Quando eu imagino que estas recomendações ficaram para trás (por exemplo: cana-de-açúcar com ureia), novas opiniões são divulgadas. Poderia dizer que isso é quase um ‘crime’ contra a classe produtora. Mas vamos ao assunto: são muitos os posicionamentos incorretos; porém, existem dois tópicos que são mais importantes para serem discutidos:
a) dizer que silagem de capim-elefante tem baixo custo;
b) dizer que o capim-elefante tem valor nutritivo superior pela maior concentração de proteína.
Abaixo descreverei mais sobre cada um destes itens. Antes de comentar sobre eles, gostaria de dizer que o capim-elefante possui várias vantagens sob o ponto vista agronômico e logístico e que os mesmos serão retratados no artigo do mês de janeiro.
Silagem de capim-elefante tem alto custo de matéria seca e de energia
O capim-elefante é uma forrageira capaz de produzir alta quantidade de matéria verde por área quando comparado com as demais plantas que estão associadas com a ensilagem. Se raciocinarmos somente sob este ponto de vista poderíamos dizer que realmente a silagem desta forrageira tem baixo custo. Contudo, existem duas limitações que a posiciona como uma silagem de alto custo. Para produzir alta quantidade de matéria verde/área/ano são necessários vários cortes. Ou seja, cada vez que você ensila há gastos e riscos. A segunda questão é que a produção deve ser convertida em toneladas de matéria seca/área/ano. Como a concentração de umidade nesta forrageira é alta, quando convertemos em toneladas de matéria seca/área/ano o custo se eleva drasticamente, o que a torna a opção mais cara quando comparada com o milho, o sorgo e a cana-de-açúcar.
Esqueça proteína em forragens tropicais
Frequentemente, nós somos indagados pelos produtores sobre a concentração de proteína nas diversas silagens que temos no Brasil. Quando estamos discursando sobre a produção e uso de volumosos, na maioria das vezes, essa é a primeira pergunta a ser feita por eles. Isso ocorre devido a deficiente interpretação sobre a composição química das forragens e o papel delas na nutrição animal. Diante desse fato é de bom tom que os produtores saibam qual é a verdadeira importância da proteína quando pensamos isoladamente no volumoso.
Pois bem, os animais exigem vários nutrientes, mas grosseiramente falando os de ‘maior importância’ são os carboidratos e as proteínas. Se analisarmos em termos quantitativos, os carboidratos são mais importantes, pois a dieta de um animal é composta por, em média, 70% deles, ou seja, eles representam dois terços de todos os nutrientes que são fornecidos ao animal. Por meio do gráfico apresentado abaixo podemos perceber tal condição.
Figura 1. Exemplo da concentração de nutrientes em uma dieta para animais de alta exigência nutricional.
Portanto, nós temos que potencializar a produção de carboidratos nas plantas forrageiras, principalmente aqueles que não são considerados como fibrosos (amido; sacarose). Pouca importância deve ser dada a concentração de proteína da silagem, pois as principais culturas utilizadas no Brasil (milho, sorgo, cana-de-açúcar e gramíneas tropicais) são fornecedoras de carboidratos e não de proteína. Quanto mais carboidrato não fibroso a forragem apresentar, menos carboidrato terá que ser proveniente do concentrado. Por exemplo: se uma silagem de capim-elefante apresenta alta concentração de carboidratos não fibrosos, uma menor quantidade de concentrado energético deverá ser inserido na dieta, o que reduz os custos de alimentação.
Pensem que a situação brasileira é diferente da europeia e da norte americana, locais estes que utilizam a alfafa como volumoso. Dietas brasileiras não tem silagem ou feno de alfafa. Dietas brasileiras têm as culturas citadas acima, ou seja, fornecedoras de carboidratos.
Mas você deve estar se perguntando: e a proteína nessa história? A proteína será fornecida por meio dos ingredientes concentrados proteicos, pois a concentração de proteína em silagens de milho, sorgo, cana e capins é baixa. Somado a isso, a proteína presente nestes volumosos é de baixa ‘qualidade’. Se uma silagem tem 9 ou 7% de proteína nada vai mudar no balanceamento da dieta.