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Sistemas de produção de leite: uma outra visão

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 23/09/2009

4 MIN DE LEITURA

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Parabéns ao Sr. Guilherme Alves de Mello Franco. Primeiro por sua atuação como produtor, não só da porteira para dentro, mas principalmente da porteira para fora, o que falta para a grande maioria dos produtores brasileiros. Segundo, pelo artigo, que despertou uma discussão para os produtores sobre os sistemas de produção de leite.

Uma vaca de 600 kg com média de 40 litros, produz em 300 dias 12.000 litros de leite, ou seja, 20 vezes o seu peso vivo, o que representa um esforço fantástico para a vaca, e se não for perfeitamente manejada corre risco a sanidade do animal. Conhecendo a realidade dos produtores brasileiros em termos de capacitação e assistência técnica, eu diria para que é uma vaca para muito poucos e que não pode ser manejada a pasto.

Se a vaca de 600 kg tiver média de 20 litros, produz em 300 dias 6.000 litros de leite, ou seja, 10 vezes o seu peso vivo; é um esforço considerável para a vaca, e também precisa ser manejada corretamente, pode ser manejada num semi-confinamento e utilizar pasto sem risco para a sanidade do animal. Eu diria que no Brasil é uma vaca para um número maior de produtores, mas ainda relativamente limitado.

Já uma vaca de 600 kg com uma média de 10 litros, produz em 300 dias 3.000 litros de leite, ou seja, 5 vezes o seu peso vivo, aceita falhas de manejo, e pode ser manejada a pasto com um mínimo de suplementação. É uma vaca que qualquer produtor com um mínimo de assistência técnica pode manejar sem comprometer a sanidade do animal.

E finalmente uma vaca de 600 kg com média de 5 litros, produziria em 300 dias 1.500 litros (que talvez seja a mais próxima da média brasileira), ou seja, 2,5 vezes seu peso vivo. Essa coitada consegue sobreviver na mão de produtor sem qualquer assistência técnica e com barbaridades em termos de manejo. Se dermos na mão de um produtor desses uma vaca de média de 40 kg de leite, possivelmente ela vai ficar doente e morrer de desgosto ou inanição.

A pecuária leiteira brasileira é muito heterogênea em termos de vacas e de produtores, e predominam vacas de baixa produção e produtores de baixa capacitação, e com pouca assistência técnica.

Quem pilota um teco-teco não tem a menor condição de pilotar um Airbus - é desastre na certa. Mas naturalmente que ele pode com treinamento adequado evoluir, pilotar diversos tipos de avião e acabar se capacitando para pilotar, com segurança, um Airbus.

Com relação à discussão se é melhor produzir leite a pasto ou num sistema de confinamento, acredito que qualquer que seja o sistema, se manejado com tecnologia adequada, com o mesmo e bom gerenciamento, pode dar resultado. O importante é que seja dado ao produtor a assistência técnica adequada que o capacite a crescer no sistema que trabalha e se deve mudar para outro sistema de produção de leite.

Você deixa claro, no texto do artigo e nas respostas, que não concorda com os técnicos liderados por Artur Chinelato, afirmando que fazem apologia do leite a pasto como panacéia para a solução de todos os problemas da pecuária de leite nacional. Respeito o trabalho do Artur Chinelato e do programa Balde Cheio da Embrapa, destinado a pequenos produtores, que utilizam sistema a pasto, e que tem por objetivo trazer tecnologia e capacitar o produtor a crescer usando esse sistema de produção, melhorando sua produtividade em litros/ha/ano, melhorando seu gerenciamento e reduzindo seus custos de produção. E no programa Balde Cheio preconiza-se também concentrado no cocho para atender as necessidades de manutenção e produção dos animais. Não acredito que o Artur e os técnicos do programa Balde Cheio pensem que o leite a pasto é a solução única para a pecuária nacional, mas sim que estão criando condições para os pequenos produtores pilotarem aviões melhores e voarem mais alto.

Mas concordo com você que esse não é o único caminho para pequenos produtores, que o confinamento poderia ser uma solução tão ou mais viável para crescerem, dependendo do investimento necessário e da existência de financiamento de longo prazo com juros compatíveis com a atividade.

Hoje estima-se que temos 1,3 milhões de produtores que, com cerca de 20 milhões de vacas, produzem algo próximo de 30 bilhões de litros por ano, o que representa uma produção média por vaca de 1.500 litros por lactação. Imaginemos se hoje todos esses produtores trabalhassem em sistema de confinamento, mantendo 20 milhões de vacas de média de 40 litros, a nossa produção seria de 240 bilhões de litros, e todos os produtores estariam quebrados, pois com essa oferta o leite não valeria nada.

Citei essa utopia para evidenciar que, se no futuro vamos tender para sistemas de confinamento, com vacas de altíssima produção, teremos que ter uma drástica redução no número de produtores e no número de vacas.

Vamos considerar uma outra utopia, que no futuro próximo, para atender uma demanda interna de 60 bilhões de litros de leite, os nossos produtores só trabalhassem a pasto com vacas com média de 1.500 litros por lactação. Precisaríamos de 40 milhões de vacas, ou seja dobrar o rebanho leiteiro e as áreas de pastagens ocupadas pela pecuária leiteira, o que naturalmente é um absurdo em termos ambientais.

