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Preços firmes, porém, não lucros maiores

POR HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 21/01/2011

5 MIN DE LEITURA

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A palavra que vem sendo utilizada com maior frequência nos últimos meses para o mercado de lácteos brasileiro é: Atípico. Por mais que os especialistas desse mercado estudem os seus fundamentos como, clima, preço de insumos, estoques e outros, há sempre surpresas no caminho do produtor. Quem previu que os preços internacionais explodiriam a partir de setembro de 2006? E quem previu que despencariam a partir de julho de 2007 devido à crise internacional do crédito? Isso traz um enorme risco para quem assume a tarefa de escrever sobre o mercado do leite. Este texto aborda de forma resumida os principais fundamentos do mercado de lácteos dos últimos três meses e uma visão para o início de 2011.

Um dos fatores mais relevantes do mercado internacional de lácteos nos últimos meses foi o grande crescimento da produção de leite nos Estados Unidos. Esse comportamento iniciou-se em março e continuou firme até novembro. Os produtores de leite americanos expressam a sua competência sempre que os preços internacionais atingem patamares que viabilizam a exportação dos seus produtos lácteos. O crescimento da ordem de 2% na produção em 2010 recupera o "tempo perdido" que foi o ano de 2009, no qual a produção americana ficou estagnada. Esse é um fator importante porque os Estados Unidos são o maior produtor de leite do mundo, com aproximadamente 87 bilhões de litros por ano. O impacto do crescimento da produção americana de 1,7 bilhões de litros é 20% maior que o impacto do crescimento do Brasil em 5% previsto para 2010. No mês de novembro os preços pagos aos produtores americanos caíram aproximadamente 9%.

Outro fator importante também para o cenário internacional é que o pico de produção da safra 2010 da Oceania já passou. As previsões para o encerramento do ano não são das mais promissoras já que o volume atingido no pico de produção ficou aquém dos prognósticos feitos. No momento há seca na Nova Zelândia que poderá comprometer os últimos meses de safra. Há um ano que os preços das principais "commodities" lácteas estão estáveis no mercado internacional, o leite em pó integral está sendo cotado por volta de US$ 3.500,00 a tonelada e não há fundamento forte para alteração desse preço.

É no Brasil que identificamos nos últimos meses o mencionado comportamento atípico. A mídia chegou inclusive a mencionar uma inversão dos preços pagos aos produtores, mas isso é um exagero. O que foi observado no ano foi um precoce aumento dos preços pagos aos produtores a partir de fevereiro. Infelizmente para a classe produtora o mercado não sustentou os preços uma vez que o valor do leite longa vida no atacado caiu vertiginosamente a partir de abril. O comportamento do preço do leite longa vida foi o responsável pela queda dos preços pagos aos produtores a partir de maio. Maio foi o mês de maiores preços aos produtores de leite.

O leite longa vida ou UHT ainda é o produto lácteo de maior correlação com os preços pagos aos produtores no Brasil. Hoje os preços desse produto são divulgados diariamente pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL) em trabalho desenvolvido com o CEPEA. Os preços desse produto mantiveram-se estáveis desde o início de setembro, sendo vendido ao atacado com valores entre R$ 1,60 a R$ 1,65 o litro. Em abril o produto chegou a ser vendido no atacado de São Paulo a R$ 1,84 o litro.

A estabilidade do preço do leite longa vida, a ameaça do "La Niña" à produção da Região Sul do país, o bom desempenho da economia brasileira, o aumento do consumo de lácteos fizeram com que os preços pagos aos produtores ficassem firmes até novembro. Um fator importante que contribuiu para esse fato foi a forte reação do queijo tipo mussarela no mercado. O fato é que os produtores receberam em novembro preços de até 10% acima dos praticados no mesmo mês em 2009. O ano de 2010 será marcado por excelentes preços no primeiro semestre e bons preços no segundo e provavelmente com preço médio de fechamento 9% maior comparativamente.

Os produtos lácteos são ditos elásticos, ou seja, se o poder de compra do consumidor aumenta, ele compra mais leite. Não necessariamente leite fluído, mas compra sim queijos diversos, tipo mussarela na pizza, sanduíches, iogurtes, sorvetes, pães industrializados, bolo, biscoito e outros. Há uma enormidade de alimentos nos quais há leite em sua formulação. Um dos pontos determinantes para fazer o prognóstico de 2011 é prever o desempenho da economia brasileira no próximo ano? Será que o novo governo mudará a política econômica? Teremos alguma nova crise econômica mundial?

