Quando falamos no tema custos de produção relacionados ao processo de ensilagem e questionamos os produtores sobre o custo da silagem em sua propriedade, um silêncio paira no ar, pois a maioria das propriedades não calculam realmente o que gastam para produzir forragem conservada.

Um ponto que pode estar relacionado com esse desconhecimento econômico por parte dos pecuaristas é pelo fato de o processo de produção ser longo, onde o mesmo inicia-se no preparo do solo e plantio, corte, ensilagem e abertura do silo, o que de maneira geral, tem duração de quase 1 ano!

Assim, fica difícil para o produtor quantificar todos os gastos com esse processo, visto que o mesmo não dedica somente seu tempo a produzir o alimento para seu rebanho. Porém, saber o custo real de produção é de extrema importância e quando se fala em alimento para ruminantes, a silagem é o ingrediente que entra provavelmente em maior proporção na dieta, por exemplo, cerca de 50% de uma dieta para vacas leiteiras é constituída de silagem.

Outro ponto relevante e que remete maior atenção é quando perguntamos qual é o ingrediente da dieta de ruminantes que é produzido dentro da propriedade? Na maior parte das propriedades rurais o único alimento produzido é a silagem. E aqui mais um questionamento surge: Por que não nos preocupamos com o valor desse ingrediente? Será que é pelo fato do kg produzido ser muito mais baixo do que o kg do farelo de soja ou do milho moído? Por que silagem tem à vontade o ano todo e isso não é motivo para nos preocupar? Ou será que o gerenciamento não é capaz de quantificar e colocar preço nesse ingrediente?

Em muitos casos, os que o calculam ainda cometem erros pelo fato de desconhecerem o processo como um todo. Hipoteticamente, imaginemos uma lavoura de milho onde sua produtividade média por hectare foi de 50 toneladas de matéria verde e o custo para preparar o solo, plantar, comprar a semente, colher, cortar, ensilar, compactar e vedar foi de R$ 3.800,00/hectare, o que gerou custo por tonelada produzida de R$ 76,00 ou R$ 0,076/kg de matéria verde. Esta correto esse valor para a tonelada de silagem produzida? Não. Esse valor está correto para o kg de forragem produzida, mas a silagem terá outro custo, pelo fato de o processo de ensilagem gerar perdas e a quantidade que se ensila nunca será a mesma que será fornecida aos animais. Se o teor de matéria da planta for de 32%, a produtividade por hectare de matéria seca será de 16 toneladas e o custo da matéria seca de R$ 237,50.

Para um processo normal de ensilagem, perdas por volta de 20% de matéria seca podem ser contabilizadas, esses valores são bastante variáveis e o sistema em que a silagem e o manejo adotado ditarão as perdas ao longo de todo o processo. Caso no exemplo assumíssemos o valor de 20% de perdas e teor de matéria seca na abertura de 30% (pelas perdas no processo o teor de matéria seca da silagem diminui com relação ao teor inicial), a verdadeira quantidade de silagem para cada hectare ensilado seria de 12,8 toneladas de matéria seca ou 42,67 toneladas de matéria verde, ou seja, para cada hectare plantado 7,33 toneladas de matéria verde foram perdidas e essa perda necessita ser considerada nos cálculos. Para o exemplo em questão, o custo é de R$ 89,06/toneladas de matéria verde ou R$ 296,88.

Com base em matéria verde, que é o que geralmente se utiliza nas planilhas, o custo da silagem é maior em R$ 13,06 ou 17,2% maior.

Imaginando uma dieta para vacas com média de 30 kg/dia, consumindo 22 kg de matéria seca de dieta por dia, sendo que destes 50% são constituídos por silagem, a quantidade de silagem por vaca por dia será de 11 kg de MS. Comparando os dois valores (sem contabilizar perdas e contabilizando perdas), no primeiro caso o custo acusado na planilha seria de R$ 2,62/vaca/dia, mas o valor verdadeiro é de R$ 3,27/vaca/dia, gerando diferença de R$ 0,65/vaca/dia, no mês o valor é de R$ 19,50 e durante a lactação de uma vaca o valor pode ser de R$ 198,25.

Além desses cálculos, talvez o ponto mais importante para destacar seria a necessidade de uma gestão mais refinada e que a propriedade comece a quantificar sua produção de silagem, tentando identificar possíveis erros de manejo e junto com assistência técnica investir em melhorias de manejo para redução de perdas.

Caro produtor, aproveite esses valores, multiplique pela quantidade de vacas que tem em produção ou mesmo de área de silagem que produz por ano. Considere primeiramente essa perda de 20% e depois um perda de 15% e veja o quanto será possível economizar!