Geralmente a resposta ao produtor é a seguinte: Silagem de cana-de-açúcar é uma opção viável, porém, a ensilagem desta cultura sem a presença de um aditivo controlador de perdas será problemática e inviável. Dessa forma, neste artigo gostaríamos de demonstrar a viabilidade desta forrageira, exemplificando-a agora com custos e não apenas com conceitos. Para fins de cálculos, nossas planilhas sobre custo de produção de cana-de-açúcar foram atualizadas em 19 de janeiro de 2009.
Os valores de custos gerados foram para silagem de cana-de-açúcar sem aditivo e aditivada com a bactéria Lactobacillus buchneri (5x104 UFC/g de forragem), 1% de óxido de cálcio, 1% de uréia, 1% NaOH e 0,1% de benzoato de sódio, os quais são apresentados na Figura 1.
![](http://wm.agripoint.com.br/imagens/banco/16775.gif)
Figura 1. Custo de produção de silagem de cana-de-açúcar com diferentes aditivos.
Verifica-se na Figura 1 diferenças nos valores de custo da silagem, e o leitor poderá questionar: Como o custo da silagem aditivada pode ser menor do que a silagem não aditivada, se estou aumentando o custo, que no caso é o aditivo? A resposta é simples: A partir do momento que inserimos um aditivo na ensilagem da cana-de-açúcar, o objetivo principal é a redução de perdas de MS e a produção de etanol. Isto quer dizer, aumentou-se o gasto na aquisição do aditivo, porém, a efetividade deste foi tão grande, que o preço desembolsado para aquisição do aditivo foi diluído em uma maior quantidade de silagem recuperada na abertura do silo. Ou seja, na silagem que não possui aditivo, as perdas de MS são por volta de 30%, já para silagem aditivada com 1% de uréia, as perdas são próximas a 17%.
Entretanto, dois pontos fundamentais devem ser considerados: 1°) A efetividade do aditivo em reduzir perdas de MS e 2°) O custo do aditivo. Por exemplo: As perdas de MS estimadas para a silagem aditivada com 1% de CaO e 1% de NaOH são próximas a 16%, ou seja, aditivos com mesma efetividade. Entretanto, o custo do primeiro aditivo é de R$ 65,12/t MV e o do segundo é de R$ 88,16/ t MV. Dessa forma, a diferença entre esses dois aditivos está no seu custo. Enquanto o CaO é vendido a R$ 410,00/ tonelada, o NaOH custa R$ 2.500,00/ tonelada. Assim, a pesquisa por preços é determinante no custo de produção da silagem de cana-de-açúcar.
Pode verificar-se que a silagem aditivada com 1% de uréia apresenta custo de produção intermediário. Entretanto, deve ser lembrado que o consumidor final da silagem será o animal, e está uréia que foi adicionada à cana-de-açúcar no momento da ensilagem também estará disponível ao ruminante. Dessa forma, apesar de o custo dessa silagem ser um pouco maior, posteriormente existe a possibilidade de diluição do custo da ração, com utilização de menor quantidade de uréia na formulação.
Após apresentados os valores das silagens de cana-de-açúcar com os diferentes aditivos é interessante a comparação destas silagens com as demais utilizadas nos diversos sistemas de produção do Brasil. Trataremos aqui dos custos de produção da silagem de milho, sorgo e do feno de gramínea (coast cross), os quais são apresentados na Figura 2. Pode ser verificado que a silagem de cana-de-açúcar aditivada (neste exemplo, explorando a tratada com Lactobacillus buchneri) apresenta custo de produção inferior aos demais volumosos. Apesar de a silagem de cana-de-açúcar aditivada apresentar maiores perdas de MS em relação a silagem de milho e sorgo, seu menor custo é em função de sua elevada produtividade, a qual apresenta valores médios 90 t MV/ha/ano, ao passo que o milho e o sorgo podem alcançar produtividade de 35 e 45 t MV/ha/ano, respectivamente. 40 a 50 t MV/ha/ano.
![](http://wm.agripoint.com.br/imagens/banco/16776.gif)
Figura 2. Custo de produção de diferentes volumosos conservados.
O pensamento que gostaríamos de deixar neste artigo é de que a silagem de cana-de-açúcar é opção de volumoso, desde que um aditivo seja utilizado em sua confecção e que esta apresenta vantagens econômicas quando inserida no sistema de produção animal em comparação aos demais volumosos conservados.
A próxima questão é: Nutricionalmente, qual será a resposta do animal? É possível alto desempenho utilizando rações com silagem de cana-de-açúcar, como única fonte volumosa? Haverá lucro ou prejuízo no uso deste volumoso? Essas questões serão tratadas na parte II deste artigo.