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Agrupamento nutricional de vacas leiteiras

POR MARCOS NEVES PEREIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/03/2003

5 MIN DE LEITURA

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Um complicante da alimentação de rebanhos leiteiros é a inconstância da exigência nutricional entre animais e entre períodos da lactação no mesmo animal. Este fato é conseqüência da forma da curva de lactação e sua variabilidade entre vacas. Vacas podem variar quanto à taxa de aumento na produção de leite do parto ao pico de produção, quanto ao valor da produção máxima, quanto ao intervalo em dias do parto ao alcance da produção máxima e quanto à taxa de manutenção da produção ao longo da lactação (a persistência).

A produção de leite é o maior determinante da exigência nutricional já que proporcionalmente representa a maior demanda metabólica. Pode-se dizer que outras funções metabólicas como a mantença, a reprodução e o crescimento não são tão desgastantes para o animal quanto a lactação. Logo, animais de alta produção e em fases da lactação na qual a excreção mamária de nutrientes é alta requerem alto consumo de nutrientes.

Como a exigência nutricional é uma característica de caráter individual em vacas de leite, do ponto de vista teórico o ideal seria a formulação de uma dieta para cada vaca do rebanho. Obviamente que isto é impossível na prática. O outro extremo seria a adoção de uma única dieta para todos os animais em lactação. Em rebanhos com alta produção diária por animal (algo acima de 30 kg) a utilização da dieta única pode ser viável. Nestes rebanhos tanto vacas em início quanto vacas em final de lactação são animais com alta demanda metabólica. Este fato propicia a formulação de uma dieta de alta densidade nutricional para todos os animais, tendo como parâmetro a exigência dos animais de maior produção.

A dieta única simplifica tanto as práticas alimentares quanto o trabalho mental de formulação. Entretanto uma única dieta pode levar à superalimentação e ganho excessivo de condição corporal em vacas menos produtivas. Outra conseqüência desta prática é o maior uso de alimentos concentrados por litro de leite produzido, o que invariavelmente aumenta o custo alimentar por litro de leite.

Como a resposta financeira e produtiva ao aumento no número de dietas é curvilíneo (cada novo incremento no número de grupos nutricionais resulta em resposta cada vez menor), tem-se sugerido que três dietas seriam o ponto de eficiência ótima (Sniffen et al., J. Dairy Sci. 76: 3160, 1993). No entanto, quanto mais grupos forem formados mais a dieta fica próxima da exigência nutricional de cada animal dentro do grupo. Em situações de baixo preço de leite e alta dispersão na produção por animal dentro do rebanho, típicas do Brasil, agrupamentos bem feitos podem ser uma maneira efetiva de reduzir o custo de alimentos concentrados por litro de leite produzido. Agrupar bem não é uma opção tecnológica para ser enfatizada apenas em rebanhos de alta genética e onde se visa alta produção por vaca; muito pelo contrário, esta prática tende a ser mais eficaz em rebanhos menos produtivos.

O tamanho e o número de grupos nutricionais depende de uma série de fatores. Dentre estes, um aspecto nutricional que pode ser importante é o espaço disponível de cocho, um fator de caráter físico no agrupamento. Este é dependente do comprimento do cocho, do tempo de acesso ao alimento e do tipo do sistema alimentar. A utilização da mistura de forragens com concentrados (a dieta completa) com amplo tempo de acesso ao alimento (acima de 20 horas por dia) reduz a necessidade de espaço linear de cocho por vaca, por reduzir a competição no momento da alimentação. Nestes casos, 0,50m linear por vaca parece ser suficiente para um bom manejo de cocho; 0,60m seria o mínimo necessário para todos os animais se alimentarem ao mesmo tempo. Em situações de alta competição, muito comum em fazendas utilizando pastagem e onde a alimentação concentrada é fornecida no curral de alimentação e em baixo tempo de acesso diário, espaços lineares variando de 0,75 a 1,0m por vaca são necessários.

Outro fator que pode determinar o tamanho dos grupos é a interação entre o manejo alimentar e o manejo da ordenha. Grupos nutricionais podem ser definidos pela capacidade de ordenha por hora. Na prática se objetiva que vacas não fiquem mais de 1 hora em cada rotina de ordenha. Uma generalização razoável em fazendas utilizando salas de ordenha do tipo espinha de peixe ou paralelas é que o número de animais por grupo de ordenha (que pode ser um grupo nutricional) seja 4,5 vezes o número de locais de ordenha na sala.

A meta no agrupamento de vacas é reduzir a variabilidade na exigência nutricional dos animais dentro do grupo e aumentar a variabilidade entre grupos. Os métodos de agrupamento são vários. A meta é formar grupos homogêneos em exigência de concentração de nutrientes por unidade de matéria seca de dieta. O método padrão de agrupamento por exigência nutricional de proteína e energia foi proposto por pesquisadores da Virgínia, EUA (McGilliard et al., J. Dairy Sci. 66: 1084, 1983). Outro método eficaz é o agrupamento por mérito leiteiro (Produção de leite corrigida para o teor de gordura / Peso metabólico do animal), similar em resultado a um agrupamento por exigência nutricional de energia. O agrupamento por mérito leiteiro é simples, já que o perímetro torácico pode ser utilizado como estimador do peso e planilhas eletrônicas podem ser utilizadas para a realização do cálculo e para ordenar os animais.

O método de agrupamento prevalente, pela produção de leite, funciona, é de execução simples, mas não é isento de falhas. Este método tende a colocar vacas grandes, com alto consumo e produzindo leite com baixo teor de gordura no grupo de alta exigência. Enquanto animais jovens ou aqueles de baixo peso corporal, com baixo consumo e produzindo leite com alto teor de gordura são freqüentemente colocados nos grupos de baixa exigência. A utilização da ordem de parto como critério adicional de agrupamento parcialmente controla este tipo de problema e pode ser efetivo. A formação de grupos de animais de primeira lactação parece ser efetivo, bem como a formação de grupos de vacas nas primeiras três semanas da lactação (Grant & Albright, J. Dairy Sci. 84 (E. Suppl.): E156, 2001).

MARCOS NEVES PEREIRA

Professor Titular da UFLA (Lavras, MG)

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