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São Paulo e a crise no setor leiteiro

ESPAÇO ABERTO

EM 02/12/2005

4 MIN DE LEITURA

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Por João Caramez 1

A crise é grave e basicamente decorre da oferta superior à demanda, derrubando os preços e levando muitos produtores a abandonar a atividade. No final de novembro, representantes da Associação Brasileira de Produtores de Leite, da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos, do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de São Paulo e da Associação Paulista de Produtores de Leite marcaram presença em Audiência Pública realizada pela Comissão de Agricultura e Agropecuária da Assembléia Legislativa paulista para discutir, com parlamentares, a crise e propostas para o setor.

O quadro sobre o segmento apresentado pelas entidades é preocupante. Os números apurados entre 2000 e 2004 são um retrato claro da situação do Estado em relação ao restante do Brasil. Nesse período, enquanto no país a produção de queijos sob inspeção cresceu de 317 para 374 mil toneladas, um aumento de 4,2% ao ano, no Estado de São Paulo a produção caiu de 58 mil para 41 mil toneladas, uma redução de 8,3% ao ano. Ou seja, se em 2000 o Estado compunha 15,5% da produção nacional de queijos, em 2004 passou a deter apenas 9,9%, uma perda de 36% na composição do bolo.

Entre as várias causas apontadas pelo setor para esse declínio pode-se destacar a insuficiência de benefícios fiscais dados à indústria de queijos e outros derivados lácteos. Embora o Governo do Estado de São Paulo venha promovendo, já há algum tempo, a adequação das alíquotas do ICMS incidentes sobre produtos lácteos, em especial sobre o queijo, com o objetivo de reduzir preços, deixando-os mais acessíveis à população de baixa renda, e de tornar a indústria paulista mais competitiva, viabilizando a sobrevivência dos produtores de leite, em sua maioria pequenos, o segundo objetivo não foi atingido. Foi suplantado por iniciativas de outros estados que ampliaram os benefícios e as isenções fiscais. Vale lembrar, ainda, que no Estado de São Paulo os custos de produção são maiores.

Hoje, a indústria de queijos paulista tem 142 estabelecimentos industriais em operação, sendo que 67 operam sob fiscalização estadual e 75 sob fiscalização federal. Esses estabelecimentos processaram, ao longo de 2004, 411 milhões de litros de leite, o que corresponde a 17% da produção de leite industrializada no estado. Distribuídas por todo o Estado de São Paulo, as empresas podem ser classificadas como pequenas ou médias - assim como no resto do país -, geram em torno de 56.000 empregos e se constituem no único destino do leite de cerca de 26.300 mini e pequenos produtores.

Embora a indústria, ponta da cadeia produtiva, sinta os efeitos da atual crise, são os pequenos produtores que sofrem as piores consequências. Enquanto a média nacional para venda do litro de leite é de R$ 0,45, alguns pequenos produtores paulistas têm vendido o produto a R$ 0,30, única forma de escoar a produção. Alguns deles, inclusive, têm arrendado suas terras para o plantio de cana, tal o prejuízo que vêm acumulando por conta dos preços praticados.

Diante desse quadro, a situação dos pequenos produtores só poderá melhorar se a indústria ´queijeira´ tiver suas propostas avaliadas e atendidas. As solicitações ao Governo do Estado - a despeito do que este já vem fazendo pelo setor - incluem a concessão à categoria de 6,7% de crédito outorgado de ICMS sobre o valor da operação de saída dos produtos, quando promovida pelo estabelecimento fabricante, assim como a manutenção do aproveitamento do crédito do imposto relativo à aquisição de leite em outros estados.

Numa primeira avaliação, a medida causaria um baixo impacto na arrecadação do Estado de São Paulo, que poderia ser compensada com um aumento da base arrecadadora. A diminuição do valor dos impostos poderia trazer os informais à formalidade. Porém, esta é uma solução que resolveria o problema apenas temporariamente.

Medidas mais efetivas para debelar a crise, de fato, passam pela fiscalização intensiva por parte da Secretaria de Agricultura e Saúde sobre os produtos lácteos. As fraudes existem e prejudicam produtores e consumidores. Passam também pelo combate ao leite vendido diretamente do produtor ao consumidor, prática proibida no Brasil e problema de saúde pública. Outra solução é o governo estadual fazer no próprio Estado as compras públicas de leite líquido, deixando em aberto para outros estados apenas as aquisições de leite em pó. Por último, o setor acredita que a solução passa por uma isenção total de tributos, através de autorização do Confaz.

Somente a implementação dessa série de sugestões pode impedir de vez a falência do setor e viabilizar as atividades, impedindo a evasão dos produtores de leite do Estado e fazendo com que São Paulo recupere uma posição de destaque no ranking nacional. Essas são as propostas e essa será a bandeira de luta da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia junto ao Governo estadual.


_________________________________
1 *É deputado estadual pelo PSDB paulista, integrante da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia Legislativa e ex-chefe da Casa Civil do governo Covas e Geraldo Alckmin.

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ANDREW JONES

FERNANDÓPOLIS - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/12/2005

Prezado Deputado João Caramez,



Parabéns pelo trabalho, tenho acompanhado de perto o declínio da produção de leite no estado de São Paulo, o que realmente é preocupante, sendo este o Estado maior consumidor de lácteos e que concentra uma população de 40 milhões de brasileiros, sem falar no grande parque industrial laticinista, gerador de empregos diretos e indiretos .



