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Perdas embrionárias em bovinos: principais causas e como evitar - Parte 2

EDUCAPOINT

EM 18/02/2020

9 MIN DE LEITURA

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Por Ricarda Maria dos Santos e José Luiz Moraes Vasconcelos

Influências ambientais sobre a mortalidade embrionária
 
Numerosos estudos foram realizados em vacas leiteiras enfocando os efeitos do estresse térmico sobre a reprodução, particularmente em vacas leiteiras de alta produção. O estresse térmico não é definido de forma consistente na literatura, mas geralmente se referem às temperaturas ambientes entre 32ºC e 43ºC e umidade relativa acima de 40%. Os bovinos podem ser afetados pelo estresse térmico quando a temperatura corporal aumentar apenas 1ºC, mas a maior parte da literatura refere um aumento a partir de uma temperatura normal, 38,5 a 39ºC, para uma temperatura igual ou maior a 41ºC.
 
O estresse térmico certamente contribui para a mortalidade embrionária em bovinos de corte na região tropical, e é uma importante razão para a utilização de animais Bos indicus ou mestiços de Bos indicus. O momento da ocorrência do estresse térmico em relação ao dia do ciclo estral e cobertura é crítico. Os bovinos são mais suscetíveis ao estresse térmico durante os 3 primeiros dias após a cobertura e se tornam mais resistentes a temperaturas elevadas com o maior desenvolvimento embrionário.
 
As temperaturas elevadas durante este período inicial resultam em atraso no desenvolvimento embrionário, de forma que o embrião fica "fora de sincronia" com o ambiente materno em que se encontra. O estresse térmico, entretanto, também pode suprimir a expressão do estro, alterar o desenvolvimento folicular, reduzir a fertilidade dos espermatozóides e do óvulo, além de reduzir a síntese subsequente de progesterona. Todos estes fatores podem interferir com o desenvolvimento e o crescimento do embrião.
 
Há relatos na literatura de efeitos diretos e também indiretos do estresse térmico sobre a sobrevivência embrionária. Temperaturas corporais elevadas (1ºC de aumento na temperatura corporal) podem comprometer o desenvolvimento do embrião. Vacas expostas ao estresse térmico do dia 8 ao dia 16 após a cobertura apresentam menor concentração de progesterona e maior secreção uterina de prostaglandina.
 
A genética tem efeito claro sobre a suscetibilidade ao estresse térmico, uma vez que os bovinos que evoluíram em climas quentes adquiriram genes que protegem os embriões contra temperaturas elevadas. A utilização de mecanismos para resfriar os bovinos durante a fase reprodutiva ou os primeiros dias depois da IA pode diminuir os efeitos das temperaturas elevadas sobre o desenvolvimento e a sobrevivência dos embriões. Outros métodos para reduzir os efeitos do estresse térmico podem incluir a ovulação sincronizada com a IA em tempo fixo, cobrir as vacas nas estações menos quentes do ano ou em horários de menor temperatura durante o dia, e a utilização na IA de sêmen coletado de touros não submetidos a estresse térmico.
 
Lidar com o estresse pode afetar o estabelecimento da prenhez e pode ser um problema que criamos em bovinos de manejo intensivo. Algumas vezes, os produtores que usam IA, por exemplo, transportam os animais para o pasto após a cobertura, o que poderia afetar o estabelecimento da prenhez. Novilhas que foram transportadas durante 6 horas, 8 a 12 dias ou 29 a 33 dias após a IA tiveram taxas de prenhez mais baixas do que as novilhas que foram transportadas 1 a 4 dias após a IA, sugerindo que o estresse provocado pelo transporte resultou na perda embrionária.
 
Foram conduzidos 3 estudos adicionais nesta área, com o objetivo de determinar o mecanismo pelo qual o estresse provocado pelo transporte leva a perda embrionária, e assim poder prevenir esta perda. Como a placentação já está em andamento no dia 29 após a cobertura, os níveis elevados de prostaglandina como resultado do estresse provocado pelo transporte parece ser o método mais lógico pelo qual o estresse poderia afetar a sobrevivência embrionária inicial.
 