O fato é que não há aparentemente muito espaço no mercado para o crescimento do preço pago aos produtores. Teremos em 2011 um ano desafiador em relação aos custos, os grãos, como milho e soja, valorizaram e trouxeram um impacto negativo na margem bruta da produção leiteira. Esse fato poderá estancar o crescimento da produção brasileira e mundial em 2011, mas também é fato que a partir de determinados preços há retração no consumo de lácteos, é quando a dona de casa evita a gôndola de refrigerados nos supermercados. Não há como fazer previsões otimistas com o histórico e cenário atual. Se nenhum fundamento trouxer surpresas ao cenário teremos preços firmes, mas não necessariamente lucros maiores. O produtor deve entender de que estamos até bem posicionados em preço e quando isso acontece o maior risco ou tendência é a redução do mesmo

Pool

A visão que passo ao produtor do Pool é que o mesmo deve continuar investindo em seu sistema de produção focando: Aumento da produção, redução dos custos e atendimento das novas tendências de mercado (certificações e proteção ao meio ambiente). Em 2011 uma nova fábrica será inaugurada na região. Os produtores do Pool terão que abastecer duas fábricas próprias, localmente isso é muito bom. Por vários anos as cooperativas que integram o Pool operaram sem fábricas. Os fundamentos de longo prazo para o mercado de leite são ótimos. A população mundial cresce e o consumo por habitante também. Poucos países têm os recursos necessários à produção como o Brasil e a nossa região. Há necessidade de pensar no curto e longo prazo. Cuidar das finanças e preparar-se para a competição de preços e qualidade, principalmente nas novas demandas dos clientes.

HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

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LEONARDO DE ALMEIDA BRAGA

FORMIGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/02/2011

Parabéns Henrique pela clareza e objetividade da análise.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 25/01/2011

Olá Henrique,

Parabéns pela análise, acho que está bastante consistente.

Abraço,

Marcelo
HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

CASTRO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/01/2011

Prezado Leonardo Freitas Maciel.

Obrigado por ler meu artigo. É fato que o Brasil tem todas as condições naturais para tornar-se um importante exportador de lácteos porém o incremento de nossas exportações significa deslocar exportadores tradicionais como Nova Zelândia, Comunidade Européia e Estados Unidos. Quem quer largar o osso? É necessário também dispor sempre de excedentes exportáveis.
Hoje nosso consumo interno está quase em equilíbrio com a produção, isso faz com que nossas empresas tenham uma atuação pouco firme no mercado externo. Se há excedente e o preçoXcâmbio permite exportam. Se as condições não são favoráveis focam o nosso gigantesco mercado interno. Isso faz com que os nossos "clientes" identifiquem o Brasil como um exportador eventual, que atua no mercado "spot" e que tem dificuldades de firmar compromissos de longo prazo.
Para mudar o cenário é importante também investir na qualidade, isso implica a rastreabilidade, controle sanitário, responsabilidade social, ambiental e provar tudo através de certificações. Não há como esquecer a qualidade intrínseca do leite, sólidos, ccs, cbt...Há muito por fazer, somos capazes e assumiremos uma importante posição no mercado externo, mas isso levará ainda algum tempo.
Há sim espaço para evoluírmos no mercado interno, concordo que deveremos desenvolver produtos atraentes e promovê-los aos consumidores.
Há espaço para atuarmos nos dois mercados.
Obrigado.

LEONARDO FREITAS MACIEL

MÉDICO VETERINÁRIO

EM 21/01/2011

Prezado Henrique,

Primeiramente, parabéns pelo artigo. Gostaria que você fizesse comentários sobre as exportações de lácteos do Brasil. Nos últimos anos, vimos o País deixar de ser grande importador desses produtos. Particularmente, imaginava que continuaria crescendo nossa participação no mercado mundial, como exportadores. Mas voltamos a importar leite novamente, no último ano. Quais são suas expectativas sobre o Brasil se tornar um exportador de peso?
Não seria mais interessante economicamente, para toda a cadeia, focarmos na crescente classe consumidora brasileira, aumentar o marketing para estimular o consumo interno e trabalharmos para reduzir custos, como você disse, a tentarmos nos tornar grande exportador? Ou podemos trabalhar com esses dois cenários?

Desde já lhe agradeço,

Forte abraço.

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