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A melhoria da qualidade do leite e a IN 51

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 17/05/2011

7 MIN DE LEITURA

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A qualidade do leite voltou à pauta de discussões da cadeia produtiva do leite. Não é por acaso. Um dos responsáveis por esse repentino interesse é a alteração dos limites de qualidade do leite cru previstos para 2011. Vale lembrar que esta redução dos limites de CCS e CBT estava prevista desde 2002, há mais de 10 anos, quando foi editada a Instrução Normativa 51/2002 do MAPA.

A IN 51/2002 previa a vigência de limites de CCS e CBT no patamar de 1.000.000 células/mL (CCS) e 1.000.000 ufc/mL (CBT) a partir de 2005, além de outras importantes exigências como o resfriamento do leite na propriedade rural e a coleta a granel a cada 48 horas. A coincidência dos valores de CCS e CBT pode ter contribuído para alguma confusão por parte do produtor, mas na época, podemos considerar que foi um avanço para a cadeia produtiva, já que até então o país não tinha limites para CCS e CBT do leite cru tipo C. A partir de julho/2008, os mesmos critérios foram reduzidos de forma idêntica para 750.000 (cel./mL e ufc/mL) e finalmente, em 2011 haverá (ou haveria?) a redução para 100.000 ufc/mL e 400.000 cel./mL, para CBT e CCS.

Não é exagero afirmar que o tema de qualidade do leite está longe de ser uma unanimidade dentro da cadeia produtiva. O que poderia ser uma situação de convergência entre produtores, indústria processadora e consumidores, reflete os vários conflitos de interesse dentro de um setor em fase de consolidação.

Uma importante pergunta a ser respondida pelo setor produtivo é: a) qual a demanda atual de qualidade por parte do consumidor? b) o que as empresas e produtores podem ganhar com a melhoria da qualidade?

Do lado do consumidor não se nota grande capacidade de diferenciação em relação à qualidade. Para a maioria dos consumidores, com pouco conhecimento sobre os processos produtivos, os principais critérios são a segurança (ausência de resíduos de antibióticos e inocuidade em relação à transmissão de doenças), sabor agradável e razoável vida de prateleira. É ainda muito incipiente, mas crescente, grupos de consumidores preocupados com os atributos de composição, efeitos benéficos sobre a saúde, respeito ao ambiente e bem-estar animal. Sendo assim, considerando o baixo grau de exigência do consumidor, pois para muitos o leite e derivados é quase uma commodity, cabe ao pode público, em particular a inspeção oficial, determinar os padrões mínimos aceitáveis de qualidade e segurança.

Entre os produtores e a indústria processadora existem visões divergentes sobre a qualidade. Os produtores reclamam que a produção de leite de qualidade gera maiores custos, o que somente seria rentável se o leite for pago por qualidade, o que ainda não ocorre de forma disseminada na cadeia produtiva. As empresas, por sua vez, alegam que grande parte dos produtores não atendem aos critérios mínimos de qualidade e dada a concorrência acirrada pela captação de leite, se um determinado laticínio tornar mais rígidos os padrões de qualidade, alguns produtores simplesmente mudariam para um laticínio de menor exigência.

Considerando o histórico de avaliação da qualidade do leite no Brasil, é forçoso reconhecer que, a despeito de muitos esforços isolados, não houve melhoria substancial das médias de CCS e CBT durante os últimos cinco anos. Em 2007, cerca de 10 e 25% de produtores analisados não atendiam aos padrões de 1.000.000 de CCS e CBT, respectivamente. Em 2009, em um grande levantamento feito pela RBQL (Rede Brasileira de laboratórios de Qualidade do Leite) em quase 1,7 milhão de análises, aproximadamente 21 e 42% das amostras analisadas não atendiam o padrão 750.000 de CCS e CBT, respectivamente. É fácil concluir que com a redução do limite de CCS e CBT em julho/11 esse percentual de não conformidade tende a aumento. Com base nestes números, a qualidade parece não ter sido encarada como questão estratégica para uma parcela significativa da cadeia produtiva.

