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Qualidade do leite: quem ganha com a instrução normativa 51?

ESPAÇO ABERTO

EM 26/04/2005

3 MIN DE LEITURA

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Por Ernesto Enio Budke Krug ¹

A globalização da economia trouxe a necessidade de mudanças nos aspectos culturais, sociais, econômicos, tecnológicos e ambientais. Muitas pessoas não aceitam, até hoje, a complexidade e a velocidade das mudanças necessárias para continuar competitivamente no mercado. De um lado, encontramos um consumidor que quer ser encantado todo o dia e ter à sua disposição variedade de produtos e preços baixos onde e quando desejar, na quantidade e qualidade que preferir. De outro lado, o agente produtivo, são exigidos menores custos, alta produtividade, elevada escala de produção, alta tecnologia, melhor qualidade e maior segurança alimentar possível.

O mercado consumidor existe e é crescente. É necessário ter competência para conquistá-lo e para mantê-lo a nós atrelado através dos produtos e serviços que oferecemos. O Brasil entrou no jogo das exportações, sendo que 2004 foi o primeiro ano no qual exportou mais lácteos do que importou. As exportações poderão crescer enormemente, dependendo dos subsídios dos países ricos e da competência brasileira em oferecer produtos de qualidade e preços competitivos.

O leite é um alimento completo, perecível, saboroso, íntegro, inócuo, nutritivo e desempenha papel fundamental no crescimento e desenvolvimento do ser humano em suas diferentes fases de vida. A sua composição depende do potencial genético, alimentação e manejo alimentar do rebanho leiteiro. A gordura e proteína têm relação direta no rendimento industrial. Na medida em que a indústria reduz a produção de leite fluido, ela precisa buscar mais sólidos e aí tem a necessidade de remunerar melhor os sólidos, ou seja, pagar pela qualidade em função da necessidade de buscar rendimento industrial, menores perdas e riscos de doenças, bem como problemas digestivos e de toxicidade, que pode causar no ser humano. Em outras palavras, o leite deve ter qualidade higiênica, composicional, sensorial, nutricional e tecnológica. Este é um processo moroso porque os sólidos não podem ser aumentados rapidamente, leva tempo. A CCGL (hoje Elegê) iniciou o processo de pagamento por qualidade e produtividade nos anos 80 e, só agora, no Brasil, está se falando em qualidade do leite. Países como Dinamarca, Holanda, Alemanha e Canadá já remuneram há muitos anos o leite de acordo com os sólidos totais. Este é um processo irreversível tanto para a produção voltada ao mercado externo quanto para aquela voltada ao mercado interno e isto será mais rápido do que muitos imaginam.

A qualidade do leite é interessante e agrega valor a todos os elos da cadeia. Vejamos os diferentes segmentos da cadeia produtiva do leite:

Em nível de consumidor:

O consumidor terá à sua disposição produtos que oferecem mais segurança, valor nutricional e melhores características organolépticas (odor, sabor, cor, aspecto); melhores preços e maior variedade de produtos nas gôndolas dos supermercados; maior tempo de conservação e de vida útil dos produtos.


Em nível de ponto de venda:

Os supermercados, padarias e mercearias terão produtos com maior vida útil nas prateleiras, menores perdas, menor custo operacional, clientela mais satisfeita e atrelada a eles.

Em nível de indústria:

Com a melhor qualidade do leite a indústria poderá oferecer produtos a melhor preço, menor custo operacional, menor risco e maior confiança alimentar, maior produtividade industrial, menores perdas, maior rendimento industrial, melhor imagem e possibilidade de exportação.

Em nível de produtor:

No produtor reside atualmente o maior gargalo, mas existem grandes oportunidades de ganhos e melhorias e, por isto, é importante o pagamento por qualidade.

O consumo dos lácteos vem crescendo e continuará a crescer no mundo, bem como no mercado interno. As exportações continuarão a crescer e, embora o mercado interno ainda seja muito grande frente à produção brasileira, só lhe falta renda e incentivos através de programas sociais para incrementar o consumo.

O produtor terá mais renda, menor risco, menores custos de produção, maior poder de negociação, maior profissionalização, boa relação custo-benefício, possibilidade de produção de produtos orgânicos e rastreáveis, melhor sanidade e segurança alimentar, grandes oportunidades de exportação da produção e melhorias tecnológicas de produção.