Essas utopias embasam a minha convicção de que produtores, técnicos e governo precisam discutir com profundidade a questão do número de produtores de leite e do tamanho e da produtividade do rebanho leiteiro nacional, bem como dos sistemas de produção de leite e do uso de pastagens e de confinamento.

Mas para mim, mais importante do que o sistema de produção de leite para a pecuária leiteira nacional, é dispormos de assistência técnica e financiamentos para investimento e custeio compatíveis com a atividade leiteira, qualquer que seja o sistema de produção do produtor, e infelizmente estamos muito longe disso, por não dispormos de mecanismo adequado para que governo, produtores e técnicos possam formular uma política e planejamento da pecuária leiteira nacional sustentáveis em termos econômicos e sociais.



Presidente da Leite São Paulo

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 12/03/2010

Boa noite Marcelo;

Impressiona-me a clareza e eficiência didática de seu artigo.
Concordo plenamente que é improdutivo discutir "sistemas" como se fossem receitas de bolo adaptáveis a todos produtores, todas propriedades, todos os rebanhos, cidades, estados, climas, solos, dietas, cabeças (pensantes ou não) e etc.
Vale na verdade a viabilidade encontrada por cada um, logicamente dentro dos preceitos técnicos para que da forma que escolherem façam certo e eficientemente.
Parabéns e obrigado pelo privilégio de me tornar, mesmo que por um pequeno momento, um aluno em sua historia, certamente brilhante de magistério..

Um abraço

Sávio Santiago


<b>Resposta do auto:</b>

Prezado Sávio Santiago

Agradeço os comentários.

Essa discusão genérica de sistemas de produção foi oportuna num determinado momento para chamar a atenção para asperctos técnicos da pecuária leiteira, mas não vejo sentido em continuar esse discussão querendo demosntrar genéricamente a superioridade de um sistema sobr outro.

De fato o importante é que cada produtor encontre o sistema mais viável para seu caso, em função da sua própria experiência, da sua capacidade de investir na atividade, das características de sua propriedade, naturalmente que dentro de preceitos técnicos.

Essa foi a razão da Leite São Paulo passar de uma associação só de produtores para uma associação de técnicos e produtores, visando facilitar os produtores, com o apoio de técnicos, encontrarem o melhor caminho a seguir dentro da sua realidade e possibilidades.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/01/2010

Prezado Marcello: Se você observar o relatório do "TOP 100" do Milk Point, em 2009, verificará que mais de cinquenta por cento dos maiores produtores de leite do País se utilizam do confinamento total. Dos demais, mais de trinta por cento, o semi-confinamento. No relatório deste ano de 2010, este estado de coisas não deve modificar-se em essência. Por que será?
Um Feliz 2010 para você e para todos os seus familiares.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SEMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/11/2009

Prezado Marcello: Peço licença a você para tecer algumas considerações, necessárias à elucidação de dúvidas causadas pelas palavras do nosso amigo Michel. Critica-me o colega pelo fato de eu fazer apologia do sistema confinado, que adoto com o lucro que ele questiona, e alega que já viu muitos ruírem neste tipo de criação. Todavia, eu, de igual sorte, já vi, em muito maior número, garanto, produtores de "leite a pasto" cerrarem suas porteiras por não conseguirem viabilidade econômica e preço pela sua produção, ou seja, sequer conseguir sobreviver, que dirá, ter lucro.

Isto tudo é muito relativo e perfunctória é a análise sob estes patamares. É preciso aprofundar nas ações dos confinadores e na excelência dos seus manejos para entender que este sistema é sim, o mais lucrativo, embora demande maior gasto incial de implantação que a pecuária extensiva. O leite a pasto, por diversos fatores climáticos, também é oneroso, à medida em que temos que manter o pasto vivo e proteico para que nosso rebanho não morra de fome (veja o caso dos neozelandeses e seus enormes pivôs, caríssimos). Só para se ter uma ideia do sentimento que me motiva, um dos maiores expoentes do "Projeto Balde Cheio", em Minas Gerais, é a Fazenda Vale do Vênus, de propriedade do Senhor Gerson Rodegheri, localizada no distrito de Correia de Almeida, em Barbacena, MG, que se utiliza de um "loosing house" (um "free stall" mais barato, construído com materiais encontrados na propriedade), com vacas holandêsas confinadas, ordenha mecânica e tanque de expansão e produção muito superior que a dos que insistem no pastejo rotacionado e, lucro, muito lucro. Lado outro, laticínios da Zona da Mata de Minas Gerais já têm, em sua grande maioria, destinado, além de bônus pela qualidade, bônus pela produtividade, ou seja, quem produz mais de quinhentos litros/dia, recebe três ou quatro centavos a mais por litro. A preocupação não deve ou não pode ser com o preço do litro de leite, eis que, este se torna de somenos importância quando se tem alta produtividade e o mercado externo encontra-se, há pelo menos cinco anos, deficitário ante a estagnação das produções europeias e da Nova Zelândia, que não têm, pelo menos a médio prazo, mais como se expandir. Por isso, na Nova Zelândia, por exemplo, o confinamento de gado de leite já é uma realidade.

Outrossim, ficar imaginando que se a produção aumentar o leite terá seu preço mitigado, não nos levará a nenhum lugar, não evoluiremos e continuaremos a ter uma das mais baixas produtividades individuais do mundo, enquanto os mercados serão sempre tomados pelos outros países.

