A rapadura é descrita como um produto de boa aceitabilidade, sendo um alimento rico em carboidratos, sais minerais, proteínas e vitaminas. Além disso, é um alimento não perecível, de fácil armazenamento a temperatura ambiente, não necessitando de refrigeração, e possui um prazo de validade longo, determinado de acordo com a sua fabricação (Centec, 2004).
Com base nisto, o objetivo deste trabalho foi elaborar e avaliar as características físico-químicas e sensoriais de diferentes formulações de rapadura com a adição de soro de queijo, visando o reaproveitamento desse subproduto da indústria de laticínios.
Material e métodos
Foram elaboradas 4 formulações (A, B, C e D) de rapaduras com diferentes concentrações de soro de queijo (Tabela 1).
Tabela 1. Formulações elaboradas das rapaduras com soro de queijo.
As determinações dos teores de umidade, cinzas, lipídeos e proteínas foram realizadas segundo Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (Instituto Adolfo Lutz, 2008). O teor de carboidratos totais foi determinado pelo cálculo da diferença de 100 gramas de amostra e a soma total dos valores encontrados de proteínas, lipídeos, cinzas e umidade. A atividade de água foi determinada no equipamento AquaLab Lite. O valor calórico da amostra foi calculado pela soma do percentual de proteínas e carboidratos, multiplicado pelo fator 4 (kcal.g-¹), somando o teor de lipídeos, multiplicando pelo fator 9 (kcal.g-¹). Todas as análises foram realizadas em duplicata, no 1º e no 30º dia após a elaboração das rapaduras.
Para a análise sensorial, as amostras foram codificadas com números aleatórios de três dígitos e apresentadas aos provadores de forma aleatorizada. A análise sensorial foi realizada por 67 provadores não treinados. As amostras foram caracterizadas quanto à aparência, odor, sabor, textura e impressão global. Para determinar o índice de aceitabilidade (IA) das amostras de rapadura foi adotada a expressão IA= (Nota Média x 100)/Nota Maior, conforme Peuckert et al. (2010). Os provadores também foram questionados quanto à intenção de compra para cada amostra, variando de 1 “certamente não compraria” a 5 “certamente compraria”.
Resultados e discussão
A Tabela 2 apresenta os resultados físico-químicos das formulações das rapaduras no 1º e no 30º dia após a fabricação.
Tabela 2. Resultados físico-químicos das formulações de rapadura.
Em relação à atividade de água, as formulações apresentaram valores entre 0,540 a 0,596. A maioria dos micro-organismos cresce em meios onde a atividade de água é superior a 0,900 contribuindo para a degradação do produto ou mesmo produzindo toxinas prejudiciais à saúde pública. Portanto, as rapaduras elaboradas com soro de queijo apresentaram baixa perecibilidade. Em relação aos teores de cinzas, verificou-se um aumento progressivo em função da concentração de soro de queijo adicionada. Observou-se que na formulação sem soro de queijo os teores de lipídeos foram de 16,08 e 15,32%, e nas formulações com adição de soro esses teores foram sendo reduzidos à medida que se aumentou a quantidade adicionada. As concentrações de proteínas não apresentaram grande variação entre as formulações elaboradas. Após armazenamento por 30 dias, verificou-se a redução da umidade em todas as formulações testadas. O valor calórico das formulações com soro foram, em torno de, 400 kcal/100 g de produto.
Os resultados do índice de aceitabilidade das Formulações A, B, C, e D apresentaram valores superiores a 70% (Figura 1), indicando potencial de comercialização. De acordo com Teixeira et al. (1987) para que um produto seja considerado aceito por suas propriedades sensoriais é importante que obtenha um índice de aceitabilidade de no mínimo 70%.
Figura 1. Resultados do índice de aceitabilidade das amostras de rapadura.
Observa-se na Figura 2 que a amostra comercial teve a categoria de intenção de compra “certamente compraria” definida por 41% dos provadores, a maior intenção de compra entre as amostras avaliadas. Verifica-se também que, com exceção da amostra C, para as demais, a soma das categorias “certamente compraria” e “possivelmente compraria” somaram mais de 50% dos provadores.
Figura 2. Resultados da intenção de compra das amostras de rapadura.
Conclusão
A partir dos resultados obtidos, verifica-se que a formulação de rapadura com 10% de soro de queijo apresentou melhor aceitação sensorial comparada com as demais. O desenvolvimento de uma rapadura com a utilização de soro permite agregar novas alternativas para a utilização desse subproduto.
Referências bibliográficas
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Centec. Instituto Centro de Ensino Tecnológico. Produtor de rapadura. 2. ed. rev. Fortaleza, 2004.
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Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª edição. 1ª edição digital. São Paulo, 2008.
Peuckert, Y. P.; Viera, V. B.; Hecktheuer, L. H. R.; Marques, C. T. e Rosa, C. S. Caracterização e aceitabilidade de barras de cereais adicionadas de proteína texturizada de soja e Camu-Camu (Myrciaria dúlbia). Revista Alimentos & Nutrição, v. 21, n. 1, p. 147-152, 2010.
Teixeira, E.; Meinert, E. M. e Barbetta, P. A. Análise sensorial de alimentos. Florianópolis: Editora UFSC, p.180, 1987.