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4 pontos que você deveria estar olhando na hora de pagar seu fornecedor pela qualidade

POR CLÍNICA DO LEITE

CLÍNICA DO LEITE/AGRO+LEAN

EM 19/04/2016

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 06/10/2023

Henrique Zaparoli Marques
Clínica do Leite

 

 

Uma das primeiras coisas que vem a cabeça quando se pensa em qualidade do leite é o pagamento por qualidade. E não por acaso discutimos muito sobre ele na reunião que fizemos aqui na Clínica do Leite nos dias 17 e 18 de março com diversas indústrias e cooperativas a respeito da qualidade do leite.

Esse artigo é o terceiro da série de artigos que estamos escrevendo para falar de pontos importantes quando se trata de qualidade do leite e mastite. O primeiro foi a respeito dos desafios para o controle da mastite e o segundo sobre a situação atual da mastite no Brasil e o que os dados da Clínica do Leite tem nos mostrado.

E foram justamente esses dados que nos fizeram discutir a respeito dos programas de pagamento por qualidade, uma vez que, como é possível observar nos gráficos abaixo, os dados não mostram nenhuma diferença no número de produtores com CCS alta e baixa entre as empresas que pagam por qualidade e as que não pagam.

 

 

 

 

Produtores abaixo e acima de 400 mil céls./ml de CCS de industrias que pagam por qualidade e indústrias que não pagam. Fonte: Clínica do Leite

 

 




Mas o que isso significa? Será que o pagamento por qualidade realmente não funciona?

Não é isso que mostram programas de pagamento em outros países. Muito pelo contrário! Muitos lugares tiveram grande sucesso com o pagamento por qualidade, da mesma forma que algumas empresas aqui no Brasil que adotam a prática têm bons resultados.

Mas então, o que faz alguns programas terem resultados enquanto a grande maioria deles no Brasil não têm, como mostram os dados? Durante a reunião chegamos a quatro pontos importantes que todo programa de pagamento deve prestar atenção:

1. Formato

Um dos principais motivos de se implantar um programa de pagamento pela qualidade é aumentar a motivação do produtor em melhorar a qualidade pelo prêmio ou pela possível perda financeira. Entretanto, inúmeros estudos mostram que é muito mais impactante o sentimento de perda do que o de ganho e que em muitos casos o ganho tem pouco ou quase nenhum impacto na mudança de comportamento.

Eu garanto que você já sentiu isso! Tome como base o que você paga de seguro do seu carro. Existe uma expectativa de perda para a grande maioria das pessoas que possuem um carro e, por isso, fazem seguro mesmo em casos em que o valor do seguro é alto e a chance de perda é baixa. Ao mesmo tempo, pouquíssimas pessoas estariam dispostas a pagar a mesma quantia para concorrer ao mesmo carro. Esse é um padrão de comportamento que se repete em muitas situações no nosso cotidiano e que também foi observado quando se trata da perda do prêmio pela qualidade do leite. É importante ressaltar que utilizar a perda como mecanismo não significa diminuir o valor pago ao produtor e sim colocá-lo em um outro nível de referência.

2. Comunicação

De nada adianta um programa de pagamento se não há bons mecanismos de comunicação para suportá-lo. É preciso comunicar o produtor de forma clara para que ele entenda como o pagamento afeta o negócio dele, qual o resultado esperado pela indústria e como ele se compara a outros produtores próximos da realidade dele. Além disso, para se criar o sentimento de perda do primeiro item, é preciso mecanismos de comunicação que afetem o processo de tomada de decisão do produtor e o extrato de pagamento pode ser uma excelente via de comunicação quando bem estruturado e feito com clareza.

3. Educação

Junto ao programa de pagamento, é preciso dar apoio aos produtores para que eles entendam o que é preciso fazer para melhorar e ensiná-los como fazer. Enquanto os primeiros dois pontos estão focados em fazer com que os produtores tenham a intenção de melhorar a qualidade do leite, a educação é necessária para dar apoio aos produtores eliminando barreiras e fazendo essa intenção se tornar uma mudança efetiva do comportamento. Entretanto, esse trabalho é preciso ser bem organizado para que traga resultados. É preciso utilizar uma metodologia de gerenciamento da equipe de campo e também dos projetos na fazenda para que se consiga dar um suporte ao produtor. Este suporte não pode ser superficial, resolvendo apenas crises, mas ao mesmo tempo precisa ser escalável para que tenha impacto na qualidade do leite da indústria.

4. Constância

Também é necessário entender que nada se muda do dia para a noite e é preciso dar tempo aos produtores para que eles se adaptem as novas necessidades e padrões. As regras não podem mudar constantemente, uma vez que a pecuária de leite possui ciclos de 3 anos e este é o tempo necessário para que os resultados das melhorias apareçam. Visto isso, o mercado não pode influenciar os critérios do programa. Mas, também, não podemos esquecer do mercado para que a indústria não tenha problemas competitivos. A solução é colocar um item de pagamento relativo ao mercado. Se a oferta de leite aumentar ou diminuir, apenas esse item é alterado e não os itens referentes à qualidade.