A hora é de evolução, de tomada de posição e tomada do lugar de maior produtor de leite do mundo, que já poderia ser nosso, não fosse este incompreensível medo de evoluir, de arriscar, de empreender, de ser profissional do setor e, não, curioso.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 14/11/2009

Prezado Marcelo,
Nesta discussão entre evolução de sistemas de produção há muita informação equivocada.
Uns defendem que o sistema de confinamento total é o climax da tecnologia, um exemplo disso é a adoção dos grandes países produtores, EUA, CAN, FRA, etc...
Quem conhece pessoalmente estes paises, vera que o sistema free stall não é necessariamente uma evolução do sistema de leite a pasto, ja que pasto em si não representa um sistema, mas sim, nada mais que um insumo utilizado para se produzir leite. Este sistema de confinamento por eles utilizado é uma evolução baseada no seu meio de produção, onde mais de 6 meses do ano tudo é coberto por gelo. Sem falar que vacas HPB tem uma zona de conforto térmico, deve-se por tanto nao pensar somente em altas temperaturas. Quem ja esteve no Canada no mes de janeiro em uma fazenda de leite sabe as consequencias se os animais estivessem dormindo no pasto em uma noite de temp. inferiores a -40ºC.

Outra questão é que americanos também produzem leite a pasto, não com gramíneas tropicais, como nos aqui, pois nem podem. Seu pasto é a alfafa, base da dieta por la, e não a silagem de milho, que nada mais é do que uma gramínea colhida e conservada no seu ponto de maior valor nutricional.

Produtores de leite em sistema free stall, como o senhor Guilherme, que iniciou este debate, gabam-se de que são bem sucedidos economicamente em seu sistema assim como os demais produtores que o utilizam nos paises de 1º mundo. O que na verdade não expoe um fato real. Tanto aqui no Brasil, como em qualquer lugar do mundo, se ve muitos produtores adeptos a este sistema ruirem, não amadores, mas especialistas neste. Um exemplo disso é que nos EUA, no periodo de 1991-2001 o numero de propriedades leiteiras reduziu-se em 46%, de 180.640 para 97.560 unidades. O que há de errado então? Os 35% de subsidios totais repassados aos produtores de leite, o maior valor em todas as culturas, não é ainda suficiente para eles pagarem as suas despesas de suas vacas no free stall?

Em relação ao Brasil, se nossas vacas produzissem ao menos o dobro da nossa média nacional hoje ja seria uma catastrofe. Nosso consumo interno esta praticamente estagnado há anos, não temos qualidade pra exportar para mercados que remuneram, e principalmente, e pior, não sabemos fazer comercio. Alias, uma minoria sabe, exemplo da NZ. Nem mesmo os EUA sabem, eles são players mundiais de uma minoria de produtos lacteos e estao atualmente tentanto explorar melhor o mercado mundial, pra ver se conseguem encontrar um meio de trazer sustentabilidade ao setor.

Portanto não devos adotar um sistema desenvolvido em um ambiente totalmente distinto do nosso e taxa-lo como ideal. Conheço fazendas americanas com média de produção por animal ano acima de 14000lts, mas com produtividade de 12000lts/ha/ano. Temos vacas pastando produzindo acima de 35000lts/ha/ano. Onde esta a tecnologia então?

Obrigado, um abraço.

Michel
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 14/11/2009

Prezado senhor Marcelo, ocupando seu espaço, continuo a missiva anterior para parabenizar a Embrapa Pecuaria Sudeste. Pelo seu pioneirismo da pesquisa no setor leiteiro e por desenvolver sistemas acessiveis ao produtor brasileiro, dentro da sua realidade social. A grande maioria dos produtores nacionais não possuem renda extra, alem da atividade leiteira que financie e ampare investimentos altos na atividade leite. A atividade precisa, não somente ser autossustentavel para pagar os investimentos nela feitos como também sustentar o proprio produtor e sua familia.

O credito neste país é extremamente restrito, com juros altos e curto prazo para amortização. Se pensarmos em um produtor de 50ha que queira implantar um sistema free stall, o credito dele não da nem pra metade das instalações, que dirá comprar vacas de R$15000,00.

Então, empresas como a Embrapa cumprem muito bem o seu papel, viabilizando o desenvolvimento e a profissionalização daqueles que realmente produzem leite neste país. Que não são nem os grandes nem os pequenos produtores, mas os que possuem vocação para isso.

Ocupamos então este espaço democratico para debater idéias e não duelarmos dentro da mesma atividade.

Um abraço.

Prezado Michel Valter Kazanovski

Agradeço os comentários.

Com relação ao uso de free stall já vi gente jurar que ganha dinheiro com o sistema, gente que diz que para usar free stall a pessoa precisa ter raiva de ganhar dinheiro, e curiosamente gente que reconhece que tem prejuizo mas curiosamente acha vantajoso continuar operando com o sistema, como o caso que relato a seguir. Certa vez visitando um produtor que trabalhava com free stall perguntei se ele ganhava dinheiro com o negócio, ao que ele respondeu que perdia muito dinheiro, mas que era muito bonito. Vendo o meu espanto, ele me disse que não aguentava mais viver com a mulher 7 dias por semana, e que a mulher detestava aquela fazenda, que para a qual ele ia na sexta feira a tarde e voltava para onde morava na segunda de manhã. Dessa forma ele conseguia manter o casamento, e que para ele era uma vantagem o prejuizo que a fazenda dava, pois era muito menor que o prejuizo que teria com a separação.

