Os preços do leite deverão cair em cerca de 15% até o final do ano, devido à “resposta significativa da oferta” aos altos valores, disse a companhia de lácteos dos Estados Unidos, Dean Foods, ao mesmo tempo em que culpou os preços recordes das matérias-primas pelo corte nas esperanças de lucros.

O grupo, o maior processador de lácteos dos Estados Unidos, reduziu para “pelo menos” US$ 0,60 por ação, de US$ 0,73-US$ 0,86 por ação, sua previsão para os lucros do ano inteiro, culpando os elevados preços do leite, com o diretor executivo da Dean Foods, Gregg Tanner, chamando isso de “um vento contrário inegável para nosso negócio”.

Os preços de referência do leite Classe I alcançaram o recorde de US$ 53,95 por 100 quilos nesse mês, 38% a mais que no ano anterior, impulsionados pela forte demanda global por produtos lácteos, principalmente da população cada vez maior e mais abastada da China. “Os preços domésticos do leite cru continuam sendo impactados de forma significativa pelos desenvolvimentos globais”, disse Tanner, acrescentando que o aumento nos valores até agora nesse ano foi “além de nossas expectativas anteriores”.

Entretanto, o grupo disse que as condições para um “declínio notável” nos preços do leite na segunda metade do ano estão ocorrendo, em termos de uma “resposta significativa de oferta” pelos produtores. “Até agora, os fornecedores globais parecem estar cumprindo com essas expectativas”, disse Tanner, citando o aumento na produção europeia de 4-5% com relação ao ano anterior até agora em 2014 e com um crescimento esperado no ano todo de 2-3%, “que será o maior avanço em pelo menos cinco anos”.

A produção na Nova Zelândia, maior exportador mundial de leite, “também tem sido relativamente forte, com a produção em toda a estação, que termina em maio, devendo aumentar em 5-7% com relação aos comparativos fracos do ano passado”.

A Dean Foods disse que está trabalhando com quedas de preços para US$ 44-US$ 46,30 por 100 quilos até o final do ano, uma queda de 14-18% com relação aos níveis atuais, e um preço semelhante ao de US$ 44,91 por 100 quilos no final de 2013. “Continuamos acreditando que o sólido crescimento na oferta global levará à moderação nos preços do leite cru na segunda metade de 2014”, disse Tanner.

Os comentários vieram duas semanas depois de os valores no leilão GlobalDairyTrade, da Nova Zelândia, referência mundial para o produto físico, cair pelo sexto evento sucessivo, a mais longa série de quedas em mais de três anos (veja matéria relacionada: https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/gdt-leilao-segue-em-queda-88856n.aspx).

Durante esse período, o índice de preços do leilão caiu em 21% para o menor valor em 14 meses, um declínio atribuído à crescente produção equilibrando a demanda, apesar de o ritmo do declínio ter desacelerado para 1,1% no último evento. Os preços da gordura do leite saiu-se particularmente mal durante a correção, caindo em 25%, com o leite em pó desnatado, em demanda na China para fórmulas infantis, caindo em 20%. Entretanto, no último evento, foi o leite em pó desnatado que se saiu pior, com os preços caindo em 2,3%, reduzido em particular pelo produto para entrega em curto prazo, enquanto os preços do cheddar caíram em 1,8%.

Tanner também sinalizou uma queda nos preços do cheddar nos Estados Unidos com relação ao recorde alcançado no final de março – um fator que, em parte, refletiu-se nos elevados preços do leite até agora nesse mês. “A produção fraca de queijos, um aumento de 37 com relação ao ano anterior nas exportações de queijos dos Estados Unidos em março e os menores estoques de queijos continuaram fornecendo suporte aos preços a esse mercado. Entretanto, desde esse aumento recorde, os mercados spot de cheddar caíram em 14-16%, com a expectativa de mais declínios”.

A Dean Foods revelou uma perda de US$ 8,96 milhões para o período de janeiro a março, comparado com lucros de US$ 492,6 milhões no ano anterior, apesar de esses dados terem sido inchados por ganhos pontuais. Em uma base subjacente, o grupo reportou perdas de US$ 0,05, uma comparação próxima aos ganhos de US$ 0,31 no ano anterior.

A reportagem é do Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint Brasil.