Em nível de governo:

O governo terá ganhos com a qualidade pois ele é o responsável pela saúde da população. Com a qualidade, ele passará a ter menos gastos públicos em saúde, melhor imagem política, mais geração de renda e melhor balança comercial (redução das importações e aumento das exportações).

Como se pode observar, todos ganham com a qualidade, pois ela levará a economia a uma maior atividade econômica (emprego, renda e estabilidade social). A assistência técnica também sairá ganhando, bem como terá um papel fundamental treinando, assistindo tecnologicamente e gerencialmente o produtor, assim como a pesquisa que deverá desenvolver e alcançar ferramentas de trabalho e de produção ao produtor.

Por fim, a instrução normativa levará a sociedade a um envolvimento com os diferentes elos da cadeia produtiva do leite e a mídia, forçosamente, falará muito desse assunto, sendo ele tão importante como é.

_____________________________________
¹ Engº agr. M. Sc., Professor titular da UPF, Presidente da COOPLIB, Diretor da Avipal - S.A.

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LUIZ AURÉLIO KARNIKOWSKI

OUTRO - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/05/2005

Gostaria de ver comentários, relatos e também abertura de espaço para produtores sobre a realidade do campo. Não somente, lógico respeitando o nível de desenvolvimento tecnológico de cada um, formas adotadas de gerenciamento em cada propriedade, mas também que as pessoas que consiguiram estabilidade financeira produzindo leite que dessem depoimentos.
FABRÍCIO LUCIANO DE MORAIS VIDAL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 12/05/2005

A instrução normativa 51 fará o agronegócio brasileiro dar um salto considerável no que tange a modernização de nosso processo produtivo. E os benefícios que serão conseguidos no mercado externo certamente serão sentidos no mercado interno, com o surgimento de um novo conceito de produtos lácteos por parte de nossa sociedade: a valorização qualitativa do produto em maior e melhor sintonia com as nossas necessidades.



O país mais uma vez abre espaço para se integrar ao mundo como um todo. Só fica no ar uma preocupação: o impacto dessa nova tecnologia para o pequeno pecuarista. Pode ser que ele não esteja preparado para se integrar a ela. Temos que voltar nossos olhos para nossas unidades produtoras e verificar se elas estão realmente preparadas para a implementação dessa tecnologia em vez de apenas ficar comparando nosso possível sucesso com os casos do exterior.
JOSÉ BRÁULIO DE OLIVEIRA GOMES

CUNHA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/05/2005

De todos que ganham, quem realmente terá mais dificuldade em "chegar lá" é o pequeno produtor. De que maneira a tecnologia da qualidade vai chegar a ele?

Na minha opinião se as empresas captadoras de leite, entenda-se aqui também por Cooperativas/Laticínios, não fizerem um esforço em tecnificar o pequeno, esse pequeno ou foge para o leite informal ou não conseguirá produzir leite com boa relação custo/beneício. Para isso deve usar do pagamento por qualidade como incentivo e não punição.

Outros que tendem a ganhar com a instrução normativa e a valorização da qualidade do leite somos nós, os prestadores de serviço em nutrição, manejo, sanidade.... é mais uma maneira de mostrarmos a importância do nosso trabalho.

JORGE LUIS P. ROCHA

RIO CLARO - SÃO PAULO - EMPRESÁRIO

EM 30/04/2005

Dr. Krug mencionou, obviamente com muita propriedade, a relação direta da gordura e proteína do leite no rendimento industrial, entre outros. Gostaria de deixar bem explícito que segundo estudos publicados pela EMBRAPA já em 1998, a qualidade microbiológica também interfere diretamente no rendimento industrial. A diferenciação de preços ao produtor como forma de incentivar a melhoria da qualidade do leite não necessariamente eleva os custos de captação exatamente por esse motivo. Em outras palavras, o incremento no rendimento industrial subsidia parcial ou totalmente a premiação por melhor qualidade. Encontramos em nosso dia-a-dia enorme receio dos dirigentes de indústrias de laticínios sobre a perda de fornecedores para a concorrência em razão da adoção da diferenciação de preços, mas tecnicamente falando, a princípio não é necessário aplicar penalização para alavancar a melhoria da qualidade do leite.

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