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A onda plant-based será mais uma marolinha?

DAIRY VISION

EM 09/12/2021

8 MIN DE LEITURA

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Nos últimos tempos, a inserção de alimentos à base de proteína vegetal vem ganhando espaço no mercado, com ampliação de categorias de produtos, inclusive bebidas e opções vegetais alternativas aos lácteos. Essa expansão é explicada por uma junção de fatores: fragmentação das crenças de consumo; apelo de saudabilidade e sustentabilidade – que nem sempre condizem com a realidade —, estratégias de marketing e posicionamento, e sobretudo melhorias no sabor e textura dos produtos. E, claro, muito capital de risco sendo depositado nesse futuro mercado.

De olho neste segmento, companhias globais de laticínios, como a Nestlé e Danone, apostaram em linhas vegetais. Certamente, todos os agentes lácteos se questionaram, ou ainda mesmo se questionam, se o plant-based representa uma ameaça ao mercado do leite. Ou, mais pragmaticamente, se deveriam apostar suas fichas nesse mercado.

No Dairy Vision 2021, evento que ocorreu online nos dias 17, 18, 23 e 24 de novembro e reuniu mais de 400 líderes do setor mundial, Julian Mellentin, Fundador da New Nutrition Business — empresa de consultoria em nutrição, alimentos e bebidas — expôs dados de um estudo sobre o tamanho de mercado das bebidas vegetais e alimentos de laboratório nos Estados Unidos, o que isso representa e pode representar no futuro, que serão apresentados a seguir.

Os EUA são um termômetro interessante porque representam um mercado de grande porte, em que o plant-based já tem uma história, inclusive com grandes marcas. Entender a dinâmica desse mercado pode ajudar a compreender o que pode ocorrer em outros.

 

  • Como o consumo de bebidas vegetais cresceu nos Estados Unidos?

O primeiro boom no consumo de bebidas vegetais entre os consumidores americanos foi impulsionado pelo aumento das vendas de bebidas à base de soja, por meio da adoção de estratégias de merchandising, o que disseminou o consumo deste produto pelos consumidores.

“Esse mercado começou a crescer de fato no final dos anos 1990, não por preocupações com a saúde, mas, porque a marca principal, chamada Silk, mudou os produtos de lugar. Das gôndolas comuns para as geladeiras dos mercados, em uma localização próxima do leite comum,” explicou.

No gráfico 1, é possível notar esse crescimento na venda de bebidas vegetais à base de soja nos EUA, no final dos anos 1990, representado pelas barras verticais azuis.

 

Gráfico 1: estudo de caso do mercado de bebidas vegetais nos EUA.

Fonte: palestra Julian Mellentin, Dairy Vision 2021.

 

O próximo período de crescimento das bebidas vegetais nos EUA começou por volta de 2007 e 2008, com a bebida à base de amêndoas (barras verticais laranja no gráfico 1) — lançada inicialmente na Califórnia. Simultaneamente ao aumento de vendas nos supermercados das bebidas de amêndoas, ocorreu uma queda nas vendas das bebidas vegetais à base de soja.

Isso se deu devido à uma mudança radical na experiência dos consumidores em termos de sabor e textura. “Grande parte do crescimento de bebidas vegetais está relacionado às melhorias no sabor e textura. Não se trata de algo necessariamente ligado à saúde, mas obviamente isso é importante. Não devemos subestimar o impacto de melhorar a experiência dos consumidores,” salientou. Assim, o que houve principalmente foi a substituição das bebidas de soja pelas de amêndoa, com uma melhor experiência de sabor e textura.

Ainda hoje as bebidas vegetais à base de amêndoas representam mais de 70% do mercado de substitutos de leite nos EUA e algo muito parecido acontece em outros países.

Recentemente, as bebidas vegetais à base de aveia (barras verticais vermelhas) também começaram a se sair muito bem, devido à versatilidade (vai bem com cafés, por exemplo, o que atrai as cafeterias) e ao bom sabor. Já as demais bebidas vegetais — castanha de caju, ervilha e coco etc. representadas no gráfico 1 pelas barras verticais verdes — nunca foram tão populares entres os consumidores.

 

  • Atualmente, qual é o tamanho de mercado das bebidas vegetais nos EUA?

A penetração domiciliar das bebidas vegetais é alta, por volta de 42%. Isso significa que 42% das famílias no país compram algum tipo de bebida vegetal. Esta participação de mercado representa 15% do total do mercado do leite em valor. No entanto, como as bebidas vegetais são vendidas com um sobrepreço de 100%, o volume de vendas corresponde a apenas 7%

Nos disseram que os substitutos do leite representam um mercado popular. Isso não é verdade, (...) é um pequeno nicho. Não há nada de errado nisso, é um mercado muito valorizado. A maioria das pessoas nos EUA e em outros países preferem continuar a comprar o leite tradicional.”

 

  • Quais os impactos das bebidas vegetais no mercado do leite nos EUA?

Embora exista um crescimento no consumo das bebidas à base de proteínas vegetais, este não impacta fortemente o mercado leiteiro americano. O consumo de leite sem lactose é crescente e tão popular quanto as bebidas vegetais à base de amêndoas, conforme pode ser observado no gráfico abaixo.

 

Gráfico 2: vendas das bebidas vegetais e do leite sem lactose nos EUA.

Fonte: palestra Julian Mellentin, Dairy Vision 2021.

 

No gráfico 2, a linha verde representa a venda de bebidas vegetais à base de amêndoas e a linha vermelha o leite sem lactose. “Até 2025, com as taxas de crescimento atuais, as vendas de leite sem lactose nos EUA serão iguais às vendas de todos as bebidas vegetais, e provavelmente, esse produto deve superá-los”, disse Julian.

