ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Elaboração de rapadura com adição de soro de queijo

VÁRIOS AUTORES

CLAUCIA FERNANDA VOLKEN DE SOUZA

EM 28/07/2016

4 MIN DE LEITURA

2
1
O soro de queijo é um subproduto de grande importância na indústria alimentícia, tendo em vista sua composição nutricional e o volume produzido. As aplicações do soro são inúmeras: 50% em alimentação animal, 12% em laticínios, 10% em gelados, biscoitos e aditivos para panificação e 8% em margarinas. Mas, ainda assim, em função dos seus elevados teores de sais minerais e lactose, somente cerca de 50% do soro mundialmente produzido é utilizado em outros produtos (Almeida et al., 2001). O soro de queijo é considerado um poluente, devido à sua elevada demanda química de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO), devendo ser tratado de forma adequada, antes do descarte em corpos hídricos (Ghaly e Kamal, 2004).

A rapadura é descrita como um produto de boa aceitabilidade, sendo um alimento rico em carboidratos, sais minerais, proteínas e vitaminas. Além disso, é um alimento não perecível, de fácil armazenamento a temperatura ambiente, não necessitando de refrigeração, e possui um prazo de validade longo, determinado de acordo com a sua fabricação (Centec, 2004).

Com base nisto, o objetivo deste trabalho foi elaborar e avaliar as características físico-químicas e sensoriais de diferentes formulações de rapadura com a adição de soro de queijo, visando o reaproveitamento desse subproduto da indústria de laticínios.

Material e métodos

Foram elaboradas 4 formulações (A, B, C e D) de rapaduras com diferentes concentrações de soro de queijo (Tabela 1).

Tabela 1. Formulações elaboradas das rapaduras com soro de queijo.



As determinações dos teores de umidade, cinzas, lipídeos e proteínas foram realizadas segundo Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (Instituto Adolfo Lutz, 2008). O teor de carboidratos totais foi determinado pelo cálculo da diferença de 100 gramas de amostra e a soma total dos valores encontrados de proteínas, lipídeos, cinzas e umidade. A atividade de água foi determinada no equipamento AquaLab Lite. O valor calórico da amostra foi calculado pela soma do percentual de proteínas e carboidratos, multiplicado pelo fator 4 (kcal.g-¹), somando o teor de lipídeos, multiplicando pelo fator 9 (kcal.g-¹). Todas as análises foram realizadas em duplicata, no 1º e no 30º dia após a elaboração das rapaduras.

Para a análise sensorial, as amostras foram codificadas com números aleatórios de três dígitos e apresentadas aos provadores de forma aleatorizada. A análise sensorial foi realizada por 67 provadores não treinados. As amostras foram caracterizadas quanto à aparência, odor, sabor, textura e impressão global. Para determinar o índice de aceitabilidade (IA) das amostras de rapadura foi adotada a expressão IA= (Nota Média x 100)/Nota Maior, conforme Peuckert et al. (2010). Os provadores também foram questionados quanto à intenção de compra para cada amostra, variando de 1 “certamente não compraria” a 5 “certamente compraria”.

Resultados e discussão

A Tabela 2 apresenta os resultados físico-químicos das formulações das rapaduras no 1º e no 30º dia após a fabricação.

Tabela 2. Resultados físico-químicos das formulações de rapadura.


Em relação à atividade de água, as formulações apresentaram valores entre 0,540 a 0,596. A maioria dos micro-organismos cresce em meios onde a atividade de água é superior a 0,900 contribuindo para a degradação do produto ou mesmo produzindo toxinas prejudiciais à saúde pública. Portanto, as rapaduras elaboradas com soro de queijo apresentaram baixa perecibilidade. Em relação aos teores de cinzas, verificou-se um aumento progressivo em função da concentração de soro de queijo adicionada. Observou-se que na formulação sem soro de queijo os teores de lipídeos foram de 16,08 e 15,32%, e nas formulações com adição de soro esses teores foram sendo reduzidos à medida que se aumentou a quantidade adicionada. As concentrações de proteínas não apresentaram grande variação entre as formulações elaboradas. Após armazenamento por 30 dias, verificou-se a redução da umidade em todas as formulações testadas. O valor calórico das formulações com soro foram, em torno de, 400 kcal/100 g de produto.

