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Condecorado pelos 'bufaleiros', Dr. Paulo Monteiro fala com exclusividade ao MilkPoint

POR RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE BÚFALOS

EM 24/10/2018

5 MIN DE LEITURA

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Foi com uma lucidez de ‘cair o queixo’ e esbanjando seus 95 anos que Paulo Monteiro, um dos fundadores da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), conversou com a Equipe do MilkPoint para contar a sua trajetória na atividade.


Paulo Monteiro e a sua esposa Irene

Ele, que é engenheiro civil formado pela Universidade de São Paulo (USP), sempre teve apreço pela agropecuária visto que seus pais e seus avós – tanto paternos quanto maternos – eram fazendeiros. “Me formei no ano de 1947 e em 1948, fui contratado para cuidar da área de conservação e fiscalização de obras públicas na região do Vale do Ribeira. Na época, fiquei bastante conhecido por lá já que fazia reparos de obras. O serviço começou a aumentar e então, junto a alguns sócios, montei uma firma. Paralelamente, no meio rural, se iniciaram propagandas sobre a bubalinocultura. Como sempre tive uma ‘queda’ pelo tema, conheci alguns produtores”, disse ele.

E então foi assim que, em 1957, Paulo resolveu fazer uma experiência e comprou um pequeno lote de búfalos, levando-o para o Vale, já que lá, ele possuía um sítio. “Os animais eram muito mansos e na região ninguém os conhecia, era novidade. Fiquei tão animado que comecei a comprar novas cabeças. Então, me apareceu um primeiro problema: com dificuldade de manejar o pasto, meus animais ficaram sem ter o que comer, perdendo peso. Foi uma tragédia. Mas, como a sorte sempre esteve ao meu lado, conheci um bubalinocultor, o Roberto Sampaio Almeida Prado, que logo notou a magreza do meu rebanho. Vendo isso, Roberto se propôs a levar os meus animais para a propriedade dele a fim de recuperar o gado. Após um mês, a reviravolta era nítida e assim, combinamos que enquanto eu não me organizasse novamente para a produção, criaríamos juntos utilizando as terras dele”, explicou.

Pensando em estruturar melhor o seu negócio, ao mesmo tempo, Paulo cogitou ampliar a sua área no Vale do Ribeira, o que acabou não dando certo por conta de problemas com as reservas ambientais. Isso reforçou que a solução mais coerente para o momento era manter-se ao lado de Roberto, dono da Fazenda Porangaba.

Paulo fez questão de destacar que Roberto era muito organizado e logo se prontificou a melhorar a seleção do plantel por meio de atividades como: classificação dos animais, controle leiteiro, colocação de brincos, descartes ‘certeiros’, entre outros. “Animado, comprei mais cabeças, arrematei bons lotes e plantéis ‘invejáveis’. Assim, chegamos a totalizar 600 animais. Ao mesmo tempo, iniciamos uma movimentação para a importação de animais indianos e para facilitar esse processo, fundamos a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), em 1960. Inclusive, alguns lotes foram direto para a nossa criação”, contou com orgulho Paulo.

O engenheiro comentou que assim, animais foram nascendo e com isso, aumentou o interesse de compradores. “O Roberto cuidava de tudo, ele tinha até uma ficha para cada animal. Ele prezava por um descarte bem feito e com prudência, enviando até animais para o abate quando julgava que eles não serviam para os nossos objetivos. Essa fase foi pujante, lembro dela com alegria. Ganhamos bastante recursos”, relembra Paulo, que se declarou fã da raça de búfalos Murrah.

Após essa fase próspera, Roberto desviou as suas atenções para projetos na área de bovinos, fato que impulsionou Paulo a buscar novos parceiros. “Passei a enviar lotes para outras fazendas, inclusive, no Estado da Bahia. Esses produtores tinham as mesmas características que o Roberto, eram tradicionais e manejam muito bem o gado. Também, vendi os meus búfalos que estavam instalados na Porangaba, encerrando a minha participação como criador”, ressaltou.

20 anos na ABCB

Quando a ABCB surgiu, Paulo iniciou as suas atividades na entidade como vice-presidente. Após dois anos, ele foi eleito presidente e assumiu a cadeira por 20 anos. De acordo com ele, duas vertentes existiam dentro da ABCB: os pecuaristas que gostavam mais da raça Jafarabadi e os outros, mais da Murrah. “Sempre contamos com pessoas excelentes na associação, disso, nunca poderemos reclamar. Como já pontuei anteriormente, naquela época, os consumidores não conheciam ao certo os búfalos, então, também fez parte do nosso escopo de trabalho divulgar mais a atividade. Até passeata de búfalos na Avenida Paulista nós fizemos. Também, organizamos exposições, congressos internacionais, entre outras importantes ações. No meu mandato, ao meu ver, o ponto alto foi alcançar a abertura para as importações do Murrah, já que no Brasil, só tínhamos o Jafarabadi”.

Visão de futuro

Visionário, e ainda apaixonado por búfalos, Paulo frisou que no seu ponto de vista, um dos problemas no Brasil é que não temos uma quantia suficiente de animais para suprir a demanda crescente pelos produtos oriundos da atividade.

“De que adianta fazermos propaganda se não temos animais? Se hoje algum investidor se interessar pela compra de 10 mil cabeças, não consegue, diferente do que acontece com a bovinocultura. E esse é um gargalo antigo, pois quando fortalecemos a associação e regularizamos os processos de importação, países como Argentina e Venezuela demonstraram interesse em comprar animais brasileiros, mas, foi necessário limitarmos essa transação para não ficarmos carentes da espécie em território nacional”, explicou ele, que ainda deixou um recado final.

“Com essa carência de animais, sugiro irmos devagar e maneirar na divulgação até que consigamos nos estruturar e suprir o ‘apetite’ dos consumidores”, concluiu.

ABCB em números

Hoje a ABCB congrega 80 associados em todo o território nacional. O principal objetivo da entidade é incentivar a bubalinocultura brasileira, defendendo os interesses dos criadores de búfalos e promovendo a união de seus associados nas atividades que tenham como fim o aprimoramento técnico-científico da espécie e o incremento do mercado interno e externo. O rebanho bubalino hoje no Brasil conta com cerca de 3 milhões de animais e em torno de 30% das criações são destinadas à produção leiteira.

E é com muita satisfação que essa matéria inaugura a Coluna da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) no MilkPoint! Também nos sentimos responsáveis em travar discussões e debates sobre a atividade já que acreditamos no seu potencial de crescimento em solo nacional. Aguardem os próximos materiais!

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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OLMIR ANTONIO DE OLIVEIRA

EM 24/10/2018

Matéria muito boa, parabéns para os da matéria e ao pioneiro. Sistema muito interessante. Mas de pessoal na fé que o sistema para produção de item, queijo, a modelo assemelhado ao de região famosa pelo item e de pizza referência mundial, da Itália, é vertical, e parecem ser de raça um pouco diferente mas muito dóceis, se aqui creio que para item nacional de player no setor, maiorias de lojas em Sp, verticalizada descentralizada. Ai investir em unidade e poucas milhares lactantes é sinal para avanços para os setores e sistemas produtivos e coisas a favor dos consumidores e colaboradores.

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