Uma única administração do inibidor de prostaglandina Flunixin meglumine (o ingrediente ativo de Banamine) a vacas e novilhas submetidas a estresse pelo transporte aproximadamente 13 dias após a IA, resultou em supressão da prostaglandina na corrente sangüínea e um aumento nas taxas de prenhez. A administração de Flunixin meglumine a vacas sem o estresse pelo transporte, aproximadamente 13 dias após a IA, não aumentou as taxas de prenhez. Por outro lado, a administração de Flunixin meglumine a novilhas também sem o estresse pelo transporte, aproximadamente 13 dias após a IA, reduziu as taxas de prenhez.
 
A nossa interpretação destes dados é que reunir e manejar os animais nas instalações para administrar uma injeção é percebido pelas novilhas como algo mais estressante do que para as vacas. Não sabemos se o manejo das novilhas, levando-as a um novo pasto durante a fase reprodutiva, cria estresse suficiente para afetar a mortalidade embrionária, mas é provável que para a maioria das novilhas do rebanho isto dependa do estágio da prenhez. É provável, entretanto, que fazer o manejo das novilhas, fazendo-as passar pela seringa para fazer o diagnóstico precoce de prenhez (cerca de 35 dias após a IA sincronizada, por exemplo), possa afetar a sobrevivência embrionária nas novilhas que emprenharam no retorno ao estro, e que estariam no dia 14 da prenhez. Esses resultados mostram a importância de sempre manejarmos os animais como muita calma e cuidado.

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Fatores diversos que afetam a perda embrionária
 
Papel da Progesterona. A progesterona é essencial para o estabelecimento e a manutenção da prenhez. Se uma vaca ou novilha não produzir progesterona em teores suficientes, a prenhez será perdida. Há condições em que as vacas produzem progesterona insuficiente depois de estarem no cio. A primeira condição é com um ciclo estral mais curto (geralmente de 8 a 12 dias), em que as vacas têm um CL de vida curta, que regride antes que o embrião tenha tempo para sinalizar sua presença. A maioria das vacas têm um CL de vida curta após sua primeira ovulação depois da parição. A única maneira comprovada de evitar ciclos curtos é simular este evento usando progesterona (tal como um CIDR) ou GnRH cerca de uma semana antes de uma injeção de prostaglandina para induzir a ciclicidade.
 
A outra incidência de progesterona reduzida ocorre em vacas que têm um ciclo estral de duração normal, mas níveis mais baixos de progesterona, e cujo útero é menos responsivo ao sinal embrionário para o reconhecimento materno (interferon-tau) e mais sensível à liberação de prostaglandina. Estudos recentes sugerem que as baixas concentrações de progesterona durante o ciclo estral anterior pré-condicionam o útero a liberar prostaglandina, mesmo na presença de um embrião em desenvolvimento.
 
Outra causa de produção diminuída de progesterona é o tamanho do folículo ovulatório. A ovulação induzida de pequenos folículos, mas não a ovulação espontânea, resultou em produção subseqüente reduzida de progesterona. É provável que a causa da redução da progesterona nestas vacas seja a ovulação de um folículo imaturo, com menos células da granulosa, que eventualmente luteinizam e produzem progesterona. Estas vacas também têm taxas de concepção reduzidas, o que pode ser ainda piorado pela ovulação de um ovócito imaturo.
 
Além disso, concentrações menores de progesterona durante o ciclo estral anterior podem aumentar a incidência de ovulação de folículos persistentes, cujos óvulos são "velhos". Estes óvulos são fertilizáveis, mas a mortalidade embrionária precoce é elevada e geralmente ocorre antes do estágio de 16 células.

Diversos estudos tiveram por objetivo aumentar as concentrações de progesterona após a cobertura, com a colocação de CIDR ou a administração de GnRH ou hCG para criar um CL acessório. A maioria destas técnicas tem sido bem sucedida em aumentar as concentrações de progesterona no sangue, mas sua capacidade de melhorar a sobrevivência do embrião e as taxas de prenhez não tem sido consistente.
 