Penso que não nos cabe julgar os motivos de quem usa free stall e nem se a pessoa ganha ou perde dinheiro com o sistema.da mesma forma penso que também não interessa julgar os motivos de que basea sus produção de leite no uso de pastagens, e se a pessoa ganha ou perde dinheiro com o sistema. Na realidade qualquer sistema de produção de leite pode dar lucro ou prejuizo dependendo das circunstâncias, recursos e competência de que usa o sistema. O produtor ao ouvir os argumentos dos defensores de um ou outro sistema, precisa ponderar com cuidado as informações e os argumentos para tomar a decisão por um ou outro sistema, sendo recomendável que tenha a ajuda de um técnico competente.

Concordo plenamente com você, e já coloquei em diversos artigos e pronunciamentos, que se no Brasil, fosse colocado em pratica um programa de extensão rural e melhoramento genético com sucesso, e em 6 anos as nossas vacas passassem da média atual para 2.500 litros por lactação, sem programas de sucesso para o aumento do consumo interno e das exportações, o preço seria aviltado de tal forma que de fato teríamos de fato uma catastrofe. A pecuária de leite nacional precisa, em paralelo com a evolução técnica, precisa evoluir em gestão estratégica, para que tenhamos um caminho mais seguro não só para a nossa pecuária de leite, mas também para nossa indústria de lacticínios - mas isso é um outro assunto que que pretendo abordar em breve em outro artigo.

Um abraço

Marcello de Moura Campos Filho
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2009

Precisamos urgentemente ter uma política leiteira pra resolver esses problemas, principalmente em relação ao preço do leite recebido pelo produtor e o pago pelo consumidor nos mercados. O produtor se mantém no negócio porque vive na esperança, porque gosta, e a vida vai passando e ele vai sempre achando que vai ter uma luz no fim do túnel. Enfim qualquer forma de produzir o objetivo é o lucro, maior ou menor e se ele for pequeno produtor a paulada é maior. Precisamos unir.
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/10/2009

Mais uma vez obrigado pela longa e bela resposta

abraço
GENECIO FEUSER

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/10/2009

Estamos ganhando muito com os artigos escritos por Guilherme e Marcello, parabéns a voces dois e aos demais que participam do debate, isto é muito bom, muito bom mesmo.

Porém, precisamos discutir o setor leiteiro a luz do resultado economico/financeiro. É mais lucrativo produzir volumoso em forma pastagem ou silagem?
É mais lucrativo a vaca buscar o volumoso ou fornece-lo no cocho? E a questão da qualidade do volumoso, custo X retorno?

As questões sem resposta são infinitas, logo não importa o sistema de produção, se a vaca esta presa ou solta, claro que isso tem haver com o seu desempenho, mas o que importa mesmo, é saber qual tecnologia o produtor deve usar, que lhe proporcionar maior lucro.

Vamos aproveitar o "grande momento", para visualizarmos a mudança de atitude, administrativa e gerencial, que temos que tomar para aplicarmos os conhecimentos, de modo que o produtor rural venha obter, como empresa que é, resultado econômico na sua atividade, ou seja lucro. Vamos aos números, pois é isso que nos interessa........., a resposta está com os técnicos.

Muito Obrigado.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Genécio Feuser

Agradeço os comentários.

Você tem toda razão. Em termos de sistemas de produção o que interessa são os números e a resposta está com os técnicos.

Mas com relação aos números e a analise dos técnicos, temos que considerar duas situações.

A promeira é a analise de casa caso, dentro de uma realidade de cada produtor, de cada propriedade em cada região. É a analise que cada produtor deve fazer com técnicos de sua confiança, e cujo resultado numérico dessa analise pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do produtor na atividade.

A outra é a analise geral, nacional ou rgional, que deve ser feita pelos governos e pela cadeia produtiva, também com auxílio de técnicos, e cujo resulltado em termos de números, deve nortear a política e o planejamento do setor leiteiro em termos nacional e regional, estabelecento premissas e diretrizes importantes para as analises individuais dos produtores com os técnicos de sua confiança.

Se essa analise geral não for feita, e expressa numa política e planejamento do setor leiteiro confiável, as analises dos produtores e seus técnicos, por melhores que sejam, corre grande risco de ficar prejudicada. É como fazer um projeto para um solo firme e quando menos se espera o solo se torna areia movediça.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/10/2009

Prezado Marcelo, parabens pelo artigo

Marcelo como ficaria a produção no Brasil se todos os produtores alcançassem a produção de 35000 litros por hectare ano? Sabemos hoje quantos hectares são nessecario para tal produção.

Qual é ou seria o tamanho do rombo social para o governo MAIS (MST)? Ou eles gostariam! Pois pelo me consta a produção de leite em muitos lugares não é comercial mas meramente social, pois o governo não tem condições de dar ou oferecer algo melhor a sociedade de baixa renda então estimula-se a produção de leite que vem a concorrer com o profisional com todos os problemas de sanidade e qualidade.

Tenham todos um bom dia.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Marius Cornélis Bronkhorst

Agradeço os comentários.

