Já escolheu o híbrido de milho para a próxima safra? |
Você sabia que o híbrido de milho pode gerar uma diferença de mais 20 centavos/dia sobre o custo da dieta de uma vaca? Se assustou com o impacto econômico? Pois bem... Essa é uma situação enfrentada por muitas propriedades; contudo, pouco se tem discutido sobre este assunto. Muita atenção é dada ao nutricional e quase nada se debate sobre o agronômico da lavoura.
Mas vamos ao que interessa: na última safra nós plantamos 11 híbridos de milho para a produção de silagem de planta inteira e de espigas, com o intuito de avaliar características agronômicas, nutricionais e econômicas. O objetivo deste artigo será o de focar somente sobre os aspectos agronômicos e econômicos, ou seja, mostrar que o nutricional deve ser pensado após a avaliação dos critérios agronômicos.
A tabela 1 mostra a variação de produção de forragem e a eficiência econômica de onze híbridos de milho cultivados para a produção de silagem de planta inteira e de espigas (Snaplage) em Lavras, Sul de Minas Gerais. O custo agronômico foi calculado em função do valor comercial das sementes de cada híbrido, da fertilização (plantio e cobertura), controle de plantas daninhas, bem como da necessidade ou não de aplicação de inseticida e/ou fungicida.
Percebam que para a produção de silagem de planta inteira houve uma diferença de 6,4 toneladas de matéria seca/ha entre a maior e a menor produção de forragem. Duzentos e noventa e cinco reais por hectare foi a variação do custo agronômico em função do custo da semente e da susceptibilidade às pragas e doenças, uma vez que os demais custos são fixos para todos os híbridos (fertilizantes e herbicidas). Estas variações geraram diferentes custo de produção de forragem (R$ 118,6 e 88,2 como máximo e mínimo, respectivamente). A diferença entre o maior e o menor custo resultou em um aumento de 3 centavos por kg de forragem produzida.
Você pode estar imaginando: R$ 0,03 é muito pouco! Então vamos à realidade: imaginem uma vaca que consome 7 kg de MS de silagem/dia. A diferença de alimentá-la com o híbrido “11” em detrimento ao híbrido “1” geraria um custo adicional de R$ 0,21/vaca/dia.
Em relação à silagem de espigas, a diferença de produção foi de 8,6 toneladas de matéria seca/ha entre a maior e a menor produção de forragem. Esta variação, associada ao custo das sementes e à susceptibilidade às pragas e doenças gerou um custo adicional de R$ 0,09 entre os híbridos “5” e “11”, por exemplo. Seguindo a linha de raciocínio anteriormente utilizada, imaginem uma vaca comendo 3 kg de MS de silagem de espiga/dia. A diferença de alimentá-la utilizando estes híbridos geraria um custo adicional de R$ 0,27/vaca/dia.
"Você pode estar imaginando: R$ 0,03 é muito pouco! Então vamos à realidade: imaginem uma vaca que consome 7 kg de MS de silagem/dia. A diferença de alimentá-la com o híbrido “11” em detrimento ao híbrido “1” geraria um custo adicional de R$ 0,21/vaca/dia".
No ambiente zootécnico, criou-se um hábito de discutir sobre a silagem de milho, a qual é uma forragem, como se ela fosse um ingrediente concentrado. Muitos nutricionistas que prestam serviço de formulação de dietas simplesmente vão até o painel do silo, coletam uma amostra, encaminham ao laboratório e, posteriormente, criticam o laudo em função do baixo valor nutricional da silagem. Convido estes profissionais a participarem da escolha do híbrido, acompanhar o plantio e todas as demais etapas que cercam a condução da cultura e a produção da silagem. Silagem de milho exige atenção e dedicação intensa, do início até o fim, ou seja, da escolha do híbrido até o cocho. Há a necessidade de ter uma visão macro do sistema.