Uma parte da variabilidade na resposta da prenhez é que seria de se esperar que apenas as vacas com baixas concentrações de progesterona endógena se beneficiariam com estes tratamentos. Foi demonstrado que o uso de farinha de peixe na alimentação suprime a secreção de prostaglandina em novilhas com baixas concentrações de progesterona, sugerindo que pode melhorar a capacidade do embrião de sinalizar o reconhecimento materno da prenhez.
 
Efeito da idade. Muitos fatores podem ser incluídos no efeito da idade sobre a perda embrionária. As novilhas têm geralmente taxas de prenhez mais elevadas, e este aumento parece estar associado a menor mortalidade embrionária do que a das vacas. Entre os bovinos leiteiros, tanto as perdas embrionárias precoces como as tardias aumentaram com o aumento da idade das vacas. Este aumento na perda embrionária também esteve associado ao aumento da produção de leite e à diminuição das concentrações circulantes de progesterona.
 
O aumento da produção de leite em vacas leiteiras está muitas vezes associado a um aumento da ingestão de ração e clearance metabólico da progesterona, que provavelmente não é uma ocorrência importante entre as vacas de corte mantidas em condições extensivas. Quarenta anos atrás, pesquisadores relataram que não houve modificação na fertilidade das vacas de corte com a idade. Com as maiores demandas que existem atualmente sobre os bovinos de corte em alguns ambientes, eles podem responder com diminuição da fertilidade, semelhante ao que ocorre com vacas leiteiras.
 
Efeito do Macho. Há uma variação conhecida entre os reprodutores com relação à fertilidade, mas não conseguimos detectar a maior parte desta variação com os exames tradicionais. Uma parte desta variação parece estar relacionada a touros com maior incidência de mortalidade embrionária, mais do que a capacidade fertilizante de seus espermatozóides. O uso de touros com características de sêmen que não são compensáveis, como cabeça deformada ou vacúolos nucleares, resulta em redução das taxas de clivagem do embrião e um aumento da mortalidade embrionária.
 
A maioria das características de sêmen que não são compensáveis não é detectada durante os exames de rotina, mas as centrais de IA dão bastante atenção à morfologia do sêmen para poder identificar os touros com estas características, uma vez que não se consegue compensar a fertilidade reduzida destes touros pela colocação de mais espermatozóides nas palhetas para IA.
 
Agentes Infecciosos. Atualmente, os produtores estão mais atentos aos agentes infecciosos que causam abortos ou quedas na fertilidade. Este trabalho não poderia cobrir de forma adequada todos os microrganismos envolvidos, sua etiologia ou os efeitos sobre o rebanho. Os programas sanitários e os esquemas de vacinação apropriados variam muito de uma fazenda para outra, e os produtores devem trabalhar com os veterinários locais para determinar qual o melhor programa para suas operações.
 
Resumo
 
Infelizmente, não há soluções mágicas capazes de eliminar a mortalidade embrionária. Podemos esperar, entretanto, que uma melhor compreensão dos fatores envolvidos e as prováveis causas da mortalidade embrionária permitam limitar seus efeitos em nossos rebanhos. Aqui, o conceito mais importante é que qualquer coisa que possa afetar as divisões iniciais e o crescimento do embrião irá afetar sua sincronia com o ambiente materno e diminuir sua capacidade de produzir os sinais adequados, em tempo para o reconhecimento materno da prenhez.
 
* Baseado em artigos publicados no site MilkPoint.
 
Mais informações:
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WhatsApp (19) 99817- 4082
 
 
Fontes consultadas:
 
Estratégias para reduzir perdas embrionárias - Parte 1 (https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/estrategias-para-reduzir-perdas-embrionarias-parte-1-49752n.aspx)
 
Estratégias para reduzir perdas embrionárias - Parte 2 (https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/estrategias-para-reduzir-perdas-embrionarias-parte-2-50157n.aspx)
 
Estratégias para reduzir perdas embrionárias - Parte 3 (https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/estrategias-para-reduzir-perdas-embrionarias-parte-3-50569n.aspx)
 

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