Para responder sua pergunta tenho que fazer uma hipótese com relação a produtividade da vaca.

Ao imaginar que todos os produtores cheguem a 35.000 l/ha/ano, vou considerar como hipótese que todas as vacas terão de média de 20l/dia em 300 dias de lactação, ou seja 6.000 l/ano, e assim teríamos 5,83 vacas/ha.

Se todas as vacas leiteiras tivessem essa produção, as cêrca de 20 milhões de vacas hoje existentes produziriam cêrca de 120 bilhões de litros/ano, ou seja 4 vezes a produção atual, ocupando algo em torno de 3,3 milhões de ha. Evidentemente que não haveria como colocar essa produção, o que indica que se vamos evoluir em produtividade nas nossa pecuparia de leite vamos ter que ter redução no tamanho do rebanho leiteiro.

Se considerarmos que as vacas tivessem produção de 6.000 l/ano, para atender ao consumo atual da ordem de 30 bilhões de litros, precisariamos de cêrca de 5 milhões de vacas, ou seja, 4 vezes menos que o núnero de vacas leiteiras hoje existentes, ocupando uma de apenas 0,9 milhões de ha.

Isso mostra que se evoluirmos na pecuária leiteira em termos de produtividade e preservação ambeiental, teremos como contrapartida que reduzir o número de vacas leiteiras e consequentemente o número de produtores.

O que o governo e a cadeia produtiva pensa disso não faço a menor idéia pois o assunto não é discutido, pelo menos com transparência que a questão, que envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais, exige. Aliás, na minha opinião, que tenho externado repetidadamente, não temos um forum adequado para o Governo e a Cadeia Produtiva discutirem questões como essa e traçarem a política e o planejamento do setor leiteiro, estabelecendo uma direção para onde deveríamos caminhar. E por isso o setor leiteiro vem vivendo aos trancos e barrancos.

Com relação à opinião do MST acho que eles não estão preocupados com questões como essa, pois se tivessem, com certeza a reforma agrária já terá tomado outros rumos diferente, saindo da ilegalidade, da violência e da inviabilidade. Um exemplo disso é a pressão por de indices de produtividade irreais para o produtor rural brasileiro, que luta pela sobrevivência na atividade com enormes dificuldades de toda a espécie, e que, como qualquer pessoa na indústria ou no comércio, em momentos de crise e difuculdade financeira precisa reduzir a atividade para não quebrar. Os mesmos indices exigidos para o produtor que tem a propriedade rural deveriam ser exigidos para os que assumissem a terra desapriada, ou pelo menos indices muito próximos desses. Se o Brasil, como diz o governo, é um País de todos, não podemos ter medidas tão diferentes com relação a produtividade para os são produtores rurais a muitos anos e os assentados da reforma agrária. Seria bom o governo pensar, que se esses indices não podem ser próximos, talvez o que seja preciso não é mudar os indices mas sim a forma de fazer a reforma agrária.

Abraço,

Marcello de Moura Campos Filho
JOSÉ PEDRO FRANQUEIRA JUNQUEIRA

SÃO LOURENÇO - MINAS GERAIS

EM 08/10/2009

Caro marcello:
Gostei muito deste artigo e tambem do artigo do Guilherme. Cada um defendendo um determinado sistema. Acredito na viabilidade dos dois pois cada caso é um caso. O piloto do boing não se daria bem no teco-teco e nem vice-versa. Tenho como clientes os dois sistemas e não vejo como um só triunfar, pois há sucessos e fracassos em ambos dependendo principalmente da vontade, conhecimento técnico ,topografia da propriedade, etc.

Em minha propriedade sou adepto da pastagem por seguir o Arthur em seus ensinamentos, mas gostaria de dizer que o projeto balde cheio não é só pastejo, pois tem em seu quadro propriedade com confinamento total. O projeto é GESTÃO DE PROPRIEDADE. Quanto a vaca não subir morro, trator para produzir silagem também não sobe, portanto é preciso uma análise muito criteriosa para se ter sucesso na atividade. A discussão é interessante pois sempre trará mais ferramentas para que cada um defina o que melhor se adapta ao seu perfil.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Pedro Franqueira Junqueira

Agradeço os comentários.

Concordo com suas considerações, e quero apenas esclarecer que na realidade eu não defendo nenhum sistema de produção de produção, pois acredido que para cada produtor, conforme sua capacitação´, experiência e assistência técnica disponível, bem como as características da propriedade e disponibilidade de recursos próprios e financiamento para investimento e custeio há um sistema mais indicado.

Abraço/Marcello
PAULO DE THARSO BITTENCOURT

CERQUEIRA CÉSAR - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2009

Marcello, parabens pelas posições colocadas no seu artigo.

Quanto à discussão sobre sistemas de produção é obvio que irá triunfar aquele que produzir o leite com o menor custo, apesar de falsos argumentos baseados tão somente em opiniões e sem qualquer embasamento científico apresentados por aqueles que defendem seus sistemas com o desespero dos que não tem razão.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Paulo Bittencourt

Fico feliz que tenha lido meu artigo e agradeço seus comentários.