Os resultados do índice de aceitabilidade das Formulações A, B, C, e D apresentaram valores superiores a 70% (Figura 1), indicando potencial de comercialização. De acordo com Teixeira et al. (1987) para que um produto seja considerado aceito por suas propriedades sensoriais é importante que obtenha um índice de aceitabilidade de no mínimo 70%.

Figura 1. Resultados do índice de aceitabilidade das amostras de rapadura.



Observa-se na Figura 2 que a amostra comercial teve a categoria de intenção de compra “certamente compraria” definida por 41% dos provadores, a maior intenção de compra entre as amostras avaliadas. Verifica-se também que, com exceção da amostra C, para as demais, a soma das categorias “certamente compraria” e “possivelmente compraria” somaram mais de 50% dos provadores.

Figura 2. Resultados da intenção de compra das amostras de rapadura.



Conclusão

A partir dos resultados obtidos, verifica-se que a formulação de rapadura com 10% de soro de queijo apresentou melhor aceitação sensorial comparada com as demais. O desenvolvimento de uma rapadura com a utilização de soro permite agregar novas alternativas para a utilização desse subproduto.

Referências bibliográficas

Almeida, K. E.; Bonassi, I. A. e Roça, R. O. Características físicas e químicas de bebidas lácteas fermentadas e preparadas com soro de queijo minas frescal. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 21, p.187-192, 2001.

Centec. Instituto Centro de Ensino Tecnológico. Produtor de rapadura. 2. ed. rev. Fortaleza, 2004.

Ghaly, A. E. e Kamal, M. A. Submerged yeast fermentation of acid cheese whey for protein production and pollution potential reduction. Water Res., v. 38, p. 631-644, 2004.
Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª edição. 1ª edição digital. São Paulo, 2008.

Peuckert, Y. P.; Viera, V. B.; Hecktheuer, L. H. R.; Marques, C. T. e Rosa, C. S. Caracterização e aceitabilidade de barras de cereais adicionadas de proteína texturizada de soja e Camu-Camu (Myrciaria dúlbia). Revista Alimentos & Nutrição, v. 21, n. 1, p. 147-152, 2010.

Teixeira, E.; Meinert, E. M. e Barbetta, P. A. Análise sensorial de alimentos. Florianópolis: Editora UFSC, p.180, 1987.

ADRIANO GENNARI

Pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Universidade do Vale do Taquari - Univates.

CLAUCIA FERNANDA VOLKEN DE SOUZA

Professora Titular da Univates, atuando nos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e Sistemas Ambientais Sustentáveis e nos cursos de Engenharia de Alimentos, Engenharia Química e Química Industrial. Doutora em Biologia Celular e Molecular.

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

CLAUCIA FERNANDA VOLKEN DE SOUZA

LAJEADO - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 25/08/2016

Muito obrigada Marcos!

Sim, rapadura é uma denominação da nossa região.

O grupo de pesquisa que coordeno na Univates vem desenvolvendo diversas estratégicas de aproveitamento do soro de queijo, principalmente para o pequeno produtor. O desenvolvimento de produtos é uma delas.

Agradeço seu comentários.

Abraços!
MARCOS OTTONI DE ALMEIDA

GUARATINGUETÁ - SÃO PAULO

EM 29/07/2016

Parabéns pelo trabalho.

Só que achei estranho usar a palavra Rapadura, quando na verdade é sobre o Pé de Moleque.

Talvez seja algum termo regional

De qualquer maneira, parabéns pelo trabalho, que é de suma importância para o setor lácteo, para o meio ambiente e para a saúde dos consumidores.

Saudações

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures