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Norte Paranaense, porta de entrada do leite rumo ao Sul do Brasil

POR COOPERIDEAL - COOPERATIVA PARA A INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LEITEIRA

COOPERIDEAL

EM 23/03/2015

10 MIN DE LEITURA

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     O Norte do Estado do Paraná é hoje uma das regiões mais prósperas do país. Colonizada a partir do final do século XVIII, a região passou por diversas transformações, tendo vivido diversos ciclos, como o do café, que se expandia na região como resultado da marcha da cultura, que no século XIX rompia as fronteiras de São Paulo rumo ao Sul do país. Atualmente, a produção de grãos como soja e milho, além da produção de cana-de-açúcar são predominantes na região e grandes cidades surgiram a partir da riqueza gerada pela agricultura praticada em terras férteis por produtores de grande aptidão agrícola. Várias indústrias de lácteos estão instaladas no norte paranaense, porém a produção de leite nessa região tem diminuído, pois muitos produtores de leite, frente às dificuldades relacionadas à gestão da atividade, optaram pelo arrendamento de suas terras para usinas produtoras de etanol e hoje o leite que abastece as maiores indústrias locais vem de outras regiões e até mesmo de outros Estados.
     
   Nessa mesma região, onde produtores tradicionais abandonam a atividade e arrendam suas terras férteis, outros produtores, direcionados pelo conhecimento técnico e pela busca de uma forma nova de produzir e de gerenciar a atividade, têm obtido sucesso, transformando a produção de leite em uma fonte de geração de riquezas que se traduz na melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. Exemplo disso são os produtores de leite distribuídos nos diversos municípios da região, que com o auxílio de parceiros locais recebem o atendimento dos técnicos da Cooperideal. Municípios como Ribeirão Claro, Ibaiti e Tamarana são parceiros desse trabalho no norte paranaense e viabilizam o atendimento técnico a seus produtores de leite, demonstrando visão e sensibilidade em relação às necessidades das propriedades produtoras. O Laticínio Carolina, importante empresa captadora de leite da região, também é parceiro deste trabalho e viabiliza o trabalho técnico da Cooperideal a seus produtores fornecedores. Existem ainda os produtores que arcam sozinhos com os custos deste trabalho, como é o caso do Sítio Junqueira, localizado no município de Santo Antônio da Platina, na região do Paraná conhecida como Norte Pioneiro. A família Vitório sempre viveu no meio rural, os filhos cresceram ajudando os pais na execução das tarefas da fazenda, que teve por muito tempo o gado de corte como sua principal atividade. À medida que os filhos cresciam, a propriedade de área total de 75 hectares parecia diminuir de tamanho frente às necessidades crescentes da família. Com o passar dos anos os filhos foram se casando e mais pessoas dependiam da renda gerada na fazenda. A renda oriunda do gado de corte já não era suficiente e a família decidiu que era hora de investir em uma atividade capaz de aumentar os ganhos, de maneira que os filhos e suas respectivas famílias pudessem permanecer na propriedade, garantindo a continuidade do trabalho no Sítio Junqueira, e a profissionalização da atividade leiteira parecia uma boa opção. Em 2006, a propriedade produzia ao redor de 200 litros/dia a partir de um rebanho sem especialização: de um total de 51 vacas, apenas 25 produziam e não havia nenhum tipo de controle sobre a situação zootécnica e econômica da atividade. Nessa mesma época a família Vitório teve o primeiro contato com o Agrônomo Wilson Marques Povinha, na ocasião técnico da Cooperideal responsável pela região, que os convidou a conhecer o trabalho técnico realizado em outras propriedades do Estado. Foram visitadas propriedades nos municípios de São João do Caiuá e Colorado, ambas no norte do Paraná. Motivados pelos bons resultados vistos nas propriedades visitadas, a família decidiu por investir no leite, de maneira a transformar a atividade na principal fonte de renda da propriedade.

    A família, composta pelo pai José Carlos, pela mãe Dona Léa e pelos filhos Pablo, Vitor e Thenili, nunca havia trabalhado com manejo de pastagens, base do sistema que seria implantado na fazenda, sendo que até então o rebanho andava livremente pela propriedade e buscava seu próprio alimento. Uma das primeiras ações foi o estabelecimento de um sistema de pastejo que deveria ser inicialmente pequeno, onde a família pudesse entender os conceitos sobre a produção e o manejo intensivo de pastagens, os custos, o desempenho animal e os resultados possíveis de serem obtidos na área trabalhada. Foi estabelecido então um pequeno sistema de pastejo de capim Tifton 85, esse módulo possuía área total de 0,4 ha, dividido em 19 piquetes de 200 m2 cada. Uma área minúscula diante de um rebanho total de mais de 50 vacas parecia uma incoerência, mas ainda assim a recomendação técnica foi acatada pela família e o sistema foi estabelecido.

Foto com a família Vitório - Santo Antônio da Platina-PR:

    Esse primeiro sistema de pastejo, apesar de pequeno, era suficiente para cerca de 5 ou 6 animais, e nele foram colocados os animais mais produtivos selecionados dentre aqueles que estavam em lactação no momento. Esses animais, a maior parte com parição recente, ao serem colocados nessa área com capim adubado e bem manejado responderam rapidamente com aumento de produção e animais com produções ao redor de 15 litros/dia foram mantidos nesse sistema sem que houvesse a necessidade de fornecimento de alimento concentrado. A tabela 1 é resultado da análise de uma amostra de capim Tifton 85 no ponto de pastejo coletado em uma das propriedades assistidas pela Cooperideal (na foto 2 é possível observar o momento em que a amostra foi coletada pelo técnico para envio ao laboratório). A alta qualidade do capim observada na análise é fruto de um bom manejo e de boa fertilidade do solo, princípios básicos para a boa qualidade da forragem e consequentemente para o bom desempenho dos animais mantidos nesse pasto.

Tabela 1: Resultado da análise bromatológica de amostra de capim Tifton 85 no ponto de pastejo.
 
Foto Tifton 85 analisado - 18 dias de crescimento:
    
     Teoricamente, de acordo com a qualidade demonstrada pela análise, uma vaca consumindo apenas o capim analisado mais sal mineral é capaz de produzir 15 litros de leite por dia, tendo sua limitação a uma maior produção relacionada ao teor de energia do capim, visto que sobra proteína para essa produção. O mesmo resultado se vê na prática: pastos tropicais adubados e bem manejados suprindo as exigências para produções ao redor de 15 litros/dia. Essa área de 0,4 ha, com seis vacas produzindo ao redor de 90 litros/dia, ou seja, 45% dos 200 litros diários produzidos pela fazenda, passou a servir como um balizador do potencial da propriedade. Esse impacto é o papel que esse pequeno sistema de produção teria que cumprir na fazenda. A partir daí, dominados os conceitos de intensificação e de manejo da pastagem, a propriedade poderia expandir suas áreas, trabalhando com sistemas maiores que pudessem comportar lotes com uma quantidade maior de animais. Em 2007 a propriedade já havia expandido o módulo de pastejo de Tifton 85 para 1,7 ha, capaz de suportar no período quente do ano entre 20 e 25 vacas em pastejo; em 2009 mais um módulo, dessa vez com 1,8 ha de capim Mombaça, foi estabelecido, e a propriedade já produzia nesse período ao redor de 700 litros/dia com 41 vacas em lactação mantidas em pastejo nos dois sistemas estabelecidos, que totalizavam 3,5 ha de pastagem intensificada e irrigada; em 2010 foi estabelecido outro sistema de pastejo de capim Mombaça de 5,0 ha em área de sequeiro que, por estar mais distante da sala de ordenha, passou a receber os animais de menor produção, normalmente com período de lactação mais adiantado. No período do inverno os animais recebem cana-de-açúcar como volumoso e o concentrado é fornecido de acordo com a produção de cada lote de vacas. Em 2013 a propriedade produziu em média 1.267 litros/dia com 72 vacas em lactação. A área total utilizada para a produção de leite no Sítio Junqueira é atualmente de 24 hectares e o restante da propriedade continua sendo utilizado para a produção de gado de corte. O quadro 1 resume os índices obtidos pela propriedade entre o período de 2006 e 2013.