A alteração dos limites de CCS e CBT, prevista para julho/2011, é vista diferentemente por dois grupos de opiniões: os que propõe adiar os prazos e/ou não reduzir os limites de CCS e CBT e os que torcem para a aplicação dos novos padrões de exigência. As razões alegadas pelo primeiro grupo, que incluem empresas e parte das entidades de classe dos produtores, são de que a redução dos limites traria grandes dificuldade de atendimento aos novos padrões, e consequentemente resultaria em instabilidade ao setor produtivo e potencial exclusão de produtores. Do outro lado, muitos técnicos, laticínios e produtores enxergam que a mudança ou adiamento dos novos padrões geraria total descrédito da IN 51 e desestimularia os produtores e empresas que fizeram a lição de casa, os quais são hoje a maioria dos produtores. Em outras palavras, uma mudança neste momento traria benefícios justamente aos que não implantaram programas e medidas de controle durante o período de implantação da IN 51.

Acredito que a alteração da data (postergar) ou a não redução dos limites previstos seja uma discussão secundária dentro da atual realidade, pois embute a crença de que tais medidas podem minimizar os atuais problemas de qualidade e permitir mais tempo para que os produtores e empresas possam atuar para reduzir as não-conformidades. Entendo que esta visão de postergar prazos não resolve os problemas, pois a atual legislação de qualidade foi editada em 2002 (IN 51/2002) e previa uma carência de 3 anos para início da vigência efetiva de padrões mínimos de qualidade somente a partir de 2005. Além disso, uma parte das empresas e produtores que investiu em treinamento, melhoria de procedimentos e valorização da qualidade, já trabalha com mais de 90% do leite atendendo as novas exigências de CBT, o que somente está previsto para entrar em vigor a partir de julho/2011.

Desta forma, somente postergar sem um plano de ação para atacar os problemas principais da qualidade do leite, significaria empurrar o problema para frente, deixando de buscar as origens: falta de capacitação do produtor, ausência de pagamento por qualidade, indefinição sobre aplicação da legislação, deficiências de infra-estrutura (estradas, eletrificação, equipamentos) e falta de assistência técnica. Esta postura não produz perspectivas de avanços. Além disso, é de se destacar que mesmo com os atuais limites de CCS e CBT (supondo que não haja alteração dos padrões de qualidade da IN 51), cerca de 40% das amostras não atendem os limites máximos para CCS e CBT. Sendo assim, a ideia de prorrogar prazos não traz perspectivas de melhoria da qualidade para uma parcela significativa do leite que atualmente tem qualidade deficiente. Em um estudo recente (Diagnóstico da Cadeia Produtiva do leite de Goiás - FAEG), os produtores indicaram que a melhoria da qualidade do leite tem como pré-requisito básico uma boa assistência técnica, pagamento por qualidade e oferta de financiamentos. Não se menciona, por desconhecimento ou falta de importância, a influência da legislação.

A experiência internacional, de cooperativas e grande empresas que implantaram sistemas de valorização da qualidade (pagamento por qualidade) no Brasil, desde 2005, indica que os produtores respondem de forma imediata aos incentivos de bonificação e penalização com base na qualidade do leite. Deve-se lembrar de que tais programas devem ter como princípios a transparência das análises (realizadas em laboratório oficial), recebimento de extratos mensais de qualidade do leite, possibilidade de acesso a assistência técnica. A lógica do pagamento por qualidade é estimular via bonificação sobre um preço base o produtor de leite de alta qualidade, assim como penalizar o leite de qualidade inferior. É um princípio simples: pagar mais por uma matéria prima de maior valor e potencial de lucratividade para empresa. Tais programas já foram implantados com sucesso em outros países desde a década de 1980e 1990, contudo não houve ampla difusão entre as empresas, cooperativas e laticínios brasileiros, com apenas poucos exemplos de sucesso.