Realmente mais do que os argumentos são os fatos que demonstrarão o melhor caminho para produzir leite com o menor custo. Acredito que cada caso é um caso, e poderá haver sucesso e fracassos em qualquer sisstema. Por isso é bom que os produtores escolham o seu caminho fundamentados numa analise de custo-benefício e da viabilidade financeira e econômica das alternativas, assessorados por técnicos competentes.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
MURILO SHIBATA

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/10/2009

Meus Parabéns pelo artigo Marcello.

Acredito que temos todos que pensar flexivelmente, inclusive quanto às denominações estanques que muitos técnicos dão em relação ao que é confinamento, pasto ou seminconfinamento. Enquanto ficarmos discutindo sistemas e não tentarmos implementar algo prático, que seja factível ao nosso grande e heterogêneo número de produtores, não estaremos sendo eficientes como profissionais.

Um abraço!

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Murilo Rodrigues Shibata

Agradeço seus comentários.

Você disse bem, que os nossos produtores são muitos e heterogêneos, e por isso mesmo há espaço para diferentes sistemas de produção atenderem as necessidades dos produtores com sucesso. Cada caso é um caso. O importante é que cada produtor tome sua decisão baseado em analise de custo-benefício e viabilidade financeira e econômica das alternativas que tem, para assegurar-se que fez a melhor escolha para o seu caso. E nessa tarefa é importante a ajuda de técnicos competentes.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
PAULO MOREIRA

JOÃO PESSOA - PARAIBA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 02/10/2009

Estamos fazendo apologia filosófica a sistemas de produção, esquecendo que a nossa agricultura e pecuaria, apenas em poucos casos é tratada como atividade empresarial, desconhece totalmente questões de ordem como viabilidade técnica economica e financeira, nem sempre um sistema rentavel financeiramente é viavel economicamente e vice versa, agora com relação ao projeto Balde Cheio tornei-me ferrenho defensor, não por questões economicas ou financeiras, mas por questão social, é o UNICO trabalho que conhece a nivel nacional que leva um pouco de dignidade ao pequeno produtor rural, e quando me refiro a dignidade estou falando de condição de vida (DINHEIRO), para quem sempre foi espoliado das benesses bancárias dos afortunados com acesso ao BNDES, não se trata de qual sistema produtivo é melhor e sim de manter o pé no chão quanto a realidade socio cultura dos diversos produtores rurais brasileiros,
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2009

Prezado André Luís: Como eu mesmo afirmei em meu artigo original, "cada caso é um caso" e o sistema de leite a pasto pode ter dado certo em alguns lugares, em outros, não. Já imaginou o que não se teria se o Grupo CFM, de Fernandópolis, tivesse adotado o confinamento, ao invés de leite a pasto? Lado outro, quantas vacas eles possuem para chegar aos nove mil litros de leite/dia? Finalmente, me perdoe, mas, se há suplementação não é leite a pasto, mas, sim semiconfinamento, mesmo que em certa época do ano. Eu, o Olavo Barbosa, a Mírian de Fátima, da Fazenda Engenho da Rainha, o Eduardo Lima Mengue, o Horácio Moreira Dias, todos os grandes produtores de leite do Paraná, os americanos, os canadenses, os franceses... somos bem sucedidos e, não se iluda: sem fazer, corretamente, o dever de casa, ninguém, nem os cultuadores do leite a pasto, serão eficientes. Quanto à nutrição de gado mestiço, se temos o ideal de alta lactação, as necessidades são bastante semelhantes ao do gado puro, eis que o leite que a vaca produz entra pela boca, já o disseram, com correção, muitas e muitas vezes. Só para sua informação, tenho uma parte histórica de minha fazenda, onde crio animais mestiços (3/4 para cima) de gir com holandês e utilizo sobre os mesmos manejos semelhantes aos dos puros, sem o mesmo sucesso.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
RÉGIS ALVES MOREIRA

UBERABA - MINAS GERAIS - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 01/10/2009

Bom dia a todos,

Primeiramente gostaria de parabenizar o Sr. Marcello pelo artigo principalmente sobre a analogia do teco-teco e do airbus, pois muitos produtores passam a utilizar tecnologias que ainda não estão preparados e capacitados para tais. É como o Sr. Renato Caxalito e o Sr. Manoel Moreira Campos concorda: "produtor como um estudante, começa pela creche, primeiro grau, segundo grau e por fim terceiro grau".

Sou recém formado e pela pouca experiência que tenho na área observo produtores que não tem o mínimo de gerência em sua atividade, partindo para a inseminação artificial, irrigação de pastagens entre outras tecnologias. Acredito primeiramente que o produtor deve-se ater as escriturações zootécnicas e procedimentos de sanidade animal, e depois que tirar nota 10 no ensino primario passar para o segundo colegial e assim fazer uso destas tecnologias.

Cito a inseminação artificial, pois vejo em algumas propriedades que as vacas estão passando fome e seu dono nem sabe seus índices reprodutivos, principalmente intervalo entre partos e período de serviço, e insistem em inseminar com o touro holandes mais top da central. Isso sem falar do manejo das bezerras e bezerros frutos desta inseminação que na maioria dos casos morrem de tristeza parasitária bovina.

Nesse aspecto o Projeto Balde Cheio ajuda e muito os produtores, pois ensina o produtor a colocar gerência em sua atividade, realizando as anotações dos eventos na propriedade, trazendo informações valiosas sobre como anda a reprodução, a sanidade, a produção e os gastos de seu rebanho. Com esses dados em mãos é muito mais fácil tornar a atividade eficiente, diminuindo custos e ajudando nos investimentos e decisões.