Em verdade o problema reside em base técnica também:



Primeiro: nos altos valores da terra no Estado

Segundo: devido as extensas áreas de pastagens que estão dando espaço a cultura de cana de açucar

Terceiro: problema cultural " produção de leite é para pequenos"



Entres outros diversos fatores.



Pois bem, desenvolvi um material que demonstra que "cana de açucar e pecuária leiteira é uma parceria rentável" e remunera os altos valores de terras no Estado de São Paulo, promovendo lucro em terras que não se adaptando ao plantio da cana venham a gerar renda e emprego e produzindo volumes de leite suficientes para reverter o atual panorama da produção leiteira em nosso Estado.



Obs.: Leia reportagem na DBO Mundo do Leite de Agosto de 2004, reportagem da capa feita na propriedade que gerencio.



Abraço, se necessitar mais informações entre em contato,



Andrew Jones
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/12/2005

Prezado Deputado João Caramez,



Quero cumprimentá-lo por sua presença na Audiência Pública realizada pela Comissão de Agricultura e Agropecuária da Assembléia Legislativa de São Paulo - Leite São Paulo, decorrente do pleito da Associação dos Produtores de Leite do Estado de São Paulo para que se desenvolvesse nessa Comissão um projeto de lei para fomentar o crescimento da pecuária de leite e da indústria de laticínios paulista e para defendê-las de concorrência desleal de outros estados.



Quero agradecer o apoio de Vossa Excelência., da Deputada Beth Sahão e dos Deputados José Zico Prado, Waldomiro Lopes e Ricardo Castilho, que permitiram que, nessa Audiência Pública o pleito da Leite São Paulo se tornasse realidade, com a criação de grupo de trabalho que já no dia 7 de dezembro próximo estará se reunindo para discutir esse projeto de lei.



Quero parabenizá-lo por seu artigo "São Paulo e a crise no setor leiteiro", onde manifesta sua preocupação com a crise do setor leiteiro paulista e a necessidade de medidas no âmbito do Governo para debelar a crise.



Como Vossa Excelência bem mostra, o declínio da indústria de queijos paulista, cuja produção caiu de 58.000 toneladas em 2000 para 41.000 toneladas em 2004 é resultado da crise do setor leiteiro de São Paulo.



É importante lembrar que a indústria queijeira paulista foi beneficiada recentemente com o Decreto nº 50.071, promulgado pelo Governador Geraldo Alckmin em 30/09/2005, que concede aos queijos mussarela, prato e minas redução da base de cálculo do imposto incidente nas operações internas, de forma que a carga tributária resulte num percentual de 7%. Essa redução da base de cálculo do ICMS incidente nas operações internas equivale à isenção, pois tem o mesmo efeito, ou seja, dispensar, no todo ou em parte, o pagamento do tributo devido.



Todavia, com relação a atual solicitação da indústria queijeira ao Governo do Estado, para que dê concessão à categoria de 6,7 de crédito outorgado de ICMS sobre o valor da operação de saída dos produtos, quando promovida pelo estabelecimento fabricante. Assim como, a manutenção do aproveitamento do crédito do imposto relativo à aquisição do leite em outros estados, apresentada como uma solução temporária, causa preocupação e precisa ser cuidadosamente examinada. Explico a seguir a razão dessa preocupação:



1) A concessão desse crédito de 6,7% de ICMS na saída de queijos e a manutenção do aproveitamento de crédito no aproveitamento de leite de outros estados, é medida que favorece a importação de leite de outros estados, e poderá contribuir para o declínio que a pecuária de leite paulista vem tendo nos últimos anos.



2) Se compararmos a captação de leite do primeiro semestre de 2005 com o de 2004 nos principais estados produtores, veremos que enquanto São Paulo teve uma redução de 3,27 %, nos demais estados houve um violento crescimento: Rio Grande do Sul 23,14%, Santa Catarina 19,59%, Goiás 18,20%, Paraná 14,80%, Minas Gerais 12,42. Esse aumento de captação de leite nesses estados elevou a captação brasileira em 13,26% no período, provocando um aumento de oferta que contribuiu para a queda dos preços aos produtores. Esse excesso de oferta de leite nos outros estados conjugado com o pleito da indústria queijeira paulista poderá contribuir para contribuir para o aumento da importação de leite pela indústria de queijo de São Paulo e reduzir ainda mais o preço recebido pelo produtor paulista, seja este grande ou pequeno produtor.



3) Precisamos ter em mente que o grande gerador de empregos no setor leiteiro está no campo, na produção de leite, e não na indústria.



Evidentemente que precisamos tomar medidas para ajudar a indústria queijeira paulista, mas precisamos também ter o cuidado de nos assegurarmos que as medidas que forem tomadas não prejudiquem a pecuária de leite paulista, que é a grande geradora de postos de trabalho e já está bastante combalida.



Conto com sua participação e colaboração na reunião do dia 07 de dezembro próximo, as 09h30min horas, promovida pela Comissão de Agricultura e Pecuária quando começaremos a discutir um projeto de lei para fomentar a pecuária e a indústria de laticínios paulista, e onde essa questão deverá ser discutida com o cuidado que merece.



Marcello de Moura Campos Filho

Presidente da Leite São Paulo

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