Outro limitante para a melhoria da qualidade do leite e que tem sido pouco abordado é a necessidade de assistência técnica. Dada a complexidade dos sistemas de produção e a farta oferta de tecnologias, é necessário que o produtor tenha auxílio técnico para a tomada de decisões em relação ao manejo de ordenha, controle de mastite, limpeza de equipamentos, entre outros. Muitas vezes encontramos situações nas quais o produtor usa tecnologias sem qualquer comprovação técnico-científica, por desconhecimento ou falta de assistência técnica competente. É de se destacar que grande parte dos atuais programas de fomento a produção de leite (Balde Cheio, Educampo, Cati Leite) tem como fundamento básico a necessidade de assistência técnica. É chegada a hora de incluir a qualidade do leite dentro deste contexto produtivo. Temos atualmente um conjunto de tecnologias disponíveis e a baixo custo para produzir leite de alta qualidade, mesmo para pequenos produtores com ordenha manual.

Voltando a IN 51, temos que usar o atual momento de discussão em torno da mudança dos padrões da IN 51 como oportunidade de encontrar soluções mais definitivas para problemas crônicos de qualidade e apontar as possíveis estratégias de ação capazes de abrir oportunidade de melhoria da qualidade. Devemos usar a oportunidade para buscar possíveis soluções para reduzir a zero os atuais problemas de não-conformidades de CCS e CBT (e de composição) e caminhos para implantar sistemas de valorização da qualidade, pois não temos como exigi-la com sistemas de pagamento que não diferenciam o produtor em função da qualidade diferente.

Fonte: SANTOS, M. V. A melhoria da qualidade do leite e a IN 51. Inforleite, São Paulo-SP, abril/2011.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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CELSO MEDINA FAGUNDES

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 13/12/2011

Até quando vamos ver a politicagem superando  a pesquisa ,e o conhecimento tecnologico.Será que 10 anos não são suficientes para por em prática a IN 51, o governo e a indústria, náo assumiram as suas responsabilidades e deu o que deu. Nestes 6 meses que passaram o que foi feito, para realmente implantar a norma, se bem que estes índices estão muito rigorosos, levando em conta o nível cultural do produtor, onde 60% produzem até 50 litros de leite/dia.
ANDRE JOSE DIEGOLI

APIACÁS - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/11/2011

a questão é.... o produtor não quer pagar um tecnico e acha que as empresas ancoras devem arcar com essa despesa, por outro lado, as empresas querem se esquivar do custo mais que justo para manter esse tecnico.


ninguem faz nada por que é certo e sim por que da retorno imediato, poucas empresas estão pensando em qualidade. O SIF não tem mão de obra suficiente para exigir o minimo das industrias. pasmem! no sispoa de mato grosso só existe 1 pessoa trabalhando.
VIGILANTE

LAGES - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/06/2011

Brasileiro tem mania de deixar tudo pra última hora!


Com os produtores de leite que hoje reclamam pelo relaxamento da legislação, ocorre a mesma coisa.


Fazem nove anos que a IN-51 foi aprovada e todos sabem que ela vem sendo cumprida por muitos produtores e industriais.


Quem fez a lição de casa, já colhe os bons resultados há muitos anos . . . sem se preocupar com a legislação, e ainda, utilizando esta lei para ter diferencial no mercado e receber melhor remuneração pelo seu produto.


Agora, tenho certeza de que quem reclama o relaxamento dos limites, são justamente aqueles que deixaram tudo pra última hora e, claro, não terao mais tempo para se adequar. Deve ser penalizado sim, pra se ajustar o quanto antes e passar a produzir alimento com qualidade biológica ao consumidor. Já tiveram nove anos pra isso . . .


Como querer remuneração pelo seu produto, se ele não tem a qualidade necessária para garantir a Segurança Alimentar do Consumidor!


