nosso espaço. Desde a caixinha, rótulos, redes sociais, propagandas, uso de influencers, absolutamente todos os pontos de contato são oportunidades de trabalhar algo muito negligenciado por nossa indústria: a educação do consumidor.

Outros segmentos são mestres nisso, ensinando e apoiando o cliente em como usar o produto ou em trazer informações relevantes para quem consome de forma leve e interessante. Se seu laticínio tem poucos pontos de contato considere criar mais.

Nós na maioria das vezes achamos que o pai de família (pense que esse individuo pode ter nascido em 1998, ter 24 anos e 2 filhos!) vai comprar leite considerando os aminoácidos essenciais para o crescimento saudável de seus dois filhos, proteína de alto valor e que não precisa ter nenhum ressentimento já que as vacas são muitíssimo bem tratadas, felizes, saudáveis e que o leite não vem nem com formol ou antibióticos. Não! Ele não sabe de absolutamente nada disso e ele apenas troca o leite por qualquer outro produto pensando que está fazendo o melhor baseado na pouca informação que tem.

Daí você pensa “Ah, mas esse público que se preocupa com bem-estar animal ou nutrientes é muito elitizado e, portanto, trata-se de um nicho de mercado”. Cuidado com essa segmentação, porque o consumidor médio talvez não seja tão guiado por valores assim na compra, mas se em um programa de TV de massa diz que leite é apenas para bezerro e que ninguém precisa de leite, talvez ele não lembre bem dos argumentos do programa da Tv, talvez ele nunca levante uma bandeira ativista, mas vai chegar à prateleira no mercado e ao invés de uma caixa fechada de leite ele pode levar apenas 3 caixinhas e complementar com outras bebidas que no entendimento que leite não é tão indispensável assim.

A meu ver a presença dos “leites” vegetais não deve ser uma preocupação com o nicho que o consome, mas uma sinalização fortíssima que o consumidor pode ser facilmente ludibriado porque não sabe absolutamente nada sobre o produto referência (leite) e, portanto quando um concorrente aparece oferecendo absolutamente nada de proteína, gordura, aminoácidos ou sabor, ele simplesmente aceita e as vezes não experimenta porque é caro, mas muda de bebida com muito mais facilidade.

Ou seja, isso nos sinaliza que nosso consumidor está completamente vulnerável por sua falta de informação, já que nós como indústria, assumimos que nosso consumidor sabe que o leite vem da vaca.

Concluindo, gostaria de deixar a reflexão de que apesar de sermos detentores de um produto tão tradicional e nobre muitas vezes nos acomodamos e não nos reinventamos conforme a sociedade evolui.

Temos um grande legado que nos trouxe até aqui, mas precisamos nos modernizar como cadeia e nos adequarmos às novas formas de conversar ocupando o lugar de produto referência e de alto valor agregado e não de comodity.

Fico por aqui na esperança de que essa reflexão seja profunda e produtiva! Deixe aqui nos comentários se faz sentido e envie aos amigos!
Forte abraço!

HAYLA FERNANDES

Descrição: Médica veterinária pela UFG, mestre em sustentabilidade e pecuária e consultora técnica. Proprietária do perfil @vaca_feliz_oficial no Instagram. Contato: (62) 99949-5588.

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FERNANDO BACK

FORQUILHINHA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/10/2022

Boa tarde. Cabe a nós todos fazermos reflexão sobre os rumos da cadeia produtiva do leite.O primeiro gráfico deixa claro onde há concentração da população e é lá que as mídias vão pousar seus investimentos pois é lá que nossos lacticínios estão sendo vendidos. Hábito de consumo é uma construção de longo prazo, com investimento alto e que envolve desde as mídias convencionais até educação na família e escola. O mundo urbano está esquecendo de onde provém o seu dia a dia na mesa. EDUCAÇÃO !
HAYLA FERNANDES

GOIÂNIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 25/10/2022

Concordo, hábitos de consumo (bons e maus) são lentamente construídos.
Educação parte muito das industrias.
Foi ela que nos ensinou que devemos beber 2 litros de agua por exemplo.
Forte abraço
FISCHER

FRAIBURGO - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 24/10/2022

Sr Claudio Nery Martins. Bom dia
Sua avaliação é pontual, precisa e oportuna. Reforça a necessidade dos componentes (elos) da cadeia produtiva do leite se posicionarem e alocarem esforços para a organização em busca de esclarecimento à sociedade, especialmente às gerações jovens. Além disso, esforços nesse sentido se fazem necessários nas demais cadeias produtoras de alimentos, para que se leve ao conhecimento da sociedade, que antes de processar e colocar rótulos e/ou marcas nos alimentos, as fontes dos mesmos está no campo.
CLAUDIO NERY MARTINS

