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O mercado de leite orgânico no mundo e no Brasil

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/10/2020

4 MIN DE LEITURA

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O mercado global de alimentos e bebidas orgânicos está em expansão e atingiu cerca de US$ 90 bilhões, representando 4% de todos os alimentos e bebidas consumidos em 2017, segundo o relatório anual da Global Organic Dairy Market (2019). O gasto global per capita anual com alimentos orgânicos aumentou 10% nos últimos anos, com valores chegando a US$ 12,1. Considerando que há países com o gasto per capita muito elevado, como a Suíça (US$ 290,00) e EUA (US$ 130,00), enquanto o Brasil é de cerca de US$ 5,00, presume-se que ainda há um grande potencial de expansão do mercado brasileiro de produtos orgânicos, associado ao maior crescimento da renda da população (Global Organic Dairy Market, 2019).

O mercado mundial de lácteos orgânicos, atrás apenas do de frutas e verduras, atingiu US$ 18 bilhões em 2017 e estima-se que deve chegar a US$ 28 bilhões até 2023, estando mais concentrado nos EUA (54%), Alemanha (11%) e França (7%) (Global Organic Dairy Market, 2019). O volume da produção mundial de leite orgânico está crescendo e, em 2017, atingiu cerca de 8,1 bilhões de litros, o que representa 1% da produção mundial de leite, sendo o principal fornecedor os EUA (26,1%) seguido pela China (10,9%), Alemanha (10,3%), França (7,7%), Dinamarca (7,0%) e Reino Unido (5,1%) (Tabela 1). Entretanto, o mercado de produtos lácteos orgânicos dos EUA vem desacelerando nos últimos anos, sendo a estagnação mais pronunciada para o leite fluido. Grande parte da desaceleração é reflexo do crescimento do setor de bebidas alternativas, como chás, sucos, bebidas vegetais, entre outros. No entanto, com a pandemia do novo coronavírus, este mercado de bebidas alternativas (especialmente as bebidas vegetais) ficou prejudicado, o que pode representar oportunidades para os lácteos orgânicos.

O mercado de alimentos naturais nos EUA está repleto de produtos “livres de leite” e a pecuária tem sido alvo de críticas por diversos movimentos que questionam os grandes confinamentos e o bem-estar animal nestes sistemas. Assim, os agentes da cadeia de lácteos orgânicos dos EUA têm apostado na estruturação de sistemas de criação baseados na alimentação dos animais exclusivamente a pasto, conhecidos como “100% grass-fed”, que têm sido bem aceitos pelos consumidores pelos benefícios para o bem-estar animal e qualidade nutricional da gordura do leite (grass-to-glass) (Global Organic Dairy Market, 2019).

Tabela 1. Características da produção de leite orgânico nos principais países produtores



Fonte: Global Organic Dairy Market (2019). Elaborado pelos autores.


No Brasil, a cadeia agroalimentar de leite orgânico é ainda incipiente, em estruturação e expansão. Entretanto, alguns produtores com laticínios e marcas próprias já estão consolidados no mercado há vários anos e em diversas regiões do país, com fornecimento principalmente para o mercado local (cadeias curtas) de leite pasteurizado e/ou derivados orgânicos, como queijos, iogurtes, manteiga e requeijão. Os investimentos recentes de multinacionais na produção de leite orgânico no Brasil alavancaram a entrada de novos produtores de leite, bem como a tecnificação de propriedades já certificadas. Recentemente estas empresas lançaram produtos lácteos orgânicos no mercado, porém, em função da pandemia, o volume de leite orgânico captado foi reduzido. Além disso, como é um mercado incipiente, os volumes vendidos ainda são baixos. Pelos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, para 2017-2018, observa-se um gasto familiar inferior a 0,5% de lácteos orgânicos em relação aos gastos totais com lácteos. Mas é um mercado com aproximadamente R$ 100 milhões em vendas.

O Mapa conta com um Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO), que consiste na relação de todos os produtores orgânicos certificados do país, com informações sobre o produtor, localização da unidade de produção, sistema de certificação e produtos certificados. Em abril/2020, foram identificadas 96 unidades certificadas de produção orgânica de leite no país, distribuídos em todas as regiões (Figura 1), sendo que a grande maioria – 65 unidades – está estabelecida na região Sudeste. Apesar da baixa representatividade da produção orgânica de leite em relação à produção total de leite convencional, o Brasil possui vocação e potencial para expandir a produção de leite orgânico, visto que predominam no país os sistemas de produção a pasto com uso de raças adaptadas ao clima tropical, sendo esses fatores priorizados na regulamentação dos sistemas orgânicos de produção animal. A despeito dos pontos fortes, a ausência de dados nacionais precisos e sistemáticos sobre a produção (volume, vacas em lactação, etc.) e a comercialização (principais produtos produzidos e mercados) dificulta o acompanhamento da dinâmica e estruturação da cadeia agroalimentar e o planejamento estratégico dos diversos elos, bem como prejudica o desenvolvimento de pesquisas e a elaboração de avaliação de políticas públicas para o setor.

leite organico Brasil


Figura 1. Distribuição das unidades de produção de leite orgânico no Brasil. Fonte: Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). Elaborado pelos autores.

 

Autores:

Fernanda Samarini Machado – Pesquisadora/Embrapa Gado de Leite
Maria de Fátima Ávila Pires – Pesquisadora/Embrapa Gado de Leite
Fábio Homero Diniz – Analista/Embrapa Gado de Leite

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ROSANA DE OLIVEIRA PITHAN E SILVA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/10/2020

A respeito da opção por produtos orgânicos, há uma parcela de consumidores destes produtos que se preocupam com a emissão de gases de efeito estufa na produção da pecuária e isto pode ser um fator que beneficie o consumo de leites vegetais, não acreditam? Estas correntes têm ganhado apoio e em função das questões climática não podem ser desestruturantes?
FÁBIO HOMERO DINIZ

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/10/2020

Olá Rosana. Sim, concordamos com esta preocupação dos consumidores, mas os esforços em identificar práticas que promovam a sustentabilidade ambiental da produção pecuária vem avançando muito. Fazendas bem manejadas, que adotam tais práticas (recuperação e manejo adequado das pastagens, integração lavoura-pecuária-floresta, alimento adequado para o rebanho, melhoramento genético do rebanho, etc.), a quantidade de carbono que os animais liberam na forma de metano para a atmosfera é compensada pelo carbono que as pastagens e outras culturas vegetais têm capacidade de absorver. Assim, a produção de leite neste cenário, pode servir como prestadora de serviços ambientais. Talvez falte justamente uma maior divulgação destes esforços.

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