Não adianta pedir adiamento da lei. Tem é que correr para se adequar a ela, como o fizeram muitos produtores. Lei é pra ser cumprida e os produtores tiveram nove anos para se adequar.


Em outubro de 2007 a revista Paraná Cooperativo trazia a notícia de capa, dizendo: Cooperativas do Paraná - Leite de Qualidade.  Uma das reportagens falava que dos 400 mil litros de leite diários, a média de CCS era de 300 mil células por mililitro e a de CBT era 20 mil UFC por mililitro. Dizia também que produtores de excelência podiam receber até 20% a mais por litro sobre o preço de mercado.


Aquele estado tem muito a nos ensinar quando o assunto é leite produzido profissionalmente.


PAULO ADRIANO ANDRIOLA

PALMAS - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/05/2011

Marcos! Este tema é realmente muito complexo, envolve pessoas, empresas, politicos... e assim fica dificil chegarmos a denominadores  comuns. Cada um puxa brasa para seu assado. O produtor quer receber sempre mais pelo leite,mas nem todos se atualizam e investem em si e na sua propriedade para merecer tal preço almejado. Tem produtor que não vai à uma palestra, dia de campo, nem mesmo visita a propriedade do vizinho que sempre tem alguma coisa para copiar, seja do que deveria fazer ou que jamais poderia fazer por ser errado.


Quanto as empresas tem aquelas que se preocupam com o produtor, sabem que dependem dele para manter e até mesmo para crescer, mas tem empresas que são exploradoras do produtor, não visitam os mesmos, apenas mandam o caminhão coletar o leite, mas não sabem de nada da vida de seu parceiro se da para chamar assim, pelo menos deveria ser. O dia que ele for conversar com o produtor e saber de suas dificuldades e de suas qualidades aí sim a parceria começa a existir e com certeza os dois ganham. Assim não precisaríamos de IN 51 para o consumidor saber o que realmente está consumindo, isto seria apenas uma consequencia da realização do elo firme existente  entre produtor e empresa benificiadora, ligados ao elo maior que é o consumidor.


Devo comentar também que enquanto nossos politicos não usarem o dinheiro que nos cobram por veiculos e caminhões chamado IPVA e impostos de Combustiveis 53% para o fim que foram criados, não vamos atingir a tal IN 51 ¨sonhada¨. É vergonhoso ver nossos caminhões andando pelas rodovias carregados de leite com barro por todos os lados ou poeira e saber que ali dentro tem um produto essencial para nossa saúde. Quando olhamos nos canais de TV reportagens nas fazendas da Europa e dos Estados Unidos onde o asfalto vai até a propriedade, aqueles caminhões brilhando. Quem não teria vontade de tomar aquele leite e não o nosso???


O dia que nossos governantes criarem uma politica séria de incentivo a produção de leite e pararem de trocar com paises vizinhos a entrada de leite pela saída de uns porquinhos e uns franguinos... nada contra estes produtos, temos que exportá-los com certeza, mas não prejudicando milhares de famílias que vivem e sobrevivem da atividade do leite.


Em fim, termino com o seguinte pensamento; A qualidade do leite não está na lei ou norma, está na consciência de cada um, minha como produtor que devo olhar para aquele leite e sentir orgulho pelo que produz e não vergonha. Da industria que ao colocar seu rotulo em determinado produto, tenha consciência que ali está algo valioso, sua marca, sua identidade que começou no campo mas se transformou em suas mãos. Que o consumidor não ache ruim pagar $ 1,70 o litro de leite e sim caro $3,00 uma cerveja ou $2,00 uma garrafa de 500 ml de água. Que os politicos sejam justos com o ato de governar em prol de todos e não de alguns escolhidos... Se cada um fizer bem seu papel, as leis e normas podem ficar em segundo plano.
JORGE ANTONIO LOEBENS