Quadro 1: Resumo dos índices econômicos e zootécnicos do Sítio Junqueira - Comparação de dois períodos de trabalho

     Pela análise dos índices do Sítio Junqueira, é possível perceber uma grande evolução no volume de leite produzido pela propriedade no período, saindo de uma produção diária média de 192 litros em 2006 até atingir a produção média de 1.267 litros em 2013. À medida que a propriedade investia na formação de áreas de pastejo intensificado, que permitiam às vacas do rebanho acesso a alimento de qualidade e em quantidade que atendessem suas necessidades, a produção aumentava. Porém, além da alimentação, a fazenda passou também por um processo de estruturação de rebanho, e assim, com o passar dos anos, foram sendo feitos ajustes que permitiram o aumento da participação de vacas em lactação na composição do rebanho. Com ajustes na estrutura do rebanho, foi dada atenção também à reprodução, com ações relacionadas ao conforto e ao manejo reprodutivo dos animais, além da aquisição e seleção de animais especializados, com boa persistência de lactação. Com uma porcentagem maior de vacas em relação ao total de animais do rebanho (melhorias na estrutura de rebanho) e com as vacas produzindo por mais tempo e reproduzindo melhor, a porcentagem de vacas em lactação em relação ao total de animais do rebanho cresceu significativamente (de 22% em 2006 para 48% em 2013). Esse maior número de vacas em lactação, aliado a ajustes de manejo e melhoria da qualidade individual dos animais (aumento da média de produção por animal), explica o aumento da produção da fazenda. Note-se que em 2006 a fazenda possuía um total de 51 vacas (25,5 em lactação e 25,6 secas) com uma produção média de apenas 192 litros/dia; em 2013 o total de vacas subiu para 86 (72,2 em lactação e 13,8 secas), aumento de 67% em relação ao número de vacas de 2006, porém com a produção crescendo mais de 660% em relação a 2006 (dos 192 para os 1.267 litros/dia). A divisão do número de vacas em lactação da fazenda pela área utilizada na atividade nos permite a obtenção do índice Vacas em Lactação por hectare (VL/ha), relacionando assim os fatores que impactam a quantidade de vacas em lactação na fazenda (estrutura do rebanho, reprodução e persistência de lactação) com a eficiência no uso da terra. No caso do Sítio Junqueira, o índice VL/ha nos ajuda explicar a evolução na produção da propriedade, conforme mostra o gráfico 1:

Gráfico 1: Relação entre o número de vacas em lactação por hectare (VL/ha) e o volume de leite produzido diariamente no Sítio Junqueira no Período 2006 - 2013.

      Em 2006 o Sítio Junqueira tinha 25,5 vacas em lactação utilizando uma área de 24 hectares para a atividade, assim o número de vacas em lactação por hectare (VL/ha) obtido era de 1,06 (25,5 vacas / 24 hectares), com uma produção diária de 192 litros/dia. No decorrer dos anos, as ações voltadas para o aumento da participação de vacas em lactação em relação ao total de animais do rebanho, melhoria da qualidade dos animais e uso mais eficiente da terra, permitiram um crescimento constante do índice VL/ha, até atingir 3,01 (72,2 vacas / 24 hectares) em 2013, com produção de 1.267 litros/dia, demonstrando a importância desse índice na evolução da produção da fazenda e, consequentemente, na renda gerada pela atividade. Atualmente o Sítio Junqueira é assistido pelo agrônomo Carlos Santin, técnico da Cooperideal na região do Norte Pioneiro do Paraná.
    