Portanto, o planejamento agronômico é considerado prioridade no que tange a escolha de um híbrido de milho para silagem. O valor nutritivo do mesmo também tem a sua devida importância, mas deve ser considerado segundo plano. Híbridos que desempenham adequadamente durante a etapa agronômica devem ser preferidos pelos pecuaristas, pois a grande dificuldade de produzir uma silagem de milho está justamente neste período. A ensilagem per se (colheita, compactação e etc) é conhecida pelas fazendas zootécnicas e não traz grandes segredos.
THIAGO BERNARDES
Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com
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WASHINGTONROINE@GMAIL.COMRIO VERDE - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 17/10/2018
Boa tarde, tenho interesse de plantar uma pequena area (15hec), com finalidade de silagem. Vamos plantar em area de terra mista para arenosa, fizemos as correçoes indicada pelo agronomo, apos a analise da terra.
O plantio será safra verão, temos um bom indice pluviometro nesta epoca, mas surge a duvida... Qual hibrido mais indicado? que produza grande volumoso, que seja resistente as pragas (lagarta, cigarrinha...)pois nao temos equipamento para combate, que seja voltado para ruminantes? |
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THIAGO BERNARDESLAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 03/09/2018
Caro Eduardo,
Nós, pesquisadores e extensionistas temos a função de gerar linhas de raciocínio aos produtores que até então não vinham sendo implementadas nas propriedades. O objetivo do artigo não é fomentar 'receita de bolo', ou seja, se o híbrido "X" desempenhou bem aqui em Lavras, não significa que ele terá o mesmo desempenho em outra região com altitude e clima diversos. Em biologia, nem sempre 2+2 é igual a 4. Portanto, procure interpretar o que foi comentado aqui e ir em busca de informações da tua região. Desenvolvo pesquisas e escrevo para esta coluna para levar informações aos produtores, não para fazer propagando de empresas. Elas são responsáveis pelos seus respectivos "marketings". Cada produtor tem por obrigação gerenciar as suas propriedades de acordo com as características da localidade, infraestrutura, disponibilidade de mão de obra, nível tecnológico e outros aspectos. Att, Thiago Bernardes |
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EDUARDO NABUCOJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS EM 03/09/2018
Informar a tabela, mas não mencionar a empresa vendedora e o "nome" do híbrido, em nada ajuda os produtores que, por falta de esclarecimento, podem continuar a plantar errado. Ao menos podíamos ser informados acerca dos melhores híbridos para cada região, clima, altitude etc .
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THIAGO BERNARDESLAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 29/06/2018
Caro Marco Antônio e demais leitores,
Todos os resultados que tenho sobre o estudo que realizamos está neste artigo. Não há nenhuma outra literatura que traga mais informações porque ainda estamos trabalhando os demais dados. Assim que tivermos mais resultados disponibilizaremos aqui. Obrigado, Thiago Bernardes |
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MARCO ANTONIOPATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 28/06/2018
Prof. Thiago, tudo bem?
Gostaria de saber se o senhor poderia disponibilizar o link do artigo referenciado neste Outra questão é se existe um artigo de sua autoria aqui neste site sobre pontos importantes na escolha do híbrido, o que devo avaliar na hora de comprar, se não seria uma sugestão de tema para um futuro. Desde já, agradeço Marco Antonio C. Reis |
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LUCIANOMADRE DE DEUS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 26/06/2018
Bela abordagem professor
Hoje em dia é tanto vendedor de sementes e defensivos que nós ficamos perdidos. Será que poderia utilizar esse trabalho para me ajudar a definir os meus materiais já que estou em Madre de Deus de Minas que fica bem próximo a Lavras. Se puder me enviar os materiais que foram utilizados agradeço. Obrigado e parabéns. |
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THIAGO BERNARDESLAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 25/06/2018
Boa tarde à todos e obrigado pelas mensagens! Pensem que o mais importante não é saber qual é cada híbrido, pois os dados dos 11 materiais servem apenas para a região do Sul de Minas Gerais, onde o experimento foi realizado.
A ideia principal é mostrar o que está por traz de um conjunto de híbridos que cada região possui. Procurem organizar estas avaliações a cada ano, reunindo um banco de dados. Vocês terão as referências positivas e as respostas sobre quais híbridos utilizar. Att, Thiago Bernardes |
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