VERA CRUZ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/05/2011

É só acabar com o leite UHT que bem ligeiro a qualidade do leite vira uma unanimidade, desde o produtor até o consumidor.
ROQUE KIRCHNER

CLEVELÂNDIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/05/2011

Prezados, gostaria de manifestar-me. Não gostaria que tivesse que ser assim, mas a minha vivência com a cadeia, permite ter os conceitos a seguir:A Cadeia do leite é uma perfeita democracia direta em todos os seus segmentos, desde o fornecedor até mesmo o consumidor. Parece que todos tem direito opinião própria, porém com extrema falta observação de regras e leis estabelecidas. Senão vejamos, existe unanimidade quanto a sistemas de produção que possam ser declarados viáveis no ceio da pesquisa e ensino, muito menos na extensão? Os prestadores de serviços e fornecedores de bens e insumos, é um Deus nos acuda, rações, sais minerais milagrosos, vendedores ambulantes, picaretas de todas as ordens. Senão, vejamos na área de produção: temos aqueles que insistem e defendem persistir do jeito que está ta ótimo, pois temos os produtores que se esforçam, atingem boas produtividades, leite de qualidade, porém do outro lado tem produtor que vê o leite um líquido branco, todo leite é igual e ainda reclama: por que o meu leite (150 litros por mês e recolhido a cada oito dias, tomam banho uma vez por semana, nunca passou por um dia de capacitação) vale menos que do vizinho (45 mil litros por mês, CCS e CBT dentro dos padrões, participante em diversos meios de qualificação, um bom gestor)? Vejamos a dificuldade que tem os serviços de inspeção e a fiscalização em exigir as normas, que dizem tem interpretações dúbias. A democracia também está presente, na coleta do leite das fazendas: tem transportador desatolando caminhão e com a mesma mão faz coleta de amostras do leite, enquanto outra indústria tem um técnico treinado, de jaleco branco, com todos os cuidados higiênicos faz a mesma coleta na propriedade vizinha. Enquanto isso, a democracia da cadeia láctea, impera mesmo entre as indústrias, embolados em regras de SIM, SIP e SIF, que  milagres são esses, que leite é esse que indústrias conseguem tornar útil, se em outra fora rejeitado? Enfim, nosso consumidor desta cadeia democrática, acha que sabe das coisas, mas está sendo enganado. Graças a este desinformado consumidor, que não distingue o que é leite, queijo, yogurte ruim e aquele que verdadeiramente tem qualidade, a festa da democracia  continua e não consegue implantar regras da IN 51.

ANDRE LUIZ LENHART

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/05/2011

o mercado nao ira mas pagar por quantidade de leite mas sim por qualidade,e por isso na minha opiniao as empresas de laticinios deveriam dar uma bonificaçao aos produtores de leite pela qualidade.
JOÃO PAULO SOARES GOMES

RIO POMBA - MINAS GERAIS

EM 21/05/2011

Caro Dr. Marcos,





Qualidade, qualidade, qualidade. Sou Zootecnista e trabalho na região sudeste do país e parte do sul de Minas Gerais. De todos os locais que conheço, muitos laticínios registrados ainda não pagam por qualidade, nem sequer tem uma análise do leite do produtor. Me pergunto às vezes, quem fiscaliza os laticínios? Se tem fiscalização, como existem laticínios que nem análise de leite fazem para os produtores? Muitos laticínios que pagam por qualidade, tem que treinar mais seu pessoal principalmente para a coleta da amostra de leite que se for feita de forma errada, atrapalha tudo e no que diz respeito aos laticínios que não pagam nada a mais para o produtor, parece que tem pouca fiscalização nesse país, infelizmente.