     O desenvolvimento do Sítio Junqueira demonstra a importância do crescimento cuidadoso, com orientação técnica paciente, capaz de oferecer ao produtor o tempo necessário e as ferramentas adequadas para a aplicação correta de conceitos produtivos na atividade leiteira, respeitando os limites, propondo desafios e explorando o potencial das pessoas envolvidas no processo produtivo e gerencial do negócio. A partir do aprendizado e da experiência adquirida em uma área inicialmente minúscula (0,4 hectares), foi possível o estabelecimento de uma estrutura maior, eficiente, capaz de competir em condições de superioridade com as demais opções de culturas da região, mantendo a família na propriedade através da geração de renda e da perspectiva de um futuro seguro e confortável no campo.
 

COOPERIDEAL - COOPERATIVA PARA A INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LEITEIRA

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LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/04/2015

Obrigado a todos pelos comentários. Lembrando sempre que a propriedade está aberta para visitação, aqueles que quiserem saber mais informações poderão entrar em contato com o técnico Carlos Santin da Cooperideal - 43 8837 8155.
WALFREDO GENEHR

IBAITI - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 28/04/2015

Parabéns à orientação técnica da Cooperideal. Em primeiro lugar por conseguir introduzir um sistema de produção especializado junto ao prudutor rural e, em segundo, pelos resultados obtidos.
A região do norte pioneiro paranaense tem potencial para a produção agropecuária de leite e de corte a níveis muito maiores do que os apresentados, isto é, um retorno econômico por unidade de área (R$/ha). Para tal, em função do observado, podemos apontar:
a) um manejo da fertilidade dos solo com macro e micro elementos;
b) forrageiras mais produtivas;
c) seleção da genética animal com menor necidade de mantença corporal;
d) conforto térmico, talvez o mais importante;
e) entre outros.
Mas o que importa, os resultados são muito bons e servem de parâmetro para poder apontar uma realidade alternativa e promissora para o produtor e para a região do norte pioneiro paranaense.
DANILO LOBO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/04/2015

Tive a oportunidade de trabalhar na região sul do Estado de São Paulo onde há muita influência desta metodologia de produção e acompanhei de perto como funciona. Sou nascido e criado na região sul do estado de Minas Gerais onde eu comento com os produtores como é produzido leite no Sul do país e muitos deles (não todos) acham que é mentira ou devem pensar que eu estou ficando louco e preferem "apertar" os compradores de leite dizendo que os preços pagos em algumas épocas do ano não pagam o custo da produção. Quando estava no sul do Estado de São Paulo, pra ser mais preciso em Cerqueira César, eu dizia para os produtores que na minha região alguns tratavam com silagem de milho e ração 27% (mais cara) rebanhos de vacas com média de 10 litros por dia e em alguns casos até vaca seca. Acreditem! A maioria também pensava que eu estava contando mentira ou não sabia o que estava falando. Investimento em estrutura para produzir com vacas de alto nível onde o produtor lucra com escala de produção (menor lucro / maior volume) ou produção a pasto como o exemplo do sítio Junqueira (produção familiar) (menor volume/maior lucro) são as duas únicas opções a serem escolhidas pelos atuais produtores de leite que QUEIRAM permanecer neste delicado seguimento da agropecuária brasileira.
RICARDO LUIZ DORE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/04/2015

Matéria excelente,
Demostrada com muita transparência, de como a utilização de técnicas corretas aplicadas na atividade agropecuaria, produz resultados financeiros satisfatórios, para não deixar dúvida, que toda a atividade pode ser lucrativa, desde que tenha planejamento e seriedade técnica.

Parabéns.
CARLOS EDUARDO FREITAS CARVALHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/04/2015

Parabéns à família Junqueira, ao técnico Wilson Povinha e ao técnico atual Carlos Santin pelo excelente trabalho.

Um abraço
SERGIO AUGUSTO DE ANDRADE

JUNDIAÍ DO SUL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/04/2015

Parabéns Família Vitorio, também somos produtores de leite em Jundiaí do Sul e vocês são um exemplo para nós.
CASSIO DE OLIVEIRA LEME

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/04/2015

Os números mostram que está sendo feito um excelente trabalho. A Cooperideal cuida de seus assistidos com toda dedicação, independente do tamanho da propriedade.
Parabéns

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