O produto da Fairlife (da Coca Cola), por exemplo, é uma opção para consumidores sensíveis à lactose.  Este é um leite sem lactose ultrafiltrado, com altor teor de proteína e menor teor de açúcares. Com isso, compete pelo bem-estar digestivo, um dos argumentos de vendas das bebidas vegetais para essa parcela consumidora.

 

  • Além do leite sem lactose, os laticínios podem apostar em outros produtos?

As vendas de leite integral voltaram a crescer nos EUA e isso se deve a mudança de mindset dos consumidores em relação à gordura do leite. “As pessoas começaram a aprender que a gordura láctea não traz impactos negativos à saúde. Na verdade, está associada a muitos benefícios, explicou. Dessa forma, muitos estadunidenses sem problemas com mal-estar digestivo voltaram a consumir o tradicional leite integral.

O segmento de leite integral nos EUA tem o dobro de tamanho comparado com todo o mercado de bebidas vegetais. Além disso, neste ano, o leite integral tem crescido mais do que o crescimento das bebidas vegetais, que faturaram 50 milhões de dólares em novas vendas, contra 127 milhões de dólares a mais para o leite integral.

Além da gordura láctea, a qualidade proteica e a densidade nutricional dos lácteos ainda são grandes vantagens competitivas inexploradas no setor. Neste aspecto, os laticínios saem muito na frente dos concorrentes vegetais, que têm um perfil de micronutrientes pobre, às vezes até quase inexistente.

Como exemplo, Julian comparou a qualidade nutricional das alternativas aos queijos, enfatizando a quantidade de proteínas: um “queijo vegano” apresenta 1,3 gramas de proteínas e o tradicional 25,4 gramas (ambos produtos utilizados na comparação são da Europa).

Além do aspecto proteico, os “queijos veganos” também são desfavorecidos em relação à indulgência, uma vez que o sabor e a textura são requisitos importantes e desejados pelos consumidores, e os “queijos veganos” não conseguem suprir essa exigência de consumo.

Uma questão interessante apontada por Julian é a desaceleração das vendas e margens de lucro do segmento plant-based, desde grandes players com linhas vegetais como a Danone até pequenas empresas, como a Oatly!, sensação da categoria.

Apesar de ser conhecida, com ações de marketing e produtos no mercado, a Oatly!  tem perdido dinheiro há cerca de quatro anos e não tem lucro. Para Julian, essa é uma situação cada vez mais comum no segmento.

 

  • Qual o cenário para os substitutos do leite elaborados em laboratório?

Em relação às alternativas ao leite produzidas em laboratório, podem ser idênticas em termos de desempenho, sabor e textura quando comparados ao leite de vaca. Porém, por ser “idêntico” ao leite tradicional também podem desencadear alergias e mal-estar digestivo em pessoas que não podem consumir laticínios – vantagem competitiva das proteínas vegetais e do leite sem lactose, como mencionado anteriormente.

“Portanto, a vantagem competitiva de ser bom para as pessoas que não podem consumir laticínios não faz mais sentido. É mais sustentável? Não é fácil provar isso. De qualquer modo, a sustentabilidade vai deixar de ser um diferencial, conforme a indústria de laticínios avança nesse sentido. É mais barato? Ainda não, a fábrica é incrivelmente cara. O gosto é melhor do que a proteína láctea? Na verdade, não,” argumentou Julian.

Todas estas questões envolvendo os alimentos de laboratório demorarão um tempo para serem resolvidas, de modo que não é algo que os agentes lácteos precisam se preocupar no curto prazo. Para aqueles que consideram o segmento uma oportunidade, Julian ressaltou que é preciso considerar 5 a 10 anos antes de começar a observar qualquer avanço neste setor.

 

Os dados e reflexões do mercado plant-based apresentados por Julian no Dairy Vision 2021 mostram que as bebidas vegetais são um nicho valorizado e com potencial de crescimento, mas que estão longe de substituir o leite e os derivados lácteos.

Os laticínios possuem trunfos e vantagens competitivas que podem e devem ser exploradas para estimular o consumo de leite e derivados. Se você quer conferir a palestra do Julian na íntegra, assim como todas as outras do Dairy Vision 2021, você ainda pode se inscrever! Todos os conteúdos ficam gravados por 60 dias na plataforma do evento. Clique aqui e faça sua inscrição. Confira os depoimentos de alguns participantes do evento:

“O evento está cada vez melhor e trazendo importantes visões para os desafios da cadeia produtiva do leite e derivados. Conhecemos nossos gargalos, mas precisamos olhar para frente, sem resistência as mudanças e atentos aos casos de sucesso. O evento foi muito bem-sucedido em trazer essa visão.” — Fernando Pinheiro, Organização das Cooperativas Brasileiras

“Tema abordado é muito atual e gera grande expectativa para o setor, pois estamos iniciando uma grande jornada de mudanças de hábitos e cultura. Isso com certeza será decisivo para as indústrias e fazendas seguirem na atividade. O meio ambiente e os consumidores têm pressa.” — Anderson Lessa Lemos de Santana, Nestlé

“Evento de alto nível, muita informação e análises bem-feitas sobre o andamento do setor produtivo. Conhecer é o primeiro passo para inovar!” — Luís Otávio da Costa de Lima, CCGL

 

O Dairy Vision 2022 já tem data e local marcados! O evento acontecerá em Campinas, na Expo Dom Pedro, nos dias 22 e 23 de novembro. O MilkPoint programa um Dairy Vision híbrido, com um evento presencial que permitirá um intenso networking e troca de experiências, com a possibilidade de assistir online às palestras.

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