Um abraço a todos.   
NILSON ANDRÉ C. MENEZES

ITABUNA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2011

Prof. Marcos,





Parabéns, mais uma vez, show de bola. É possível fazer qualidade sim, nas mais diversas situações de dificuldades, mas é possível. Com ordenhadeira ou na mão, tanto faz. Agora, na minha humilde opinião o que precisa é a presença do técnico preparado junto aos vaqueiros/produtores, para orientá-los a fazer qualidade com eficácia e a custo baixo (Quanto custa ao produtor conviver com mamite  ?). Além do ganho com o pagamento das bonificações de algumas empresas, não podemos omitir o ganho indireto com a aplicação dos procedimentos que visam a busca pela qualidade. Resumindo, vamos motivar/preparar essa turma boa da assistência técnica, privada ou estatal, criar condições para que esteja junto ao produtor, incentivar os laticínios para implantação de programas de pagamento que bonifiquem a qualidade, e, finalmente, fiscalização séria e responsável. Admitamos, querer virar a mesa após 10 anos é um grande retrocesso. É preciso que todos os elos da cadeia se envolvam, principalmente o governo. Vamos lá, não vamos discutir o problema, vamos buscar a solução. É possível.
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2011

Parabéns pela clareza do artigo prof. Marcos.





E também a todos os comentários dos colegas. Todos tem razão de uma forma ou de outra.





A meu ver estamos diante de uma problema simples: enquanto não estivermos (toda a cadeia láctea - fornecedores de insumos, produtores, indústrias e distribuidores) alinhados em atender às necessidades do mercado atual e as possíveis tendências de um mercado mais exigente, não sairemos do debate. E acho que isso é o que foi proposto na IN51 de 2002. Um prazo de 10 anos para adequação.


Como criar ações conjuntas?


Como melhorar a qualidade de forma sólida sem antes termos isso como um objetivo de todos?


Vale lembrar que a normatização ajuda e se fosse levada a sério talvez até tivesse mudado o quadro atual. Deve sim fazer o seu papel. Mas ela por sí só não melhora a qualidade do nosso leite. Os resultados mostram isso. Faltou ação (implantação, orientação, fiscalização, punição).


Então é necessário que todos entendam a importância e se comprometam com a qualidade.


Mas fica a pergunta?


Quem está disposto a pagar o preço de se comprometer em troca de perda de fornecedores e consequentemente de mercado?


Ainda há muito à se fazer. Mas como foi colocado, somos um setor ainda não consolidade e acho que ainda longe de ser. Mas um dia chegaremos lá.





Um abraço.





André Gonçalves


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2011

Prezado Professor Marcos: Mas, algum limite há de ser imposto e acompanhado pelos produtores, sob pena de sempre nos encontrarmos sob a égide do leite de qualidade ruim. É importante que deixemos de produzir leite ao relento, no barro, em currais sujos e sem quaisquer níveis de higienização. Se destinarmos ao simples alvedrio destes produtores   a melhoria de suas condições de produção, nunca evoluiremos em níveis internacionais e estaremos, sempre, à mercê de outros Países, tanto para importação quanto para exportação de nosso produto. Quem não consegue nem atingir aos desempenhos atualmente cobrados, não merece continuar no mercado, infelizmente.


Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2011

Prezados Marcos,





Muito bom texto devido a imparcialidade. No meu ponto de vista como extensão rural não devemos retroceder. O que se conseguiu de avanço sobre qualidade de leite beneficiou até o momento os laticínios. O momento agora de mais rigor nas fiscalizações e talvez consequente esta situação seja o marco regulatório para a pecuária leiteira.





Parabéns mais uma vez pelo belo texto.
MARCELO GAYA CARDOSO TOSTA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/05/2011

Creio que a IN-51 é uma etapa necessária para alcançarmos uma qualidade que nos capacite a disputarmos o mercado internacional.Contudo vejo que temos um longo caminho a ser percorrido por  todos os participantes da cadeia lactea.Os laticinios que tiveram aumentado o seu poder sobre os produtores uma vez que passam a julgar uma qualidade pela qual hipoteticamente deverão pagar mais .Os produtores na sua atividade isolada e solit;aria no curral não creem o suficiente na isenção desse julgamento a ponto de retirar um eventual e escasso lucro para realizar o necessario investimento que a busca da qualidade requer.O governo por fim não criou instrumentos de controle aos laticinios,não estabeleceu um preço mínimo fechando os olhos ao fato do leite ser vendido sem preço conhecido no ato da venda e o que é mais grave e até injusto e desigual importando leite em pó de países produtores que subsidiam a atividade proditiva.Temos ou não temos um longo caminho a percorrer?