No caso da discussão entre o tipo de sistema, observo que no Brasil é bastante difícil o leite a pasto, pois como o Sr. Guilherme disse : "se você fornece concentrado no cocho ao gado que é criado a pasto, não se tem mais o denominado "leite a pasto", eis que passamos a ter um sistema conhecido como "semi-confinamento". É difícil achar um produtor de leite que não faça algum tipo de suplementação no cocho de suas vacas, e os que não fazem é por que não tem dinheiro pra comprar a ração. Falo isso dos pequenos produtores no sistema de retiro, ou seja, sem nenhuma intensificação modo extrativista. O produtor desse sistema retiro que passar a seca sem uma cana-picada, capim elefante ou silagens, estará colocando a corda no pescoço correndo o risco de perder suas vacas, geralmente por inanição ou capotada em uma grota.

Acredito que o semi-confinamento seja intensivo ou extrativista é a saída para o produtor menos capacitado seja pequeno ou médio. Suplementação de concentrado durante todo o ano e suplementação de volumosos na seca. A partir que o produtor for tirando nota boa na matéria Bovinocultura Leiteira ele próprio saberá se deve partir para o confinamento.

Abraços

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Regis Alves Moreira


Agradeço os comentários.

Todos sabemos que para atender as necessidades nutricionais de manutenção e produção de uma vaca leiteira precisamos usar alimentos volumosos e alimentos concentrados, e no meu modo de ver ao se pensar em sistemas de produção o mais importante é se pensar quais as alternativas que se oferece ao produtor em termos de volumosos e concentrados, e o que é mais viável em cada caso. Naturalmente quando se considera o volumoso é preciso avaliar as convenências do mesmo ser colocado no cocho ou do animal comer o volumoso no pasto. E tudo isso tem que ser analisado em função das condições locais e do produtor com auxilio de um técnico de sua confiança, pois não há uma regra geral e cada caso tem que ser analisado particularmente.

Você diz na sua carta "É dificil achar um produtor de leite que não faça algum tipo de suplementação no cocho para suas vacas, e os que não fazem é por que não tem dinheiro para comprar ração".

É exatamente isso que coloquei numa das respostas ao Guilherme, que não faz sentido se pensar em "leite a pasto" como um sistema de produção sem uso de concentrado. Reintero que me parece mais produtivo é discutirmos em termos de sistemas de produção é qual, quanto e como é dado esse concentrado e discutir se o volumoso, será dado no cocho ou utilizado pastagem.

O artigo do Guilherme foi oportuno por provocar uma discussão onde acredito que todos os que participaram melhoraram sua visão a respeito de sistemas de produção.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2009

Prezado Marcos Ottoni de Almeida: peço licença ao Marcello para esclarecer um ponto sobre sua fala. Eu não afirmei que se "um produtor de mil litros diários produzir leite sem qualidade a indústria o aceitará". O produtor de leite que não se voltar para a qualidade do produto, pode produzir mais de oito mil liros/dia que seu leite não terá comprador. O que eu afirmei é que aquele produtor que tem uma elevada taxa de produção diária (mil litros/dia ou trinta mil litros/mês, por exemplo) pode pleitear melhor preço para a mesma, porque tem maior poder de barganha que o que entrega cinquenta litros/dia à indústria. E isso, tenho visto acontecer até comigo mesmo em relação a outros colegas.

Deixo aqui este esclarecimento para que dúvidas não pairem sobre minhas reais assertivas. Obrigado ao Marcello pela gentileza do espaço.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Guilherme Alves de Melo Franco

Creio que na resposta ao Marcos Ottoni de Almeida deixei claro que eu, como de forma geral os produtores e técnicos, sabem perfeitamente que não tem sentido se pensar em produção de leite sómente a pasto, ou melhor, sómente com volumoso, pois o baixo teor de matéria sêca desse tipo de alimento e as limitações do rumem não permitem que sejam atendidas as necessidades nutricionais de manutenção e produção de uma vaca de leite só com o uso desse tipo de alimento, e portanto é necessário usar concentrado.

No meu modo de ver, o uso do concentrado não define se o sistema é de confinamento, semi-confinamento ou pasto, pois o concentrado pode ser colocado no cocho na própria ordenha, no pasto ou confinamento aberto ou fechado. Creio que a discussão sobre sistemas de produção seria mais produtiva se ao invés de nos preocuparmos com rótulos como "leite a pasto", semi-confinamento ou confinamento, focassemos a discussão sobre as vantagens e desvantagens, por exemplo, do uso de pastagem ou silagem como volumoso, ou sobre as vantagens e desvantagens de se dar o concentrado separado ou misturado com o volumoso dentro de um conceito de ração total.

Falo em discutir vantagens de desvantagens de cada alternativa pois entendo que não exista um sistema só com vantagens e ourto só coim desvantagem, e essas vantagens e desvantagens depende de cada caso, emvolvendo capacitação técnica e gerencial do proidutor, assistência técnica que o produtor pode ter, recursos próprios e financiamentos disponíveis para investimento e custeio, da região em termos de cilma, topografia, etc.