Por fim, é necessário manter um padrão em todos os momentos e para todos os produtores. Um dos grandes empecilhos para os programas funcionarem é ter regras diferentes dependendo da situação do mercado ou dependendo do fornecedor. Ter clareza e constância de propósito e nas regras faz com que todos os produtores se engajem no programa e os resultados apareçam.

Observando e analisando os programas de pagamento pela qualidade que têm dado resultados significativos, é possível ver que esses quatro pontos estão bem consolidados. Isso torna o pagamento por qualidade uma poderosa ferramenta na busca pela qualidade e que tem muito a contribuir para a indústria e para o produtor.

Esse assunto e muitos outros será tema III Workshop de Mastite – Desafios e Soluções no controle da Mastite. Clique aqui e veja a programação!!

Esse artigo faz parte  da serie de artigos sobre a mastite no Brasil:

1. Situação atual da mastite no Brasil
2. Pagamento por qualidade
3. Como mudar o comportamento do produtor de leite para melhorar a qualidade
4. Como gerenciar e acompanhar programas de qualidade

Se quiser ser avisado quando esses os outros artigos forem publicados clique aqui!!

 

CLÍNICA DO LEITE

Vinculada à ESALQ/USP, a Clínica do Leite é uma instituição sem fins lucrativos que atua em gestão da pecuária de leite, por meio da geração de conhecimento e da formação de pessoas.

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BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 08/05/2016

Em meio ao discurso, cabe à mim por algum motivo ( T.Q ) concordar com as veracidades aqui ditas. De forma disciplinar acho que muitas empresas produtoras de leite, creio eu que mais de 60% possuem uma cultura ou postura ruim, querem seu ganho e não importando com a qualidade !. tenho professor(a) que saiu de uma produtora de leite por ver tanta porcaria que acontece na fabricação. mas adorei ter lido os comentários e de alguma forma me expressar.
CLÍNICA DO LEITE

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 25/04/2016

Roney, realmente os programas de qualidade precisam ser embasados no DNA ou cultura das indústrias e essas deveriam prezar por essa cultura. Quando isso é feito a indústria que tem cultura certa, voltada a excelência, ela atraí fornecedores com a mesma cultura! O mesmo é verdadeiro para o oposto. As indústrias que possuem cultura errada, ou então que tratam os fornecedores de maneira diferente dependendo da pessoa ou da situação de mercado tende a atrair produtores com essa mesma cultura, e esse tipo de comportamento esta fadado ao insucesso.
Concordo com o senhor 100% quando diz que a busca pela qualidade deve ser o primeiro objetivo de qualquer empresário, e não só a qualidade do produto final mas também a qualidade dos processos, da eficiência, do trabalho o que significa sempre buscar a excelência e melhorar sempre. Da mesma forma que a indústria deve buscar essas melhorias o produtor precisa também melhorar todos os dias dentro do que está ao seu alcance! Uma coisa é certa a busca pela excelência é uma estrada sem fim, podemos sempre ser melhores do que ontem! Quanto todos buscarem isso não tenho dúvida que o país dará um salto grande! Um grande abraço!
RONEY JOSE DA VEIGA

HONÓRIO SERPA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/04/2016

Interessante o artigo! Chegou a uma conclusão que acredito ser verdadeira pelo que observo a campo!
Na realidade as Indústrias não pagam por qualidade, mas sim penalizam quem não entrega o que está na normativa; esse formato não funciona, pois pede-se qualidade Européia e quer se pagar por isso preços não-europeus, por assim dizer.
Ressalto ainda que a maioria das indústrias não vêem o produtor como parceiro, e vice-versa, criou-se um círculo vicioso de desconfiança , quebrar esse paradigma é essencial para qualquer programa que vise melhorias funcionar.
Vemos nos últimos anos , com melhorias tecnológicas, o ganho das indústrias aumentar, seja por aproveitar melhor a matéria-prima bruta, ou por aproveitar melhor os sub-produtos, mas esse ganho não chega ao produtor, que constantemente é cobrado por essa qualidade, que permite a indústria ganhar mais, mas não recebe na prática nada por isso!
O caminho é longo e difícil , mas acredito que o busca pela qualidade é fator universal de progresso, não apenas na atividade leiteira, mas como parâmetro geral para a vida, buscando qualidade em tudo o que podemos fazer, estaremos realizando um mundo melhor para vivermos e uma vida, para nós mesmos, mais feliz!
Por uma Brasil mais Justo e Perfeito.:

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