E será que eu consegui um visão completa do problema?Creio que não!
PAULO ROBERTO VIANA FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2011

A IN 51, que normatisa a qualidade do leite, s;o beneficia a Industria e penalisa o produtor. Temos que mudar a situação. Vamos pensar em criar uma AGENCIA que criasse regras claras e compromisso das partes envolvidas. Todas as pessoas deveriam participar de toda cadeia. Pagamento por qualidade deve ser uma luta  de todos, com compromisso de toda a cadeia.
PAULO SERGIO RUFFATO PEREIRA

RIO BONITO - RIO DE JANEIRO

EM 18/05/2011

Prezado professor Marcos, parabéns pela bela explanação do assunto.


Os produtores tiveram pela IN 51,  3 anos(2002 a 2005) para atingirem 1.000.000 ufc/ml de CBT e cel/ CCS, pois antes disto nem tinham padrões mínimos estabelecidos, tiveram mais 3 anos(2005 a 2008), para atingirem 750.000 de CBT e CCS, ou seja reduzir 250.000(25%) nas regiões de melhor estrutura e mais desenvolvidas na atividade S, SE e CO.


Como esperar que com mais 3 anos (2008 a 2011), consigam atingirem 100.000(individua) e 300.000(coletivo) para CBT e 400.000(todos) para CCS, sendo uma redução drástica de  650.000 ufc/ml em CBT e 350.000 cel/ml CCS, apartir de julho/2011 nas regiões citadas, sendo que nas regiões menos desenvolvidas N e NE o prazo é de mais 1 ano, apartir de julho/2012, onde acredito que seja uma tarefa bem mais díficil e complicada de se alcançar.


Será que subestimamos os prazos e metas para alcançarmos o objetivo da IN 51(6 anos), de colocar o nosso leite nos patamares internacionais de qualidade e não fizemos o dever de casa corretamente e dentro do prazo?


Será que as ferramentas que dispomos, como bem citou em seu artigo, mais vontade política e ação das partes envolvidas, são suficientes para atingirmos as metas estabelecidas pela legislação?


Será também que a reanálise desta questão em termos de prazos e metas, desacreditaria a legislação, os produtores que atenderam, e tudo que já foi alcançado nestes 6 anos?


Ou devemos deixar como está, continuar os debates para vermos se chegamos a um consenço e cobrar ações mais severas e punitivas contra os que não se adequarem?


Estamos em um momento de reflexão, a IN 51 é uma estrada de mão única e sem volta, mas devemos trafega-la com cuidado para evitar acidentes graves com muintas perdas, pois feridos pelo caminho, sempre teremos.  
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/05/2011

