Por exemplo: imaginem um silo trincheira com a seguinte dimensão: 5 m de largura x 2,5 m de altura e 50 m de comprimento (volume de 625 m3). Se a densidade da silagem for de 650 kg/m3 este silo estocaria quase 407 toneladas de silagem. Se considerarmos que estocaríamos silagem de milho a R$ 200/t, estaria depositado ali dentro R$ 81.250,00. Pergunta: você investiria em um plástico de qualidade satisfatória para cobrir os R$ 81 mil ou compraria aquele de menor valor na cooperativa?
Um estudo publicado no ano passado em um dos jornais científicos mais importantes da produção animal mostrou que o plástico utilizado na vedação representa de 0,5 a 1,9% de todos os custos embutidos na confecção da silagem. Esta variação ocorre em função dos preços das lonas no mercado qualidade das mesmas. Plásticos com maior valor apresentam maior resistência aos furos ou rasgos e ainda bloqueiam o ar quanto a entrada no silo, evitando-se assim as perdas de topo. Este estudo ainda mostrou que quando se investe em um plástico de alta qualidade há um retorno que varia de 1,1 a 3,3 dólares (R$ 3,3 a 11) por tonelada ensilada, pelo fato da silagem se conservar mais adequadamente na parte superficial do silo. Ou seja, se descartaria menos silagem e os animais ainda teriam desempenho superior.
Um estudo conduzido no Brasil pela Universidade Federal de Lavras mostra o impacto do uso da lona com barreira ao ar sobre a produção estimada de leite. Oito silos trincheira de fazenda leiteiras foram divididos longitudinalmente ao meio e cobertos com 2 sistemas de vedação: lona sem barreira (convencional) e lona com barreira. Perceba na figura abaixo que a produção de leite proveniente das silagens cobertas com a lona barreira apresenta valor semelhante a região central do silo (referência positiva). Por outro lado, as silagens vedadas com o plástico convencional tiveram o leite reduzido por conta do processo de deterioração.
Em resumo: se uma vaca estivesse consumindo a silagem com o plástico barreira produziria 81 ml a mais de leite para cada kg de matéria seca consumida quando comparado com a silagem coberta pela lona convencional (116 - 35 = 81 kg/t). Se "hipotetizarmos" um consumo de 8 kg de MS de silagem de milho/dia, esse animal daria 0,64 kg de leite a mais diariamente.
Para finalizar gostaria de comentar que ‘custo’ é diferente de ‘custo-benefício’. Quem analisa somente o ‘custo’ de um determinado produto geralmente erra no momento da compra. Isso é facilmente compreendido pelos exemplos citados neste artigo. Uma lona pode ser mais barata no balcão da loja, mas não trará os benefícios necessários para o teu sistema produtivo. É o famoso ditado popular: ‘O barato que sai caro’. Pense nisso!
Figura: Ilustração dos benefícios da lona com barreira ao oxigênio (à direita superior do silo) sobre a produção estimada de leite por tonelada de silagem de milho consumida.