Há três maneiras de se produzir silagem de grãos de milho: por meio dos grãos úmidos, reconstituídos ou colhendo-se a espiga. Essas alternativas foram criadas em países do hemisfério norte há muitas décadas e, recentemente, vêm sendo adotadas pelos produtores brasileiros. Várias são as vantagens de se utilizar estes alimentos na ração, mas a principal delas está relacionada ao aumento da eficiência alimentar porque o amido presente nos grãos tem a sua digestibilidade potencializada em função do processo fermentativo que ocorre no silo.
A silagem de espigas tem algumas diferenças quando comparada às de grãos úmidos ou reconstituídos, pois além dos grãos, a mesma também é constituída por sabugo, palhas e alguma ‘contaminação’ de folhas e colmo provenientes do topo da planta. A magnitude desta ‘contaminação’ está sendo estudada pelo nosso grupo de pesquisa e parece variar de acordo com a população de plantas, matéria seca das plantas e com a regulagem da colhedora.
Como a silagem de espigas possui outros componentes (sabugo + palhas), a concentração de fibra (FDN) é aumentada (Foto 1) e, consequentemente, a concentração energética é reduzida. Para alguns sistemas de produção, o aumento da concentração de fibra é visto como vantajoso, pois se inclui na dieta dos animais um ingrediente que auxilia no balanceamento físico (promove mastigação).
Outra vantagem da silagem de espigas se refere à quantidade de material (colmo + folha) que permanece no campo após a sua colheita (Foto 2). O resíduo tem sido aproveitado como palha para o sistema de plantio direto e também como fonte de potássio para o solo, uma vez que as plantas de milho acumulam altas concentrações deste elemento no colmo.
Colher as espigas diretamente no campo por meio de uma colhedora autopropelida e adaptada com a plataforma despigadora (Foto 3) também tem sido um aspecto positivo, pois não há a necessidade de maquinário específico para a colheita de grãos, como ocorre com a silagem de grãos úmidos ou a necessidade das operações de adição de água e moagem (grãos reconstituídos), ou seja, é um processo convencional de ensilagem. Atualmente, vários terceirizadores de serviço têm disponibilizado esta opção (colhedora + plataforma despigadora) para os produtores brasileiros.
Contudo, várias questões sobre a silagem de espigas precisam ser respondidas, pois as recomendações europeias e norte-americanas, principalmente quanto ao ponto de colheita, não tem servido para nós. Desse modo, o nosso grupo de pesquisa tem trabalhado nas seguintes frentes:
1. Quais seriam os híbridos de milho mais adequados para este tipo de silagem?
2. Quais são os efeitos da maturidade da espiga sobre o valor nutritivo e conservação da silagem?
3. Como é a interação entre a colhedora, o processamento da espiga e a contaminação de outras partes? (conforme comentado acima).
Estas respostas são básicas para quem está adotando ou irá adotar este alimento como componente da ração. O princípio do processo precisa ser definido para que - no futuro - a tecnologia não seja ‘queimada’ e que a mesma tenha o seu espaço nas fazendas zootécnicas brasileiras.
Foto 1. Silagem de espigas de milho. A presença da palha e do sabugo proporcionam maior concentração de fibra na dieta.
Foto 2. O resíduo (colmos + folhas) deixado pela colhedora garante palha para o sistema de plantio direto e potássio para o solo.
Foto 3. Colhedora autopropelida com a presença da plataforma despigadora.