A nova visão que quis colocar na minha carta sobre sistemas de produção é que entendo com assistência técnica adequada e um projeto adequado às condições do produtor qualquer sistema de peodução pode ser ecônomicamente viável e sustentável. Mas sem assistêmcia técnica e projeto adequado às condições do produtor qualquer sistema de produção pode se tornar um fracasso.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GEOVANE TEIXEIRA XAVIER

MUTUM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/09/2009

Prezado Marcelo,

É difícil ver pessoas que se expressam com tamanha
precisão como foi seu texto.

Parabéns pelo raciocínio e didática.

GEOVANE TEIXEIRA XAVIER
Agropecuária Teixeira Xavier

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Geovane Teixeira Xavier

Agradeço os comentárrios elogiosos.

O raciocinio, a didática e organização do texto que lhe agradaram foram facilitados por uma longa experiência de magistério.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/09/2009

Prezado Marcello: Obrigao pela resposta. Somente queria elucidar um ponto: se você fornece concentrado no cocho ao gado que é criado a pasto, não se tem mais o denominado "leite a pasto", eis que passamos a ter um sistema conhecido como "semi-confinamento". Este o clímax das discussões que se enovelaram a meu artigo e que, em verdade, nenhum dos condutores do anunciado "sistema de produção à pasto" esclarece. Esta falta de informação, talvez, tenha levado tanta gente a defender o sistema sem saber que ele era outro.

Por óbvio, num sistema, ainda que tecnificado, de manejo de pastagens, como o que você descreve, dificilmente se atingirá ao volume de leite de dezoito a vinte e cinco litros/dia, mesmo que o potencial genético das vacas o permita, eis que a falta de nutrientes essenciais não permitirá este "plus" de produção.É o que ocorre, por exemplo, no Rio Grande do Sul, onde pastagens de azevém e trevo, de alto grau de proteína, não permitem marcas superiores a dez litros/animal dia, tendo que haver suplementação forte, para se obter produtividade acima deste padrão. Imagine em outras regiões, em que as condições climáticas não são tão propícias ao gado de leite?

Outro aspecto que não pode ser olvidado é o do relevo. Sabemos nós que as vacas leiteiras de produção média/alta, são animais de mais de quinhentos quilos de peso. Destarte, não são adeptas de subir e descer morros, em face de seu peso e da própria constituição óssea, inadequada a este esforço. Assim, mesmo que tenhamos toda a tecnologia de manejo de pastagens, em grande área pátria, não será viável a adoção daquele sistema primário de criação (leite a pasto), o que inviabilizaria, também, a utopia que você anunciou. Finalmente, algum dos participantes do debate que se instalou em torno de meu artigo, utilizou-se da "Alegoria da Caverna", de Platão, para tecer seus comentários. Utilizo-a, aqui, para, tal como em minha resposta ao mesmo, dizer que não podemos nos manter como o homem atado ao fundo da caverna, que tem sua realidade limitada às sombras, e esquecer que a caravana, realmente, passa lá fora. Ou evoluímos tecnologicamente, ou pereceremos ante a posição de nada fazer.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
WILKERSON MARQUES FRANCO

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/09/2009

Prezado Marcello,

Agradeço suas colocações e me sinto envaidecido pela sua resposta tão prestativa e esclarecedora.
Eu, particularmente, por ignorância minha, não conhecia o trabalho da Leite São Paulo e fico muito feliz por ela atuar em várias frentes sempre no intuito de defender o produtor rural.
Acredito que pessoas como o Sr. e entidades a qual hoje representa precisam de um apoio maciço de nós produtores rurais para que possamos ter voz ativa junto ao Governo, para tentarmos resolver problemas na pecuária leiteira que ora nos aflige.

Acredito também que a discussão a respeito do manejo do gado leiteiro seja importante, não para separarmos quem gosta de criar gado a pasto ou no confinamento total, mas para unirmos força para transformar a atividade leiteira em uma atividade lucrativa e que possa mais ainda praticar a função social da Terra.

Um abraço cordial e respeitoso

Wilkerson Marques
Goiânia - GO

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Wilkerson Marques Franco

Agradeço o comentário.

De fato as lederanças e entidades dos produtores precisam do apoio maciço dos produtores para que possamos ser ouvidos pelo governo e pelos outros elos da cadeia produtiva, e assim consguirmos resolver os problemas que nos afligem.

Quando a maioria dos produtores entender isso, teremos a união e a mobilizção necessária para que a atividade leiteira seja econômicamente sustentável e tenha sua importancia reconhecida pela sociedade.

Abraço

Marcello de moura Campos Filho
ANDRÉ LUIS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 28/09/2009

Guilherme,

bom dia, pelo que vejo você defende com muita garra o confinamento e o modo de explorar americano, onde o tempo de forma geral não é nada parecido com o brasileiro. Vejo tambem que você não acredita na exploração do leite usando-se de pastagens. Gostaria de saber se você ja visitou algum sistema de produção de leite a pasto em grande escala, como o do grupo CFM em Fernandopolis, onde ele tira 9000 litros de leite/dia a pasto (pressupoem-se que o gado seja suplementado na seca). E se você tem estudado sobre nutrição de gado de leite mestiço, e suas necessidades!

Você deve ser um dos poucos produtores de leite de sucesso no Brasil, pois defender com tanta força um sistema de produção de leite, sem fazer o dever de casa bem feito é atirar no pé.

Abraço

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