Prezado Professor Marcos: Parabéns pelo artigo. Chegar a índices zerados de ccs e ufc, mesmo nos países mais desenvolvidos, é quase impossível. Entendo que os limites atualmente praticados, para a realidade nacional, estão, por ora, de bom tamanho. Pretender que, no cenário de hoje, se atinjam valores de menos de 100.000 ufc e 400.000 cel/ml, é fadar ao fechamento de porteiras para a maior parte dos produtores de leite nacionais (até os que "fizeram a lição de casa"). Explico: o sistema laboratorial brasileiro é, hodiernamente, carente de recursos para uma análise aprofundada desses valores, já que as amostras ainda são colhidas pelos laticínios, quase sempre sem as devidas técnicas, o que expõe a risco o seu resultado (no meu caso particular, com manejo rígido - pré e pós dip, desinfecção diária de salas e maquinários de ordenha com clorexidina, troca constante de teteiras e mangueiras, sanidade total de rebanho, assistido com regularidade por Médico Veterinário, alimentação balanceada -  há meses que estes níveis não condizem com a realidade, mesmo após longos intervalos mensais de resultados abaixo dos padrões exigidos, e se apresentam alterados). Por lado outro não é fácil, aos médios e pequenos produtores, utilizarem formas de redução destes índices, sem que lhes tenha sido destinadas condições para tanto (melhoria de salas de ordenha, de equipamentos, de aquisição de ordenhas mecâncias, condições de adquirir produtos de pré e pós dip). Sou, portanto, favorável à manutenção dos valores ora em uso, mas com rigidez em seu controle e com penalização dos que deles fugirem, além do pagamento melhor pelo padrão do leite fornecido, por óbvio, já que, como você constatou, este é o real incentivo à melhoria da qualidade.


Um abraço,
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado(a) Guilherme Alves de Mello Franco,

Obrigado pela resposta. Conforme destaco no artigo, entendo que a discussão mais importante neste momento é criar condições de melhoria real da capacitação do produtor e incentivos via pagamento.

Em minha opinião, estamos excessivamente preocupados com um número limite de CCS e CBT, mas mesmo para os limites maiores ainda temo problemas de qualidade em grande parcela dos produtores.

Atenciosamente, Marcos Veiga
RODRIGO ZAMBON

TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2011

Concordo com todas as colocações do Dr. Marcos.


O problema é que nós Brasileiros somos acostumados a  deixar tudo para ultima hora, se em 2005 quando entrou em vigor a IN 51 a própia fiscalização federal tivesse cobrado os laticinios com a mesma intensidade que cobra hoje e as empresas teriam dado a devida importancia para o assunto a 5 anos atraz, hoje ficaria muito mais facil de cumprir com os novos parametros, que como o Dr Marcos lembrou estava previsto desde 2002. Não vejo argumentos para prorrogação da IN 51, pois os produtores e empresas tinham 3 anos para adequar a qualidade do leite para parametros que no meu ponto de vista é facil de ser conseguido e nada foi feito nessa epoca.



Att,





Rodrigo Zambon
ADILSON DA MATTA ANDRADE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2011

Parabéns Marcos pela  excelente matéria.


         Conforme você constatou a nossa realidade esta longe da necessidade , o que torna as coisas bem difícil, nos resta a possibilidade de debatermos a solução.


         A sugestão da lei conforme o João Luiz Martins descreveu poderia ser a solução se não estivéssemos no Brasil aonde seria mais uma lei a não ser cumprida.


         O uso da mídia para penalizar os maus produtos (padrão Fantástico) certamente prejudicaria o consumo e a toda a instituição Cadeia leiteira.


          Talvez uma mídia de dentro da Instituição Leiteira conforme o MilK Point, poderia ajudar, montando um Top 100 de qualidade, tanto de produtor como industria, pelo menos beneficiando os mais profissionalizados  com uma visualização dentro do setor, ou até fora dele se for para premiar os melhores.


          Vamos ver se esta sua reportagem acende o debate ou se vamos continuar acomodados como sempre ou como desde 2002.


JOSÉ LUIZ MARTINS

SACRAMENTO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 17/05/2011

Exelente analise. Também acredito que postergar a data da aplicação dos padrões previstos pela IN-51 não trará benefício algum para os não conformes, visto que continuarão a banalizar a atividade . No entanto irá fazer com que os produtores profissionais e as empresas responsáveis, que se preocupam em garantir a qualidade de seus produtos passem a viver a expectativa de retrocesso na qualidade do leite. Acredito ser a única atividade do agronegócio na qual ainda há condições de se manter sem profissionalismo.


Acho que o MAPA deveria fazer da IN-51 uma lei, talvez com maior tolerância, mas lei para ser cumprida.


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