Ordenhar uma vaca por completo, com rapidez, eficiência e, ao mesmo tempo da maneira mais suave possível é o principal objetivo de qualquer fazenda produtora de leite. Grandes avanços foram feitos nos extratores automáticos para que eles se tornassem o mais confiáveis possível de modo que, com o seu uso, o processo de ordenha se tornou mais consistente para as vacas, mas, grande parte do sucesso, também é dependente da rotina de ordenha, especialmente antes da colocação da unidade de ordenha.
Pesquisam mostram que, durante a ordenha uma vaca, leva-se aproximadamente cinco minutos para se extrair 11 quilos de leite e mais outro meio minuto para cada 4,5 quilos de leite adicional. Portanto, uma vaca que produz 32 quilos por dia, em duas ordenhas, deve levar cerca de seis a sete minutos, por ordenha.
Os mecanismos de extração automática avançaram muito nos últimos anos e, integrados a um sensor de fluxo (mecânico ou eletrônico), ajudam no conforto e na eficiência do operador, ordenhando mais vacas em um menor tempo. Isso reduz os riscos de sobre- ordenha, poupando significativamente pessoas adicionais na sala de ordenha.
A sobre ordenha pode ser um fator causal do aumento na contagem de células somáticas e isso pode ser associado a dois fatores:
- Um maior tempo da unidade de ordenha na vaca
- Níveis de vácuo inadequados no equipamento
Diversos estudos mostraram uma correlação entre a sobre- ordenha e um fluxo lento de leite. Durante o tempo de ordenha, o fluxo de leite do úbere não é constante. Depois que a unidade é colocada, o fluxo de leite aumenta e atinge o pico após 30 a 60 segundos, permanecendo nos próximos dois minutos e diminuindo gradualmente. O tempo médio da permanência da unidade no úbere é inferior a 6 minutos por vaca com um fluxo médio de 2,2 a 2,7 quilogramas por minuto.
Antes de se fazer qualquer alteração nos parâmetros do equipamento de ordenha, o primeiro fator que deve estar bem estabelecido é uma boa rotina de ordenha e que permita às vacas a expressão de seu comportamento mais natural possível. Além disso, a estimulação que é exercida nos tetos, permite que a oxitocina entre em ação provocando a descida do leite armazenado nos alvéolos e pequenos ductos (cerca de 80% do total armazenado em todo o úbere) para que estejam todos disponíveis (somados aos 20% represados na cisterna do úbere e dos tetos) para a extração durante a ordenha. Idealmente é que os tetos estejam estimulados e cheios de leite até 60 segundos após a estimulação e prontos para receber a unidade de ordenha.
Chamamos de sobre ordenha quando o nível de vácuo de trabalho está alto comparado com o baixo fluxo de leite e, isso é considerado inaceitável em qualquer fase do ciclo de ordenha.
O tempo de ordenha geralmente aumenta para vacas de maior produção enquanto que os fluxos de leite são similares para a maioria dos tetos em qualquer raça de vaca. Com base nisso é que o uso de extratores automáticos pode melhorar a consistência do processo de extração do leite. Essa consistência pode ajudar a treinar as vacas para uma decida de leite mais rápida com altos fluxos de leite.
De acordo com Dr. Doug Reineman da Universidade de Wisconsin, os parâmetros dos extratores automáticos são quase sempre diferentes entre as diversas fazendas. Por exemplo, uma fazenda que tem 3 ordenhas ao dia teria fluxos de leite mais altos no momento da extração da unidade para reduzir o impacto na ponta do teto devido a uma maior frequência de ordenha.
No entanto, um parâmetro comum utilizado em fazendas com duas ordenhas ao dia são 220 gramas por minuto, no momento do saque e, de modo geral, pode-se aumentar para 450 gramas por minuto ao saque, para aquelas com três ordenhas ao dia. Este é um bom número médio para o começo. Quando os parâmetros de fluxos mudam e essas mudanças têm como limite níveis mínimos de 100g por minuto, isto permitirá tempo para adaptação das vacas. Se o limite de baixo fluxo estiver muito baixo isso permitirá que exista a sobre- ordenha podendo ocasionar danos ao teto. Se o limite de baixo fluxo for muito alto, isso resultará em uma baixa produção de leite e poderá ocasionar o aumento na contagem de células somáticas.
Pesquisas recentes com extratores automáticos ajustados com fluxos altos de retirada como 1,1 kg por minuto, 630 gramas (g), 680 g, 720 g, 770 g e 800 g não encontraram diferenças significativas no controle de células somáticas. Um estudo na Pensilvânia mostrou diminuição de produção de leite de mais de 500 g por vaca por ordenha, o que, provavelmente indique que os parâmetros de limite de baixo fluxo foram mínimos. O estudo de Minnesota mostrou que com fluxos de leite altos reduz- se o tempo de ordenha, mas não há efeito sobre a produção de leite.
Pode-se verificar se uma vaca foi corretamente ordenhada fazendo-se uma ordenha manual. Se a vaca tiver menos de 250 g de leite no úbere, a ordenha está completa. Na maioria das fazendas haverá 10 a 15% com os quartos acima de 100g. A pesquisa mostra que contanto que haja menos de 500 g de leite no úbere, não existirá efeitos negativos para a produção de leite ou nenhum risco para a saúde do úbere. Se ao fazer a verificação manual você observar que existe 25 a 50 g de leite no úbere, poderá se certificar de que as vacas estarão mais inquietas e irritadas ao final da ordenha e muitas com as pontas dos tetos prolapsadas. Observa-se neste estado que as vacas agitam as pernas imediatamente antes da extração da unidade de ordenha, provavelmente por um processo de dor. Esse comportamento de movimentar as patas chama-se FSK (sigla em inglês para Flinch Step and Kick) – movimento, passadas e coice. Além disso, quando os parâmetros dos extratores automáticos estão muito baixos e existe sobre ordenha pode-se observar altas taxas de animais defecando durante processo de ordenha. Porém, uma vez ajustados os parâmetros para os extratores automáticos, o comportamento da vaca muda consideravelmente.
Em um experimento realizado nos EUA, os rebanhos iniciaram com um tempo de retirada da unidade de ordenha de 7,2 minutos e, agora estão com uma média de menos de 4,5 minutos, em rebanhos com produção média de leite acima de 40 kg/ dia/ vaca. Várias fazendas estão agora com menos de 4 minutos por unidade de ordenha. Na maioria das fazendas, eles ordenham com mais rapidez e consequentemente preservam a melhor qualidade dos tetos, a contagem de células somáticas mais baixas e as vacas ordenhadas de maneira mais tranquila.
Os ajustes dos extratores automáticos somente devem ser feitos por técnicos certificados para cada modelo de equipamento. Cada marca de extrator automático tem diferentes ajustes e parâmetros. E, a cada vez que se realiza uma alteração nos parâmetros de extração da unidade de ordenha é preciso que as vacas tenham tempo de adaptação antes da próxima alteração. Deve, portanto, ser feita de forma gradual.
Conclui- se que uma boa rotina de ordenha e ajustes adequados do extrator automático e do sistema de vácuo têm impacto significativo na eficiência da sala de ordenha e qualidade do leite. Certifique-se de que sua fazenda possui a mais atual tecnologia de automação e que ela esteja funcionando em seu mais pleno estado.
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