ACEGUÁ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2022

Muito bom o artigo da Dr. Hayla. Vejo nos comentários dos veículos de imprensa, muito frequentemente, o leite ser citado apenas como o "vilão" da inflação. Nota-se, no entanto, que a Coca-Cola 2 litros ou a caixinha de cerveja fazem parte dos carrinhos de supermercado de pessoas de baixo poder aquisitivo. E qualquer desses dois produtos são muito mais caros que o leite e não tem a mínima importância na alimentação da família. Seus custos de produção são bem menores que o do leite e não geram benefícios sociais importantes. O trabalho e dificuldades da produção leiteira deveriam, sim, serem mais conhecidos pela população para entenderem a sua importância na alimentação. Os humanos são mamíferos e como tal, não se sustenta a tese de que a ingestão láctea pode ser prejudicial. Muito nos preocupa a diminuição das famílias envolvidas na atividade, face a baixa remuneração do produto. As importações estão estimuladas e isso acabará sendo um tiro no pé quando o cambio nos judiar.
Claudio Nery Martins
Presidente da Associação dos Produtores de Gado Jersey do RGS
HAYLA FERNANDES

GOIÂNIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 25/10/2022

Ola Claudio,
Particularmente eu vejo isso de forma positiva, pois o leite sendo uma medida de inflaçāo passa a ser portanto decisivo na cesta básica brasileira, porém o contra ponto é que o consumidor nunca vai se importar com o custo de produção seja do leite, da cerveja, do suco ou qualquer produto que ele leve para a casa. A percepção do consumidor é bem limitada nesse ponto e o que podemos fazer é apenas agregar valor com coisas que o consumidor de fato da valor e por isso pagaria a mais pelo produto.
FISCHER

FRAIBURGO - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 20/10/2022

Ótima reflexão. Necessário enfatizar que a cadeia precisa ser mais unida, e ser mais combativa quanto às promoções de seus produtos. Deveria sempre destacar a importância de cada elo, sobretudo da origem: a vaca, o pasto, o produtor, etc.
ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2022

Muito bom antigo. Deveria chegar ao conhecimento dos dirigentes das entidades de classe dos produtores rurais, como CNA e suas entidades estaduais, para que pensem e criem um programa de divulgação correta sobre a importância do leite na alimentação de todas as pessoas.
MATEUS

SANTA RITA DE CALDAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2022

Bom dia! Otima matéria, o engraçado e até mesmo um tapa na cara do produtor é que a mesma indústria que bota o leite de ótima qualidade e procedência na prateleira do supermercado bota ao lado um produto artificial com o intuito de enganar um consumidor geração Z, 5G....se á um compromisso com a saúde da nova geração fica a dica para a indústria: SEJEM HONESTOS COM NOSSOS CONSUMIDORES NAO ENGANEM QUEM GARANTE O SUSTENTO DOS PRODUTORES DE SEUS COLABORADORES, DA INDÚSTRIA E SEUS COLABORADORES E DOS ANIMAIS QUE PARA PRODUZIREM FELIZES E COM CONFORTO E PRECISO MARGEM PARA O PRODUTOR CONTINUAR COM SEUS INVESTIMENTOS E O CAMINHO CERTAMENTE NÃO É VENDENDO GATO POR LEBRE.
HAYLA FERNANDES

GOIÂNIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 25/10/2022

Ola Mateus, entendo sua indignação e compartilho de muitos pontos, porém infelizmente as industrias em absolutamente todos os segmentos vão ver a questão apenas como negócio e portanto não tem apego a um ou outro produto. Geralmente as decisões são entre produtos mais ou menos lucrativos com maior ou menor potencial a curto ou longo prazo. Se a bebida X ou Y for tendência de consumo é ali que eles colocarão todas as fichas. O leite está numa posição privilegiada e até um pouco protegida pois tem uma boa fatia de mercado, mas para manter essa fatia, crescer e fortalecer uma imagem positiva junto ao consumidor sera necessário um pensamento renovado, e foi esse o grande ponto do artigo.
Resumidamente: O que nos trouxe ate aqui não é necessariamente o que vai nos levar aos proximos degraus
GABRIEL SELE MANCILHA RANGEL

CAXAMBU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2022

Parabéns!!! Excelente artigo! Tomara eu conseguir ler mais artigos interessantes assim.

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